Nunca Fui Beijada escrita por Larissa Carvalho
Notas iniciais do capítulo
Olé genteeee....
Boom Domiingooo paara toodoos
Mas um capitulo da Roza para vocês
Beijoos
– Odeio essa cidade. – resmunguei, enquanto o sinal nunca abria. Eu estava naquela droga de caminho à meia hora e nada de sair do lugar. Essas pessoas são lentas e nunca tem pressa para chegar ao outro lado da cidade.
Só que, tratando-se de um aeroporto, eu já me sinto bem. Saber que você está um pouco próxima de sair desse fim de mundo já é reconfortante. Dessa vez, Sid tinha conseguido dar uma dentro. Ao contrário de Mia que não tinha conseguido vir. O que não deve ser tão ruim, eu gostaria de ficar presa em uma prova de recuperação em Seattle do que vir pra essa cidade horrível e pequena.
Eu sentia falta da agitação de Seattle. De cantar no bar do vovô e da mamãe brigando pelas minha roupas curtas. De jogar balde com gelo nos caras que arrumavam confusão e de ser respeitada. Eu poderia ter tudo isso aqui. Mas se aquela carta... Chegasse ... Eu iria para a minha faculdade.
Respirei fundo e coloquei minha cabeça recostada no banco. Eu tinha certeza de uma coisa naquele momento... Eu poderia dormir e acordar, mas eu ainda estaria ali.
Depois de alguns segundos escutei aquele velho toque chato. Pisquei algumas vezes e puxei o celular na bolsa azul, no banco do carona do carro da minha mãe. Olhei para a tela e o celular continuou vibrando, insistente.
Eu cliquei na tela e levei o celular ao ouvido.
– Alô?
– Apaixonado. – disse Tasha do outro lado da linha. – Completamente.
– O que? – perguntei. Meu coração estava batendo mais forte.
– Se eu soubesse tinha apostado com você, Rose.
– Estou começando a odiar apostas, Tasha. – disse, enquanto me recostava no banco do carro e olhava para a janela. Todos aqueles carros e já estava quase escurecendo. Sid ia me matar pela demora.
– Mas eu ganharia. – disse, satisfeita.
– Como você tem certeza? – perguntei.
– Como eu tenho? – perguntou irônica. – Se liga, Rose... Dimitri nunca me pararia do jeito que ele fez.
– Espera, Tasha. – interrompi-a, irritada. – Você beijou ele, como disse que ia fazer?
– Claro. – disse, naturalmente. – Aquela boca não é tão ruim assim, mas a pauta aqui não é a bunda do Dimitri, e sim como ele foi capaz de resistir ao meu beijo. Ele nunca fez isso.
– Natasha. – gritei. – Bunda? Até aonde que você foi?
Ela suspirou.
– Digamos, que... – começou. – Até meu sutiã.
Eu bufei.
– Valeu Tasha. Valeu mesmo. Obrigada pelo chifre.
Aquela raiva novamente invadiu meu sistema nervoso. Eu olhei para os carros parados e fechei os olhos para não ter um ataque de histeria ali mesmo.
– Não chifrei você, querida. – disse. – Eu não iria até o final. Ainda mais com algumas coisas em questão entre mim e o Jesse. Eu o amo, Rose. Não tenho nada com o Dimka. Nunca mais.
Eu me ajeitei no banco... Respirando fundo.
– Então... – comecei. – Como tem tanta certeza? – perguntei.
– Simples... – disse Tasha. – Dimitri nunca recusou um beijo, nunca recusou ir para cama comigo e sempre foi louco por qualquer gesto meu. Mesmo comigo tendo esse segredo em mãos, ele tentou forçar alguma coisa, algum sentimento... Mas quando eu comecei a festa, ele pulou fora. Ele me jogou para o lado e mandou eu fazer o que me desse na telha.
Abri a boca. Não conseguia emitir nenhum som.
– Então... – comecei.
– Ele está completamente e loucamente apaixonado por você, Rose.
Eu engoli a seco.
Não sabia o que pensar.
– Então... Você já sabe o que fazer agora.
– Claro... – começou. – Mas você tem total certeza? Vai te expor Rose. Por mais que não tenhamos nos dado bem, eu não faria isso com ninguém. É... – ela se interrompeu. –... maldade.
– Tenho. – disse, enquanto reprimia as lágrimas. – Agora, deixa o resto comigo.
– Espero que mude de ideia, garota Hathaway.
– E eu que realize a parte dois com sucesso.
– Eu vou. – disse, com pesar. – Boa sorte, Rose.
– Obrigada. – disse enquanto desligava.
***
– O que acha? – perguntei, enquanto prestava atenção na pista molhada da recente chuva fina que caíra em Montana.
– Acho que Lissa vai te matar. – disse. – E eu vou ajudar.
Eu revirei os olhos para Sid no banco do carona. Eu tinha contado todo o plano e ela tinha encarado da melhor forma possível. Disse que os dias que ficaria até a formatura, seriam o ideal para que ela me ajudasse.
Mas não contar para Lissa era o plano principal. Eu sei que era errado, mas a relação dela com Cristian e meu plano estariam a salvos.
– Eu até concordo, ele merece algo que o faça sentir raiva do que ele se tornou.
– Exato. – murmurei. Ainda olhando fixamente para a estrada. – Eu ainda não tenho certeza se a Tasha está certa.
– Bom... – começou Sid, ficando mais confortável no banco. – Se ele não ligasse para você, não teria perdido tempo com a Tasha.
– Mas ele não gosta mais dela. – disse, enquanto desviava meus olhos da estrada rapidamente para encarar Sid.
– E? – perguntou, arregalando os olhos para mim. – Ela ameaçou ele, Rose. Ele tinha todos os motivos para jogá-la naquela cama e fazê-la calar a boca. Ele poderia muito bem ter feito o que ela queria, para conseguir ganhar a aposta.
Eu engoli a seco.
– Você acha? – perguntei.
– Olhe seus fatos, Rose. – disse Sid. – O feitiço virou contra o feiticeiro.
***
– Rose, caixa dois. – gritou Dimitri do outro lado do bar.
– Beleza. – gritei, em resposta.
Fui até uma das caixas de bebidas no chão e peguei-a, com certa dificuldade. Eu estava diferente, isso as pessoas naquele bar notaram. Minhas roupas e meu modo de agir.
Eu tinha escolhido aquela saia jeans rasgada e curta, com aquele colete roxo, justamente para que meu corpo ficasse amostra para todos. Aquelas botas me machucariam no final da noite, mas com o bar cheio e com tantas coisas para fazer, eu nem ia sentir agora.
Desviei de algumas pessoas e fui para o fundo do bar. Coloquei a caixa em um quartinho que minha mãe tinha deixado aberto, e desviei a franja recém repicada do meu rosto depois de colocar aquela caixa no chão.
Dimitri tinha me olhado daquele jeito faminto, quando eu entrei no bar com Sid. Depois ele substituiu o olhar, para um mais escuro. Eu ganhei muitos olhares com aquela roupa e aquela maquiagem preta e chamativa, realçando meus olhos.
Estava quase saindo do quartinho quando algo vibrou novamente na minha saia. Peguei o meu celular no bolso e olhei para o nome de Tasha no visor do celular. Respirei fundo e atendi-a.
– Conseguiu? – perguntei.
– Sim, meu bem. – disse Tasha. – Vai ser no dia do baile.
– Ok. – respondi, me certificando de que, não teria ninguém ouvindo.
– Rose... – chamou-me Tasha.
– Sim?
– Ser beijada. – disse. – Essa é a aposta... Você tem que pedir.
– E eu vou. – eu disse.
– Hey, não se esqueça do nosso combinado. Você não pode passar disso, prometeu para mim que não passaria disso.
– Mudança de planos. – eu disse. Ouvi um barulho, e por segundos minha espinha gelou. Mas ai, a cabeleira loira de Sid me fez respirar com mais alivio.
– Como assim? – gritou Tasha do outro lado da linha. Por alguns segundos eu tinha esquecido que ela estava ali.
– Mande Jesse mudar a aposta.
– Ele não vai fazer o que eu mandar, Rose.
– Mas se você der a ideia com ar de maldade, talvez ele faça.
– Não estou entendo, Rose. – disse Tasha, claramente nervosa. – O que quer que ele aposte agora?
Olhei para Sid que assentiu e eu sorri maldosa. Não tinha certeza se eu conseguiria interromper Dimitri, mas se eu não conseguisse, seria um choque para que ele voltasse a ser como era antes da morte do pai. Aquele garoto egoísta ia embora, depois do baile.
– Minha virgindade. – disse. Tasha apenas respirou tremula no outro lado da linha. – Quero que ele aposta a virgindade da garota nunca beijada.
Olhei para Sid e ela torceu a boca.
Eu tinha duas opções.
Ou Dimitri pararia e não iria até o final, me contando os seus verdadeiros motivos, ou ele iria até o final e eu teria a parte dois do plano para me vingar de Dimitri Belikov no baile de formatura.
Olhei para a mão de Sid, ainda escutando os múrmuros de Tasha e sorri. Ela estava com meu microfone e eu com o meu destino nas mãos.
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Beiijocaas