O Diário de Jimmy escrita por exbloodjunkie


Capítulo 4
Capítulo 3- Holiday


Notas iniciais do capítulo

Esse é o capítulo mais filiz da história



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Então sai andando com o carro naquelas estradas vazias, sem rumo. Uma curva a esquerda, eu virava. Então aparecia uma curva para a direita e eu virava também.

 

Estava perdido naquela noite escura.

 

Não sei porque, nem como, mas vi uma curva para uma estrada vazia. Com uma luz no final. Tinha uma placa, feita por mãos humanas, onde estava escrito "A Cidade".

 

Era para lá que eu devia ir. Sentia isso. Não queria, mas algo em mim dizia que meu lugar era ali.

 

Fiz a curva, e fui andando com o carro. Era um lugar quase completamente deserto - tirando pelas luzes "no final do túnel" e os campos de trigo que lá haviam. O carro estava lento - o que era de se esperar, pois era muito velho. Mas eu ia observando o local: Sem sinal de vida, vazio e escuro. Tirando pela luz no horizonte. Chegando mais perto, reconheci facilmente a música. od Save the Queen, dos Sex Pistols. Eu fiquei curioso e acelerei o carro. Com o tempo, a música ia ficando mais alta. Quando cheguei ao lado da luz, era um salão de festas. Um quilômetro a frente, podia- se ver umas casinhas modestas, mas bonitas. Tinham vários carros estacionados na frente do salão. Eu estacionei o meu também.

 

O salão estava lotado. A música tinha acabado, e todos começaram a conversar. A maioria tinham moicanos, e todos tinham os cabelos coloridos. Uma festa punk- sorri.

 

Como não tinham seguranças, eu entrei. Algumas pessoas olharam para mim, outras fingiram que eu não existia. E a minoria nem percebeu que eu havia chegado.

- Aqui é...?- perguntei para um calado que estava de pé.

- Uma festa. Sabe, essa "cidade" não aparece no mapa. Tem uma escola aqui. E hoje é um feriado. Mas só para nós da cidade.

- Nessa cidade só tem punks?- o jovem deu uma risada.

- Não. Nem todos são punks aqui. Mas seria legal.- olhei em volta; não tinha ninguém se drogando ou algo do gênero.- Sabe, nós aqui não fazemos o tipo de punk "drogado sujo violento". Nós só conversamos sobre nossos direitos, exclusões sociais etc.- ele tinha percebido minha curiosidade.

- Que legal!- sorri.- Nunca achei que existissem punks assim.

- Claro. Tem gente que acha que ser punk é sair batendo em todo mundo, não tomar banho a séculos e que ficar se drogando. É a mesma coisa que falar que um emo é alguém que corta os pulsos, é gay e tem uma franja na cara. Um absurdo isso.- confirmei com a cabeça.- Meu nome é Frank.- estendeu a mão.

- Jimmy.- estendi a mão. Não costumava falar meu nome verdadeiro, mas quele era um caso a parte.

- Quer conversar com o pessoal?

- Ah, quero.

- Onde você mora?

- Fugi de casa. É uma longa história.- encarei o chão.

- Por quê?- ele parecia curioso.

 

Hear the sound of the falling rain
Coming down like an Armageddon flame (Hey!)
The shame
The ones who died without a name

---

Ouça o som da chuva que cai

Caindo como uma praga de Armagedon (hey!)

A vergonha

Daqueles que morreram sem nome

 

- Meu pai morreu a exatamente 13 anos e 3 dias. Desde aquele dia minha vida foi um inferno.- outras pessoas me olhavam, também. Podia jurar que algumas tinham dó.- E, pra piorar, nós nos mudamos para um rancho sem graça. E o pior de tudo, minha mãe ficou noiva do pior cara que existe.

- Nossa.

 

"Conte mais" alguém sussurrou.

 

Hear the dogs howling out of key
To a hymn called "Faith and Misery" (Hey!)
And bleed, the company lost the war today

---

Ouça os cães uivando fora do padrão

Um hino chamado "fé e miséria" (hey!)

E sangrar, a companhia perdeu a guerra hoje

 

- E eu fugi quando ouvi eles falando...- parei. Uma lágrima rolou pelo meu rosto. Ninguém deu a mínima pra isso.- Do meu assassinato.

- Como assim?- todos perguntaram.

- O homem disse que iam me colocar num orfanato quando fossem se casar.

- E...?- o jovem interrompeu.

- E minha mãe disse que iam falar que eu tinha problemas mentais e que não tinham condições de me cuidar.- minhas mãos se fecharam e minhas unhas cravaram na palma de minha mão.- E eu ia ficar louco com os remédios. "Ou morreria" repeti na voz de minha mãe.- todos me olhavam como se eu fosse feito de ouro, diamante, esmeraldas e todas as pedras preciosas do mundo, e fosse um rei. Nunca fui olhado assim, mas era uma sensação boa.

- Caracas...- alguém não muito longe de mim sussurrou.- Isso é perfeito para...- mas parou por aí.

- Bom, é que nós temos uma "associação". Contra a fome, miséria, exclusão social etc., e você poderia liderá- la.- disse Frank.- Você tem um apelido?

- Ah, sim. Tenho um apelido desde que meu pai morreu. Jesus of Suburbia.

- Que apelido maneiro!- alguém no fundo gritou.

- Nossa. Algum "subtítulo"?

- O filho do ódio e do amor.

- P-E-R-F-E-I-T-O.- Frank soletrou sussurrando m meus ouvidos. Pegou meu punho e o ergueu no ar.- Esse é Jesus of Suburbia, o filho do Ódio e do amor!- e todos bateram palmas. Nunca fiquei tão feliz desde que meu pai morreu.

 

I beg to dream and differ from the hollow lies
This is the dawning of the rest of our lives
On holiday

---

Eu estou pedindo para sonhar e descordar das mentiras sujas

Esse é o começo do fim das nossas vidas

Num feriado

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Filiz, não?



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