As Máscaras de Sakura escrita por Siryen Blue


Capítulo 31
Primeira Fase: Protegendo


Notas iniciais do capítulo

Oi, amores! Demorei por vários motivos, mas o principal foi a falta de empolgação pra escrever pra AMDS... :/ Minha cabeça estava sempre ocupada com outras coisas. Meu tempo tbm tava curto, mas o principal foi a falta de vontade mesmo. Então me desculpem de coração e vamos todos rezar pra eu ficar bem inspirada. Ah! To voltando pra faculdade, o q pode mais ajudar do q atrapalhar, já q eu tava com o costume de escrever em todo intervalo que tinha. Vou tentar voltar a fazer isso. A boa notícia é que pelas minhas contas faltam 3 ou 4 capítulos pro final da primeira fase + um ou dois especiais que se passarão nos anos entre uma fase e outra. E então chegaremos na aguardada segunda fase (não vejo a hora)! Resumindo... É reta final, galera! Cheia de emoções e surpresas!

Agora gente... AMDS RECEBEU QUATRO FUCKING RECOMENDAÇÕES! E FORAM FUCKING MESMO!!!!! Foram recomendações DESTRUIDORAS q me deixaram no chão! Aliás... Foi quando eu as li que meu ânimo pra escrever AMDS voltou! Muito obrigada meninas! Vcs me emocionaram de verdade!!! Eu sei que to andando em falta com vcs por causa da demora, mas juro tentar melhorar. Vcs merecem.

Ilucida: a sua recomendação mexeu muito comigo! Pensar que através da minha história fictícia eu toquei um pouco da sua história real me emocionou muito. Acho que pra qualquer autor (seja de uma fanfic pequena ou de um livro best seller) é a maior recompensa. A maneira q vc olha pra Sakura é incrível! Autossabotagem. Sim. Vc usou a palavra mais correta q eu nunca usei pro q a Sakura faz. No começo ela parecia ter um dom pra fazer a projeção errada de si e se autossabotar. Fico muito feliz por vc ter dado uma chance à AMDS mesmo com todas os poréns!! Muito obrigada!

Marry: sua linda! Enquanto eu lia o que vc escreveu pude sentir o carinho que vc têm com a fic, e mais uma vez fiquei emocionada! A Sakura é uma personagem que erra muito, mas como vc falou, os leitores tem empatia por ela. E é muito bom saber que a Sakura, mesmo passando longe da perfeição consegue ganhar essa empatia. Eu juro pra vc que vou tentar meu melhor pra continuar escrevendo de um jeito que te passe as emoções da personagem! Muito obrigada!

Temy: como começar? OMG! Que recomendação! A música é definitivamente um ponto importante da fic! Importantíssimo! A música é como se fosse um personagem aqui! Rsrs! Olha... Vou te falar... Sua recomendação me motivou MUITO a escrever, e eu vou tentar de verdade ser mais rápida! Lá pro meio da recomendação eu devo ter lagrimado, quando vc falou do q a fic faz com vc! E sou eu quem agradece!

Mari: lindaaaa! Haha! Eis aqui uma GaaSaku forte!! Muito obrigada por todo carinho (e empolgação) que vc tem com a fic! Significa demais pra mim!!! Mas enxugue as lágrimas e bora comigo pro cap novo! Haha!

Capítulo mil vezes dedicado a essas quatro gatinhas lacradoras!

Enjoy!



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POV: Sabaku no Gaara

Se eles pensavam que eu ia apenas ficar sentado esperando que achassem Sakura, estavam todos muito enganados.

Peguei meu carro assim que os policiais começaram a se mover. Shizune e Tsunade que voltassem de táxi pra casa. O mais importante agora era encontrar Sakura.

A polícia estava rastreando o celular de Sasori e do segurança do Soul Talent amigo dele. Depois de muita espera, os dois finalmente estavam se movimentando. Eu esperava que estivessem indo até Sakura — aparentemente a polícia também, a julgar pela quantidade de carros que se dirigiam até o local.

Eu precisava encontrá-la. Precisava.

Seguiria esses policiais até o inferno se fosse necessário.

De certa forma eu me sentia culpado. Sakura já era um fenômeno mundial. Todos os olhos estavam nela, acompanhando seus passos. Sabendo disso eu não podia tê-la deixado tão desprotegida, andando pelas ruas sem companhia, como se ela não fosse Lümina. Por mais que sua identidade ainda não tivesse sido revelada ao mundo, eu deveria ter tomado precauções para o caso de alguém mal intencionado já ter descoberto o segredo. Não era uma situação impossível de acontecer. E aconteceu. Por causa da minha negligência.

Sasori provavelmente já sabia de tudo. Claro, tendo um amigo na equipe do Soul Talent não seria difícil descobrir quem estava por trás de Lümina. Os próprios papéis de inscrição dela tinham todos os seus dados verdadeiros. Apesar da cláusula de confidencialidade, eu já havia tido provas o suficiente de que a equipe do Soul Talent não era tão profissional assim. A começar pelo pessoal da cozinha que adulterava qualquer comida desde que pagassem bem. Eu deveria ter me precavido! Deveria!

Mas agora não havia como voltar atrás. Eu só precisava recuperar Sakura. E aquele seu amigo imbecil também, claro. Se algo acontecesse a ele, Sakura quebraria de um jeito que talvez nunca fosse possível consertar. Apesar de tudo, ela o amava de verdade. Amor esse que ele não merecia nem de longe. Não que eu o conhecesse... Não. Mas ele tinha ferido o coração de alguém com quem eu me importava muito. E isso eu não podia perdoar. Assim como também não me perdoaria se algo acontecesse a ela.

Era uma sensação nova e ruim — do tipo que eu nunca tivera experimentado. Cada pequena célula do meu corpo estava tomada por um medo que eu desconhecia, fazia minhas mãos tremerem, incomodava meu peito. Eu estava à beira de um colapso, mas lutava para me manter firme. Não podia ser fraco, porque a fraqueza não me faria recuperar Sakura. E neste mundo não havia nada que eu quisesse mais, no momento.

Só ela. Eu só queria minha Maluquinha de volta.

Pensar no que ela devia estar passando trazia um nó em minha garganta e uma ardência em meus olhos.

Forte. Eu preciso ser forte.

Encontrá-la é a única coisa que importa agora, nada mais.

Minha respiração se alterou quando eu percebi os carros da polícia estacionando no que parecia ser o meio do nada. Perdido em pensamentos eu nem me dei conta de para onde estávamos indo — apenas segui os policiais.

Eu não fazia ideia de onde estava. Nem sequer parecia Nova York. Sim. Sakura devia estar perto — Sasori e seu amigo não viriam para o meio do nada sem razão, e esse parecia o lugar ideal para se manter alguém em cativeiro.

Havia inúmeras árvores, que bloqueavam a visão para o que estava além delas. Como uma mata. Essas árvores eram separadas por uma estrada de barro que se estendia até onde meus olhos não podiam alcançar.

Parecia que estávamos mesmo no meio do nada.

Os policiais desceram dos carros com armas em mão. Eles logo notaram minha presença, quando estacionei no local. Notei Hanks vindo em minha direção.

Respirando fundo, desci do carro, encarando-o com um olhar decidido. Nada do que ele dissesse me faria voltar.

"Sabia que você estava nos seguindo." Ele falou. "Apenas não se coloque em nosso caminho, nem nos atrapalhe. Mantenha em mente que se você fizer algo estúpido pode colocar a vida das crianças em perigo. Nós somos os profissionais aqui, entendido?"

Apesar da surpresa por Hanks ter me deixado continuar a seguí-los quando percebeu minha presença e por não me expulsar agora, concordei prontamente. Eu estava ali para ajudar no resgate, não atrapalhar.

"Vamos seguir a pé a partir daqui." Hanks continuou, falando alto para que todos ouvissem. "Segundo os dados do rastreador, eles estão em algum lugar no meio da mata. Movam-se em silêncio." E então ele voltou a me olhar, dirigindo-se a mim. "Em silêncio, entendeu?"

"Entendi." Afirmei.

"O senhor vai simplesmente deixar ele vir com a gente, chefe?" Um outro policial se dirigiu a Hanks.

"Se eu não deixar ele poderia causar mais problemas. Pelo menos assim dá pra manter um olho nele." Hanks me deu um último olhar e então tirou sua arma do coldre, seguindo com passos rápidos e silenciosos em direção à mata.

Como o ordenado, todos marcharam com cautela e sem fazer barulho. Bem... Eu nem tanto. Tentava imitá-los, porém meus passos eram consideravelmente mais pesados — e barulhentos. No entanto, ninguém parecia se importar comigo. Estavam todos concentrados na missão.

Andamos um bom pedaço de mata e eu começava a me perguntar se aquilo daria mesmo em algum lugar. Tudo que eu via eram árvores, folhas secas e pequenos animais. Não podia evitar ficar mais ansioso a cada passo dado.

E então os policiais à minha frente pararam de andar, segurando firmemente suas armas prontas para serem usadas.

Mais alguns passos e eu pude ver: escondida no meio das árvores havia uma casa com aspecto envelhecido. Meu coração palpitou. Apesar de não ser feita de madeira — como eu imaginaria uma habitação no meio da mata —, a casa não parecia muito resistente de tão velha que era. Era simples também. De tamanho médio, formato retangular, cor acinzentada e sem janelas.

Eu fiquei lá parado, sem saber o que fazer, enquanto os policiais se comunicavam por gestos e se escondiam atrás das árvores.

Minha vontade era arrebentar a porta daquela casa, gritando por Sakura, mas minhas pernas pareciam pregadas no chão.

Meu coração batia tão forte que achei que ele fosse parar.

E no momento em que um barulho dolorosamente conhecido e aterrorizante se fez presente, eu pude jurar que, por um segundo, ele realmente parou.

 

*

*

*

 

POV: Haruno Sakura

Sasori tremia como nunca, com um olhar perturbado e louco.

"Ela se foi..." O ruivo passou as mãos nos cabelos, os olhos vagando no nada. "E foi minha culpa! Minha! Minha culpa!" Ele chorava.

Do que ele estava falando?

"Sasori, calma..." Tentei dizer.

"CALA BOCA!" Ele avançou pra cima de mim.

Sasuke-kun se levantou, colocando-se na minha frente. Sua rapidez ao fazer isso — considerando seus machucados — foi surpreendente.

O Akasuna não pensou duas vezes antes de desferir-lhe um soco, que fez o Uchiha cambalear para trás. Porém, meu amigo logo se recuperou, partindo pra cima do ruivo e o empurrando para longe de mim.

Deidara permanecera quieto, com a expressão de quem assistia a um espetáculo.

Olhei para a faca em sua bota novamente. Ele estava distraído com os dois... Talvez... Talvez eu pudesse... Não. Mesmo distraído Deidara perceberia minha aproximação.

Um gemido de Sasuke-kun me chamou a atenção. Sasori socou sua costela machucada, conseguindo vantagem.

"Protegendo sua cachorrinha imunda, Uchiha?" O ruivo rosnou. "Não tem problema! Acabo com você primeiro e depois acabo com el—"

Antes que ele pudesse terminar de falar, Sasuke-kun o interrompeu com um soco na mandíbula.

O Akasuna tropeçou nos próprios pés e caiu. Era a chance de meu amigo — e ele aproveitou, atacando o ruivo com suas forças restantes. Sasori levou os braços ao rosto, tentando se proteger dos murros de Sasuke-kun.

O mais impressionante era que Deidara nem ao menos se mexera. Apenas assistiu o 'amigo' apanhar — se é que pessoas como ele tinham mesmo amigos.

O Uchiha só parou de bater quando o Akasuna tossiu sangue. Com os punhos apertados, ele se afastou do ruivo — que se contorceu de dor no chão — e se virou para Deidara, com expressão feroz.

O loiro, então, falou com seu habitual tom de deboche: "Pra quem levou uma surra você brigou muito bem."

Desespero misturado com adrenalina fazia milagres.

Sasuke-kun deu um pequeno sorriso irônico e alguns passos em direção a Deidara.

"E eu ainda não acabei." Disse, pulando em cima do loiro e o derrubando no chão.

Deidara se contorceu, e com facilidade conseguiu ficar por cima, socando meu amigo no rosto.

"Sakura!" Sasuke-kun gritou, e eu logo pude entender o que ele queria.

Levantei-me o mais rápido que pude, correndo até eles. Com um único movimento veloz, peguei a faca da bota de Deidara.

O loiro ficou surpreso e parou de lutar com meu amigo, mas antes que ele pudesse reagir, segurei-o por trás, pelos cabelos, colocando a faca em sua garganta.

"Calma." Deidara pediu, levantando as duas mãos em sinal de rendição.

Ah! Agora ele pedia calma? Ha!

"Sakura!" Sasuke-kun gritou, olhando para algo atrás de mim.

Tudo aconteceu em um piscar de olhos. Antes que eu pudesse reagir, senti uma pancada muito forte em minha cabeça, que a fez rodar, roubando-me o ar e a força em minha mão que segurava a faca — com isso, logo pude sentir Deidara arrancá-la de mim. Então, meus cabelos foram puxados para trás, e fui sendo arrastada pelo chão, chorando de dor.

"Imunda!" Sasori gritou.

Ele deu um soco em minha cabeça e chutou minha barriga. A dor parecia me tirar de órbita, deixando-me desnorteada. Usava meus braços para tentar me defender, mas não consegui evitar o segundo chute que me roubou novamente o ar.

Em algum lugar de minha mente, conseguia ouvir meus próprios gritos.

Quando a perna de Sasori estava prestes a me atingir mais uma vez, fechei os olhos com força esperando o impacto. Mas o impacto que veio não foi o esperado.

Todo o meu corpo foi coberto por um segundo, que simplesmente se jogou em cima de mim inesperadamente, quase não me deixando respirar.

Com olhos arregalados reconheci imediatamente Sasuke-kun em cima de mim.

Cobrindo-me. Protegendo-me. Apanhando em meu lugar.

Meu ser inteiro paralisou de choque. Eu não podia acreditar no que estava acontecendo. Meus pensamentos trabalhavam a mil, e no entanto, não conseguia ter nenhum que fosse concreto.

Sasori não parecia se importar em quem estava batendo, desde que estivesse batendo. Ele apenas continuou chutando.

O rosto de Sasuke-kun — a centímetros do meu — se contorcia de dor, mas ele não gritava. Seus gemidos dolorosos eram segurados na garganta, com esforço.

Eu não conseguia me mexer. Parte de mim queria sair debaixo dele e receber os golpes que eram meus, mas eu estava surpresa demais. Emocionada demais.

Lembrei de quando me joguei na frente de Sasuke-kun pra lhe proteger do soco que Sasori iria lhe dar, na noite em que ele cantou para Ino. Lembrei das emoções e da agonia que senti ao ver que ele iria ser surrado. Lembrei de como não tive reservas quando o abracei na intenção de protegê-lo.

Naquela mesma noite eu fiz uma música pensando sobre como ele nunca faria o mesmo, e nem brigaria por mim.

E, no entanto, mesmo já todo machucado, ele estava aqui recebendo a surra por mim. Sendo o meu escudo.

Uma singela lágrima escorreu pelo meu olho — mas não era pela dor em meu corpo.

Ver o corpo rígido de Sasuke-kun sobre o meu, sendo continuamente machucado mas sem nenhuma intenção de se mover, emocionou-me de uma maneira única.

Fez meu coração doer e se aquecer, ao mesmo tempo.

Um novo baque na porta pôde ser ouvido, mas Sasori não pareceu ligar. Só que então, o vulto de um homem o arrastou para longe de Sasuke-kun, que esmoreceu em cima de mim, seus olhos quase fechando, quase desmaiando!

Não, Sasuke-kun! Aguente! — Pensei.

Logo, fui capaz de me mexer novamente, tirando-o de cima de mim ao empurrá-lo para o lado, olhando-o com preocupação.

"Já chega, Sasori!" Disse uma voz levemente familiar, em inglês, atraindo minha atenção.

"Não!" O ruivo gritou, enquanto o homem alto e forte o segurava. Percebi que ele estava chorando. "Me deixa!"

"Porra, Deidara! Como você pôde deixar chegar a esse ponto?" O cara disse.

Quando ele se virou para encarar o loiro, foi que eu o reconheci.

Roger, o segurança do Soul Talent amiguinho do Sasori. Era um cara muito bonito, com cabelo castanho-escuro e olhos num tom quase de violeta. Seu porte era bem atlético, do tipo que se ele também resolvesse dar surras em mim e Sasuke-kun, não seríamos capazes de aguentar.

"Estava sendo bem divertido." Deidara riu. O loiro realmente parecia como alguém que tinha pago para ver um espetáculo.

"Divertido?!" Roger ralhou. "Olha o estado do Sasori! Ele acabou de perder a mãe e você está se divertindo às custas de seu estado?!"

Perder a mãe?!

"Minha culpa! Minha culpa! Minha culpa!" Sasori repetia num tom desesperado, com o olhar perdido e atormentado.

"Sasori, eu não entendo japonês!" Roger disse, referindo-se ao fato do ruivo ter falado em nossa língua nativa.

"FOI MINHA CULPA!" Sasori gritou em inglês, olhando furiosa e dolorosamente para o segurança, que ainda o segurava. "ELA MORREU POR MINHA CULPA! MINHA!"

Roger olhou-o com firmeza. "Não foi sua culpa, cara! Para de dizer isso! Você não sabia que ela estava sendo ameaçada!"

O olhar do Akasuna voltou a vagar. "Eu fugi e falsifiquei a assinatura dela para participar do Soul Talent..." Ele falava, com voz trêmula e lágrimas nos olhos. "Ela não queria que eu viesse... Queria que eu ficasse com lá, que não saísse do seu lado... Eu deveria saber... Deveria! Eu tinha que tê-la protegido!"

"Irmão, você não tinha como saber!"

"Ela era minha mãe, Roger! Eu tinha que saber! Eu tinha que ter percebido!"

Roger abraçou o ruivo, que se desfez em choro.

Eu estava em choque com tudo aquilo. Meu cérebro tentava absorver todas as informações.

A mãe de Sasori morreu — provavelmente foi assassinada, já que Roger falou que ela estava sendo ameaçada.

A mulher também não queria que o filho saísse de perto dela, então ele veio fugido, falsificando sua assinatura.

Agora Sasori se sentia culpado.

E o mais assustador pra mim: O Akasuna estava descontando tudo em mim e em Sasuke-kun.

Olhando para o lado, vi meu amigo bem acordado e também parecendo surpreso com aquilo tudo.

"Que cena gay." Deidara disse, chamando a atenção de todos. A faca estava em sua mão. Roger e Sasori se separaram. "Pessoas vêm e vão, Sasori. É a vida. Agora segue em frente e para de frescura que ainda temos trabalho a fazer."

Os olhos de Akasuna e de Roger faiscaram de raiva, simultaneamente.

"Você não tem a mínima noção, não é, cara?" Roger rosnou, dando um passo em sua direção. "E ainda diz que é o melhor amigo dele.

"E sou." O loiro estufou o peito. "Por isso mesmo estou dizendo pra ele ser homem e parar de chorar feito bebê."

Enquanto os dois discutiam, Sasuke-kun se esforçou pra levantar, apoiando-se nos joelhos.

Eu não sabia de onde ele tirava forças para sempre levantar, mesmo depois de apanhar repetidas vezes e de ficar tão machucado. Talvez ele fosse sim algum tipo de super-homem.

"Você diz isso porque nunca perdeu ninguém importante!" Roger continuou.

Deidara não perdeu a pose arrogante. "Ninguém é realmente importante. Todo mundo é substituível."

As palavras do loiro me chocaram. Como alguém podia pensar assim? Que tipo de pessoa ele era?

Sempre vi Sasori como líder da gangue, e Deidara apenas como o pau-mandado rico. Mas agora nada do que eu pensava aparentava estar certo.

Roger e Deidara continuaram discutindo e trocando farpas. Sasori parecia preso em seu próprio mundo, perdido em seus pensamentos, alheio à briga.

Sasuke-kun se pôs de pé com dificuldade, visivelmente em dor.

Mas então ele avançou em Deidara o mais rápido que pôde e meu coração deu um solavanco com medo do que ele estava fazendo.

O fator surpresa foi o que lhe ajudou. Quando Deidara percebeu sua aproximação, já era tarde: Sasuke-kun simplesmente se lançou para frente, furtando a faca que estava na mão do loiro.

Antes que Deidara pudesse piscar, Sasuke-kun o envolveu por trás, colocando a faca em sua garganta.

Perguntava-me como ele havia conseguido ser tão rápido. Mas não importava! Ele havia conseguido! Conseguido!

O tempo pareceu congelar por um segundo, onde Sasuke-kun respirava com dificuldade, Deidara assumia uma expressão assustada, Roger arregalava os olhos, Sasori saía de sua bolha, surpreendendo-se com a situação, e meu coração batia acelerado.

"Deixa a gente sair daqui!" Sasuke-kun começou. Até sua fala saía com dificuldade. Ele não estava nada bem. "Ou eu mato o Deidara! Juro que mato!"

"Calma." Roger levantou as mãos.

Por que eles pediam calma quando éramos nós que segurávamos a faca?

"A gente vai sair por aquela porta agora." Sasuke-kun continuou. "Não se mexam daí."

Meu coração batia frenético e eu sentia a adrenalina voltando a me deixar pronta para a fuga.

Levantei, dando alguns passos cautelosos em direção a porta, tal qual Sasuke-kun fazia.

Mas logo pude sentir uma mão puxando meu cabelo e, para meu completo horror e desespero, um revólver sendo colocado em minha cabeça. O som da arma sendo destravada chegou em mim como se fosse o único som do mundo.

"Solta o Deidara, ou eu estouro os miolos dela." A voz de Roger soou, profunda e ameaçadora.

Sasuke-kun arregalou os olhos, tão apavorado quanto eu, enquanto Deidara dava um sorriso vitorioso.

"SOLTA!" Roger gritou, fazendo-me tremer de medo.

Pude ver a mão de Sasuke-kun que segurava a faca tremer.

Queria dizê-lo pra ir embora sozinho, mas não pude. Não consegui. Eu não queria morrer! Por mais egoísta que pudesse ser, eu não queria que ele saísse sem mim! Estava tão apavorada! Havia uma arma apontada para a minha cabeça, pelo amor de Deus!

"Não vai soltar?! Solta!" Roger exigiu.

Sasuke-kun, que não disfarçou o medo em seus olhos, recuou, retirando a faca do pescoço de Deidara, que logo lhe deu uma cotovelada e meu amigo caiu de joelhos no chão, tossindo. O loiro não perdeu tempo e tomou rapidamente a faca de volta pra si.

Roger imediatamente retirou a arma e empurrou minha cabeça com força, fazendo-me cambalear para longe dele.

Rastejei até onde Sasuke-kun estava. Ele se curvava de dor, ajoelhado. Segurei seus ombros, tentando levantar seu tronco. Deixando-me ainda mais desesperada e com sensação de impotência, ele tossiu sangue, e eu lhe abracei de lado, deixando que ele se apoiasse em mim.

Deidara foi até Roger e pegou o revólver para si. O segurança não botou resistência na entrega da arma.

Rindo com escárnio, o loiro rolou o objeto letal em sua mão, admirando-o com fascínio.

"Você ainda se lembra de como atirar, Sasori?" Deidara perguntou, sua voz carregada de maldade. "Lembra das aulinhas que eu te dei?"

Sasori permaneceu calado.

Sem esperar muito por resposta, o loiro foi até o ruivo, pegando sua mão e depositando a arma ali. "Hora de colocar em prática. Atira."

Todo o meu corpo reagiu àquela ordem, tremendo. Sim, era claramente uma ordem. Deidara, quem chamávamos de pau-mandado estava dando uma ordem a Sasori, quem chamávamos de líder.

Ao meu lado, Sasuke-kun levantou a cabeça e mesmo sem encará-lo, eu sabia que ele tinha o mesmo olhar de medo que eu. Meu coração batia desenfreado. Era como se uma contagem regressiva fatal tivesse se iniciado em minha mente.

Quando a mão trêmula de Sasori apontou o revólver em nossa direção, parecia que eu estava encarando a própria morte em meus momentos finais. Porém no meio de toda confusão de sentimentos em seu olhar, eu pude ver o medo. Ele também estava com medo.

"Sasori..." A voz fraca de Sasuke-kun falou. Como ele conseguia encontrar a própria voz? A minha parecia ter sido roubada. "Você não quer fazer isso. Você não é um assassino. Sua mãe não iria querer que você fizesse isso."

Uma lágrima desceu pelos olhos encharcados do Akasuna. Ele estava hesitante.

"ATIRA!" Deidara gritou ao seu lado, com olhar psicótico.

O dedo de Sasori tremia no gatilho.

Eu e Sasuke-kun nos arrastamos para trás, recuando apavorados. A contagem regressiva fatal em minha cabeça estava acabando. Estava perto. Ele ia atirar.

"ATIRA, PORRA!" Deidara gritou.

"Sasori, eu não vou te parar se você quiser fazer isso. Mas você tem certeza que quer?" Roger questionou.

"QUER SIM!" Deidara rebateu. "ATIRA!"

"É um caminho sem volta! Pensa bem!" Roger continuou.

Sasuke-kun e eu só paramos de recuar quando chegamos na parede e não havia mais pra onde ir.

Sasori tremia.

"ATIRA, CARALHO!" Deidara continuava a gritar. "ACABA COM ISSO DE UMA VEZ!"

Sasori respirou fundo. Era agora.

"ATIRA!" Deidara não desistia. "ATIRA!"

E então...

"Não." A voz do Akasuna soou, decidida. Ele abaixou a arma. "Eu não quero ser um assassino. Já chega."

Alívio me atingiu, lavando os resquícios da contagem regressiva que não se tornou fatal.

Ao meu lado, Sasuke-kun também respirou aliviado.

Mas tínhamos nos enganado ao pensar que era o fim.

"Eu não cheguei até aqui pra você me dizer que já chega!" Deidara gritou, avançando em Sasori, tentando pegar a arma.

O Akasuna resistiu, e os dois entraram numa 'briga' pelo revólver. Deidara querendo pegar, Sasori se negando a entregar.

O ruivo então empurrou o loiro para longe de si. O olhar de Deidara parecia louco. Ele encarou Sasori com ódio e antes que eu pudesse piscar, fez algo que pegou todos de de surpresa: usando a faca em sua mão, ele avançou no Akasuna, cortando-lhe o braço. O ruivo gritou de dor, caindo no chão ao mesmo tempo que largava o revólver.

"Sasori!" Roger gritou, correndo até ele. Deidara se apressou a pegar a arma. "Sasori!"

O Akasuna se contorcia de dor no chão, o sangue escorrendo livremente por seu braço.

"Você me obrigou a fazer isso." O loiro disse, friamente.

"Você ficou louco, Deidara?! Esse é o Sasori, cara! O Sasori! Como você pôde?!" Roger gritava, enquanto pressionava a ferida de Sasori com as mãos, tentando estancar o sangramento.

"Como pude?!" O garoto riu, com escárnio. "Foram vocês que me arrastaram pra essa história! E agora que chegamos tão longe querem dar pra trás?! Se esses dois viverem, vão nos entregar para a polícia! Nem nisso a mente limitada e pequena de vocês consegue pensar?"

"A gente não vai entregar ninguém!" Falei, desesperada. "Deixa a gente ir que não contaremos a ninguém! Eu juro!"

"E você acha que eu vou correr o risco?" Deidara me olhou com desprezo. "Não subestime minha inteligência, Sakura-chan."

"Dei-Deidara..." Sasori fez esforço pra falar.

"Cala a boca!" O loiro estalou. "Eu vou fazer o que você não teve coragem."

E então, o garoto apontou a arma em nossa direção, com o olhar mais maníaco e frio que eu já vira na vida.

"Digam adeus."

Foi como se tudo tivesse ficado em câmera lenta quando seu dedo apertou gatilho, sem hesitação. Também foi como em câmera lenta que eu me joguei em cima de Sasuke-kun, abraçando-o com meu corpo. Protegendo-o.

Mas não foi em câmera lenta que eu recebi o tiro que me perfurou numa velocidade assombrosa.

Dor.

Era uma dor do inferno. Dor da morte. Tanta, tanta dor!

Eu não gritei, eu não chorei — eu nem ao menos respirei.

Tudo que eu pude fazer foi olhar nos olhos de Sasuke-kun uma última vez. E nunca houvera tanta dor e pavor naqueles olhos negros.

Não tenha medo, eu quis lhe dizer, mas minha voz não estava em nenhum lugar para ser encontrada.

As pessoas costumam dizer que vemos um filme de toda nossa vida passando em frente aos nossos olhos quando estamos morrendo. Mas, pelo menos comigo, isso não aconteceu. Eu só consegui pensar nas pessoas que me eram importantes.

Meu pensamento corria numa velocidade impressionante. Em frações de segundos rostos preciosos para mim passavam por minha mente.

Pensei em mamãe e em como havia tantas coisas que eu queria saber e tantas outras que não foram resolvidas em nossa relação. Pensei em Kabuto e no quão grata eu era por ter lhe tido em minha vida. Lembrei de meus amigos e das coisas que eu deveria ter dito. Mas foi apenas quando o rosto de Gaara que saltou em minha mente que eu odiei o fato de estar sentindo a minha vida me ser arrancada. Eu e Gaara... Ainda tínhamos que viver tantas coisas juntos. Não era justo.

Mas então lembrei de papai, e me senti confortada. Estava tudo bem. Eu iria me encontrar com ele.

Segurando-me em seus braços, Sasuke-kun falava palavras que eu não conseguia ouvir. De repente meus sentidos estavam desaparecendo, minha visão ficando nublada.

Ainda assim, eu pude sentir quando sua lágrima caiu em minha bochecha.

Antes que a dor me carregasse embora, toquei seu rosto bonito e machucado com as pontas de meus dedos, extraindo minhas últimas forças.

Ele tremia. Ele chorava. Por mim.

Vou sentir sua falta, quis dizer-lhe, já podendo sentir meu coração apertar com saudades dele.

E então implorei para que aquilo acabasse de uma vez. Implorei para que a inconsciência me tomasse. A dor já era insuportável. Eu já não podia aguentar. Eu só queria que acabasse.

Tudo ficou escuro. Eu estava entregue.

Apaguei.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que muitos de vocês estavam esperando que fosse o Gaara quem achasse a Sakura, não a polícia, que ele fosse o herói ou algo do tipo. Sei que muitos imaginaram a Sakura correndo pros braços dele quando saísse do cativeiro, mas como vcs puderam ler, nada aconteceu desse jeito. Me desculpem, de verdade. Espero que não tenham se decepcionado muito. O Gaara é foda, mas eu apenas não vejo como um garoto de dezesseis anos que não entende nada de investigação e nem sabe pegar numa arma poderia superar o trabalho da polícia de Nova York. Eu achei que ficaria irreal demais e não consegui escrever assim. Mas o brilho de Gaara não diminui por isso. Ele apenas não é o super-homem (quer, dizer... não é o Batman, pq né... Batman >>>>>) e também tem seus pontos fracos e limitações. Há situações na vida que fogem do controle de qualquer um. Até mesmo de famosos acostumados a ter o mundo na palma da mão, creio eu. Gaara foi acostumado a ter tudo na vida. Se sentir sem poder, pequeno e incapaz é algo novo na vida dele, é algo que pode inclusive fazê-lo amadurecer mais também. Pensei até nele fazendo alguma besteira que atrapalhasse a polícia, mas acabei descartando a ideia. Não teria necessidade.

É isso. Reta final da primeira fase vai ser cheia de emoções! Preparem-se! Vamos todos fazer macumba online pra eu ficar beeeem inspirada e escrever rápido!

XOXO