O que tem por detrás da porta? escrita por Escr Taty


Capítulo 4
Capítulo 03 – Um sorriso despretensioso e o beijo negado


Notas iniciais do capítulo

Ei, voltei.
Muito obrigada pelos comentários, adoro ver como vocês acham graça do nosso casal SHAUSHAUHSAUSHUA



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Cauã é o tipo de cara irritante que possui o sorriso mais lindo do mundo. Já te disse como ele é? Ele é meu oposto, diga-se de passagem, em quase todos os sentidos. Enquanto minha pele é mais branca do que o normal por quase nunca sair de casa, a dele é parda de nascença e de muito sol. Meu cabelo é de um liso tão intenso que amarrá-lo com uma chuchinha seria desperdício de força empregada, mas ele é muito comprido e volumoso, o que facilita as coisas. Já Cauã, possui o cabelo extremamente cacheado e livre! Tenho tanta inveja por ver aqueles cachos pesados cobrindo a nuca dele quando estão molhados... não tenho inveja dos cachos, tenho inveja dele ter aquele cabelo! Que isso fique claro...

Seus cachos são tão bem definidos e volumosos, mas são cortados curtos de forma que, quando molhados, não passem da nunca e, quando secos, só algumas mechas encostam-se à nunca.

Deu para perceber o quanto amo aquele cabelo? Mas vamos falar dos olhos... Meus olhos são pequenos, quase asiáticos, com cílios compridos, a íris verde esmeralda e a pupila um verde escuro, quase negro. Já os olhos dele possuem a íris âmbar mais clara no começo e vai escurecendo um pouco (quase alaranjado) perto da pupila que, por sua vez, é pequenina e preta. Nunca o vi irritado, mas informantes confiáveis dizem que quando ele fica bravo, seus olhos ficam castanhos escuros.

Agora, só porque me acho muito branca e de cabelos lambidos, não tenho do que reclamar das minhas coxas grossas e dos meus seios um pouco maiores do que a média. Minha avó diz que quando eu engravidar, não terei problemas no parto por ter quadris largos... Vozinha... nunca vou engravidar!

Cauã era alto, tinha músculos definidos devido à vida esportista que ele levava. Enquanto eu sou baixinha.

Ok... admito que, por descrevê-lo demais, isso se torna meio que uma prova atestada do quanto arrasto um caminhão por ele, mas que fique claro que é apenas fisicamente e, por isso, o quero bem longe da minha vida.

— Qual a graça? – parei de mexer os legumes que estavam na frigideira e o encarei de canto.

— Você, é claro.

— Vai se fud...

— Já disse que xingar é feio. Sua mãe não te ensinou isso não?

Ele ria de mim todos os dias que passava na minha casa. Dormia lá como se a casa fosse dele, e várias vezes tentou pagar as minhas despesas. Mas naquele momento, enquanto eu me irritava andando de um lado para o outro, ele estava jogado no sofá e gargalhando de maneira leve e despretensiosa.

— A minha mãe me ensinou a ser educada com quem merece – afirmei enquanto parava na frente dele.

— Não tenho culpa se você ficou apavorada.

— É claro que fiquei! São R$3.000,00!

— Amor, amor... embora tenha sido sim um erro grande carregar a câmera sem nenhuma proteção, eu não teria te cobrado nada.

— Ah, claro... sei.

— Estou falando sério. Não é sua culpa se agiu na pressa e não pensou nos seus atos.

A câmera estava inteira sem nenhum arranhão, o que era um milagre divino, amém.

— Argh...

Não sou do tipo desastrada, acredite em mim. Mas todo mundo passa por um dia de burrice aguda e corre o risco de cometer sacrilégios. Por isso... resolvi que era melhor me calar e voltar para a cozinha onde minhas batatas e cenouras já deveriam estar crocantes.

— Ok, ok. Está decidido – senti suas mãos envolverem minha cintura, mas como eu estava concentrada em colocar minhas batatas crocantes no prato coberto por guardanapo, e isso ocupou ambas as mãos, não fiz nada para afastá-lo. – Eu vou te dar ela de presente e junto com ela todos os acessórios necessários. Você tem microfone? O microfone dela é uma merda.

— Ficou louco?! – Me virei de uma vez e quase derrubei o prato.

— Você não tem? Podemos comprar um então, não tem problema.

— É claro que tem. Eu não quero presentes seus.

— Mas...

— É o meu trabalho! Eu tenho que conseguir isso com o meu capital, não com o seu.

— Mas o que é meu é seu.

— Não quero.

— Você precisa.

— Não quero.

— Vai te ajudar a evoluir no seu trabalho.

— Não quero.

— Deixa de ser teimosa, Bia.

— Não quero!

Coloquei o prato em cima do balcão da pia, que ficava ao lado do fogão, o empurrei e me afastei. Claro, Cauã é mais teimoso que um jegue, então me seguiu.

— Pense nas suas leitoras, no seu trabalho, na facilidade que...

— Isso está quebrado?

— Claro que não!

— Então porque está me dando?

— Porque não uso e faz tempo que tenho pensado em vender.

— Ótimo, não posso ficar com ela porque não tenho dinheiro para pagar.

— Não estou vendendo para você, estou dando.

— De graça? Nem fodendo.

— Olha... colocando por esse lado, eu posso te fazer mudar de ideia.

Cauã tem aquela mania ruim de erguer uma das sobrancelhas grossas e fazer uma expressão maliciosa e convi... rritante.

— Você pode parar bem aí e não chegue nenhum milímetro mais perto – mas já deixei claro sobre o quanto ele é teimoso? – Cauã! Eu estou fazendo o almoço e não tenho tempo para isso.

— Bia, não faz isso. Fiquei dois meses fora e quando chego só levo esporro.

— Então procure uma namorada que adora namorar à distância.

— Você sabe que isso é o meu trabalho.

— E eu disse que ligo? O que eu disse é que não estou nem aí para você.

Ele sorriu mais uma vez e me seguiu até a cozinha. Felizmente tive a sensata ideia de apagar o fogo quando estava na hora de tirar minhas batatinhas, então nada havia queimado. Voltei ao ritual e procurei me acalmar.

Ganhar uma câmera profissional em um momento daquele em que eu estava considerando em criar um canal era, no mínimo, incrível. Mas era o mesmo que dizer para ele que eu o aceitava na minha vida e isso não era nada incrível.

— Vem cá, deixa que eu termino isso.

Ele me virou, colocou o prato na pia e beijo minha bochecha, deslizou o indicador até meu queixo e virou meu rosto para olhá-lo. Eu sabia o que ele queria, eu sabia bem o que ele queria. Mas quando seus lábios roçaram os meus, ele se agachou com as mãos na virilha e as veias começando a dilatarem nas têmporas e pescoço. Foi se dobrando até não ter mais como.

— Por... Porque precisa ser tão agressiva?

— Eu disse que não tenho tempo para isso.

— É... só um beijo... Bia.

— Eu-disse-que-não-tenho-tempo.

Suspirei tão aliviada. Vocês não sabem o quão libertador é chutar as bolas de um pervertido. Sério, não fazem ideia.

♣♣♣

— Você fez o quê? – Sarah gargalhou e quase derrubou o hambúrguer que ela segurava.

— Chutei ele... literalmente.

Nós três gargalhamos muito e provavelmente conseguimos chamar atenção. Estávamos no shopping, tínhamos acabado de assistir a um filme e resolvemos parar para comer.

— Que maldade, Bia! – disse Joana. Ela ria, mas me censurava com o olhar.

— Não ligo.

— Sei. Fala isso, mas aposto que está com saudades daqueles lábios carnudos e rosados. Já disse que adoro homens de lábios carnudos e rosados? Meu ex era desprovido de tudo, mas de boca eu não tinha do que reclamar.

Nós gargalhamos novamente e Sarah, a mais escandalosa, quase morria sem ar de tanto rir. Amigas são tudo, gente! Quando o frenesi diminuiu, veio o sermão de sempre.

— Leva ele para o encontrão – pediu Sarah.

— Não.

— Você vive escondendo ele, Bia. Isso não é justo.

— Eu não quero apresentá-lo para os meus amigos.

— Você está escondendo ele porque tem vergonha dele? – perguntou Joana em um tom bastante sério.

— Claro que não! Porque eu teria?

— Você sabe, ele é negro.

— E daí?

— E daí? Seus pais, querida.

Meus pais eram do tipo, como dizer... “Não me importo que eles existam, contanto que não se misturem demais com minhas filhas.” Isso valia para tudo que não é tradicional.

— Eu não tenho vergonha dele e meus pais iriam aceitar tranquilo. Ele é mais escuro que a Sarah só um pouquinho e ela praticamente cresceu lá em casa.

— Não me leva a mal, Bia – disse Sarah limpando os lábios com um guardanapo -, mas a Jô tem razão. Seus pais sempre foram muito legais comigo e com a minha família, mas somos a exceção na sua vida.

— Olha, eu só não quero que ele esteja integrado na minha vida sendo que logo, logo vamos acabar com essa história.

— Você fala isso porque pegou pavor de homens e tem medo que ele te machuque, mas vamos ser sinceras? Ele não vai te largar tão facilmente.

— Eu não entendo. Eu praticamente o humilho todas às vezes que nos vemos, brigamos o tempo todo e ele nunca vai embora de vez. Por quê?

— Porque ele te ama e sabe que você também gosta dele. Ele sabe que você está assustada e sabe que é muito difícil namorar um fotógrafo gostosão à distância.

Nós rimos mais uma vez, mas não com a mesma intensidade. Eu odiava aquele papo de “sermão”, mas elas conseguiam me fazer ouvir.

— Sabe de uma coisa? – perguntou Joana – Eu acredito que você só está com medo de se apaixonar e isso é completamente normal. Mas precisa dar uma chance ao cara ou eu roubo ele de você.

— Não roube, eu te dou ele com lacinho de fita e tudo.

— Palhaça. O que estou tentando dizer é que ele gosta de você e, para ele, você é a sua deusa, sua musa inspiradora. Se não começar a mudar sua atitude, vai perdê-lo de vez.

— Quantas vezes preciso dizer que é exatamente isso que quero?


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Notas finais do capítulo

Curtiu o capítulo? Deixa um comentário para mim, nem que seja uma linha. Mas lembre-se: Só comente se realmente se sentir a vontade comigo ^^
Volto ainda essa semana com capitulo novo xD



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