Vamos retornar um pouco no tempo. Mais precisamente 3 dias antes do festival do sol.

Em uma colina não muito distante da cidade, existia uma cabana simples, humilde, de madeira, encontrada em um campo aberto, com árvores afastadas do local.

E fora da cabana, duas pessoas sentadas em uma rocha para cada um meditavam serenamente no local.

Um era um garoto de cabelo preto. Estava sem camisa, onde poderia ver um pouco de barriga, embora seu porte físico seja de um robusto, mas um pouco gordinho. Usava um short e sapatos marrons.

O outro era um homem de cabelo grande e azul. Usava uma camiseta azul escura e shorts apropriados para qualquer atividade física.

– Qual é o objetivo disso, Mestre Saga? – Pergunta o garoto.

– Se concentre, Aeso. – Respondeu o homem.

– Está bem, vou me concentrar.

– Não fale. Se concentre. – Ordenou seu mestre.

– Está bem. Concentrar...

– Não fale.

– Tá bem.

– Não fale!

– Tá.

– Não fale!!

– Parei. – Falou Aeso fechando o bico de vez.

– Agora... diga-me. O que você vê? – Pergunta Saga meditando também.

Desde que Aeso se mudou com Saga, nunca tiveram uma atividade juntos. Quando Saga contou sobre ser um guerreiro habilidoso, Aeso implorou para ser treinado. E essa meditação era o primeiro passo de seu treinamento.

Aeso estava em plena serenidade. Seus olhos fechados demonstravam isso. A concentração era perfeita. E como resposta a isso, Aeso vê um animal em sua mente.

– Eu vejo... um leão... selvagem.

– Ótimo. E o que esse leão está fazendo? – Pergunta Saga.

– Ele está... em alerta... mas não quer machucar ninguém. Mas... Se ele não fizer isso... todas as pessoas ao seu redor irão sofrer. – Aeso estava agora em estado de transe. Nem parecia ele mesmo falando. Saga reparou, mas resolveu continuar.

– Ele está em perigo? – Pergunta seu mestre.

– Não... ele é o perigo. Tem medo... raiva... paixão... alegria... mas... não sabe expor tudo isso.

– Tudo bem. Deixe tudo isso sair. Um de cada vez. – Sugeriu Saga.

Aeso estava em repouso profundo. Mas continuava meditando. E devido a isso, seguiu o conselho de seu mestre. Deixou a energia vazar de seu interior aos poucos.

Até a silhueta de um leão avermelhado emanar do garoto em forma de aura.

Aquilo deixava o ar pesado. Quase formigante. Quando Saga percebeu, sentiu o clima natural ficar mais sinistro. Mais sanguinário. Mais perigoso.

– Aeso! Acorde! – Chamou Saga abrindo os olhos e levantando da pedra.

Aeso grita sofrendo de agonia. Tudo isso estava lhe ferindo por dentro. Aos poucos, sentia uma queimadura por todo o seu corpo, até desabar no chão ficando de quatro.

– AESO!

Para encerrar tudo aquilo, Saga aponta o dedo, disparando um pequeno raio dourado na testa do garoto. Que acabou caindo exalto, fazendo tudo aquilo desaparecer.

– Aeso! Fala comigo! – Saga correu até o garoto e o chacoalhou, tentando acordá-lo.

– Hm...? Vizinha, é você? – Pergunta Aeso despertando, mas zonzo.

– Quantos dedos têm aqui? – Pergunta Saga mostrando quatro dedos para checar o estado do garoto.

– Quatro...

– Que bom... – Suspirou Saga aliviado.

– Quatro... dedos... dos pés... – Completou Aeso fingindo um desmaio.

– Já pode parar agora.

– Oba! – Aeso levantou num pulo, recuperado.

– Eu nunca vi nada parecido. Você possui um poder... desconhecido. – Analisava Saga e Aeso escutava atentamente.

– E-eu tenho? – Pergunta o garoto, surpreso. Ele senta no chão e cruza as pernas para escutar melhor.

– Aeso...esse leão reflete o seu “eu” interior. Você não gosta de lutar, mas tem medo de machucar tanto seus inimigos quanto seus amigos. Mas você precisa estar ciente. Se você não derrotar seu inimigo, seus amigos é que irão sofrer. É por isso que você tem que lutar. Mas para isso você precisa liberar essa energia canalizada dentro de você. Entendeu?– Dizia Saga tentando entender a força dentro de Aeso.

– Nossa... eu nem sabia que tinha isso. É a primeira vez que isso acontece. Nunca fui considerado um exper ou um mágico. Mas como faço isso?

– Quando chegar o momento certo, toda a energia armazenada irá retornar. E quando isso acontecer, use o método que for, mas certifique-se de ter total controle.

– Está bem Mestre Saga. – Concordou Aeso obediente.

– Não precisa me chamar assim. Eu já falei. – Pediu Saga humildemente.

– Eu sei, mas o senhor é tão incrível! Me ensinou várias coisas da vida e agora essa meditação. Eu adoro essas coisas! – Falou Aeso empolgado.

– Tudo bem... foi um dia e tanto. Porque não vai relaxar com seus amigos? – Sugere Saga.

– Eu posso mesmo? Está bem. Até mais! – Aeso se despediu de seu mestre já correndo para dentro da floresta.

O trajeto de Aeso era outra cabana. Essa era localizada próxima da cidade, mas ninguém conhecia o seu paradeiro.

Quer dizer... exceto por um grupo de jovens.

Era uma cabana abandonada, mas bem espaçosa por dentro. A única coisa em destaque dela era uma placa feita a mão escrita “Os Garotos da Liberdade”

– Oi pessoal! Qual é a boa? – Pergunta Aeso entrando na cabana.

– Oi Aeso. Chega aí. – Falou um garoto com uma faixa laranja na cabeça.

– Oi Endo. Não tem treino no seu time do clube do colégio hoje? – Pergunta Aeso se juntando aos outros cinco membros no local.

– Parece que estão fazendo uma faxina no clube da Raimon. Por isso o time foi liberado cedo. – Respondeu outro garoto deitado numa rede. Esse tinha cabelos pretos grandes e espetados.

– Ei Touma? Você ajeitou a escapula dessa rede? – Lembrou o terceiro membro no local para o garoto deitado. Esse possuía cabelo laranja puro.

– Essa não...

Mas antes de Touma ter tempo para se lembrar, a escapula solta da rede, fazendo o garoto levar a maior queda.

– Mas que azar... – Touma gemeu de dor. Um loiro que estava ali ria do garoto.

– Você sabe que é errado rir da cara dos outros, Joey. – Repreendeu o de cabelo laranja.

– Foi falar só agora Ichigo? – Joey chamou a atenção do garoto parando com a risada.

– A culpa não é minha se o cara é azarado também. – Respondeu o de cabelo laranja.

– Rony! Gente! Vocês não sabem o que eu achei! – O sexto membro chega no local segurando um ovo enorme.

– O que foi Rafa? – Pergunta o ruivo chamado Rony indo checar com o recém chegado, assim como os outros.

– Eu achei um ovo Pokémon aqui perto. Olham! – Falou Rafa.

– Está chocando! – Aeso exclamou assim que viu o ovo chocar.

– Quem é esse Pokémon? – Pergunta Joey sobre a criatura saindo do ovo.

– É um Charmander! Olha só, que bonitinho... – Rafa segura o Charmander recém nascido maninhando o focinho dele.

A cabana dos garotos da liberdade é nada mais nada menos do que um ponto de encontro pros garotos passarem um tempo. Era assim o tempo todo. Todos os dias da semana. Brincavam juntos, disputavam juntos, comemoravam juntos e por aí vai.

Enquanto isso...

Os portões do castelo de Soleanna se abriam para quatro ninjas. Três jovens e um mais velho. Os três entravam no local admirando de boca aberta o lugar, enquanto o quatro adentrava sem mudar sua rota.

– Mas que castelo imenso... – Comentou o ninja loiro admirado.

– Ei Naruto. Será que aqui oferecem comida de graça? – Pergunta o gordinho que os acompanhava.

– Eu não sei Chouji. E o que você acha, Fuu? – Pergunta o loiro.

– Hm... espero que sim. Estou morrendo de fome. – Respondeu a garota de cabelo curto.

– Lembre-se do nosso objetivo aqui. Isso não é um passeio. Nossa missão é proteger a princesa de Soleanna. – Lembrou o mais velho.

– Entendido, Itachi-sensei! – Naruto imita um soldade fazendo sentido e Chouj e Fuu riam da cara dele.

– Saúdem a Princesa Hisui!

Quando as cornetas foram tocadas, uma cortina se abriu no grande salão, revelando a princesa de Soleanna.

– Sejam bem vindos, ninjas da Aldeia da Folha. Eu sou Hisui, a princesa desse castelo e de toda a região de Soleanna. – Se apresentou a garota de cabelos verdes. Itachi e os outros se ajoelharam perante a ela, demonstrando respeito.

– É uma grande honra aceitar essa missão, minha princesa. – Saldou Itachi.

– Ela é muito linda... – Os olhos de Naruto tinham se transformado em corações apaixonados. Itachi logo dá um cascudo no garoto para fazê-lo se portar como deveria.

– Vocês vieram em um período de tempo curto. No momento não necessito de seus serviços. Mas estejam a vontade em nosso alojamento até o festival. Até lá, porque não dão uma volta na cidade? – Sugere a princesa.

– Como a senhora desejar. Vamos. – Chamou Itachi se retirando do local.

Mais tarde, em outro lugar...

Nos arredores do reino, um ouriço azul corria como um vento para Soleanna.

E quando ele finalmente avista os prédios da ilha, ele para no topo de uma colina e contempla aquela visão.

– Então... aqui é Soleanna? Haha espero ter chegado bem a tempo do festival. – Disse o ouriço antes de por o pé na estrada, rumo a cidade na ilha.

Enquanto a isso, Aeso retornava para sua cabana correndo a toda velocidade. Antigamente ele não corria muito. Mas graças aos exercícios matinais de seu mestre Saga e das pedaladas de bicicleta que adorava fazer, conseguia ganhar um ritmo aos poucos.

Mas enquanto corria, quando o garoto olha para o lado, ele encontra uma garota de cabelos azuis, desacordada perto do lago.

– O que?! – O garoto ficou tão preocupado que acabou tropeçando ladeira a baixo, até chegar na garota.

Aeso se levanta do chão um pouco zonzo, mas se recupera logo em seguida e tenta examinar a garota para ver se ela estava bem.

– Ei guria. Tá tudo bem? Vish... ela não acorda. Ei, o que é isso? – Dizia Aeso tentando acordá-la, até encontrar uma jóia jogada próxima dela.

Quando a garota finalmente despertou, ela não estava mais no lago. Ela encontra um telhado de madeira em cima dela. Estava na cabana de Aeso e Saga.

– Você está bem? – Pergunta Saga sentado próximo a cama ao lado de Aeso.

– Onde estou...? – Pergunta a garota sentindo sua cabeça latejar.

– Te encontrei desmaiada no lago e como você não acordava fiquei preocupado. Aí eu te trouxe aqui para o meu mestre ver o que você tinha. – Respondeu Aeso.

– Qual é o seu nome menina? – Pergunta Saga.

– Meu nome... É Fran. – Se apresentou.

– Oi Fran. Meu nome é Saga e esse é o Aeso. Pode nos dizer como você foi parar naquele lago? – Saga se apresentou gentilmente e depois perguntou para conseguir alguma informação.

– Eu estava... protegendo... Minha esmeralda! Cadê minha esmeralda?! – A garota que falava baixo a segundos atrás passou a aumentar o seu tom de voz, alarmada por sua jóia.

– Fala dessa pedra aqui? Eu achei jogada perto de você. – Aeso responde mostrando uma jóia azul clara nas mãos.

– Me devolve minha ESMERALDA!

Uma aura de energia escura joga os dois para longe.

Saga quase bate a cabeça ao cair, enquanto Aeso foi jogado para fora da casa.

– Se você não quiser sair machucado, é melhor você me entregar essa esmeralda! – Ameaçava a de cabelo azul saindo da cabana semi-destruída. A garota estava emanando ódio para fora de seu corpo. A prova disso era a aura escura que a rodeava.

– Eu até estava pensando em te devolver de boa, mas depois dessa mudei de idéia. O que essa pedra é pra você? – Pergunta Aeso se levantando do chão, ainda com a esmeralda em mãos.

– Isso não é do seu interesse. Apenas DEVOLVA PRA MIM!

A garota dispara uma esfera de energia na direção de Aeso, provocando uma explosão no local, atingindo o garoto.

– Não entregue para ela Aeso! – Saga agarrou a menina por trás para tentar conte-la. Mas a garota apenas fecha os olhos ao invés de fazer alguma resistência.

– Desapareça.

Quando a garota pronunciou essas palavras, uma aura escura cobriu Saga, pegando o mais velho de surpresa, fazendo o homem...

desaparecer do local.

Aeso ficou pasmo. Nunca tinha visto nada parecido. Sabia que Soleanna era cheia de gentes especiais, mas nunca ouviu falar de alguém com poderes assim.

– Mas o que... Para onde o mestre Saga foi?! – Exigiu Aeso.

– Digamos que nesse momento ele deve estar perdido no meio do esquecimento. Agora...

Fran joga Aeso contra a árvore e o prende com os seus poderes, quase o esmagando.

– Me devolva o que é meu por direito. – Agora quem exigia era a garota, pressionando Aeso contra a madeira.

– Droga... ela é muito poderosa... conseguiu se livrar do meu mestre como se não fosse nada. O que eu faço?!

A mente de Aeso estava sendo pressionada por um conflito interno. A garota o fuzilava com o olhar. E o garoto não largava a jóia de jeito nenhum.

Mas quando sente a mesma sensação do animal quando estava meditando mais cedo crescer em seu interior, seu coração bate a mil, e seu corpo começa a formigar como antes.

“você precisa liberar essa energia dentro de você.”

– É claro! É isso que eu tenho que fazer! Deixa comigo! – Aeso se lembra das palavras de seu mestre e tenta liberar essa sensação para fora de si.

Gritando com todas as suas forças, uma aura avermelhada emanar de seu corpo. E Aeso usa essa mesma aura de energia para se livrar dos poderes da garota, até conseguir se soltar pousando no chão.

– Mais o que... Impossível! Como você conseguiu?! – Fran estava horrorizada. Não fazia idéia de como aquele garoto tinha conseguido se livrar dela. Era praticamente impossível.

– Digamos que você não é a única com poderes a mil aqui, guria. – Retrucou o garoto enquanto sua aura crescia cada vez mais, assustando a garota.

– Mas o que é isso... quem é esse garoto? – Fran suava frio perante aquilo. E sem perceber, dava um pequeno passo para trás, aflita por dentro.

– Eu não gosto de lutar. Muito menos bater em uma garota. Mas você machucou o meu mestre. E agora vai se vê comigo!

Aeso tenta focar toda sua energia em seu punho direito. Fazia o máximo de concentração para isso.

– Lembre-se Aeso. Lembre-se do que o mestre Saga disse. Libere sua energia. Tenha total controle. E lute para proteger!

Até libertar sua energia com um soco, disparando um poderoso raio em forma de leão.

– MEGA RUGIDO!!!!!!!!!!!!!!!!!! – Gritou Aeso disparando seu poder em Fran.

– Nada disso irá adiantar! DESAPAREÇA!!!!!!!!!!!!

Fran também dispara seu poder na direção de Aeso. Criando um choque de poderes com seu encontro, Fran tenta resistir à pressão.

Mas quando Aeso grita mais ainda, o Mega Rugido vence a escuridão de Fran, atingindo a garota por inteiro, até cair no chão, derrotada.

– Eu... eu conseguir? Ainda bem... – Falou Aeso ficando de joelhos no chão, exausto.

Na mesma hora, um brilho dourado aparece no campo, chamando a atenção de Aeso.

E quando o garoto ver melhor, ele reconhece Saga saindo desse brilho.

– MESTRE SAGA!!! – Os olhos de Aeso se encheram de alegria quando viu seu mestre são e salvo.

– Nossa... O que houve por aqui? – Pergunta o homem olhando ao redor, encontrando toda a destruição do local e a garota de cabelo azul derrotada.

– Olha mestre! Eu venci ela! Você tinha que ver! – Aeso falava empolgado enquanto corria até seu mestre. Até levar um leve tapa na cabeça, fazendo o garoto gemer de dor.

– Não fique orgulhoso por bater em uma mulher, garoto. – Repreendeu seu mestre, sério.

– Minha mãe já me ensinou isso. Eu não estou orgulhoso por ter batido numa mulher, e sim porque eu venci alguém poderoso. – Justificou o garoto sincero colocando as mãos para trás, massageando sua cabeça para amenizar a dor.

– Hm... tudo bem. – Falou Saga aceitando a desculpa.

– Como você conseguiu retornar? – Pergunta Aeso curioso.

– Ela me enviou para outra dimensão. E eu viajo entre as dimensões. Não foi difícil sair. – Respondeu o mais velho.

– Caraca! Que irado! O senhor é incrível mestre! – Elogiou Aeso empolgado.

– Obrigado. Mas agora o que faremos com ela? – Pergunta Saga sem saber o que fazer com a garota desacordada no chão.

Continua...