"Você ficou realmente surpreso quando ela deixou todas as suas memórias para trás ela nunca disse que estava doendo mas que garota admite, quando diz estar bem?"

POV Lucca:Flash back on: conversa sobre o passado.
Deixo Lucca com uns amigos e me direciono até o banco onde Sophia está sentada. Ela está pensativa, olhando para o filho, mas perdida em seus pensamentos.
– Oi! - falo meio sem jeito e ela desperta de seus devaneios.
– Oi. - ela responde sorrindo e se ajeita no banco.
– Tudo bem? - pergunto querendo puxar assunto.
– Tudo sim, preciso conversar com você. - ela fala apreensiva e eu fico nervoso.
– Pode falar. - digo firme e ela respira fundo antes de começar.
– Olha, sei que nos conhecemos na adolescência e tudo mais, mas queria que esquecêssemos isso, você me deixou bastante chateada no passado e eu queria que começássemos de novo, como se tivéssemos nos conhecido aquele dia no parque. - ela fala arrastando as palavras e eu assinto, eu realmente era um idiota, essa é a minha chance de mostrar para ela que mudei.
– Tudo bem, eu te entendo e lhe peço desculpas por tudo que um dia fiz a você e quero que saiba que eu não sou capaz de te magoar novamente, eu nunca tive esse direito e você vêm sendo muito boa para mim. - falo sincero e vejo um sorriso surgir em seus lindos lábios.
Ela ainda não sabe, mas ela e Lucca se tornaram as pessoas mais importantes para mim, eles são as pessoas mais próximas a mim, as únicas que ainda tenho, e não vou deixar nada acabar isso.
– Tudo bem, eu acredito em você. Amigos? - ela pergunta estendendo a mão e eu a abraço.
Flash back off:
Sophia, quem diria. Encontrar ela foi ótimo, senti nela e no seu filho o conforto que precisava, tenho neles a família que não tenho há tanto tempo.
Realmente me surpreendi com ela, eu era muito besta quando adolescente, tratava ela como um nada, apenas me aproveitava por ela gostar de mim, me arrependo muito disso, fico feliz por ela não guardar rancor de mim, fico feliz por ela aceitar me ter em sua vida e me dar mais uma chance, ela vai ver que eu mudei, nunca mais irei magoa-la.
Confesso que quando a vi naquele parque, fiquei encantado, digamos que meu coração quase saiu pelo peito, mas eu nunca me apaixonei, não sei se um dia isso acontecerá comigo, coisas como casamento e morar junto, mas se um dia acontecer, gostaria que fosse com ela, ela tem algo que raramente vejo em mulheres, pequenas coisas que fazem a diferença para mim: carinho, brilho nos olhos, simpatia, acho tão engraçado quando ela fica envergonhada com alguma coisa, fica vermelha e toda sem jeito. Já a maneira que ela viveu sua vida é realmente admirável, criar um filho praticamente sozinha, em plena adolescência, não deve ser nada fácil. Esse cara que a deixou foi um completo otário, ela não o merece.
Ela não tem noção do quanto é importante para mim. Tê-la ao meu lado me deixa seguro, sem falar que eu não tenho mais os meus surtos, estou me recuperando bem, ainda tomo alguns remédios, mas Doutor Luís está confiante e eu também.
Sophia e Lucca acabaram de ir embora, sei que o que fiz foi meio louco, mas não para mim, sinto algo incrível quando estou com Lucca, ele me ajudou tanto e vê-lo sofrer por conta de um pai, me machuca, e eu sinto que posso ser esse pai que ele precisa, e ele quer isso, mas Sophia se mostrou bastante relutante. Eu realmente não tenho direito nenhum sobre ele, sei que é algo inusitado, afinal, sempre foi ela e ele aí do nada eu apareço, mas eu realmente quero isso, quero poder ser o pai que ele precisa, quero ter a oportunidade de ser pai novamente então espero que Sophia aceite.
A culpa que sentia pela morte de meu filho era horrível, não conseguia me controlar.
Ainda tenho meus lapsos, pequenas recordações que me fazem sentir impotente, minha consciência cisma em me trazer antigas memórias, mas um dia eu irei me recuperar totalmente, Lucca e Sophia são essências para isso.
Com determinação, pego várias caixas de papelão que estão empilhadas na garagem, subo com elas até o segundo andar, começo a encaixotar tudo que um dia pertenceu ao meu filho, Luís cobrou isso de mim desde o começo, e agora eu finalmente me senti livre para fazer isso, sem culpa.
Eu preciso disso, preciso parar de me culpar por tudo, preciso seguir em frente e esse vai ser meu primeiro passo.
Em meio a tantas roupas, brinquedos e móveis, as recordações voltam, mas elas não tiram minha sanidade, as memórias voltaram com uma boa intensidade, lembro de todos os momentos em que fiquei feliz em tê-lo comigo, o seu nascimento, a volta para a casa, as noites que passei acordado, apenas o olhando dormir, aquilo me deixava tranquilo, tê-lo comigo acalmava todo o meu corpo, nada pode estragar aqueles momentos, e é assim que devo me lembrar dele, com as boas recordações e esquecer daquele fatídico dia.
Larissa era uma boa pessoa, sempre muito atenciosa, mas eu não a via como ela me via, eu ainda estava detonado pela morte de meu avô, e via nela uma distração necessária, sei que não foi certo, mas se eu não tivesse tido aquele envolvimento, as coisas teriam desmoronado mais cedo.
Ela realmente gostava de mim, mas foi compreensiva com o acontecimento, não fez drama nem nada, apenas aceitou. Me lembro do dia que a recebi em minha casa, ela estava desesperada, os pais tinham a expulsado de casa e eu a abriguei sem pensar duas vezes, aquilo foi algo que fizemos juntos, não iria fugir de minha obrigação.
Os últimos meses foram os mais calmos de minha vida, meses que descobri, ou melhor, tento descobrir esse novo sentimento. Mal sabia eu que um dia chegaria a querer algo além de amizade com Sophia, nunca imaginaria que um dia meu coração falasse mais alto que minha consciência, o que ando sentindo por ela é inexplicável e eu vou ter que fazer algo a respeito disso, mas no tempo certo.