As Máscaras de Sakura escrita por Siryen Blue


Capítulo 35
Extra: A Nova Vida de Sasori


Notas iniciais do capítulo

SUUURPRESA!!!!

Não esperavam me ver por aqui tão cedo neah? Mas aqui estou com um capítulo especial sobre a nova vida do Sasori!

A propósito, MELANIE GABRIELA VAUGHAN, minha querida leitora das antigas, eu chorei com a sua recomendação, muito obrigada, de coração! xLoluvi, eu tbm REALMENTE amei sua recomendação, sacou? Obrigada de verdade, paixão! *--* Fez meu dia mil vezes melhor! Esse capítulo é dedicado a vcs duas!

Enjoy!



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POV: Akasuna no Sasori

A vadia tinha tirado a máscara.

Ha! Podia apostar que estavam todos pirando nesse momento. Eu até pagaria para ver a reação dos amiguinhos otários que ela enganou por tanto tempo.

Que garota sonsa! E eu que achava que a Haruno fosse a cadelinha do Uchiha. Ledo engano: era a cobrinha prestes a dar o bote. Aposto que tinha se enfiado naquele avião para Nova York com a desculpa de “apoiar a 3P” só para roubar os holofotes para si. Aqueles imbecis da Three Pieces deviam me agradecer por os ter sabotado antes da “melhor amiga” deles fazer.

Um crédito ela merecia: enganou todo mundo direitinho. Ninguém diria que Haruno Sakura era tão ardilosa assim. Agora ela estava lá recebendo toda a glória e com o mundo se curvando aos seus pés.

Deveria ser eu. Só que ao invés de glória, tudo que recebi foi a merda de uma prisão. Depois que voltei a Konoha, o juiz que analisou meu caso decidiu que eu tinha que ser mandado para um centro de detenção para menores infratores localizado em Yokohama, cidade a uns vinte quilômetros de Tokyo, já que Konoha não possuía esse tipo de instituição.

As celas do centro de detenção eram pequenas e simples – só tínhamos um beliche, uma cômoda, uma pia e um sanitário. Nós, os detentos, éramos responsáveis pela limpeza e conservação das nossas celas.

Tínhamos que seguir a rotina. 6:00, 12:00 e 20:00 eram os horários das três refeições principais em que tínhamos que nos reunir no refeitório. No meio da manhã e no meio da tarde recebíamos um pequeno lanche. De 6:30 às 7:30 nos exercitávamos. Tínhamos aula de manhã, das 8:00 às 11:30 e de tarde, das 12:30 às 16:00. Éramos divididos nos chamados “grupos de estudo”, formado por garotos que compartilhavam a mesma série. Estudavam comigo mais seis detentos. Quando a aula acabava éramos trancafiados de novo nas celas, mas das 19:00 às 22:00 nos era permitido usar a sala de lazer, onde podíamos jogar futebol de mesa, sinuca e assistir televisão. Depois, cela, novamente. No sábado não tínhamos aula, mas geralmente éramos obrigados a comparecer a alguma palestra educacional chata e às 17:00 eu tinha meus encontros semanais com o insuportável do psiquiatra. Passava uma hora infernal com ele. No domingo era permitido usar a quadra para praticar esportes.

Eu tinha um companheiro de cela, Mori Hiro, mas o garoto parecia ter feito voto de silêncio, porque só falava o básico. E eu que não ia falar com um pseudo mudo.

"Ei, Sasori!" Ouvi me chamarem. Era Lion, um dos detentos veteranos. Ele devia ter uns dezenove anos e se achava o rei do pedaço. "Você competiu com o Sai e a Lümina – quer dizer, Sakura – não foi?"

Fiquei calado e apenas cruzei os braços. Sabia que dali não sairia boa coisa.

"E eles saíram até do mesmo buraco, ao que parece." Seu amiguinho imbecil completou.

"Como é ser o único filho da puta fracassado?" Lion perguntou, com deboche.

Em outras ocasiões, eu provavelmente estaria partindo para cima desse imbecil, mas eu não tinha me descontrolado e perdido a cabeça, como algumas vezes acontecia – e eu não era burro. Arranjar confusão com o mandachuva da área só iria me trazer dor de cabeça.

Então eu apenas o ignorei e me encostei mais à cadeira, desviando meu olhar para a televisão. Eu não iria me descontrolar.

"Ei, seu puto!" Ele me agarrou pelo colarinho, me fazendo ficar de pé. "Olha para mim quando eu estiver falando com você!"

Eu odiava que invadissem meu espaço pessoal sem permissão, ainda mais se fosse para colocar as mãos em mim.

Mas não, esse imbecil ainda não tinha me feito perder a cabeça. Talvez a merda do remédio que o psiquiatra me fazia tomar funcionasse para alguma coisa afinal.

O rosto de Lion estava próximo ao meu, no entanto ele não me encarava com fúria, como era o esperado – ele me olhava com deboche. Tudo que Lion queria era que eu caísse na dele e brigasse. Tudo que ele queria era mais alguém para atormentar. Só que eu não ia dar o gostinho.

"Qual é a tua, Sasori?" Lion perguntou. "Só porque fez parte do Soul Talent se acha melhor que a gente? Deixa eu te falar uma coisa, parceiro, você e eu estamos no mesmo buraco agora, e aqui quem manda sou eu."

Lion sibilou com voz ameaçadora. Minha mão estava coçando com vontade de empurrá-lo. Eu tinha sangue quente, isso não era novidade, mas a última coisa que eu queria era ser alvo do Lion. Eu não sabia quase nada sobre ele, nem sequer seu nome verdadeiro ou o motivo de ele ter vindo parar no centro de detenção. Mas eu sabia que ele já estava aqui há alguns anos e que era perigoso. Isso era o que bastava. Então eu sempre me mantinha afastado. Nunca incomodei ninguém aqui e mal falava com os outros. Eu estava sozinho e sabia que arrumar confusão num lugar cheio de delinquentes da pior espécie ia acabar me matando. Essa gente não tinha mais nada a perder. Mesmo que me matassem, eles eram menores de idade, então as consequências não seriam pesadas.

Por essa razão, desde o início o meu plano era ignorar todo mundo e cumprir minha pena quieto no meu canto. Era o meu instinto de sobrevivência falando mais alto. Funcionou muito bem nos últimos meses, por que de uma hora para outra Lion tinha resolvido me provocar?

"Não vai dizer nada?!" Lion insistiu.

Talvez se eu não demonstrasse reação ele perderia o interesse e me deixaria em paz.

Mas foi então que o garoto me empurrou para o chão com força, jogando-me como se eu não fosse nada mais que um pedaço de lixo. Mal tive tempo de reagir quando ele pisou no meu rosto com seu chinelo sujo, imprensando-me no chão.

Meu. Sangue. Ferveu.

"Filho da puta!" Rosnei, agarrando a perna dele e puxando com toda a força que eu tinha. Ele caiu com um baque forte.

A perna de Lion estava em cima de mim e a próxima coisa que eu senti foi ele me chutando.

"Você está fodido!" Ele gritou.

Eu não tive como reagir. Senti chutes e socos desferidos no meu corpo inteiro. Não sei nem dizer quantos desgraçados estavam me batendo, provavelmente a corja inteira do Lion.

Então alguém chutou minha cabeça com tanta força que embaçou minha visão. Logo depois eu apaguei.

*

*

*

A minha cabeça doía como o inferno, e o meu corpo não estava em melhores condições.

Quando eu abri os olhos não reconheci o lugar onde eu estava. Olhei em volta, sentindo pontadas de dor com o simples movimento de cabeça. Era uma enfermaria. As paredes eram azuis e haviam mais três macas, sem contar a minha – e todas estavam vazias. Não havia ninguém por perto.

Porra, eu estava muito fodido. Não pela dor física – não era a primeira vez que eu apanhava feio –, mas agora eu estava na mira do Lion. Minha vida ia se tornar um inferno pior do que já era. Maldita hora que–

Meus pensamentos foram interrompidos quando a porta da enfermaria foi aberta.

Observei a figura de uma menina, aparentemente da minha idade, entrar no quarto com seus olhos grudados no chão. Quando ela olhou em minha direção, pareceu surpresa ao encontrar meu olhar.

"Você já acordou!" Exclamou.

"Quem é você?" Perguntei, diretamente. O que uma menina – adolescente – estava fazendo num centro de detenção masculino?

"Eu sou Mori Mayumi, filha da médica responsável pelos casos de emergência daqui." Ela falou, com voz suave e polida. "E ajudo, de vez em quando."

"Mayumi, é?" A olhei de cima a baixo. "Não combina."

Mayumi significava algo como 'verdadeira razão da beleza', mas a garota não era lá essas coisas. Se bem que eu já vira 'Mayumis' piores.

Não que a garota fosse feia, só não era bonita. Tinha cabelos preto e olhos castanhos. Muito normal: rosto normal, corpo normal e roupas normais. Era o tipo de pessoa que passaria despercebida em qualquer lugar, já que não chamava atenção nem por beleza, nem por feiura.

"Eu sei." Mayumi respondeu, baixando o olhar. "Desculpe."

Ela estava se desculpando por não ser bonita? Ha! Essa foi boa.

Tentei me mexer um pouco, talvez até conseguisse sentar. Ficar deitado enquanto a outra pessoa estava em pé me fazia sentir vulnerável.

Meu corpo reclamou de dor quando eu me mexi, mas foi a restrição em minhas mãos que mais me incomodou. Eu estava algemado à cama.

"Desculpe por isso também." A garota disse. "São medidas de precauções necessárias."

Tsk. Não era como se isso me surpreendesse.

"Cadê sua mãe?" Perguntei, com o tom um tanto rude. "Preciso de algum analgésico."

"Ela saiu por um momento, mas deve estar voltando." A garota se aproximou. "Não esperávamos que você acordasse agora."

"Então me arranja um analgésico você."

"Eu não posso, desculpe. Só a mamãe pode medicar."

Argh. Então por que ela estava aqui se não podia ajudar? Garota imprestável.

"Você não quebrou nada, felizmente." Ela falou. "Mamãe fez até uma tomografia na sua cabeça, mas não tem nada de errado."

"Nada de errado porque não é a sua cabeça que está doendo como o inferno."

"Eu posso ajudar." Ela disse. "Morei um tempo na China e aprendi umas técnicas de acupressão."

"Que porra é essa?"

"São técnicas para aliviar a dor pressionando pontos estratégicos do seu corpo."

"Você não vai me tocar." Falei, com deboche. "Não é porque eu estou algemado numa cama que vou deixar uma garota como você se aproveitar de mim."

Ela não pareceu abalada. "Eu só preciso tocar sua mão e você sentirá alívio."

Eu não acreditava nessas porcarias de 'técnicas'. Para mim o que funcionava era remédio, o resto era só tentativas fúteis para enganar e iludir trouxas.

Mas a garota se aproximou, mesmo com o olhar mortal que eu lhe dirigia, mostrando que eu claramente não a queria ali.

Ela tocou minha mão e meu primeiro impulso foi retraí-la, fugindo de seu toque.

"Sai fora, garota!" Rosnei, tentando puxar minha mão para longe dela. Só que eu estava algemado. Porra!

A tal Mayumi não se intimidou e agarrou minha mão firmemente. "Sai, caralho!" Ela começou a fazer pressão com seus dedos em alguns pontos, e, estranhamente, eu senti um certo tipo de alívio na minha cabeça. Não era como se a dor passasse, mas não dava para negar o abrandamento. Era quase como se alguém tivesse me massageando por dentro.

Eu parei de me remexer ou tentar arrancar minha mão das delas, e eu quis me bater por isso. Como eu podia ceder tão facilmente? Mas não podia evitar. Era bom, e realmente aliviava a dor.

A menina não falou nada por um bom tempo, e eu tampouco. Ela estava concentrada em seu trabalho e eu com meu orgulho um tanto ferido por ter cedido.

Foi ela quem quebrou o silêncio. "Se eu fosse você eu manteria distância do Lion."

Grunhi. Como se fosse minha culpa. Foi ele quem partiu para cima de mim. "Você não sabe de nada."

"Você é quem não sabe." A garota rebateu. "A essência dele é podre, corrompida."

"Deixa eu te contar uma novidade, garotinha: você está num presídio para menores delinquentes. Aqui só existe podridão." Disse-lhe o óbvio.

"Eu não acredito nisso." Ela deu um sorriso mínimo. "A bondade faz parte do ser humano tanto quanto a maldade."

"Bondade? Ha!" Ri com escárnio. "Nesse mundo só tem cobras esperando para dar o bote. Mesmo quem aparenta tanta inocência como você. Na verdade, você é o tipo de pessoa que eu mais detesto, o tipo mais traiçoeiro."

Mais uma vez, ela não parecia afetada com as minhas palavras e isso estava me irritando. Odiava quem não reagia às minhas provocações. Pensando bem, talvez tenha sido justamente isso que mais irritou Lion: minha falta de reação. Talvez se eu reagisse de alguma forma teria evitado essa confusão. Merda, agora já era.

"Deve ser muito triste." A garota disse, desviando a atenção de nossas mãos e encontrando meu olhar.

"O quê?"

"Viver a vida sem confiar em ninguém."

Olhei-a com desdém. "Triste são vocês que confiam e se dão mal."

Ela me deu um olhar travesso. "Você quer falar de se dar mal? Porque não sou eu que estou presa."

Estreitei os olhos com as palavras atrevidas dela. Ela tinha coragem, isso eu tinha que admitir. "Cuidado, menina. Essa sua boca vai acabar te matando."

Ela sorriu de orelha a orelha, inesperadamente.

"Meu irmão sempre diz a mesma coisa." Falou, desviando o olhar do meu, de volta para nossas mãos.

Ela era bonita quando sorria. Seus olhos aparentavam fechar, virando dois riscos. E ela tinha um dente canino torto, mas isso dava um certo charme exótico ao seu sorriso. Chegava a ser adorável. Conclui que ela era o tipo de pessoa que ficava melhor sorrindo.

"Como está a dor?" Perguntou.

"Do mesmo jeito." Menti. Nunca ia admitir em voz alta que a técnica dela funcionava. "Isso é inútil."

Ela deu um risinho, me olhando de canto. "Se fosse, você estaria resmungando para eu parar."

"Como se adiantasse. Estou algemado." Fiz uma pausa. "E eu não resmungo."

"Imagina se resmungasse." O olhar travesso não deixava seu rosto. Ela parecia se divertir. "Você parece aquele anão da branca de neve... O Zangado."

Abri a boca, indignado. Eu não acredito que essa atrevida tinha dito aquilo!

"Você tem desejos de morte?" Tentei soar ameaçador.

"Não foi uma ofensa." Ela deu de ombros. "O Zangado sempre foi o meu preferido."

Encarei-a, sem conseguir formular uma resposta. Eu estava começando a me perguntar se ela tinha algum filtro ou só sabia falar o que vinha à cabeça.

A porta da enfermaria foi aberta novamente, roubando nossa atenção.

Era uma mulher com cabelos claramente tingidos de loiro e olhos castanhos. Pelo jaleco, deduzi que fosse a médica da emergência – e mãe da garota atrevida.

"Oh!" Exclamou ao me ver. "Acordou antes do esperado."

Assenti para a médica. Mayumi deu um aperto final em minhas mãos e me soltou.

"Eu estava fazendo acupressão por que ele se queixou de dor de cabeça." A menina assumiu uma postura mais séria.

"Bom trabalho." A médica disse. Em seguida desviou sua atenção para mim. "Eu sou Mori Keiko."

"Analgésicos." Falei, simplesmente, dispensando formalidades.

"Vou lhe dar, mas antes farei um rápido exame em você." Falou, tirando um estetoscópio de dentro do bolso do jaleco. "Você já pode ir, Mayumi."

A menina assentiu para a mais velha e em seguida me olhou, acenando uma despedida com a mão. Eu só a encarei, sem retribuir. Ela sorriu e seguiu em direção à saída.

"A propósito..." A menina se virou no batente da porta. "Eu torcia para você no Soul Talent."

Dito isso saiu do quarto, fechando a porta atrás de si e me deixando com uma sensação esquisita de satisfação.

Garota estranha.

*

*

*

No dia seguinte eu fui mandado de volta para minha cela. Meu corpo estava bem dolorido, e eu não podia me movimentar com agilidade, mas pelo menos a dor de cabeça tinha passado.

"Eu posso dormir em cima." Hiro, o garoto que dividia a cela comigo falou assim que viu meu estado.

No beliche eu dormia em cima e ele em baixo, mas seria difícil e doloroso para mim ter que continuar usando a cama de cima, então me senti agradecido com a oferta de troca.

"Ok." Respondi.

Nos meses que passei aqui nossas conversas não passavam de frases pequenas e respostas menores ainda. Só dizíamos o básico. Ele estava sempre lendo e imerso em silêncio. Não que eu o culpasse – não havia muito para se fazer trancafiado por horas numa cela, a não ser ler e dormir.

Eu costumava odiar livros, odiar leitura, mas eu não tinha muitas opções, ainda mais tendo um pseudo-mudo como colega de cela. O infeliz do psiquiatra tinha me aconselhado a escrever sobre os meus sentimentos e vida. Ele disse que já que eu gostava tanto de música, podia tentar escrever uma. Ha! Ele devia estar me confundindo com o Sai ou a Sakura para me sugerir algo tão piegas. Sentimentalismo não era comigo. Se bem que não era tão má ideia escrever alguma coisa detonando esse lugar.

Hiro colocou o travesseiro e cobertor dele na cama de cima e os meus na de baixo.

"Eu pensei que você fosse mais esperto." Ele falou, de repente.

"Como é?"

"Arrumar confusão com o Lion não é muito inteligente." Hiro deu de ombros.

Bufei. "Como se a culpa fosse minha." Retruquei, indo me deitar na cama de baixo, com cuidado. "Foi ele quem começou."

Hiro sentou-se no chão, virado para mim. "Sua vida vai ficar complicada agora."

"Mais do que já é?" Bufei.

"Muito mais. Eu já estou aqui a algum tempo para saber que quando o Lion cisma com alguém ele não deixa em paz."

"Por que ele cismou comigo?" Franzi a testa. "Em meses ele mal olhava na minha direção."

"Você soube que o Yachi saiu daqui, não é?" Perguntou.

"Ouvi por alto."

"Era com ele que o Lion mais implicava." Contou-me. "Agora ele deve querer fazer de você o substituto."

"Que. Ótimo." Rolei os olhos. "Mas eu sei me virar."

"Vamos ver."

"E você? Ele já te incomodou?" Fiquei curioso.

"Ele não é doido." Dei de ombros. "Lion não se atreveria a mexer comigo, porque ele sabe que se irritar alguém de cima pode acabar sendo transferido."

"De cima?" Levantei uma sobrancelha. "Você?"

"Não eu." Ele respondeu. "Minha mãe. Ela é médica daqui. Você deve tê-la conhecido ontem."

"Ah, então você é filho de Mori Keiko?"

"Sou."

Presumi que ela devia estar trabalhando aqui por causa do filho.

Já que estávamos tendo a primeira conversa decente, resolvi sanar minha curiosidade. "Por que você veio para cá?"

Devido ao Soul Talent e às notícias que saíram após o sequestro, todo mundo sabia o motivo de eu ter sido preso, mas eu não sabia o de quase ninguém.

"Tentativa de assassinato." Hiro desviou o olhar. Eu quase matei um cara."

Aquilo me surpreendeu. Ele não tinha cara de ser violento. "Por quê?"

Hiro deu de ombros. "Por que você sequestrou aqueles dois?"

"Assunto meu." Não queria falar disso.

"Exatamente." Ele assentiu.

Hiro também não queria falar seus motivos, compreendi.

Voltamos a ficar em silêncio, mas eu não queria que ele emudecesse de novo. Queria ter alguém com quem conversar.

"Você tem uma irmã bem estranha." Soltei, para puxar assunto.

Talvez Hiro não tenha percebido, mas assim que falei da garota um sorriso se formou em seus lábios.

"Ela também estava lá?" Perguntou. Assenti com a cabeça em resposta. "Mayumi não é estranha. É a criatura mais doce que você vai conhecer."

"Credo." Fiz cara de desgosto. "Tenho alergia a criaturas doces."

Hiro sorriu. Seus olhos também se fechavam quando sorria, mas ele não tinha dentes tortos. Olhando bem, até que era parecido com a irmã. Mesmos cabelos pretos e olhos castanhos de formato igual. Eles tinham suas semelhanças.

Hiro não voltou a ficar calado, como antes. Ele puxou conversa comigo. Tinha muita curiosidade sobre meu período no Soul Talent e eu percebi que ele devia ter segurado todas àquelas perguntas e curiosidades com bastante dificuldade.

Cara, era só ter puxado assunto comigo mais cedo ao invés de ficar se fazendo de mudo.

De qualquer modo, era bom finalmente conversar com alguém. Fazia o tempo passar mais rápido e distraía meus pensamentos.

Eu esperava que pudéssemos nos dar bem e quem sabe até sermos amigos, porque ia ser difícil viver no centro de detenção por tanto tempo sem ninguém para conversar.

Afinal, a única certeza que eu tinha era a de que eu ainda iria passar bons – péssimos – anos nesse lugar.


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Notas finais do capítulo

“Ele chora no canto, onde ninguém o vê
Ele é o garoto com a história que ninguém acreditaria
Ele ora todas as noites, querido Deus, Você não poderia, por favor, mandar alguém aqui que vai me amar?
Que vai me amar por mim mesmo, não pelo o que eu fiz ou pelo o que eu vou me tornar
Que vai me amar por mim mesmo
Porque ninguém me mostrou o que o amor, o que o amor realmente significa” – What Love Really Means, JJ Heller

Então é isso! Eu escrevi mais um extra com Gaara e Sakura e devo postar em breve. Depois, segunda fase.

Aliás, sanando as dúvidas: A segunda fase vai ser nessa página mesmo. Não vejo necessidade de criar outra.

Esperem por mim! Até a próxima!
XOXO



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