O Rebelde escrita por Sereia Literária


Capítulo 27
Finalmente




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Um par de mãos grandes seguram os ombros de Leonard, pegando-o de surpresa e jogando-o de lado. Aquele breve momento de tensão ainda estava em minha mente, e meu cérebro e coração demoraram a associar o que ocorrera como algo real – quem o havia impedido de matar Conor, quem nos estava ajudando... Era o Rei. Meu pai.

O rebelde ainda está atônito quando o rei, com um olhar solene, estende-lhe a mão para ajudá-lo a levantar.

—CUIDADO- berrei, e Conor defendeu meu pai em movimentos precisos, enquanto o Lorde tentava apunhalá-lo pelas costas.

Nesse momento, rápido como um suspiro, braços pequenos envolvem meu pescoço.

—Oliver!- choro baixinho enquanto ele ainda me abraça.

E é então que o som surdo de um corpo batendo na terra me faz voltar para a realidade: Leonard jazia sobre os canteiros de flores, antes tão bem cuidados, agora, pisoteados.

Beijo o rosto de Oliver e ele coloca a cabeça em meu ombro, enquanto olho com orgulho e lágrimas os dois homens que eu tanto amo. Os dois vem até mim, e eu, com delicadeza, solto Oliver e fico de pé. Meio receosa de fazê-lo na frente de meu pai, abraço Conor. Sua respiração ainda está descompassada, e a minha também. Então, beijo o canto de sua boca, mas não resisto. Antes que eu perceba, um beijo forte e ardente brota em meus lábios, e nós dois esquecemos os nossos arredores.

Entre beijos, ele murmurava as palavras:

´´Finalmente, finalmente...``

Finalmente poderíamos estar juntos. Finalmente livres do medo. Finalmente poderemos nos amar. Finalmente não há nada a esconder... Finalmente, finalmente. Finalmente.

E eu o abracei com força, e, atrás dele, triste, meu pai me fitava. Mas eu não me dignei a fazer nada.

Conor percebeu, e cochichou baixinho em meus ouvidos:

—Não seja tão cruel com ele- e beijou minha testa, se soltando de mim.

Andei em passos tímidos até meu pai, que parecia envergonhado, arrependido, melancólico...

—Obrigada- disse, passando o braço pelos seus ombros. Foi então que comecei a sentir que ele estava chorando. Não resisti, e mesmo contra a minha vontade, comecei a chorar também.

—Me desculpe, querida... Sinto tanto! Desculpe por não acreditar em você, por fazê-la de tola, por impedi-los de ter algo tão lindo... Minha amada filha, sinto muito... Fui tão egoísta e hipócrita!

—Papai...- chorei ainda mais, e ele acariciava meus cabelos. Meu coração doía e pulava de alegria ao mesmo tempo. Estava tão feliz, tão triste! Surpresa, emocionada... Tudo era um turbilhão de ideias e de emoções. Mas a única coisa que me importava agora era que eu e meu Conor, afinal, poderíamos ficar juntos.

 

—-_-_-_-_-_-_-_

Aquele fim de tarde exibiu-se com um por do sol belíssimo no porto mais discreto e humilde de Iléia. Era de lá que a princesa e seu rebelde embarcariam rumo à outro país.

Para o mundo, a notícia de que a princesa morrera seria manchete pela manhã. Para o mundo, ela estaria morta – somente seus pais e o pequeno garoto de pele morena saberiam a verdade.

 

—Cuide bem dele, mamãe- pedi, e ela segurou com mais força a mão de Oliver. Decidimos que ele ficaria sob a guarda de meus pais, pois não poderia vir conosco. Abaixei-me e o abracei.

—Não quero que vá, Katie!- ele chorou baixinho em meu ouvido, e eu olhei no fundo de seus grandes olhos.

—Oliver, meu querido... Nunca vamos realmente nos separar! Você faz parte de mim, e eu, de você. O que posso fazer é deixá-lo aos cuidados da mulher que eu mais amo neste mundo, que sei que já o ama... Aqui será cuidado e mimado... E vai aprender a ler e a escrever, afinal, quero que minhas cartas sejam respondidas!

Ele sorriu e olhou minha mãe. Seus cabelos ruivos estavam belíssimos como nunca esta tarde.

—Cuide dela por mim!- pedi, e ele fez que sim e me beijou.

Levantei-me e mamãe me envolveu em um abraço.

—Minha amada filha... Seja feliz! Ame, erre, aprenda, viva! Nunca se esqueça de viver! Saiba que a amamos, estaremos sempre aqui.

E beijando meu rosto, a Rainha America se dirigiu ao seu genro.

—Meu caro rapaz... Cuide bem de minha filha amada, por favor...

—É claro, Majestade.

Ela sorriu.

—Chega de formalidades, garoto!- e ela abraçou Conor.

Sorri quando meu pai parou a minha frente.

—Obrigada, e me desculpe- murmurei enquanto lágrimas começavam a brotar.

O Rei se aproximou e me abraçou e disse:

—Não há mais nada para ser desculpado.

—-_-_-_-_-_

Eu apenas os via de longe a acenar, três pequenos pontinhos. A luz do horizonte era refletida pelo mar azul, e eu e Conor acenávamos de volta até não podermos mais vê-los.

Tudo o que aconteceu nos trouxe para esse momento. Coisas ruins e boas, das quais jamais nos esqueceremos. Mas tudo conspirou para isso... E devo dizer que não mudaria este final por nada e em nada. 

Eu sempre tive grandes dúvidas em relação ao destino, se é traçado para nós ou por nós. E eu acho que ele tem pontos pré-destinados, mas é não regra que precisamos segui-los, afinal, ele está em nossas mãos e é nosso, de mais ninguém. 

Alguns se encontram por ter de ser, como com meus pais... Mas outros fogem dos padrões e acabam sendo conexões avassaladoras e enebriantes,  apaixonantes e até mesmo perigosas - como aconteceu comigo e Conor.

Ele estava abraçado a mim, e eu apoiava a cabeça em seu peito largo. Era tão bom, tão tranquilizador... Nunca havia me sentido assim.

´´Finalmente... ``

A lua surgiu no horizonte, e eu sabia o que isso queria dizer.

Uma nova noite se iniciava, e, sempre, depois da noite, nasce um novo dia.

Com novas oportunidades, novas escolhas... Uma nova vida. Eu esperei tanto tempo para minha noite terminar e meu novo dia nascer, que agora que acontecia, me parecia mais um sonho.

E eu esperava não acordar deste sonho jamais.


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao fim, minha gente... Ah... Espero que tenham gostado, que tenham se envolvido e que lhes tenha servido como algo para escapar um pouquinho do mundo de hoje que é um stress, que tenham se sentido envolvidos e tocados pela Fic em pelo o menos um momento. Que tenham se apaixonado junto comigo pelos personagens, pela história, pelo local, pelo simples fato de ler. Obrigada pelos comentários, estimo muito cada um deles. Obrigada pelos estímulos, por darem um pedacinho de seu tempo para ler O Rebelde!
Amo vocês!
P.S.: Falando sobre os comentários, a Fic pode ter acabado, mas se houver alguém que queira comentar saiba que eu lerei e ficarei muito feliz em responder! Obrigada à Gabi Jackson, Anna Clarke e Nat Campos pelos seus últimos comentários que enviaram!



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