Nunca Fui Beijada escrita por Larissa Carvalho


Capítulo 12
Represa


Notas iniciais do capítulo

Oi gente.
Perdoem-me pela demora, mas o enem me deixou maluca.
Agora vou poder dar mais atenção para vocês.
Já já posto o próximo.
Beijos
Boa Leitura.



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Pov Dimitri

Os dedos de Rose passaram pelos meus livros e ela sorriu.

Eu queria saber o que Adrian tinha falado com ela, mas não perguntei diretamente, ou ela saberia que eu tinha colocado um dos meus amigos para vigiar seus passos.

Depois de ter chegado ao treino me certifiquei de perguntar à Mason o que Jesse estava planejando, mas ele relutou e não me disse o que eu precisava saber. E mais uma vez, o destino me fazia procurar as respostas.

Encostei-me ao batente da minha porta e a observei. Ela tinha aquele brilho inocente em seus olhos, o que me fez começar a ver o quão especial ela era. Até com aqueles óculos e os cabelos presos em um rabo de cavalo, ela era linda.

– Ficar me olhando é a sua nova meta na vida, camarada? – perguntou, ainda observando aqueles livros. Eu sorri, mexendo-me para dentro do quarto.

– Não. – eu disse, conseguindo tocar em seu braço. Ela fitou-me. – Estou apenas tentando entender como você consegue gostar dessas coisas. – falei apontando para os livros.

Ela gargalhou.

– Dessas coisas o que? – perguntou – Literatura?

– É. – falei.

– Você tem 99,9% de livros de faroeste. – brincou. Ela tinha aquele olhar que me fazia rir antes que ela fizesse a piada. – Quer mesmo falar do que eu gosto?

– Acho que não, Roza. – disse. Ela sorriu. Aquele sorriso que faz você se apaixonar.

Eu não sabia exatamente quando eu tinha começado a reparar que seu sorriso fazia meu coração acelerar, mas eu ficava feliz quando isso acontecia, e queria sentir isso sempre. Não sabia o que era essa sensação perto de Rose, mas eu tinha que preservá-la.

– Então... – começou Rose, fazendo-me sair do transe que seus olhos me colocaram. – Cadê o Ivan? – perguntou.

– Oh, está lá embaixo. – disse. – Vamos.

Ela sorriu, indo à minha frente.

Descemos a escadas e lá estava Ivan, com um livro na mão, tentando entender como poderia abri-lo. Rose gargalhou vendo aquela cena.

– Alguém precisa de ajuda? – perguntou Rose a Ivan.

– Talvez. – disse ele.

– Precisamos da Rose para todas as palavras desse trabalho. – falei. Ela arfou.

– Oh, por favor... Nunca leram Romeu e Julieta? – perguntou Rose, sentando-se em uma cadeira longe de mim e Ivan.

– Desculpe, mas para mim, Romeu e Julieta é uma torta.

Rose gargalhou.

Eu revirei os olhos.

Ivan era o tipo de cara que anima a pessoa mais triste do planeta. Erámos primos distantes, crescemos juntos correndo pela casa da minha avó Yeva, na Rússia. Entre todos os amigos que eu tinha, Ivan e Cristian eram os melhores.

Em termos de sinceridade e companheirismo. Ele e Cristian vinham me alertando das consequências de brincar com o coração de Rosemarie Hathaway, mas eles não me alertaram sobre me apaixonar por ela.

– E qual a parte da torta que você mais gosta de comer? – perguntou Rose. – O Romeu ou a Julieta?

Ivan fez carranca, semicerrando seus olhos verdes. Eu gargalhei com o tom de irônico de Rose. Recebi seu olhar brincalhão e logo em seguida, seu sorriso.

– Vejo que gostaram de me ter em seu grupo. – brincou Rose.

– Levando em consideração que você é a única com a bunda bonita, estou realmente feliz. – disse Ivan.

Eu fiz-lhe uma carranca.

– Acho melhor começarmos logo isso. – falei irritado. – Rose tem que ir para casa.

– Opa, camarada... – começou, fitando-me. – Está me expulsando?

– Claro que não. – falei, gaguejando. – Claro que não. – repeti.

Ela sorriu, percebendo meu jeito atrapalhado.

– Bom, considerando o fato de eu não saber o que é um parágrafo, podemos começar. – disse Ivan. Ele fingiu entusiasmo e Rose sorriu.

– O que vocês entendem por Romeu e Julieta? – perguntou Rose, levantando-se.

Eu fui até a mesa no escritório da mamãe e sentei-me em à sua cadeira. Cheirava a álcool. Cheirava ao meu papai e ao charuto dele todas as vezes que chegava cansado após o trabalho.

– Que era algo proibido. – falei. – E que eles morreram por isso.

– Eu entendo de goiabada. – disse Ivan, sentando no sofá perto da porta de madeira. – E queijo.

Rose sorriu para Ivan, mas voltou-se para mim seguida. Seus olhos me estudaram atentamente como se cada traço existente em mim, fosse algo interessante para ela.

– Talvez esteja errado. – disse Rose. Ela ainda tinha em sua face morena o sorriso e o olhar brilhante em minha direção. – Eles não cometeram um crime... Eles só se amavam.

– Se ele a amava tanto como dizia, então por que não fugiu com ela enquanto era tempo? – perguntei.

– Por quê? – perguntou Rose, parecendo divertida. – Porque é romantismo, camarada. Eles não agem com a razão.

– E se fosse realismo? Como seria? – perguntei. Percebi Ivan intercalando seu olhar entre mim e Rose, mas ainda em silencio.

Rose suspirou.

– Ele a arrancaria daquele balcão, a colocaria em seu cavalo selado e acabaria com a melancolia. – fitamos um ao outro e foi aí, foi nesse momento. – Eles não discutiriam se era o rouxinol ou a cotovia. Se era certo ou errado. Ele não morreria por ela. – continuou Rose. – Ele é o culpado pela morte dos dois. Ele deveria ter fugido e esquecido os outros. Eles seriam felizes. – ela sorriu triste. – Mas ela enfiou um punhal no peito. – disse. – E lá se foi sua razão.

Continuei encarando Rose como quem idolatra um troféu. Foi ali, foi naquele momento. Foi assim que eu me apaixonei por Rosemarie Hathaway. Não queria mais saber de aposta ou qualquer coisa que me ligasse à Rose de um jeito errado. Eu só queria correr para os seus braços e conquista-la para mim como uma pessoa normal.

– E você Rose? – perguntei. – O que você é?

Ela sorriu para mim, de seu jeito mais doce. Ajeitou os óculos ao seu rosto e respirou fundo, como se pensasse no jeito mais doce de dizer aquilo, sem parecer idiota.

– Eu sou romântica. – disse.

– Morreria por seu Romeu? – perguntei, fitando-a.

– Sim. – disse por fim. – Morreria por quem me causasse aquele nervoso indescritível e aquelas borboletas aleatórias no estomago.

Eu sorri. Ela também. E contei dez segundos com aquele olhar entre nós. O olhar que dizia que eu estava completamente apaixonado pela garota esquisita nunca beijada. E assim que eu tive certeza... Eu não iria beijá-la pela aposta, iria beijá-la por estar apaixonado por ela.

– Garotos... – começou Ivan, levantando-se. – Eu acho maravilhoso esse olhar estranho entre vocês, mas tenho que ir embora.

– O que? – disse Rose, em um pulo de onde estava sentada. – Temos um trabalho.

– Eu não sei quem são Romeu e Julieta, eles nunca saíram no jornal, como vou falar deles? – perguntou Ivan, parecendo revoltado.

– Oh meu Deus. – murmurei.

Rose fitou-me boquiaberta.

– É, eu sei... – começou Rose. – Ele lê jornal.

Eu gargalhei com a carranca imediata de Ivan.

Ele era louro e badboy, quer dizer, ele estava mais para goodboy mais também servia para dizer que ele não era chegado em qualquer forma de estudo. Ivan lia revistas de quadrinhos, mas foi o mais perto que chegou de ter uma vida acadêmica perfeita.

– Ah, qual é Rose? – reclamou. – Logo eu, que sempre defendo sua bunda.

Rose rolou os olhos.

– E aonde você vai? – perguntou Rose, ainda sorrindo. Eu olhei para Ivan, que sorriu maldoso.

– Represa. – disse. Eu fitei-o. Rose pareceu desnorteada, mas eu entendi e gostei do que essa palavra poderia me proporcionar.

E então, eu sorri para Rose.

***

Estacionei o carro, junto aos outros.

Rose parecia nervosa, ela passava as mãos na calça jeans a cada cinco segundos e procurava respirar de um modo que eu não percebesse seu nervosismo. Tarde demais.

Ivan tinha ido com o seu próprio carro, então ficamos aliviados para conversar mais sobre o nosso trabalho. Aquela foi à conversa mais inteligente que eu já tinha tido com alguém daquela cidade.

Ela se mexeu desconfortável no banco. A música eletrônica e a luz do sol estavam deixando-a com milhares de pensamentos. Depois de alguns segundos em silencio, esperando apenas sua respiração ficar normal, novamente, ela virou-se para mim, sorrindo.

– Acho melhor eu voltar. – disse. – Eu posso ir sozinha, não precisa me levar.

– Por quê? – perguntei, aparentemente calmo.

– Eu nem trouxe roupa. – disse ela, de modo tímido.

– Eu mandei uma mensagem para o Cristian, a Lissa está aqui e trouxe roupa para você.

– Não. – disse de modo ríspido. Depois de alguns segundos ela balançou a cabeça para os lados, com uma expressão vergonhosa. – Desculpe, eu não gosto de festas.

– Olha, essa festa só acontece quando o pessoal da cidade autoriza e isso é bem raro... – argumentei. – Então, se você não quiser ir à festa, tudo bem. – eu sorri para ela, assim que seu corpo relaxou no banco do carona, ao meu lado. – Mas eu sei que vou sair desse carro, abrir a porta do carona e te carregar até lá. – terminei. Ela abriu a boca em protesto, mas logo a fechou, deixando o silencio ali novamente.

Depois de rolar os olhos por duas vezes, Rose respirou fundo enquanto olhava para a festa na represa que rolava do lado de fora da janela do carro. Ela respirou fundo novamente, agora vendo as garotas pularem de uma pedra para o lago.

Garotas de biquíni com um corpo escultural que Rose encarou a finco. Algo me dizia que esse era o grande temor de Rose. Aparecer de biquíni na frente de alguém que não fosse ela mesma, ou Lissa talvez. Eu sorri com isso.

– Ta legal. – disse tirando o cinto. – Espero não me arrepender. – murmurou, levando sua mão até a trava da porta.

– Não vai. – falei, não escondendo meu entusiasmo.

Saímos do carro, e já fomos inundados por uma daquelas músicas que deixavam a pessoa tonta, mas por outro lado te fazia dançar e descolar umas gatinhas. Avistei Cristian e Lissa de longe. Cris e seu calção azul marinho e Lissa com seu biquíni verde, deixando-a ainda mais pálida.

Rose sorriu nervosa ao vê-la. Ainda não entendia como a genética era capaz de fazer algo tão estranho. Rose e Lissa eram completamente diferentes. Mas levando em consideração que Janine era ruiva e Rose morena, não duvidava do parentesco de Lissa.

Chegamos perto de Cristian e Lissa agarrou Rose.

Oh, eu gostaria de fazer isso. – pensei.

– E ai, cara? – disse Cristian batendo nas minhas costas, como comprimento. – Pensei que não chegariam nunca.

– Estávamos fazendo trabalho. – falei. Lissa sorriu maldosa, enquanto Rose corava.

– Bom, eu deixei seu biquíni no carro do Cristian, vamos lá e depois podemos entrar na água. – disse Lissa à Rose.

– Tudo bem. – disse Rose, ainda tímida. Ela fitou-me e sorriu, deixando que Lissa levasse-a para longe de mim.

Cristian continuou encarando-me enquanto Rose ficava cada vez mais distante, junto à Lissa. Eu sabia sobre a conversa com Adrian e estava realmente com medo de ela estar desconfiada ou ter descoberto, mas levando em consideração que ela continuava normal, acho que não era sobre isso.

Adrian para mim, agora era mais uma ameaça. Eu precisava pará-lo antes que ele descobrisse da aposta, ou precisava mostrar a ele o quão Rose era importante. E andando com Jesse e Mase eu não conseguiria nada além de provar as teorias dele. Precisava proteger Rose de mim, eu sei. Mas agora, Adrian também era necessário de afastar.

– Está apaixonado. – disse Cristian. Eu fitei-o e ele tinha aquele maldito sorriso debochado no rosto.

– O que? – perguntei.

– Está apaixonado. – repetiu.

– Não, claro que não. – menti.

– Oh, por favor... – começou Cris. – Olha o jeito que você olha pra ela.

– É o mesmo jeito que olho para você. – contextuei.

– Acredite, o dia que você me olhar desse jeito, eu corro. – disse Cristian.

Eu arfei.

– Para com isso.

– Não. – disse Cris. – Você já contou a ela da aposta?

– Claro que não. – falei, olhando meu redor. – Acha que ela estaria aqui se eu realmente tivesse contado?

– Dimitri, você ainda vai sentir a consequência dessa aposta.

– Cris, é só um casinho. – falei. – Mais um para a minha coleção, o que pode me acontecer? Ela é só mais uma garota na minha vida, outras virão.

– Eu acho que não. – disse Cristian. – Acho que está apaixonado e sugiro que Jesse não descubra.

Eu estava pronto para começar a falar o quão errado Cristian estava, quando eu sinto uma mão branca em meu ombro, junto a um perfume de conquistador barato. Olhei para Cristian, que engolia a seco e logo em seguida para Jesse. Ele sorria de modo debochado, com Mase ao seu encalço.

– O que eu não posso descobrir? – perguntou. Eu engoli a seco.

– Que o Dimka adora o fato da Rose estar caindo no seu papo. – disse Cristian. Eu fitei-o de modo agradecido. – Ele está conseguindo, Jesse.

Jesse tirou sua mão de meu ombro, indo para a minha frente, Cristian saiu de seu lado, tentando não parecer confuso e assustado. Ele não sabia mentir.

– Bom, levando em consideração algumas coisas, sugiro que seja rápido. – disse Jesse. Ele estava sem blusa, o que causava alguns olhares femininos para nós. – A formatura está chegando.

– Eu sei. – falei. – Estou trabalhando nisso.

– Claro que está. – disse Jesse. – Mas se precisar de ajuda para amolecer a carne, eu não me importo de oferecer meus serviços.

A raiva me subiu a cabeça.

Se eu conhecia Jesse, Rose era o seu tipo mais famoso de presa. Ele as iludia e fazia com que se apaixonassem, para só depois usufruir disso. Eu também era assim, mas ai, Rose sorriu para mim.

– Você não vai chegar perto dela. – eu disse entredentes. Se não fosse a mão de Cristian em meu braço, eu mal repararia que estava cara a cara com Jesse.

Observei a cabeleira loura de Ivan correr por detrás de Jesse e me olhar com suplica. Não tínhamos chamado à atenção de todos, porque a represa era grande o suficiente para brigarmos e ainda sim, todos continuarem se divertindo, mas aparentemente Ivan viu.

– Rose está vindo. – disse Ivan. – Vocês não vão querer falar isso perto dela, vão? – perguntou, enquanto encarava Jesse.

– Se falar qualquer coisa da aposta para Rose, eu mato você. – disse à Jesse. Ele fingiu coragem, mas engoliu a seco.

– Você mesmo irá dizer, Dimka. – falou Jesse, enquanto sorria.

Eu respirei fundo para não soca-lo. Olhei para frente e vi enquanto Rose caminhava até nós, com Lissa ao seu lado mostrando-lhe toda a represa. Jesse sorriu ao vê-la. Não um sorriso que dizia que ela era horrível, mas um que dizia que ela era linda de biquíni.

– É isso ai Dimka... – começou. – Ela até que tem um corpinho bom. Uma delicia na verdade.

– Já te mandei ficar longe dela. – falei novamente.

– Oh, claro... – disse Jesse. – Mas o que acontece se ela não ficar longe de mim? – perguntou maldoso.

– Jesse, já chega. – disse Ivan. – Vai embora.

– Claro que vou. – disse Jesse. – Tenho uma garota delicia para observar de biquíni.

Cristian segurou ainda mais meu braço, para que ninguém percebesse a minha vontade de socar Jesse, o que permitiu que ele saísse junto a Mase sem um olho roxo.

Rose ainda caminhava até nós, e agora em seu biquíni marrom ela sorria com Lissa. Eu até poderia concordar com Jesse em relação à parte delicia.

Mas por hora, ela era a minha garota delicia.


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Notas finais do capítulo

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Beijos



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