I will never forget you. escrita por Lorena


Capítulo 41
Desire and shooting?


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem voltou rapidinho!
Muito obrigada pelos comentários! Me deixaram super feliz.
Espero que gostem! Beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/631174/chapter/41

A brisa vem calma, completamente serena, e tento fazer com que meus pensamentos a acompanhem. Lucca se diverte com os colegas no parque, completamente alheio aos meus anseios, acho que prefiro assim, quero que ele cresça feliz, que torne um adulto alegre, que se lembre de sua infância como a melhor época de sua vida, então faço o que posso para ele não perceber a bagunça que é nossa vida atualmente.

Ontem foi o dia que tudo desandou. Uma bomba foi atacada em zona de guerra, houve mortes, muitas por sinal, mas o que eu mais preciso eles não me dão. Preciso de nomes, preciso do nome de Lucca e de todos os meus amigos fora da lista de mortos.

Também aconteceu o que eu rezava todas as noites para não acontecer, Alice se foi. Era um dia normal para ela, como qualquer outro, recebendo a quimioterapia em casa, mas houve uma infecção irreparável e aquilo foi a gota d’água. Ela se foi, e não pude estar ao seu lado. Acho que não irei superar isso tão fácil. Todos os dias antes de dormir eu fecho os olhos e visualizo seu rosto pedindo por ajuda.

Mas também tiveram notícias boas, antes de bombas e mortes. Tive outro ultrassom, estou com onze semanas de gestação, e meu bebê está perfeito, sem nenhuma complicação.

E também meu pai, ele está cem porcento. “Pronto para outra” Ele brinca sempre que nos falamos, o que não me deixa nada feliz, não é certo brincar com essas coisas.

– Mamãe! Mamãe! – Berra meu filho, ele está parado a minha frente, totalmente animado.

– Pelo amor, se acalma Lucca. – Peço e ele se senta ao meu lado no banco. – O que aconteceu?

– A madrinha, ela está vindo, olha. –Aponta para a figura de Clara há poucos metros de nós. – Ela perguntou se eu quero dormir na casa dela, posso? – Junta as mãos e me implora com olhar de cachorro abandonado.

Onde ele aprendeu a fazer isso?

– Parece que ele já contou. – Observa Clara e juntas rimos da expressão de Lucca. – E então, ele pode?

Analiso a situação, pondero por poucos minutos apenas para ver a ansiedade incessante no olhar do meu pequeno.

– Claro que pode. – Digo e sou agradecida com o abraço mais gostoso do mundo, como amo.

– Te amo, mamãe! – Exclama me enchendo de beijos.

– Também te amo. Agora vai brincar um pouco, preciso conversar com sua madrinha. Tudo bem? – Indago e ele assente.

– Ele está tão crescido. – Comenta Clara e eu assinto.

– Nem me fale.

– Mas e essa menina aqui? – Indaga colocando as mãos sobre meu ventre.

– Está ótima. – Respondo sorrindo e encarando minha barriga, que já possui uma pequena protuberância.

–**-

Acordo sobressaltada, minha boca está salivando, há quanto tempo não sentia isso? Obviamente desde a gravidez de Lucca. Mas não quero nem acreditar no que estou desejando. Sorvete de seriguela. Faz tipo uns dez anos que não como disso. Mas eu preciso, para agora.

Nem me importo de estar de pijama, saio com o carro assim mesmo, em busca daquele treco. Ainda bem que Luquinha ficou com Clara, não poderia levar meu filho essa hora da noite para saciar meu desejo de grávida.

Já passa das três da manhã, fazem exatas duas horas que estou rodando a cidade em busca desse sorvete, nem imaginava que tinham tantas sorveterias vinte e quatro horas por aqui, mas nenhuma tem o bendito. Todos me olham com cara de maluca quando pergunto por ele.

Dessa vez estaciono em um posto de gasolina e me dirijo até a lojinha de conveniência, quem sabe, né?

Meus olhos passeiam por toda a extensão do freezer, e se arregalam ao ler: Seriguela. Pisco, foco no sorvete e suspiro aliviada por finalmente encontrar. Pego o bote de dois litros e me dirijo até o caixa totalmente extasiada por ter ele em mãos.

Não consigo não achar graça da cara que a atende faz ao ver uma mulher de pijama às três da madrugada com um sorvete completamente incomum em mãos.

Ela me oferece uma colher e no mesmo segundo abro o pote e começo a devorar o sorvete, é como se eu tivesse provando um pedacinho do céu. Mágico.

Ao abrir a porta dou de cara com um homem, não me preocupo em olhar para ele, apenas escuto seu sussurro de espanto:

– Nossa.

– Sabe como é desejo de grá...- Interrompo minha fala ao ver quem está na minha frente. Completamente comum encontrar Miguel a essa hora em uma loja de conveniência qualquer.

– Sophia, o que você está fazendo aqui? Essa hora? – Indaga e eu reviro os olhos, ele quer mesmo que eu lhe dê explicações?

– Comprando sorvete, não é óbvio? – Pergunto irônica e o vejo revirar os olhos.

– É melhor você voltar para casa, não é seguro essa hora. Vem eu te acompanho. – Fala alarmado.

Oi?

– Opa, opa, opa, amigo. Eu posso muito bem voltar para a casa sozinha.

– Você não entende que é perigoso? – Indaga aumentando o tom de voz.

– O que é perigoso? – Pergunto passando o peso do meu corpo para a perna esquerda e o encarando.

– Você sozinha essa hora da madrugada. – Responde como se fosse óbvio. – Por isso eu fiquei. Você não entende o risco?

– Aí, vê se me erra. – Grito e no mesmo instante escuto um estrondo, o que faz com que Miguel me empurre para de dentro de um carro.

– Merda! – Exclama batendo a mão no volante.

– O que que foi isso? O que está acontecendo? – Pergunto alarmada ainda com o pote de sorvete em minhas mãos

– Isso foi um tiro. – Fala como se eu fosse uma lesada. – E não duvido nada que foram os seguidores.

– Miguel, fala português! – Ordeno e antes de ele me responder, outros disparos são dados, eles não param, e Miguel arranca com o carro.

Eu não estou entendo nada.

– Vou ser bem rápido. O Estado Islâmico não gostou das tropas brasileiras atrapalhando eles, então mandaram seus seguidores para cá, eles estão espalhados, procurando as famílias dos soldados. – Despeja e meu coração se aperta.

– Eu preciso pegar meu filho! Ele está na casa da Clara, não está nem um pouco protegido, o irmão dela foi para lá também! – Me desespero e vejo Miguel ficar tenso, vejo que ele quer, precisa proteger Lucca.

– Onde ela mora? – Pergunta virando em várias ruas aleatórias, os disparos parecem ficar mais próximos. Ele está me levando para zona de guerra por acaso?

– Perto de casa, eu te dou as coordenadas. – Digo por fim e ele me obedece, quando estamos quase chegando ele apenas diz:

– Vocês vão para a minha casa, e isso não se discute. Estarão protegidos por lá.

– Desde quando você acha que manda em mim? – Indago achando graça daquela sua posse toda.

– Você não está entendendo a gravidade de tudo isso, né? Eles sabem onde você mora, sabem de tudo. Não vou deixar meu filho morrer por birra sua! – Berra me assustando- Você pode por favor esquecer disso por algum tempo e focalizar no bem-estar do Lucca? – Indaga e eu completamente sem fala, apenas concordo.

Agora estou em suas mãos, pelo que entendi a minha vida e a dos meus filhos dependem dele, e não há nada que eu possa fazer, a não ser concordar com o que ele fala.

Quem diria...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

...