Um aperto no coração me fez imaginar como estaria a turma, a professora helena, meus pais, minha mente começa a vagar em momentos felizes que passei com eles antes do maldito acidente. Percebi pessoas ao meu lado se levantando e de repente me toquei que havíamos pousado, levanto, pego minhas malas saio em direção ao portão de desembarque.

Continua...

POV Roberto Guerra

Fazia exatamente duas horas que estava aguardando naquele aeroporto, enquanto as horas corria minha mente imaginava como estava minha garotinha após tanto tempo. Após aquele decisão de envia – lá para a Alemanha, muita coisa mudaram, evitávamos o máximos falarmos sobre ela e sobre o que havia acontecido, no começo era dolorido, as festas comemorativas não eram as mesmas, mas com o tempo acabamos nos adaptando, com o tempo também acabei mergulhando em trabalho, quase nem passava tempo em casa mais, Paulo perdeu o resto do dialogo que não tínhamos, e Lilian começou a ficar em casa.

A exatamente três meses  Lilian recebeu um diagnostico do medico da família, isso fez com que ela exigisse que eu trouxesse Marcelina de volta para casa. No inicio relutei, afinal havíamos passado 8 anos sem noticias e sem se comunicar com ela, e nessa fase da vida em plena a juventude poderíamos esperar todo tipo de reação dela. Meu maior medo era que ela me odiasse e culpasse a nos por a abandona-la por tanto tempo em um lugar estranho...

— DESEMBARQUE DO VOO 325 DE BELIM/ALEMANHA PARA SÃO PAULO/BRASIL  PORTÃO 325

De repente meus pensamentos retornam ao presente, quando aquela voz anuncia a chegada do voo de Marcelina, Raquel havia me enviado um e-mail com dados do voo da minha pequena e junto uma foto atual da mesma. Me levanto e ando em direção ao portão de desembarque,  observo diversas pessoas saindo, quando a vejo saindo com o celular em sua mão esquerda e a mala na mão direita, quando ela para e seu olhar se encontra com o meu.

Não estava conseguindo controlar as emoções,  minha garotinha estava diante de mim, sua beleza era notada por varias pessoas, seu olhar dócil era o mesmo de quando a vi partir, de repente me vi perdendo vários momentos de sua vida.

— ola roberto – disse marcelina, aquilo foi como milhões de facas sendo cravadas em meu peito.

— filha, como você esta linda, nem parece minha menininha – disse secando uma lagrima que escorria pelos cantos dos meus olhos.

— passaram anos, Roberto agora por favor não me chame de filha – ela disse em um tom frio, expressão essa que nunca havia visto na Marcelina.

— argh, deve estar com fome, podemos passar em alguma lanchonete, o que acha ? – disse tentando amenizar o clima que havia se estalado, peguei a mala que estava em sua mão demonstrando assim solidariedade a ela.

— por mim tanto faz – disse colocando seu fone e caminhando em direção ao estacionamento do aeroporto. Percebi naquele momento que havia perdido total contato com Marcelina, suas atitudes e palavras demonstrava sua magoa e seu ressentimento de anos longe. Comecei a caminhar logo atrás dela, percebi que a partir de agora teríamos que reconquistar a confiança  e o afeto da nossa princesinha.

POV Marcelina

Meu sentimento no momento se resume a dor, olhar para o homem que me trouxe ao mundo e que eu deveria chamar de pai, me fez lembrar da dor de ser rejeitada e abandonada em um pais totalmente desconhecido. Analisei Roberto o trajeto inteiro ate a lanchonete, parecia nervoso e surpreso com minha atitude, mas após tanto tempo longe decidi não ser afetuosa com pessoas que não merecem meu carinho e minha atenção, meu passado esta de volta e esta na hora de eu mostrar para ele, que a Marcelina de 8 anos atrás não e a mesma.

— como foi a viagem ? – disse Roberto me tirando dos meus pensamentos, o analisei mais um vez e percebi que estava tentando uma aproximação , balancei o ombro  e peguei o copo de suco tomando um pequena quantidade, demostrando assim que não queria dialogo desnecessário.

Após alguns minutos, meu pedido havia chegado, devorei ele em segundos, minha fome não havia mudado nada em compensação aos meus sentimentos, enquanto aguardava  roberto pagar a conta, resolvi ir ate o carro e ligar para as meninas por vídeo chamadas.

Ligação por vídeo on   

Anita e Paola: MARCEEEEEEEE

Marce: oiii – disse acenando – como vocês estão?

Anita: estamos beem , com saudades... você chegou bem ?

Marce: cheguei sim, mas to com um pouco de dificuldade em relação aos meus sentimentos.

Paola: marce você é mais forte que qualquer sentimento, e lembre se estamos aqui por você.

Anita : e não se preocupe que logo as coisas vão se resolver , e sempre que precisar nos ligue

Marce: obrigada meninas, amo vocês, preciso desligar Roberto este vindo – disse quando vejo roberto saindo da lanchonete e caminhando ate mim

Paola: também te amamos muitooo e se cuida

Anita: liguei sempre que puder

Ligação por vídeo off

Após encerrar a ligação, lagrimas teimosa brotaram em meus olhos, me controlei afinal precisava ser forte.

— tudo bem filha? – disse Roberto, quando chegou no carro.

— já disse para não me chamar de filha, e sim estou bem, podemos ir logo para casa, estou cansada e gostaria de me deitar um pouco – disse me virando para a janela e reconectando meu fone de ouvido.

POV Paulo

Estávamos a mais de três horas na casa abandonada,  a turma estava em um reunião para decidirmos os eventos do ano escolar e as festas debutantes que faríamos no decorrer do ano, mas não estávamos conseguindo chegar em um acordo, afinal eram diversas opiniões e sugestões.

— GALERAAAAAAAA – gritei chamando a atenção para mim.

— Paulo não tem necessidade de gritar – disse Alice ao meu lado, ela estava bem diferente, como todos naquela sala, porem ela continuava a mesma moleca de sempre, mais madura.

— Desculpa, mas se continuarmos discutindo não vamos chegar a lugar algum – disse me sentando novamente.

— nisso devo concordar com o Paulo - disse Daniel do outro lado da sala, ele continuava o mesmo nerd de sempre, porem agora esta mais disputado pelas meninas, junto com o Jaime após entrarem para o time da escola.

— Podemos iniciar esse ano com uma festa a fantasia – disse valeria ao lado do seu namorado.

— seria legal, poderíamos nos despedir das férias em great style (grande estilo) – comentou Bibi, que não abandonava seu sotaque americano, mesmo após tanto tempo.

— façamos uma votação então – anuncia Daniel – todos que concordam com a festa a fantasia levantem a mão – disse erguendo a sua e todos acompanhamos – então estamos todos de acordo com a festa.

 - SIIIMMMM – gritamos em coro.

POV  marcelina

— Marce... filha... acorda... chegamos – ouço a um voz ao longe me chamando, havia pegado no sono no decorrer da viagem, tudo parecia ter sido um sonho ou melhor pesadelo. Queria acordar na minha cama no internato e ter minha rotina de aula, sinto uma vontade incontrolável de chorar, mas me controle, preciso ser forte e enfretar  meu passado de frente.

Abro os olhos aos poucos para me acostumar com a claridade, observo que estávamos enfrente a um pracinha muito familiar, quando olho para o outro lado vejo o prédio onde meus pais moravam, onde morei boa parte do meu passado. Percebi Roberto sair do carro e pegar minhas malas no porta mala do carro, resolvo descer, desligo meu iphone  11 e guardo o fone na mochila que estava comigo.  Caminho ate a entrada do prédio, analisei que nada havia mudado, tudo aparentava igual a anos atrás, mas havia uma coisa que não era a mesma e essa coisa era eu.

— Bom dia senhorita! Posso ajudar ? – disse um senhor que estava na recepção.

— Bom dia senhor ... – disse analisando o homem a minha frente, não me lembro de haver alguém na portaria do prédio quando era mais nova.

—Bom dia senhor  Alvez ! ela esta comigo – disse roberto logo atrás de mim.

— Bom dia senhor Guerra ... aceita ajuda com as malas  - disse o senhor indo ao encontro  de roberto.

— Obrigado – disse roberto enquanto caminhava em direção ao elevador, percebi que estavam conversando aleatoriamente, resolvi não prestar a atenção e deixei minha mente vagar, meu coração estava apertado e sabia que o momento que aguardava afinal, ainda falta rever meu irmão e minha mãe, além da turma,  as portas do elevadores se abrem e acompanho roberto e o senhor Alvez  se não tiver enganada , ate o apartamento quando me congelo de frente a entrada.....

Continua....