HABITS

Sirius Black estava bêbado. De novo. Aquilo já estava se tornando um hábito e a culpa era da maldita McKinnon! Marlene havia terminado com ele. De novo. James, Remus e Peter já nem se davam o trabalho de se importar, Sirius e Marlene terminavam e voltavam o tempo inteiro. Ainda assim, dessa vez o Black sabia que era diferente. Já havia se passado uma semana e a garota não dava nenhum sinal de mudar de ideia. De certo modo, o rapaz sabia que ela estava certa. Eles não faziam bem um ao outro, ou funcionavam como casal. Brigavam o tempo inteiro, discutiam pelas coisas mais ínfimas e não eram raras as crises de ciúmes e os ataques de raiva. Aquele era um relacionamento completamente tóxico e doentio e o melhor que podiam fazer era ficar separados.

Pensando racionalmente aquela era a melhor decisão, mas Sirius Black nunca fora alguém racional. Não! Ele era do tipo que jogava sem medos, que primeiro agia e depois pensava. Tudo em sua vida era exagerado e passional, seu relacionamento com Marlene não podia ser diferente. A maldita McKinnon fora a única garota que ele já amara. Merlin sabia que ele não queria amar aquela loira, sardenta e desgraçada. Merlin sabia que ela deveria ser apenas mais um de seus casos de uma noite, mas não fora o que aconteceu e agora ele estava completamente miserável.

Aquilo era tão ridículo! Desde quando Sirius Black sofria por amor? Ele era Sirius Fuckin’ Black não ia ficar chorando pela McKinnon. Se ela não o queria mais que fosse para o inferno, o que não faltava era mulheres loucas por ele. Então, lá estava ele transnado com uma garota diferente a cada dia – ás vezes mais de uma – e se embebedando. Porque Sirius nunca soube lidar com a dor, nunca soube lidar com a perda, nunca souber lidar com o fato de não poder ter tudo o que queria. Em momentos assim buscava as saídas mais rápidas e fáceis, buscava os anestésicos que fariam a dor parar e os remédios que o fariam esquecer.

Esquecer era tudo o que queria. Porque não importava o quanto tentasse Marlene estava sempre em sua cabeça. Não conseguia esquecer seus cachos loiros, seus olhos azuis e seus seios fartos. Tinha cada centímetro de seu corpo memorizado, cada uma de suas sardas, cicatrizes e marcas. Sua voz ecoava repetidamente pela cabeça do rapaz e, às vezes, quando estava em completo silêncio, conseguia ouvir sua risada nasalada e irritante.

A parte mais estranha era que sentia falta até mesmo das coisas que odiava, como a mania da garota de revirar os olhos a cada cinco minutos, seus comentários sarcásticos e ácidos e o fato de achar que estava sempre certa e sair distribuindo ordens por aí. Sentia falta do modo como ela o desafiava e de ouvi-la tagarelar sobre Quadribol, fotografia e rock independente. Sentia falta da boca suja de Marlene, de suas ideias insanas e seu espírito selvagem. Sentia falta de seus beijos, de seus toques e até mesmo de seus tapas. E tudo aquilo o estava enlouquecendo!

Então, lá estava ele, bêbado novamente, porque o álcool era a única forma de manter a menina fora de sua cabeça. A única forma de fazê-lo esquecer, pelo menos por algumas horas, que Marlene McKinnon existia e havia partido a porra do seu coração. Acima de tudo queria esquecer que sentia falta dela, porque era orgulhoso demais para admitir que precisava da menina e a amava como nunca havia amada algo ou alguém. Provavelmente passaria o resto da vida chapado, apenas para não admitir o óbvio. Merlin, como ele odiava aquela desgraçada!

“ You're gone and I gotta stay

High all the time

To keep you off my mind

Spend my days locked in a haze

Trying to forget you babe

I fall back down

Gotta stay high all my life

To forget I'm missing you”

E lá estava ela novamente em sua cabeça. Aquilo o fazia querer gritar, quebrar alguma coisa, socar alguém. Mas ao invés disso apenas caminhou até a garota que sorria maliciosamente até ele, levando-a o mais rápido possível para o banheiro e transando com ela. Pouco se importava em saber seu nome e mal se lembrava de seu rosto. Não importava, precisava dela apenas como uma distração, alguém para fazê-lo esquecer, para anestesiar sua dor e para provar ao mundo que estava tudo bem. Porque ele era Sirius Black e Sirius Black não sofria por amor.

“Staying in my play pretend

Where the fun ain't got no end

Can't go home alone again

Need someone to numb the pain”

Depois retornou ao bar e virou mais um copo de Whisky de Fogo, e após esse outro e mais outro. E continuaria com aquilo o quanto fosse necessário para esquecer Marlene, ou se convencer que já não sentia sua falta.

“Gotta stay high all my life

To forget I'm missing you”