Para nunca mais dizer adeus escrita por Yori Medina


Capítulo 1
Capítulo Único - Eu também te amo.


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por dar uma chance para a minha história! Boa leitura! ♥



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Na noite em que Gin desapareceu, a pequena Hotaru chorou, e desesperadamente rezou entre soluços, com todo o coração para que a história deles não acabasse daquele jeito. Naquele momento, os espíritos e ela tinham o mesmo desejo: que ele voltasse. No entanto apesar de seus pedidos serem puros, nada aconteceu.
A garotinha voltou no ano seguinte, e no outro, mesmo sem o seu amado, ela sentia a necessidade de ir, as palavras ressoavam em suas memórias e em seu coração. Pisar na floresta a deixava dolorida, a partir do momento em que cruzava o grande portão de pedra que ficava na entrada da floresta, o coração no peito se encolhia. Quando refazia os caminhos que conhecia tão bem, a tristeza em seu semblante crescia mais ainda. Durante as férias a menina se transformava, o sorriso sumia, a voz ficava cada vez mais rouca. Era como se nunca mais voltaria a ser a mesma.
No segundo ano, após a sua triste despedida, Hotaru presenciou um ataque cardíaco do seu amado tio. Apesar de ter agido rápido, a morte o levou. Mais uma vez uma pessoa que estimava morreu em seus braços. Diferente da primeira, a dor era imensa, mesmo tendo os olhos mareados, nenhuma rolou.
Agora a pequena garotinha já não tinha mais nenhum motivo para voltar à vila, não havia mais justificativa para voltar.
Durante os anos ela se esforçou, passou em todas as disciplinas e se envolveu em atividades de clubes, e assim conseguindo terminar o ensino médio. Cada vez mais sua aparência mudava, mesmo sem esforço a jovem foi ficando cada vez mais bela e admirável. Os garotos todos faziam fila para poder trocar pelo menos um olá, que com a gentileza, apenas acenava, alguns poucos corajosos faziam de tudo para se confessar, mas o coração dela estava frio. Rejeitar meninos a cansava, mas não havia escolha, nenhum deles poderia substituir o vazio e apagar a dor.

—Ho-ta-ru! Hotaruu! Hotaru! Preste atenção em mim. Nossa, como consegui ficar tão avoada?

—Desculpe mamãe. Não foi minha intenção, eu só...

Nos raros momentos em que a menina se distraia, seus olhos a traiam, quando ficava a sós as lembranças a tomavam da realidade, tinha noites em que sua dor a incendiava, e quando pensava que as ferias estavam se aproximando, tudo parecia piorar. 
Duas semanas antes de viajar, ela teve sonhos, neles Gin a abraçava e a acariciava, com amor e ternura, mas era doloroso, pois na única vez que o tocou, o mesmo desapareceu. Em todas as noites a jovem acordava chorando, via o sorriso e podia ouvir a voz ressoando, como um eco, palavras que jamais havia ouvido do próprio. Na ultima noite, no seu ultimo sonho, ouviu um pedido: “Venha até mim, estarei te esperando na floresta. Por favor, venha.”
Depois dessa suplica, a garota acordou, toda suada e ofegante, e sem saber quem estava a solicitando, mas diferente das outras vezes, não havia nenhuma lagrima.

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   — Querida, tens que ir mesmo? Sabes que sua tia já não é mais a mesma desde que… meu bem, não vá. Fique, por favor. 
   — Serão apenas 2 semanas mamãe, quero aproveitar para ir visitar o tumulo do titio. E ver como está sua esposa, como a senhora disse, ela já não é mais a mesma. Espero que consiga a animar, com a minha visita.
   — Parece que nada que diga irá mudar a sua opinião. Então vá, já que estas tão decidida. Pelo menos use um chapéu para não pegar insolação.
  — Hahaha Isso é nostálgico! Mas desta vez vou usar. Obrigada mãe e até mais. Estou saindo.
  —Vá com cuidado! Boa viagem e não esqueça de voltar em segurança, te amo. Me ligue quando chegar!
                         

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Assim que se afastou de sua casa, o sorriso estampado sumiu, dando lugar para um olhar de preocupação, pois não sabia ao certo o que aconteceria quando subisse a montanha. A voz e seu pedido a deixava insegura.

Depois de horas de viajem, chegou na vila, e sua tia a esperava de braços abertos na parada do ônibus. A garota apanhou sua pequena mala e saiu rapidamente de seu banco e correu para os braços daquela que a aguardava. Logo, elas seguiram caminhando para a residência trocando algumas palavras, jogando conversa fora. Quando finalmente chegaram a jovem se dirigiu para seu quarto, desfez a mala e arrumou as roupas na cômoda.

 

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— Querida, vou até a venda, comprar mantimentos, fique aqui, aposto que esta louca para tomar um bom banho. Fique a vontade, retornarei logo.
       — Certo, obrigada por me receber, até logo!

Esperou a mulher se afastar e um bilhete em cima da mesa deixou, nele dizia que havia saído para colher flores, para mais tarde visitar seu tio. 
       

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Depois de alguns minutos , a menina se encheu de coragem, apanhou o chapéu e saiu correndo para a montanha. Ainda com suspeitas, mesmo sem saber o que a esperava na floresta, com o medo como guia ela correu. Quando finalmente terminou de subir as velhas escadas, viu uma imagem, e seus olhos cederam, as lagrimas rolaram e como uma criança desabou. Por um momento ela pensou ter visto Gin sentado nas pedras, com a mascara afastada de lado, com um grande sorriso com seus braços abertos como se estivesse a esperando. Mas isso, foi apenas a sua imaginação. Em soluços ela enxugou seu rosto e se direcionou para a floresta, se sentindo uma idiota por ter acreditado que veria ele, seus passos estavam largos e pesados, andava como se quisesse castigar o chão, pela cena que fizera momentos atrás. Estava tão irritada, tão ocupada em se sentir uma tola, que nem percebeu,  que nenhum dos espíritos estavam pelo trajeto todo . Continuo caminhando e de repente algo a fez cair, enquanto se levantava a vista a desprendeu de seus pensamentos, estava em frente ao lago, em que perdeu seu amado. Ao redor, todos os espíritos se aglomeravam, todos agitados, riam e gritavam, como se festejassem a chegada da garota. Estava em choque, muitas perguntas surgiram, então todo o barulho cessou e uma criatura apareceu caminhando no meio da multidão. Este que atravessou o lago e chegou até a menina, em um piscar de olhos.
       

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— É bom te ver de novo criança. Obrigado por ouvir meu pedido.
       —Desculpe a minha falta de modos, mas… nos conhecemos?
    —Ora. -Disse o ser espantado- Eu é que devo me desculpar. Takegawa Hotaru, sou o Deus da montanha, muito prazer.
    —Oh, prazer em conhece-lo senhor -reverenciou- Mas, me diga senhor, porque fui chamada?
    —Criança, estive te observando em todos os momentos que você esteve aqui na minha floresta, inclusive na promessa que fizeste aqui nesse lago, e assisti também a partida do menino Gin.-pausou e a olhou com firmeza- Menina, a morte de um humano não pode ser revogada. Nunca.
     —S-sim, fui tola em desejar algo tão impossível. Me desculpe senhor.-disse em prantos, o interrompendo-
   —No entanto, o jovenzinho, deixou de ser humano, no momento em que puseram a mascara e sua maldição.

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Antes do ser divino terminar sua explicação, uma figura apareceu no meio da multidão, mas este caminhava lentamente, arrastando os pés despreocupadamente e com os olhos voltados para o chão. Enquanto caminhava, todos gritavam e batiam palmas, mas a menina não esboçava nenhuma reação, era quase como se estivesse incrédula. Quando o ser contornou o lago, se pôs a poucos metros da jovem, que agora já o reconhecia. Hotaru correu em direção de seu amado, mas hesitou não o abraçou, ficou apenas a sua frente, ele observando o sorriso que o mesmo trazia. Antes que ela percebesse, fora puxada pelo pulso suavemente, o menino envolveu seus braços em volta e a abraçou com muito desejo. A jovem no inicio ficou com medo, mas após alguns minutos aconchegada, acabou por perceber que ainda não havia desaparecido. Sem sair do abraço ela apenas virou o rosto e então ouviu a explicação:
   

—Como ia dizendo, a morte dos humanos não pode ser revogada, mas no caso desse garoto, depois de tanto debater com o Deus da Morte, chegamos a um acordo. Menina, ele jamais poderá sair desta vila, a maldição de tocar, também foi revogada, mas com uma condição: só pessoas de bom coração podem tocar, só humanos bondosos. Cuide bem do nosso Gin. - disse a divindade sumindo.

 

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Depois de tudo o que ocorrera naquela tarde, Hotaru ligou para a sua mãe, avisando que voltaria apenas para a formatura, com certas omissões explicou que o coração a prendia naquele lugar. Sua mãe foi contra, e por horas e horas discutiram, para no fim a mulher ceder e enfim decidir apoia-la. Como prometido, retornou e com sua mãe ao lado para a vila se mudaram. Encontraram emprego na cidade, através de muito esforço e dedicação com a ajuda de seu amado e alguns seres misteriosos, a menina conseguiu fazer uma casinha, bem perto da montanha. Ela sempre manteve o cuidado, para que nenhum estranho tocar em seu amado. Ah! Eles tiveram filhos, mas isso… isso é outra história.


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Notas finais do capítulo

Muito, mas muito obrigada por ler, até o fim ♥ Estou muito animada, com essa One, é a minha primeira vez e to pulando de alegria. Não possuo Beta, por favor desculpem os erros, estou sempre tentando melhorar >< *me avisem pls* Eu seria a mulher mais feliz do mundo se alguém deixasse umas dicas e uns toques nos reviews, ou mensagens. Novamente agradeço e é isso beijinhos e tchau ♥♥♥



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