O Grande Mago escrita por Davi Sumback


Capítulo 2
Montres




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20º Ano De Llane Wrynn– 68º Dia da Primavera

Era manhã quando os viajantes chegaram a Vila D’ouro, com carroças lotadas de barris, sacos e caixas, eram tantos que se perdia de vista, e logo se estabeleceram em uma das saídas da pequena vila. O exército da Aliança chegou logo atrás, com suas carroças metálicas e estandartes da Aliança em algumas, suas rodas eram equipadas com estacas no centro. Antes do almoço, barracas e tendas já estavam sendo montadas e finalizadas. Guardas já tomaram seus lugares na taverna, e os viajantes já lotaram os comércios. Durante dez dias, Vila D’ouro foi uma festa, havia banquetes para os visitantes, com comida farta e muita bebida, havia rinhas de duelistas com espadas de madeiras, do qual os guardas sempre ganhavam. Bardos tocavam a todo tempo, quanto mais agitada estivesse à festa, mais rápido eles tocavam. Durante a madrugada, putas de estradas que vinha com os viajantes tomavam conta dos acampamentos, com suas danças e brincadeiras. Dovahkiin trabalhou com o pai durante todo esse tempo, mas os dois não trocavam uma frase.

20º Ano De Llane Wrynn– 78º Dia da Primavera

Enfim chegou o dia em que os viajantes iriam partir para Ventobravo, capital da Aliança, Dovahkiin arrumou suas coisas em um saco de pano logo quando acordou, estava triste porem conformado, ficou vagando pela vila durante toda a manhã e estava decidido não retornar a sua casa novamente, um velho casebre de madeira quase toda apodrecida, sem muitos moveis o que causava um eco constante, os buracos causados na parede pela madeira podre não os protegia do frio e nem dos ventos.

Perto do meio-dia começou a andar pelas redondezas do acampamento do exército, não poderia se voluntariar ao mesmo sem autorização de seus pais, era necessário por ser muito novo perante o reino, porem não perdeu as esperanças. Algumas horas se passaram e em fim chegou a hora de partir, Dovahkiin entrou na fila para o recrutamento, e então chegou sua vez.

–Diga o que você sabe fazer, pobre rapaz – Disse o soldado a sua frente.

–Trabalho como ferreiro desde os dez anos, hoje tenho dezesseis, já tenho experiência com forja – Disse Dovahkiin.

–Onde trabalho durante todo esse tempo? Fazendo facas aos cozinheiros? – Disse o soldado debochando.

–Trabalhei com meu pai senhor, na Ferraria Kundun – Respondeu Dovahkiin, não ficou bravo por causa do deboche, estava acostumado, as pessoas de fora sempre faziam piadas sobre os pobres daquela vila.

–Chama aquilo de ferraria? Aposto que não sabe nem balancear uma espada. Não precisamos de ferreiros medíocres. Próximo – Gritou o soldado.

–Deixa ao menos provar ao senhor que posso ser útil. Preciso ir com vocês - Implorou Dovahkiin.

–Mais uma palavra sua e irei me aborrecer, e não quero gastar minhas forças com um verme como você – Disse o soldado de forma ignorante e bruta.

Dovahkiin abaixou a cabeça e se retirou da fila, sentiu-se perdido, sem lugar para onde ir, não iria retornar a casa e não iria ir com os soldados. Perambulou desolado em direção aos viajantes, esses que eram comerciantes de estradas, andavam por todo reino de vila em vila, compravam e vendiam de tudo, algumas vilas dependiam deles, pois levavam verduras e legumes a onde não poderia ser plantados, e levavam minérios a onde não tinha minas. Eles faziam um favor informal para o reino, distribuindo os recursos do entre as vilas, mas cobravam por isso, é claro.

–Ei, você – Disse uma voz grossa e carrancuda. Dovahkiin olhou a sua volta e não viu ninguém.

–Aqui – Disse a voz.

Dovahkiin olhou e avistou um anão ao lado de um barril sentado em um caixote, barba ruiva grande e volumosa, os cabelos também ruivos estavam vazando por baixo de uma touca de couro, todas as peças de sua roupa eram de couro, tinha o nariz largo e olhos estreitos, era uma aparência normal dos anões.

–Ouvi você falando que trabalha em uma ferraria – Disse o anão.

–Sim, com meu pai – Respondeu Dovah.

–Preciso de alguém para reparar minhas peças, você pode ir comigo durante a viagem se quiser, porem não precisarei mais de seus serviços quando chegar à cidade, ira ficar sozinho novamente, aceita?

–Feito – Disse o garoto. Não tinha mais para onde ir, isso lhe era perfeito. Quando chegasse a cidade decidiria o que iria fazer.

–Ira aceitar uma proposta sem ao menos saber o nome de quem propôs? Ou tem muita coragem, ou é muito tolo – Disse o anão sorrindo.

–Não tenho nada a perder, o máximo que pode acontecer é minha morte, e isso não me amedronta – Disse Dovahkiin tentando parecer bravo e destemido.

–Como imaginei, você é um tolo, até o mais bravo homem teme a morte. Mas não tenha medo de mim, não faço tal crueldade a alguém há muito tempo, a não ser que rele em minha caneca de cerveja não terei motivos para te arrancar à vida – Disse o anão seguido de uma gargalhada barulhenta. Dovahkiin o acompanhou.

–Acabei de conhecê-lo, como poderei saber se está dizendo a verdade, senhor? Como é seu nome mesmo? – Dovahkiin sorrindo.

–Montres, meu nome é Montres. Olhe para mim, eu tenho cara de matador? –perguntou o anão

–Como diz o ditado, santos também matam senhor.

–Não me chame de senhor, tenho apenas vinte quatro invernos de idade, minha pélvis está em pleno funcionamento – Disse o anão seguido de mais uma gargalhada – Diga este ditado as magas de Ventobravo e lhe arrancarão a cabeça.

–Por quê? – Disse Dovahkiin curioso, acompanhando o anão em uma lenta caminhada em meio a carroças lotadas adentrando a comitiva dos viajantes.

–Segundo as magas, elas não matam, e sim purificam o ser lhe tirando a vida promiscua e pecadora. Elas não passam de mulheres egoístas e rancorosas – Respondeu Montres.

–Sempre achei que as magas eram ótimas pessoas, que ajudavam todos e tudo, com uma inteligência superior a todos – Disse Dovahkiin decepcionado.

–Elas são muito inteligentes, isso é inegável, porem só usam a seu favor, nem mesmo nosso rei Llane pode discutir com elas, pois pode ofendê-las e assim ficara sem magas para ajudar a curar os soldados nas batalhas, pelo menos é o que dizem nas ruas de Ventobravo.

–E os magos? – Questionou Dovahkiin. Montres deu uma longa gargalhada.

–Mago homem só tem um, o tolo do Antônidas. Nenhum homem quer ser mago, é muita desgraça para uma pessoa só. – Respondeu o risonho anão.

–Também irei me tornar mago e logo serei Ministro Do Distrito Dos Magos, sequer até um Grande Mago de Kirin Tor. – Respondeu o garoto sonhador seguido de outra gargalhada do anão, ainda mais alta e longa que todas as outras.

–Continue a falar e irei começar a viagem com os calções molhados de tanto rir. – Disse Montres se recuperando as tosses da longa risada.

O anão parou ao lado de uma carroça carregada de barris cheios. Montou-se nela, Dovahkiin segui logo atrás, supunha que era a carroça do anão.

–Não estou fazendo piada, e acho que o senhor está bêbado. – Disse o jovem ferreiro.

–Eu sou um anão, eu estou bêbado desde quando cheguei a esta vila, ou até mesmo antes, já não me lembro.

E com uma batida de rédeas e um solavanco, a carroça começou a andar.

–Me diga garoto, qual é seu nome? – Perguntou Montres.

–Dovahkiin.

–Kundun? – Perguntou o anão. Sabia que Dwein Kundun, dono da pequena ferraria, era seu pai, ouvira no depoimento ao soldado da Aliança.

–Não, perdi meu sobrenome, e o seu? Qual nome de sua família? – Perguntou Dovahkiin.

–Também me foi arrancado, faz tanto tempo que não lembro mais qual é.

–Você é novo, não lembra porque está bêbado – Retrucou o jovem.

–Provavelmente – Disse Montres.


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