POV Foxy

–Hey, Freddy. Se divertiu muito? -eu tentei não rir.

–Horas, cale a boca. - ele cruzou os braços.

– Bem, de qualquer forma... -voltei ao assunto principal. -Eu estou saindo.

– O que? Por que? - sua cara era de preocupação.

– Melly está desaparecida... e eu vou procurar por ela. - ele me olhava incrédulo.

– Foxy... só por causa...

– Não, Freddy. Na TV, uma reportagem. Por que você acha que Golden apareceu justo onde eu estava? Se não, aposto que ele já teria ido "brincar" com você. - ele corou muito.

– B-bem... mas, ainda assim, eu não posso deixar você ir sozinho... - Freddy suspirou. -Acho que eu vou ter que ir junto.

– Eu não quero ficar longe do meu ursinho... -Golden apareceu e segurou a cintura de Freddy.

– EU TAMBÉM QUERO IR!!! -Chica saiu de dentro de um armário.

– Chica, como é que... -antes que eu pudesse terminar, veio o Sr. Pernalongas Roxo.

– Nós não vamos ficar sozinhos aqui. - ele disse.

– Ótimo. Agora, seus cabeças de vento... Como que dois ursos gays, uma raposa pirata, uma galinha fofa e um coelho roxo de olhos vermelhos vão passar despercebidos? -disse Chica.

– Dane-se. -eu já estava saindo pela porta. -Espera... alguém sabe onde é a casa dela?

– West Weldore, 302. -Golden mostrou a ficha de trabalho dela. -Só eu que sei das coisas aqui?

– E... como chega lá? -perguntei coçando a nuca.

– Olha, se vocês fossem mais inteligentes, lembraram que eu posso teletransportar. -Golden agarrou a cintura de Freddy e a mão de Chica, enquanto o resto somente encostou nele.

Quando chegamos, me surpreendi. Uma casa velha, sim, mas aconchegante. Uma mansão. Encontramos a fita da polícia, mas não nos impediu de entrar. A sala era pequena, coisa simples. Um tapete Verde com dois sofás vermelhos, uma poltrona vinho, no Centro, uma mesa de madeira e por último uma laleira acesa. Era estranho, talvez tivesse alguém aqui? De qualquer forma, não precisei falar nada, cada um foi para um cômodo. Subi as escadas, que rangiam. Havia um corrimão, mas, curiosamente estava do outro lado da escada, de modo que eu não podia alcançar. Quando as escadas terminaram, fui parar em um corredor com um tapete vermelho e quatro quartos. No primeiro que fui, parecia desabitado. Havia uma cama de casal, arrumada com lençóis marrom. Nada mais. No segundo e no terceiro, somente havia uma cama, arrumada. A única diferença era a cor dos lençóis. No último que sobrou, a porta era mais pesada que as outras. Quando consegui abrir, havia uma cama desarrumada com lençóis roxos. No canto do quarto, um grande armário de madeira com três portas. As paredes eram violetas, com manchas de sangue. Tentei não gritar ou chorar, respirando fundo. Do lado da cama, uma mesa com um computador, ligado. Estava aberto em um site chamado Cleverbot, e havia um pequeno histórico lá.

Cleverbot: Não se preocupe, logo você será uma de nós.

Usuário: Mas eu não quero!!!

Cleverbot: Um rostinho tão bonito não deveria chorar.

Usuário: Como você sabe?!?!

Cleverbot: Eu posso te ver.

Terminou aí, uma conversa simplesmente estranha. Suspirei, não dando muita atenção para aquilo. Tentei fechar, mas nào consegui. Então, desisti do computador dela e fui para as gavetas. Abri a primeira, mas fechei rapidamente corando. Haviam suas roupas íntimas. Na segunda, só havia folhas com alguns desenhos. Sorri ao ver que o que estava no topo era um de mim. Balancei a cabeça, tentando me concentrar. Na terceira, haviam lápis de cor, borrachas, apontadores e lapiseiras. Já na quarta, só havia uma coisa... um papel escrito algo.

07/05/2016

"Querido diário, segundo dia do meu novo emprego. É bem legal, embora quase ninguém me dê atenção. Só tem uma raposinha muito simpática que parece gostar um pouco de mim. Eu fico vendo pelas câmeras os outros se divertirem. Ah, como eu queria estar com eles... mas eu não consigo, simplesmente não consigo. É difícil para mim, diário. Você sabe, desde aquele dia. Bom, diário. Até mais. Tenho que ver se raposas gostam de chocolate... "

Eu sorri com a lembrança. Ela tentou me fazer provar chocolate. O gosto era doce e bom. Foi um dos raros momentos em que ela se mostrou de verdade. Mas, ainda assim, nunca consegui arrancar um sorriso seu. Dobrei a folha e a guardei. Caminhei até a janela, olhando. Entre as frestas, pude ver algo branco... um papel enroado em algo. Outra página do diário, dessa vez, mais recente. E, dentro do papel enrolado, um cartucho escrito BEN. Li o papel.

07/06/2016

"Querido diário. Eu sinto que estou desaparecendo. Estive resistindo a tentação até agora, mas eles não vão me deixar em paz se eu não fizer. Eles disseram que eu poderia ter rudo que eu quisesse. Eu perguntei se eles me deixariam em paz. Eles disseram que sim. Eles disseram que seriam meus amigos. Bem, agora estou dentro de algum tipo de lost woods... sim, foi uma indireta. Você sabe, eu sempre gostei de videogames. Pois é, estou mais perdida que Link no templo de água! Tenho que ir, acho que ouvi algo... "

Eu estava confuso. Isso era hoje. E, bem, ela desapareceu ontem. Tenho certeza. Suspirando, guardei essa folha no bolso também. Foi quando a TV se ligou sozinha e eu consegui ouvir uma música um pouco distorcida tocando. Não fiquei mais lá, saí correndo.