Início, espera e fim... escrita por The Green


Capítulo 1
Único.




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A ansiedade e a incerteza, o tremor das mãos, o frio macabro na barriga, a lágrima contida, são sem dúvidas, a parte mais difícil da espera.
E se cair a noite, se nascer o sol, se o coração parar, se não houver força suficiente, se o medo consumir, se as lágrimas vierem como um mar salgado afogando a alma? E se... e se... se... se?
Nada resta a não ser sentar e esperar, o espirito se contorcer dentro da carne, entre os ossos e o ar quente invadir o pulmão, o sangue pulsar no coração com o mesmo desespero que mostra teu olhar.
A incerteza é como esperar a morte. É como respirar e não sentir o ar, como se quebrassem teus ossos aos poucos.
As linhas turvas, curvadas e secas da vida precisam ser preenchidas, seja com uma bela história de conquista, seja molhando-se com lágrimas da derrota.
As malas da alma e do coração estão preparadas cheias de tudo o que se precisa para enfrentar os monstros da rua. Com um pouco de medo para não deixar qualquer um entrar. Com coragem, na mesma dose do de antes, para encarar o monstro e não cair na primeira pisada.
Cheias de palavras para conversar com alguém ou ninguém tal vez (consigo mesmo, quem sabe?) nos dias frios de chuva, no silêncio aterrorizante.
Com um pouco de doçura para não deixar a vida, com seus desertos, solidão e desprezo, fazer de ti um ser frio e sem coração.
Para agora é lidar com os dias, um por um, vinda como espinhos perfurando os pensamentos ou como a brisa, acalentando a pele e enchendo de esperança o coração.
Mas que cores tem a esperança? Li um livro um dia: "Nascemos para morrer". Sim essa é a única esperança ou pelo menos a única espera, a morte.
As vezes penso que seria melhor não ter nascido, e se não existir fosse menos doloroso que viver? Ora aqui de novo o "se" atormentando-me...
E o que tem a vida preparada para nós? O que tem Deus? Ele é a vida, tudo existe por sua palavra. Ele é o grande cronista da história, escreve todos os dias milhões de crônicas majestosas. Já dizia o sábio: "Deus escreve certo, por linhas tortas". Mas e se nós é quem escrevemos nossas histórias e Deus é só espectador do teatro da vida?
E quando a espera aperta tanto o coração, fazendo sufocar; Não há tarde bonita que agrade os olhos, não há céu estrelado que emocione, não há nada! A espera é uma caixa escura e mórbida onde ate o mais forte torna-se claustrofóbico.
Ela é cansativa, triste e fadigante. Mas calma, calma... Não podes gritar, vais acordar os vizinhos. Nãos veis que também esperam?
Um o corpo do filho morto chegar, para ser velado e sepultado e o ultimo: "Deus te abençoe" ser dito. Outro que espera o nascimento do filho, que já a nove meses aguarda para dar o primeiro "oi" o primeiro "Deus te abençoe!". Porque a vida é feita disso: inícios e fins, que se concretizam todos os dias.
Mas o que vem depois do fim, ninguém pensa no fim? Não, ninguém pensa no fim, porque ninguém o quer. Mas não importa, ele é alguém teimoso, com a cara fechada. Veste uma roupa qualquer e vem ou virá ou já veio. Tanto faz, ele não se importa com o tempo, ele não tem relógio, vai chegar, hora ou outra.
O começo? Ah, ele não conta. Tem muitos por ai, uns que almejam ter um novo e eu (perdão pelo pessimismo) Queria não o ter conhecido. Quem sabe assim, não teria a sorte de ter uma crônica tão mau contada, com a capa ruida de traça e as páginas amereladas pelo esquecimento.
Dizem que a espera é necessária. Tal vez. Ela pode ajudar a respirar ou para tudo duma vez e leva logo para o fim. E venham só: o fim chegando sem avisar.
Do passado (mesmo alguns insistindo em dizer que isso é besteira) sentirei falta do perfume, da mãe; que nem era mãe, mas trajou o papel tão bem, que passaria despercebida pelos curiosos. Falta, mesmo do cheiro de cigarro que eu odeio, do pôr do sol que esperava esperançoso para ver, se a chuva não viesse. Falta do sentir... Mas quem sou eu para falar de sentir? Se é somente o que sei fazer!
Sentirei falta do começo, da inocência e das histórias. Ficarei aqui, escrevendo, quem sabe? Chorando, tal vez... Se boa sorte tiver, sorrirei. Ficarei olhando, pensando e respirando, esperando esse tão inesperável, fim.


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