–Acho que não consigo ir trabalhar hoje. – Lizzy disse assim que Peter acordou-a com um belíssimo café da manhã na cama.

–Eu acho ótimo! Temos o dia todo para nós. – Ele a incentivou.

Elizabeth soltou uma risada e o puxou para um beijo.

–Obrigado por essa noite incrível. – Ele sussurrou entre beijos.

Ela nada disse, apenas voltou a beijá-lo daquela forma delicada e quente que só ela sabia fazer. Assim que o ar lhes faltou ela resolveu comer e Peter se juntou a ela. Naquela manhã eles conversaram sobre muita coisa, inclusive as férias que teriam dali a três semanas junto com as filhas de Peter. Falando nelas, Luca levou as irmãs para fazer uma visita ao casal e quando os viu tão amorosos não pôde conter a alegria. Lizzy gostava muito das três e passar um tempo com elas era como se estivesse cuidando das próprias filhas. Fiona era sempre engraçada e gostava de uma bagunça, Lola já era mais reservada e Luca era do tipo que topava tudo.

–Pai, faz comida para nós. Por favor! – Luca disse sorrindo. – Estamos com fome e já é hora do almoço.

Peter revirou os olhos e disse:

–Preciso de ajuda. Pelo menos isso.

Lola soltou:

–A tia Lizzy vai. Andem, estamos com fome.

Sim, elas já haviam combinado isso antes de chegar. Empurraram o casal até a cozinha e foram para a sala assistir qualquer coisa que estivesse passando na TV. Peter logo começou a organizar os ingredientes para uma torta e Lizzy pensou em que tipo de salada faria naquele dia. Lembrou-se de um compromisso que tinha ao fim da tarde e chamou Peter para ir junto:

–Meu bem hoje à tarde tenho aula de dança, não quer ir comigo? Você poderia ser meu parceiro... Temos aulas quatro vezes por semana, acho que não pesa né?

Peter parou de cortar alguns ingredientes e olhou para Lizzy que quase pediu desculpas por ter lhe feito aquele convite, mas foi surpreendida pela resposta do esposo que veio junto com um sorriso:

–Claro que eu vou! Vou ter a parceira mais linda, cheirosa, maravilhosa e

Ela o calou com um beijo. O almoço demorou a sair porque os dois ficaram namorando e volta e meia as meninas iam espiá-los. O dia rapidamente passou e para o casal seria o primeiro dia da felicidade de ambos.

Algumas semanas depois a professora escolheu o casal para participar de um concurso de dança que aconteceria dentro de alguns meses já que era o casal mais expressivo da turma. Peter ainda precisava de alguns treinos a mais, mas conseguiria tranquilamente arrasar no concurso. A música que a professora escolheu era extremamente expressiva e eles teriam que incluir o que faziam de melhor: interpretar. Quando escutaram a canção pensaram a mesma coisa: essa cantora não sabe o que está cantando, o amor não é isso!

Mas quando a professora os orientou e eles estraram no clima não tinha como não viver a música. A dança era extremamente sexy e violenta, tinha seus altos e baixos e a emoção da cantora os contagiou por completo. Quando aprenderam a primeira parte da coreografia a professora os dispensou e eles foram para casa exausto, mas comentando:

–Gente, vai ser incrível.

–Vai mesmo meu bem. E que música né? Você entende mais que eu... – Liz disse sorrindo.

–Muito boa. A letra soa meio egoísta a primeira instancia, mas eu entendi o que ela quis dizer. – Peter disse girando o volante do carro.

–Ui, ele agora anda reflexivo gente! – Ela brincou e ele riu.

Ficaram daquela forma maravilhosa até chegarem na porta de casa. Gavin estava lá, encostado em seu carro com flores nas mãos.

–O que é que esse cara quer aqui? – Peter perguntou já bravo.

–Calma meu bem, logo eu despacho ele. Vá encher nossa banheira.

–Não vou te deixar sozinha com ele nunca. Lembra-se de ontem? Ele é louco. – Peter disse cheio de preocupação.

Liz suspirou e saiu do carro com Peter ao seu lado. Deram-se as mãos e caminharam até Gavin que parecia extremamente nervoso.

–Gavin. – Liz falou relutante.

–O-oi! – Ele gaguejou.

–Oi Gavin! – Peter disse frio. – O que veio fazer aqui?

Gavin olhou para o casal e ofereceu as flores para Liz.

–Vim pedir perdão por aquele dia. Agi como uma criança. Liz escolheu um caminho e eu não serei eu quem vai estragar isso. Mil perdões. Sei que acabei com a festa de vocês, não era minha intenção. Por favor aceitem minhas desculpas.

Peter quase ficou de boca aberta com todo aquele discurso. Aquele não era Gavin. O que fizeram com ele? Isso tudo era para ganhar pontos com Liz? Ele notara que estava pisando em um campo minado. Gavin era esperto demais.

–Tudo bem. Passado. – Liz disse tentando fazer o homem ir logo embora.

–É sério. Estou me sentindo muito culpado. Passei essas últimas semanas pensando nisso e me dói pensar que eu fui o responsável por acabar com a diversão de vocês.

Peter quase perguntou para Gavin se ele estava falando sério, mas preferiu ficar calado e ver a reação de Elizabeth. A moça não sabia o que fazer, o que falar, como agir. Só sabia que não queria mais ter medo de Gavin então simplesmente pegou as flores e apertou sua mão.

–Obrigado Gavin. Desculpas aceitas, não é meu bem? – Ela perguntou olhando para Peter.

–Sim. Aceitas. – Ele respondeu seu tirar os olhos de Gavin que sustentou o olhar.

Peter passou um recado para Gavin enquanto trocavam aquele olhar mortífero: Se ele encostasse um dedo em Lizzy ou em qualquer pessoa que ele amasse Gavin era um homem morto! E Peter não estava brincando. De jeito nenhum. Ele era capaz sim. Sem medo algum. Gavin que não tentasse atravessar seu caminho.

–É só isso Gavin? – Elizabeth perguntou percebendo a tensão instaurada no lugar.

–É sim. Boa noite para vocês. – Ele disse irônico.

Assim que entrou no carro Gavin encarou Peter que deu um passo à frente para mostrar com quem ele estava mexendo e Liz o abraçou lateralmente tentando o acalmar. Gavin deu partida e sumiu.

–Esse cara vai aprontar Lizzy. Pode ter certeza. Não coloquei fé em nenhumas dessas palavras que ele soltou aqui. – Falou bravo.

–Ei, olha para mim. Tudo vai ficar bem. Prometo. Nada vai separar a gente Peter. Nada.

Assim que o olhar dele se cruzou com o dele não teve como ele não ficar calmo. Aquela mulher exercia um poder sobrenatural nele.

–Vem, comprei um CD para você. – Ela disse. – Eu acho que você vai gostar.

Ele riu e foram tomar banho para ouvir o CD. Era realmente lindo. Depois disso Liz resolver responder os fãs no Twitter e Peter concertar algo. Quando o homem voltou para o quarto se deparou com a esposa deitada, dormindo feito um anjo. Ela era o anjo dele. Amava ela demais. Deitou-se ao lado da mulher que acordou sorrindo para ele que cantou baixinho para ela: (Aconselho que ouçam junto amores: Céline Dion – Lullabye (Goodnight, My Angel) e se divirtam em!)

“Goodnight, my angel, it's time to close your eyes

And save these questions for another day

I think I know what you've been asking me

I think you know what I've been trying to say

I promised that would never leave you

And you should always know

Wherever you may go, no matter where you are

I never will be far away”

(Boa noite, meu anjo, é hora de fechar os olhos

E salvar estas perguntas para outro dia

Eu acho que sei o que você está me perguntando

Eu acho que você sabe o que eu tenho tentado dizer

Eu prometi que nunca iria deixá-lo

E você deve sempre saber

Onde quer que você vá, não importa onde você está

Eu nunca vou estar longe)

“Goodnight, my angel, its now, it's time to sleep

And still so many things I want to say

Remember all the songs you sang for me

When we went sailing on an emerald bay

And like a boat out on the ocean

I'm rocking you to sleep

The water's dark and deep, inside this ancient heart

You'll always be a part of me”

Boa noite, meu anjo, o seu agora, é hora de dormir

E ainda tantas coisas que eu quero dizer

Lembre-se de todas as músicas que você cantou para mim

Quando fomos navegando em uma baía de esmeralda

E como um barco no meio do oceano

Eu estou balançando-lo para dormir

A água escura e profunda, dentro deste coração antigo

Você sempre será uma parte de mim

Notou que a mulher já dormia, mas ainda assim continuou cantando para ela com todo o amor que tinha, afinal ele morria de medo de algum dia não poder mais fazer isso com ela com tanta intensidade e tanto amor:

“Goodnight, my angel, it's now, it's time to dream

And dream how wonderful your life will be

Someday your child may cry, and if you sing this lullaby

Then in your heart there will always be a part of me”

(Boa noite, meu anjo, é agora, é hora de sonhar. Com

E sonho maravilhoso sua vida será

Algum dia seu filho pode chorar, e se você cantar essa canção de ninar

Em seguida, em seu coração, sempre haverá uma parte de mim)

Em seguida cantou quase sussurrante para ela enquanto se aconchegava na cama e nos braços da amada:

“Someday we'll all be gone

But lullabys go on and on

They never die

That's how you and I will be”

(Algum dia nós estaremos todos perdidos

Mas arrulhos continuar e continuar

Eles nunca morrem

Isso é como você e eu seremos)

Ali dormiram abraçados e felizes enquanto a alguns quilômetros dali Gavin tramava um plano para interromper a felicidade do casal. Ele jurara a si mesmo que teria Elizabeth de qualquer maneira, afinal quem ela pensava que era para usá-lo daquela forma? Só por que Peter não a quis ela foi correndo para ele e quando ele se divorciou aí e Gavin poderia ser jogado fora? Não era daquela maneira que as coisas funcionavam, não com Gavin. Ele a amava sim, mas ela precisava aprender a não machucar ninguém, muito menos ele. E ainda tinha aquele idiota que tentava ser o gostosão perto dela, mas que lá no fundo se borrava de medo, pelo menos era o que Gavin pensava. Peter tinha tudo que Gavin sempre quis ter, mas nunca conseguira. Era doído admitir isso, mas ele não poderia esconder de si mesmo. Peter era invejado por Gavin a todo momento. Peter era o que Gavin havia idealizado para si mesmo, mas que nunca obteve sucesso. E quando Peter conseguiu a garota de seus sonhos... Ah aí ele não conseguiria ficar na dele. Ele queria pegar aquele moreno e tortura-lo. Mas sabia que doeria muito mais se ele torturasse alguém que ele amasse, então estava vendo quem ele deveria torturar primeiro. Ninguém escaparia das torturas de Gavin, mesmo as psicológicas. Gavin era um psicopata de alto escalão e ninguém percebia isso. E nem perceberiam. Afinal o plano dele estava cada dia mais bem detalhado e sem erros. Sabia a rotina de todos eles, sabia os lugares mais frequentados e os desejos mais cobiçados. Ele era um observador nato e, lá no fundo ele mesmo tinha medo disso.

–Você não deveria ter feito isso comigo, minha querida Lizzy... – Ele falou passando uma faca em uma foto de Elizabeth, cortando o rosto pela metade. – Você não deveria ter me deixado assim. Não com um bilhete qualquer no seu lado da cama dizendo que precisava de um tempo. Isso não se faz, minha querida. – Cortou outro pedaço. – Agora sou obrigado a te presentar também, claro que com um pouco mais de sofrimento, mas nada que você não aguente, não é? Só que seu super-herói não poderá te salvar desta vez, você teve a chance de salvá-lo antes de tudo isso, mas desperdiçou. Não dá mais para eu aliviar sua barra.

Ele jogou os fragmentos das fotos no fogo e soltou uma gargalhada que foi seguida de lágrimas densas.

–Por que? Você não podia simplesmente aceitar que é minha?

E ali ele ficou, se martirizando e pensando em como fazer aquele casal ver com quantos paus se faz uma bela canoa.

No outro dia Lizzy levantou cedinho e preparou um café da manhã para Peter do jeito que ele gostava. Decidiu que seria mais carinhosa ainda com ele – o que sinceramente, acho que não era possível – ele merecia. Foi até a suíte e acordou-o com beijos.

–Aceito ser acordado assim todas as manhãs, baby! – Falou sorrindo e puxando-a para perto.

–Tem um café reforçado te esperando lá na copa...

Ele beijou-a de uma forma quente e urgente e quando perceberam ela já estava com uma perna de cada lado dele, totalmente sem ar.

–Dá tempo de uma rapidinha? – Ele perguntou malicioso.

Ela soltou uma gargalhada.

–Se você quiser dá tempo até de um compridinha gato!

E assim o dia deles começou. Com muito amor, do jeito que eles gostavam.