Wolfpack escrita por Junior Dulcan


Capítulo 1
1x01 - Full Moon


Notas iniciais do capítulo

Abrindo um novo leque de possibilidades e aventuras, prepare-se para embarcar em uma jornada ao mundo de Teen Wolf pelos olhos de David, Jonny e Helen em sua terra natal, novos lobos e novos mistérios te aguardam em Wolfpack!



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Entediante, essa a palavra exata para descrever o que deveria ter sido o "emocionante acampamento de férias" proposto por Jonny. A formula era simples: juntar garotos e garotas numa reserva, fazer fogueiras, embebedar-se e depois curtir os prazeres carnais.

Meu nome é David e sou tão adolescente quanto os demais, tenho: 1,80m; posso dizer que cuido do meu físico, não sou exatamente atlético, mas também não pareço uma asa de frango se é que me entende, adoro jogos o que me torna aos olhos dos meus amigos um "nerd", tenho a pele clara herdada da minha mãe e os cabelos castanhos loiro do lado do meu pai, gostava de camisas com estampas de bandas e jogos e tênis largos.

Apesar de ser até bonito no quesito sensualidade tinha menos habilidade do que fazer simples cálculos, mas com adolescência cheia de rótulos de quem é o mais legal, quem é feio, nerd, sem vida social e muitos outros, é bem difícil dizer que exista o "ideal", afinal toda semana uma nova tendência acaba surgindo, o ideal de ontem acaba não sendo o hoje e dificilmente o de amanhã.

Meu pai faleceu quando eu ainda tinha seis anos e naquela época não entendia o que isso significava, apenas quando amadureci que realmente percebi a falta que ele fez em minha vida. Minha mãe fez o melhor para criar a mim e a minha irmã Amanda, então sou bastante grato ao que tenho hoje.

Jonny é meu melhor amigo desde que me entendo por gente e desde que chegou aos quatorze anos apenas tem em mente uma meta: Garotas. Ele fazia bem o tipo: alto com 1,85m; forte, cabelo escuro e arrepiado e olhos castanhos e um sorriso que fazia as garotas ficarem meio loucas. Agora com dezesseis anos ele parecia ainda mais obstinado a ser a sensação, francamente não conseguia acompanhar e minha participação era praticamente simbólica. Ele me arrastava para todos os lugares em que haviam festas ou um monte de garotas, se exibir era a atividade que mais importava para ele.

Minha principal razão de estar ali era Helen, a garota que sempre tive uma queda e que no momento ainda namorava o idiota do Mateus, o cara era popular por ser um grande jogador de futebol na escola, mas tirando isso na minha opinião ele não era grande coisa. Helen por outro lado era bonita, inteligente, com aqueles cabelos escuros de cachos longos, pele clara, sorriso doce e olhos verdes que me distraíam a cada segundo que olhava para ela.

Estava afim dela há alguns anos e infelizmente ela parecia não perceber a minha existência, o pior era que ela era aquele tipo de garota que todos se apaixonavam o que a tornava alvo de muitos caras, uma concorrência desleal.

Outra coisa que me fez vir a floresta foi fotografar o ambiente sob a lua cheia, fotografia era minha paixão e esperava ser um fotógrafo profissional algum dia, mas enquanto isso não acontecia me especializava o máximo que podia. Apesar da música alta, a fogueira, e as pessoas se agarrando e bebendo, pude observar a beleza da luz nas árvores mais afastadas, do vento leve soprando ao longe e até os vários sons dos animais a nossa volta. A clareira que escolheram para festejar era ampla e rodeada por grandes árvores e a luz das chamas pareciam com gigantes sombrios.

— Quando você vai começar a aproveitar sua juventude e parar de nutrir essa fantasia pela Helen? – Jonny havia desgrudado da garota que estava durante boa parte da noite, o cheiro de bebida e o modo manso de sua voz deixava claro que aquela era a conversa bêbada e inconveniente verdadeira dele, da qual era vítima em todas as festas, culminando com no final tendo que levá-lo para casa por não se aguentar em pé.

— Não estou desperdiçando nada, só não estou no clima para pegar garotas aleatórias nas suas festas, isso aliás devia ser uma viagem de acampamento e não uma festa na fogueira.

— Você nunca está no clima meu caro amigo, e eu não serei seu amigo solteiro para sempre, um dia eu vou namorar e por isso você devia começar a caçar! – Em condições normais eu até poderia escutar o que ele dizia, mas o bafo de álcool não ajudava a ver as coisas pelo ponto dele.

— Nesse momento meu único interesse é tirar boas fotos da lua e beber meu energético e... – Minhas palavras foram interrompidas por um uivo e gritos vindos da mata, parecia algum tipo de cão e tinha vozes misturadas. – O que foi isso?

— Deve ser um cachorro, o pessoal na floresta deve estar fazendo alguma brincadeira com os animais da reserva. – Jonny não parecia preocupado me deu as costas e começou a voltar para sua companheira da noite, até estava uivando agora se fazendo de animal enquanto praticamente pulava sobre a garota.

Não estava convencido de que aquilo era uma brincadeira e mesmo que fosse tinha uma boa ideia do que um monte de bêbados achava de uma brincadeira. A reserva não tinha animais perigosos isso eu já sabia então não tive problemas em seguir entre as árvores procurando a fonte dos sons. Já havia caminhado por quase dez minutos quando me dei conta do que estava fazendo, entrando no meio do matagal atrás de sons estranhos, da mesma forma que acontecia naqueles filmes: quando o cara vai atrás dos barulhos estranhos e o monstro surgia e o matava.

Particularmente não tinha tanto medo de que um monstro fosse surgir, conhecia bem de efeitos especiais para me importar com monstros, mas sim o fato de que poderia haver alguém realmente perigoso a solta na floresta. Se havia alguém assim era possível que os gritos fossem um pedido de socorro. Estava quase voltando quando ouvi um uivo, tive um arrepio involuntário de medo e apesar da noite estar clara naquele momento qualquer som fazia meu coração saltar.

A festa não estava muito longe, ainda podia ouvir os sons da clareira onde todos estavam e se voltasse agora talvez conseguisse alguns voluntários para explorar o lugar. Já estava me preparando para voltar quando senti algo segurar meu ombro, não me orgulho do grito que dei e em resposta a voz de Jonny gritando de susto as minhas costas. Levamos uns cinco segundos de gritos histéricos antes de percebemos o que estava acontecendo.

— Que diabos você fazendo Jonny?! Quase me matou de susto! –Senti meu coração pular no peito, junto com a raiva e a vontade de quebrar o nariz do meu amigo.

— Que inferno! Você saiu para o meio do mato, tive que conferir para onde você tinha ido!

— E porque você não falou nada? Veio se esgueirando! Que droga, meu coração quase saiu pela boca! – O momento de gritos histéricos tinha me feito esquecer do uivo, mas agora o que quer que estivesse rondando a floresta tinha nos ouvido claramente.

— A culpa é sua! Se agisse feito um adolescente as vezes eu não precisaria sair do meio de uns amassos para bancar a babá! E afinal de contas o que estamos fazendo no meio da mata? Você deveria ser o responsável em nosso relacionamento de amizade, tomar as decisões sensatas enquanto eu sou o imprudente e divertido!

— O que? – Olhei para ele sem acreditar no que estava ouvindo. – O tem nessas bebidas que você andou tomando? E fica quieto, ouvi uivos e parecia vir de algum lugar aqui perto.

— Não me mande ficar quieto! – Jonny apenas se calou quando outro uivo ecoou pelas árvores, o cão deveria ter nos ultrapassado em algum momento, os sons vinham agora da direção da festa. – Mas que droga é essa? Viemos até o meio do nada por causa de um cachorro?

— Eu não me lembro de ter te convidado! – Apesar dele ter feito uma cara de indignado não dei atenção, essa não era a melhor hora para discutir isso. – De qualquer modo vamos voltar.

— Ótimo, da próxima vez deixarei você andar pela mata feito um idiota sozinho David.

— Esse idiota agradece. Vamos. – O caminho de volta foi até mais rápido e em menos de cinco minutos já conseguia ver o clarão da fogueira. Apesar de não ter encontrado a fonte dos barulhos concordava com Jonny, deveria ser mesmo apenas um cachorro.

O primeiro grito atravessou a noite como uma faca afiada, seguindo de muitos outros e em segundos havia um completo pandemônio. Pessoas gritavam e derrubavam umas às outras em completa histeria, não tinha a menor ideia do que estava acontecendo, mas fui direto para o problema. Jonny estava ao meu lado, parecia tão confuso quanto eu e as pessoas não indicavam saber a fonte do alvoroço, até que avistei um corpo caído próximo a fogueira, havia sangue nas roupas.

Em um primeiro momento achei que havia acontecido um acidente, corri até o corpo do rapaz para tentar prestar os primeiros socorros. Era um dos alunos do terceiro ano, grande e forte e que nunca havia falado antes, os olhos estavam vidrados e a boca aberta em um expressão de surpresa. Não conseguia encontrar pulso, Jonny tentava falar com as pessoas, mas aos poucos a clareira ficava cada vez mais vazia, todos corriam e gritavam no meio da mata. Desviei os olhos de Jonny e então eu vi, um par de olhos vermelhos na escuridão, estavam me encarando e senti tanto medo que minhas pernas pareciam ter perdido toda a vontade de se mexerem pelo resto da vida.

— O que é aquilo? – Jonny olhou na mesma direção e caiu do meu lado sentado, devia estar com tanto medo quanto eu. A coisa não se aproximava da luminosidade, mas estava perto o bastante para perceber que era um tipo de quadrupede enorme, o rosnado lento e prolongado da criatura era o pior deixando cada fio de cabelo tão tenso que pareciam querer abandonar o corpo. Uivos cortavam a floresta, devia haver mais desse bicho em algum lugar, as pessoas gritavam e naquele momento eu percebi que iria morrer.

— Mateus! Mateus! Onde você está? – No meio daquilo tudo a voz de Helen, olhei automaticamente em sua direção, ela surgiu a leste da clareira, os cabelos revoltos e a roupa suja. Devia ter se separado do namorado e agora estava perdida e desorientada, desvie os olhos para a coisa e meu sangue gelou. Ele parecia estar olhando para ela, podia sentir ele provando o cheiro dela no ar e parecia gostar.

— HELEN CORRA! – Seus olhos me fixaram e em seguida a criatura, seus olhos se arregalaram e então ela correu. O monstro ainda nas sombras se virou em minha direção como se me desafiasse a tentar impedi-lo e correu para o ponto onde ela havia desaparecido.

Minhas pernas responderam imediatamente, já havia dado o primeiro passo quando Jonny me segurou.

— O que você está fazendo?! Temos que sair desse lugar!

— Eu não posso, eu a mandei correr.... Tenho que achá-la!

— VOCÊ FICOU DOIDO?! Essa coisa matou um cara, e vai nos matar também e você quer ir atrás dele? – Eu estava com medo, talvez até mais do que Jonny, mas aquela sensação de que não poderia viver comigo mesmo se não verificasse me consumia. – Havia umas vinte pessoas aqui e você só se importa com o que acontece com ela?!

Era verdade, havia outras pessoas correndo e gritando pela mata e todas deviam estar precisando de ajuda, não podia ignora-las.

— Eu vou checá-la primeiro, depois procuramos os outros que conseguirmos achar e os levamos para fora daqui. – Essa não era a resposta que meu amigo esperava, mas era a melhor que podia dar naquele momento, era bem verdade que não conseguia me importar tanto com os outros, mas ignorá-los também não parecia certo.

Corremos na direção que Helen havia desaparecido com esperanças de que ainda poderíamos encontrá-la, se ela tivesse usado a iluminação da cidade como bússola para a saída então não deveria ser difícil achá-la. Já havíamos corrido por alguns minutos os sons agora de outras pessoas haviam desaparecido por completo, tinha medo de encontrar mais um corpo e ainda mais se fosse o corpo da garota que gostava. Senti uma dor enorme na cabeça e luzes brilhando na frente dos meus olhos antes de cair no chão duro, levei algum tempo para me situar.

Helen estava ali pairando sobre mim pedindo desculpas enquanto Jonny parecia brigar com ela aos sussurros, a garota estava à beira de um colapso nervoso, mas ainda estava muito bonita. Gostava da forma que as maçãs do rosto dela ficavam quando ela fazia uma expressão séria ou preocupada isso destacava suas feições.

— Qual é a sua?! Viemos te procurar e você nos recebe com pauladas na cabeça?! – Jonny ainda brigava com Helen enquanto me colocava em pé totalmente desorientado.

— Eu-eu sinto muito, não tive a intenção, pensei que fosse a coisa que estava me perseguindo.

Ta tudo bem Jonny, eu to bem.

— Bem?! Bem?! Isso tudo está longe de ficar bem! Agora vamos dar o fora daqui antes que aquela coisa nos ache!

Naquele ponto não havia o que discutir, nem sequer fizemos muitas perguntas a prioridade era dar o fora daquele lugar o mais rápido possível. Não corremos muito, a coisa estava nos esperando um pouco adiante, a luz da lua cheia mostrava aqueles olhos vermelhos na escuridão e quando o monstro entrou no círculo mais próximo e luz o grito ficou sufocado em minha garganta. Aquilo era enorme, o pouco que vi parecia a pata de um tipo de cão, com garras que deviam ter uns seis centímetros, ele se mantinha nas sombras revelando o mínimo de sua aparência.

Coloquei Helen automaticamente as minhas costas, estava com medo, mas de qualquer forma talvez ela pudesse escapar. O mostro contornou as arvores no escuro até ficar muito perto, o bastante para que pudesse nos pegar com facilidade. Minha mente parecia congelada no tempo, queria gritar, mas não tinha voz. Helen tremeu nas minhas costas, e o plano louco veio a minha mente.

— Vou para cima dele, vocês dois fujam. – Estava apenas sussurrando, mas não tinha certeza se o mostro ouvia, ele parecia nos analisar.

— Não mesmo, vamos juntos! – Bom ao menos iria morrer ao lado do meu melhor amigo, daríamos uma chance para Helen e isso era um tipo de vitória. – Saia o mais rápido que puder daqui e chame a polícia.

Corremos para nossa morte ao mesmo tempo que a garota fugia, o monstro rugiu e atacou, os dentes cravaram na lateral do meu corpo, pele e músculos não eram nada. Jonny foi ferido em seguida, ouvi o grito de dor do meu amigo quando ele também recebeu uma mordida, em seguida do animal o lançando contra uma árvore, ele não se mexeu mais. Queria fazer alguma coisa, mas meu corpo não reagia, sentia o cheiro da terra e das folhas com meu rosto colado no chão, a coisa estava vindo em minha direção, mas meus olhos pesaram e tudo escureceu.


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Notas finais do capítulo

Bom, esse é o primeiro capítulo da mini serie de Wolfpack. Vocês agora foram apresentados a novos personagens que assim como Scott e seu grupo estão passando pelos primeiros momentos no mundo sobrenatural dos Shapeshifiters. Na próxima semana trarei o segundo capitulo, até a próxima lua cheia!



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