Any Other Day escrita por Orquídea


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, agradeço a quem favoritou, comentou e está acompanhando, aqui vai mais um capítulo, boa leitura!



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– Me perdoa. - ele pede de novo e eu viro para que eu possa olhar pra ele.
– Não. - eu enxugo minhas lágrimas com as costas da minha mão e uso os polegares para enxugar as lágrimas dele que estava de olhos fechados. - Não posso te perdoar por que eu não tenho o que perdoar.- ele abre os olhos e além de um pouco de vermelhidão eu vejo confusão em seus olhos castanhos.
– Eu sei que você me culpa...
– Não, não você, não o Tony pai do meu filho e meu marido. Eu culpo o Tony que é meu ex-marido, o egocêntrico que tem a necessidade de mostrar ao mundo o quão versátil ele pode ser, o quão poderoso e genial ele é até mesmo em uma situação degradante, eu culpo ele, mas acima de tudo o Homem de Ferro. - ele não retrucou e nem fez menção a isso apenas me olhava. - Você quase morreu naquele dia, Tony, e eu sei que se você pudesse teria feito qualquer coisa pra impedir o que aconteceu. - eu acaricio seu rosto, e, é questão de segundos para que nossos lábios se colem, é um beijo molhado, salgado e ressentido quando o beijo acaba a gente se encara por alguns segundos até que eu o beijo desesperadamente, ele fica por cima de mim e quando o ar acaba ele encosta sua testa na minha nossa respiração já é um pouco mais pesada e damos inicio a outro beijo e outro e mais outro, ele tira a minha blusa e eu deslizo minhas mãos para a barra de sua camisa ele ergue os braços e eu a tiro, a luz azul do reator ganha mais vida e passo ponta do dedo ao seu redor, deslizo a mão sobre seu peitoral e ele a segura e a beija ele salpica beijos pelo o meu braço, ombro até chegar em meu pescoço sua barba roçou em minha pele e eu ofego, ele roça a ponta de seu nariz no meu antes que capture os meus lábios, minhas mãos estão em suas costas e eu deslizo uma delas até chegar em sua calça e conhecendo Tony como eu conheço sei que no bolso da sua calça tem uma camisinha, eu enfio a mão em seu bolso e tiro o pacote prateado, mas ele toma da minha mão e o joga em um canto qualquer do quarto. - Tony...
– Eu tô limpo, Pepper. - ele me avisa. - E eu quero você como minha mulher. - ele ergue sua mão esquerda para que a aliança que usa fique visível e eu faço o mesmo para que ele veja que não é o único e ele sorri. Depois que nos separamos eu tentei parar de usá-la, mas era difícil, olhar para o meu dedo e não vê-la era estranho então eu a colocava outra vez, acho que me apeguei a esse círculo dourado por que durante muito tempo ela foi símbolo da minha união com ele e com a nossa família e tirá-la significava que tudo tinha chego ao seu fim. - Minha mulher por inteiro. - sinto sua ereção contra a minha virilha e ele me beija, nós continuamos a nos despir e em pouco tempo nossas roupas estão no chão e ele está dentro de mim. - Eu te amo. - ele sussurra em meu ouvido.
– Eu também te amo. - respondo e arranho suas costas quando sinto sua entrada novamente.

Ele determina um ritmo intermediário e eu perco a linha de raciocínio, não sei se o agarro, se o colo mais contra mim ou se puxo os lençóis, ele abafa meus gemidos com beijos apaixonados e se contem para ir mais fundo quando quer, nós sussurramos tanta coisa um pro outro, mas eu não me atino as palavras apenas nele e no que ele me faz, eu sinto algo dentro de mim se contraindo as minhas pernas começam a endurecer e ele aumenta a velocidade de suas investidas, eu o chamo, grito, o beijo, o amo, o arranho e juntamente com ele gozo, a respiração descompassada e o batimento forte do meu coração junto com o zumbido do reator é a única coisa que se escuta no quarto, ele escondeu seu rosto na curva do meu pescoço e eu acaricio seus cabelos ele beija meu pescoço e eu o aperto contra mim.

– Eu vou virar, tá?
– Uhum.- ele passa o braço por baixo de mim e nos vira me deixando em cima dele, agora é ele quem acaricia meus cabelos enquanto eu sinto o zumbido do reator e serpenteio meus dedos pelo o seu peito. O silêncio antes tão agradável agora se mostra muito ruim, minha consciência me condena e com razão por que em um minuto eu e ele estamos chorando por nosso filho e no segundo seguinte estamos transando.
– Não.- ele diz e eu desperto de meu julgamento, pensei que ele tivesse cochilado e estava falando durante o sono, mas quando levanto a cabeça seus olhos castanhos estão me fitando.
– Não o quê?
– Não pense que o que fizemos foi errado.
– Mas foi.
– Não, Pepper, não foi. Esse foi o nosso jeito de desabafar...
– Transar?!- eu levanto bruscamente me sentando e puxando o lençol para cobrir meus seios enquanto ele se se apoia nos cotovelos.- O nosso jeito de desabafar o desaparecimento do nosso filho que já dura 8 anos é transando? É um lindo desabafo.- ironizo.
– E você queria que fosse como com nós dois se matando? Nesses anos todos em que procuramos outros meios algum foi menos doloroso que esse?- eu não o respondo.- O que fizemos aqui não é errado, nós estamos sofrendo e não vamos ser os primeiros a fazer sexo por sofrimento, por saudade, por carência ou por qualquer outro desses sentimentos chatos que ninguém quer sentir, eu não te procurei achando que transaria com você te procurei por que...
– Você precisava estar do lado de alguém que estivesse passando pelo o mesmo sofrimento, por que talvez assim a dor diminua um pouco. Você tem razão no que disse, mas eu penso...
– Então pare de pensar, Pepper! Só fique aqui comigo, e divida a dor, o amor, o ódio, o silêncio, a cama...- ele se interrompe e gesticula com as mãos.- Só pare e esteja aqui.- a confusão que habita a minha cabeça não para, mas mesmo assim eu atendo o seu pedido e paro ou pelo menos tento parar o julgamento que faço, ele se joga na cama de olhos fechados e eu permaneço encarando ele por alguns segundos até que me deitei fazendo seu peito de travesseiro e fui acolhida por seus braços que me rodeiam e me ninam, hoje, dormirei nos braços do Tony que é meu marido, nos braços do Tony que é meu por inteiro.

O dia chega e a claridade entra através da janela, achei que ele não estaria aqui, mas o braço dele me rodeia e eu brinco um pouco com seus pelos antes de levantar, eu tive cuidado para realizar essa tarefa e assim que consegui corri para o banheiro e me enfiei debaixo da água morna do chuveiro, repassei a noite de ontem enquanto me banhava e quando saí ele não estava mais no quarto não me admirei com isso, troquei de roupa e fui a cozinha quando cheguei lá encontrei com Scooby que estava se deliciando com a ração que eu me lembro muito bem de não ter colocado, olhei pra geladeira e encontrei um bilhete na porta.

"Alimentei o pobre do Scooby que me acordou chorando de fome. Me chamaram para uma missão, mas quando eu voltar nós conversamos.''

Tony

Não sei o que ele quer conversar nem o que esperar dessa conversa e muito menos que Tony vou encontrar, mas sei que de alguma forma eu vou me arrepender dessa noite.

Eu passei dias fora em uma missão atrás da outra e quando eu voltei Jarvis me disse que eu tenho de ir para a empresa por que hoje terá a apresentação de um novo projeto de uma moto auto sustentável e como Pepper está viajando a negócios o outro presidente tem de ir, ou seja, eu. Por falar em Pepper desde aquele dia ou noite que não nos falamos deixei escrito em um bilhete que precisamos conversar, mas sinceramente não sei o que lhe dizer, fecho os meus olhos aguardando pacientemente que o elevador me leve até o andar da presidência e quando as portas se abrem eu agradeço mentalmente.

– Bom dia. - cumprimento embora seja quase meio dia.
– Bom dia. - me cumprimentam os funcionários e quando entro na minha sala eu dou de cara com uma loira que eu fique há algumas semanas.
– Oi, Tony.
– Quem te deixou entrar aqui? - pergunto a loira que está sentada em cima da minha mesa, ela morde o lábio e me da um sorriso sacana.
– Seus funcionários, eu disse que você e eu tínhamos uma reunião particular e me deixaram entrar. - eu rolei os olhos, era só o que me faltava mais um grude, tudo bem que ela é bem gostosa, mas não deixa de ser um grude. - Senti saudades.
– Eu te disse pra não se apegar.
– Como você é convencido.
– Foi você quem veio me procurar e não o contrário. - ela não me respondeu, se levantou caminhou até mim, enroscou o dedo indicador na ponta da gravata e foi me puxando.
– E você não se apegou nenhum pouquinho?
– Tenho motivos?
– E se eu der?
– Aí eu te respondo. - eu passo o braço ao redor de sua cintura e a puxo colando o seu corpo no meu ela me ataca com um beijo e nós caminhamos em direção a mesa, eu a viro e ela fica sobre a mesa mais uma vez eu tiro o seu sutiã com destreza e abocanho um de seus seios, ela afasta as pernas e eu deslizo minha mão por seu corpo até chegar no ponto que eu quero, ela geme enquanto dou chupões em seu pescoço e sente meus dedos e eu puxo seu cabelo.
– Adoro quando você puxa meu cabelo. - puxo de novo e ela ofega.
– Assim? - ela assente e abre minha calça tira meu pênis de dentro da cueca e começa a me masturbar.
– ANTHONY! - merda! Esqueci de trancar a porta.

O grito do meu pai preenche toda a sala e de repente eu me sinto como uma criança de novo, eu ela trocamos olhares e passamos a tentar nos recompor enquanto eu ajeito a minha cueca e calça para que esconda a minha semi ereção ela tentava fechar o sutiã que eu já tinha tirado.

– Me ajuda. - ela sussurra e a minha vontade é de dizer: "se vira", mas eu sou solidário e a ajudo quando eu a olho e vejo que mesmo descabelada ela está apresentável ela faz um sinal com a cabeça e eu me viro e vejo que ele não está só, meu olhar cai sobre a Pepper que olha pra mim e pra... pra... loira com indiferença.
– Pai. Pepper. Essa é a...- eu estalo os dedos e ela completa.
– Ally.
– Isso. E a Ally está de saída, não é, Ally? - ela não responde eu sigo empurrando-a e quando ela está prestes a cruzar a porta ela tenta me beijar, mas eu viro o rosto e o beijo pega na minha bochecha, eu fecho a porta e mais uma vez me viro para encará-los. - Pepper, eu... Sobre aquela noite...
– Não a nada o que dizer, você me procurou por que queria estar perto de alguém que entendesse a sua dor e eu entendo melhor que ninguém, ponto. - eu tento retrucar, mas não consigo e então coço a minha cabeça. - Você não me deve satisfações. - ela completa e sorri.
– Mas e então por que os bons ventos os trazem? - pergunto mudando o assunto.
– Viemos falar do balanço e dos projetos relacionados a fontes renováveis...
– Na verdade. - interrompe Pepper. - Eu só vim acompanhá-lo, Sr Stark.
– Como assim? - ele pergunta.
– Eu vim aqui com o senhor por que queria comunicá-los que estou me afastando da Stark.
– O quê?! - eu exclamo. - Não, você não pode fazer isso, eu e você dividimos a presidência, lembra?
– Tocar uma empresa não é tão difícil, eu guiei ela sozinha por um tempo e não é esse bicho de 7 cabeças que você desenha, e além do mais você e seu pai são ótimos trabalhando juntos.
– E quando você fará isso?
– Hoje, sei que estou comunicando muito em cima da hora, mas é que por conta da viagem tive que deixar em segundo plano e só agora tive tempo pra me situar, vocês sabem que eu não sou de tirar férias ou licença, mas é que eu realmente preciso muito desse tempo.
– Pra quê? Você tá doente? - eu pergunto e ela nem me olha e também não me responde.
– Tudo bem, fique fora o tempo que precisar.
– Acontece que o presidente disso aqui sou eu e eu não autorizo isso.
– Então eu peço demissão.
– Não vamos tomar medidas drásticas, certo? Você quer uma licença e terá, eu e Tony seguramos as pontas por aqui.
– Obrigado, Sr. Stark.
– Por que mesmo me conhecendo a tantos anos e sendo minha nora você ainda me chama dessa forma?
– Questão de respeito e eu não sou mais sua nora deixei de ser a muito tempo.
– Pra mim ainda continua sendo minha nora. - ela ri sem humor deixa a pasta em cima da mesa e caminha até a porta. - Como eu disse, Pepper, fique fora o tempo que precisar.
– Obrigado. Tchau, Sr. Stark. Tony. - ela sai da sala e eu ando em direção a mesa, me jogo na cadeira da presidência, afrouxo a gravata e depois me irrito e desfaço do laço que estava me enforcando ou pelo menos era essa a sensação que eu tinha.
– Essa porcaria! - reclamo e jogo o pedaço de pano em lugar qualquer da sala.
– O que você acha que isso é, Anthony?! Um bordel?!
– Ah, meu saco!
– Você quer transar? Ótimo, vá, sexo é bom, é maravilhoso, mas na minha sala não!
– Minha sala, Howard, eu sou o presidente das Indústrias, lembra?
– Que eu saiba você e a Pepper entraram em um acordo pra dividir a presidência e como ela saiu essa sala volta a ser minha.
– E você deu ouvidos a isso? Amanhã ela tá de volta.
– Ela não vai voltar.
– Ela vai, ela sempre volta. - ele balança a cabeça negativamente e passa mão no bigode. - O que você veio fazer aqui, hein?
– Eu que sou velho e você que é o surdo? Já falei o que eu vim fazer aqui, Tony. - eu rolo os meus olhos e me levanto.
– Olha, Howard, se você quer tanto trabalhar eu vou lhe dar todo o meu dia de trabalho, divirta-se.
– Se não queria que ela visse fosse ao menos cuidadoso e trancasse a porta.
– Como se fosse a primeira vez que ela me pega quase transando com uma mulher.
– Mas é a primeira vez que ela pega depois que vocês se separaram.
– Ela sabe que eu saio com algumas mulheres por aí.
– Uma coisa é ouvir fofocas, outra é ver. - eu dei de ombros e fingi não me importar.
– Tchau, Howard, bom trabalho.
– Sabe, Tony, eu traía a sua mãe. - eu que estava quase chegando na porta parei na hora e me virei pra olhar pra ele, mas ele estava de costas pra mim.
– Eu não precisava saber disso.
– Tudo começou quando éramos namorados e eu...
– Eu não quero ouvir como você fazia a minha mãe de idiota, Howard. - ele se levantou se sentou na cadeira que a pouco eu estava sentado e apontou para a cadeira da frente.
– Mas você vai, senta.
– Se eu ficar e ouvir eu vou acabar te socando.
– Você vai ficar, vai ouvir e eu quero ver você tentar me socar. Agora, senta. - nem eu tava acreditando por que resolvi ficar, mas fui lá e me sentei. - Posso?
– Fique a vontade.
– Nós éramos namorados e eu fazia dela gato e sapato, eu achava sua mãe uma menininha idiota, ela queria saber de casar e de ter filhos e de toda essa lenga lenga e eu não queria nada disso.
– E por que namorou com ela?
– Obrigação e também sabedoria. Eu sabia que sua mãe estava interessada em mim e não no meu dinheiro, ou seja, tudo o que dissesse ela faria por me amar. Bom, enquanto ela ficava naquela de fazer enxoval eu saía pra curtir a vida, eu até tentei ser fiel a ela, mas quando eu tentava algo que ia além do beijo e de uma mão boba ela me repreendia, me lembrava que ainda era virgem e dizia que só depois do casamento e eu me enchi e fui atrás das garotas que não tinham nenhum problema com sexo, enrolei Maria por alguns meses até que um dia eu bebi demais e usei isso como desculpa para dar um passa fora nela e eu não fui sútil, eu fui muito duro, estúpido até dizer chega e quando eu vi ela chorando eu consegui ser ainda pior, no dia seguinte eu estava me sentindo bem por que eu tinha me livrado do meu estorvo e fui comemorar e antes mesmo da noite chegar todos sabiam que eu estava livre outra vez, depois de duas semanas eu comecei a sentir falta dela quer dizer ela sempre me ligava pra saber como eu estava e era muito estranho não receber mais ligações, na terceira semana eu dei um sondada e descobri que ela estava na Europa em plena 2ª guerra mundial e sua mãe na Holanda!
– Não acho que você se importaria se algo acontecesse com ela lá. - ele me ignora e se inclina apoiando os cotovelos sobre a mesa.
– Como eu me envolvi com o projeto do super soldado eu tive algo pra ocupar a mente por um bom tempo, quando o fim da guerra veio eu achei que estava tudo bem aí me roubaram e tentaram me fazer passar como traidor, Peggy e por incrível que pareça o Jarvis me ajudaram com isso e eu livrei minha cara, tirei ela daquela agência furada e me juntei com o Coronel Phillips e começamos a botar em prática a ideia que deu inicio a SHIELD.
– E onde minha mãe entra nessa história? Vai me dizer que ela se tornou uma agente.
– Não, Tony, eu ia dizer que foi nesse período que ela voltou. E sua mãe, ela estava linda, ela tinha perdido aquele jeito de menina e tinha se tornado uma mulher e que mulher! Eu estava crente de que ela não ia falar comigo e se fosse seria o mínimo possível, mas ela fez totalmente o contrário me tratava como se nada tivesse acontecido, ainda me chamava de "How" e quando eu tentei falar com ela pra me desculpar ela me respondeu que: "águas passadas não movem moinhos", ela tinha se tornado uma mulher provocante e ela abusava disso, flertava com alguns homens inclusive comigo, mas ela tinha pudor não saía com nenhum cara e eles bem que tentavam ela ouvia cantadas achava graça dava esperança, mas sempre se saía, eu estava tão encantado que até paguei pra alguns se afastarem dela por que assim como a fé o dinheiro move montanhas ou no caso a concorrência. Depois de aproveitar uma farta ceia de ação de graças e muita bebida eu e ela...
– Pode pular essa parte. - ele riu não sei se foi por que ele lembrou do que fez ou por achar graça em ver que eu não estava a fim de saber o que eles fizeram.
– Quando acordei pela manhã ela não estava lá, a única coisa que denunciava que ela tinha passado a noite comigo era o perfume que estava no quarto todo, eu pensei que ela estivesse com vergonha de mim e foi então que me lembrei que ela me dizia ser virgem e eu fui olhar no forro da cama e não vi sangue, estranhei, Maria não era mulher de mentira e enquanto namorava comigo ela ia ao médico todo mês seu avô fazia questão pois não confiava em mim.
– Por que será, né? - ironizo.
– O fato é que eu esperei três dias pra tomar uma atitude e ir atrás dela e foi assim que eu descobri que ela tinha voltado pra Holanda, eu ia pra lá no dia seguinte, mas as coisas se complicaram na empresa e na Shield e eu tive que adiar isso por algumas semanas, quando finalmente tive minha folga eu fui para Amsterdã e não foi difícil de encontrá-la por que eu já tinha feito minhas pesquisas, ela ficou surpresa quando me viu na porta da casa dela e até mesmo nervosa, mas ela se tornou hostil quando um homem chegou e se apresentou como namorado dela eu achei graça e pensei que ela tinha pedido isso a ele, mas ela olhava pra ele de um jeito estranho e bastou algumas horas para que eu percebesse que ela olhava pra ele do mesmo jeito que olhou pra mim um dia, o olhar era reciproco e naquela mesma noite eu ofereci dinheiro pro cara se afastar, ele não era tão rico quanto eu, mas o dinheiro que ele tinha era suficiente pra viver sem se preocupar com as contas do mês ou do próximo, eu fiz altas propostas e na última ele ficou balançado e disse que me daria a resposta no dia seguinte.
– Deixa eu adivinhar? O cara se afastou, minha mãe ficou com o coração partido vocês se casaram, eu nasci e hoje estamos aqui tendo essa conversa sem pé e nem cabeça.
– Ele rebateu minha proposta pedindo a mão da sua mãe em casamento na frente da vizinhança inteira. - tá aí uma coisa que eu não sabia. - E ela aceitou, nunca tinha visto Maria tão feliz, eu fiquei tão fora de mim que ela me pediu pra ser padrinho do casamento e eu aceitei com um aceno, mas aceitei. Quando eu e ele ficamos a sós ele me disse que havia deixado Maria voltar para os Estados Unidos por que precisava estar afastado dela pra que pudesse pensar no que ela havia dito a ele e até hoje eu não sei o que é por que nenhum dos dois nunca me disse, enfim, ele também me disse que sabia o que tinha acontecido entre eu e ela por que ela mesmo havia dito assim que chegou e eu o provoquei, mas ele disse que não se importava por que eu tava fora do páreo e eu estava mesmo.
– Não vai me dizer que...
– Sua mãe casou com esse cara? Vou, por que ela casou, e eu estava lá do lado dela fingindo que estava feliz por ela quando na verdade tudo o que eu queria era tirá-la daquela igreja e ser o cara que ela queria que eu tivesse sido. - meu pai se remexeu desconfortável na cadeira e eu também. - Tive que ouvir ela dizendo o quanto o amava, o quanto ela estava feliz por tê-lo na vida dela, o planejamento da casa, da vida e dos filhos, de como ele queria ter uma menina que fosse igual a Maria correndo pela casa e ela querendo que fosse um menino igual a ele fazendo a mesma coisa. Eu voltei pra cá logo após o casamento e eu estava péssimo, eu foquei mais no trabalho do que em qualquer outra coisa e depois de um ano ela me ligou pra dizer que estava grávida e me convidando pra ser padrinho do filho deles. - minha boca se abriu e mais uma vez meu pai demonstrou desconforto.
– Pera aí, pera aí, eu tenho um irmão, quer dizer meio irmão?
– Teve.
– Pai!
– Se você parar de me interromper eu posso terminar de contar a história. O Van Helsing...
– Van Helsing? Sério?
– Não, o nome dele era outro, mas eu tinha apelidos pra ele, Van Helsing, Holandês Voador, tinha outros também e sua mãe odiava todos eles. - ele mudou a expressão e sinceramente não sei descrevê-la e fiquei a espera da retomada da história. - Ele morreu em um acidente de carro. - não sei como demonstrar mais surpresa, mas mesmo assim consegui ficar surpreso. - Eles estavam em Leiden, mas ele teve de ir para Amsterdã e no caminho ele sobrou em uma curva e bateu o carro, algumas pessoas que também trafegavam por ali foram socorrê-lo e tiraram ele de lá ainda com vida, mas ele morreu dizendo que amava a Maria e o filho, quando ela soube não aguentou e sofreu um aborto com um mês e meio de gestação. Sua mãe ficou péssima é óbvio voltou pra cá e quis viver o luto sozinha, mas eu não deixei eu fiquei com ela o tempo todo vendo seu sofrimento alternar entre os dias que se passavam e esperei 2 anos pra tentar alguma coisa, foi um caminho tortuoso Maria havia se fechado totalmente no seu mundo, mas eu consegui e depois de 7 meses de namoro eu a pedi em casamento e ela negou eu não fiquei surpreso já esperava por isso, mas eu sou insistente.
– É uma característica nossa. - meu pai sorriu e concordou.
– Depois de alguns pedidos mal sucedido ela disse que só casava comigo se os pais do Van Helsing permitissem, eu fiquei com raiva e nós discutimos não fazia sentindo ela ter de pedir permissão a família do ex-marido e nem de ficar presa a um cara que estava morto! Mas ela disse que essa era condição e eu topei a contragosto, mas topei e ela viajou para lá pra falar com eles, eu não fui a pedido dela, mas quando ela voltou me disse que eles permitiram e nós casamos em seguida, só que sua mãe mesmo estando comigo não o esqueceu, todos os anos quando chegava a semana em que o aniversário da morte deles cairia ela se afastava de mim, ia na igreja pedia pra celebrar uma missa na intenção deles e ficava lá sozinha, eu estava chateado por ter de dividir a sua mãe com um cara morto e desabafando por aí eu traí ela de novo. - eu fechei meus punhos e ele se levantou, enfiou as mãos nos bolsos e ficou de costas pra mim para que pudesse olhar para a paisagem que a enorme janela de vidro oferecia. - Quando voltei pra casa no outro dia ela me encarou com muita mágoa por que sabia o que eu tinha feito e nem dava pra esconder ou negar, afinal, a mulher com quem eu passei aquela noite deixou marcas bem evidentes, mas eu também tava magoado e entre gritos de uma discussão acalorada ela me disse que ia embora e que estava grávida, eu não sei qual a reação que demonstrei pra ela, mas sei que fiquei parado apenas digerindo o que ouvi, quando dei por mim eu estava impedindo-a de passar pela a porta da nossa casa, segurando seu braço e pedindo pra que ela ficasse, eu prometi, jurei que nunca mais a trairia e que seria o homem que ela merecia que eu fosse só que ela não acreditava em mim, nem eu acreditava em mim, mas eu não a deixaria ir de novo ainda mais grávida de um filho meu, aí eu comecei a argumentar e meu principal argumento era você e com medo do que a minha influência poderia fazer ela ficou, mas deixou claro que estávamos separados, ela mal falava comigo e nunca ficava no mesmo lugar que eu por mais de 5 minutos e eu tentava uma aproximação, contato, interação, qualquer coisa, mas ela me cortava e não me deixava tocá-la. Durante toda a gestação nosso pombo correio foi o Jarvis.
– Você encarou a gravidez da minha mãe numa boa?
– E o que você achou que eu tinha feito? Surtado e mandado que ela não tivesse você? Tudo bem que no começo eu fiquei aterrorizado com a ideia de ser pai, mas tive 9 meses pra me acostumar com isso.
– E você e a mamãe como ficaram?
– Quando você nasceu? Felizes, ué. Fazia muito tempo desde a última vez que eu tinha visto ela tão feliz e eu achei que nossos problemas tinham acabado ali, mas quando o resguardo acabou ela quis ir embora e se antes eu não queria deixar depois que você nasceu é que eu não deixaria mesmo, nós tivemos uma longa conversa e eu reforcei meus juramentos e promessas e ela me deu outra chance e desde então, Tony, eu venho tentando ser o homem que eu prometi que seria, eu sei que sua mãe não confia tanto em mim, que pensa que eu continuei traindo ela, e que desconfia até que não a amo, sei que apesar dos pesares ela me ama, mas também sei que de vez em quando ela fantasia como teria sido a vida dela se o marido e o filho que eles nem chegaram a conhecer tivessem sobrevivido.
– Se isso tivesse acontecido eu não estaria aqui. - vi ele concordar com um aceno e eu achei que ele ia falar alguma coisa, mas ele ficou calado. - Você traiu ela de novo?
– Nunca mais.
– Por que me contou isso?
– Pra que você reflita. Eu tive sua mãe comigo e a deixei ir quando percebi que eu estava errado já era tarde e eu precisei de uma tragédia pra tentar construir a minha felicidade. Se você me perguntar se eu ainda tenho ciúmes do Holandês Voador mesmo ele sendo um fantasma eu vou te dizer que sim. Se você me perguntar se eu odeio o fato da sua mãe ter adotado o sobrenome Van Perse desde o segundo que se casou com ele e de ter renegado o meu sobrenome quando se casou comigo eu vou dizer que sim. Se você me perguntar se mesmo depois de tantos anos eu ainda me incomodo por ver sua mãe triste e chorando pelos os cantos quando chega sua época de luto eu vou te responder que sim, mas eu tento me controlar e engolir por que ela já fez o mesmo e às vezes até bem mais por mim. - ele se calou e continuou olhando para a janela enquanto eu processava tudo o que eu tinha ouvido ao mesmo tempo que me perdia em pensamentos olhando pra ele, depois de um tempo de silêncio eu me levantei pra sair da sala. - O que é, e sempre será a minha maior criação é você, Tony. - acho que isso foi o mais perto de "eu te amo meu filho" que ele já me disse. - Não cometa os mesmos erros que eu. - e isso foi o mais próximo de um conselho que ele me deu, eu continuei a andar até chegar a porta, mas demorei alguns segundos pra sair.
– Acho que já cometi. - respondo e saio sem saber ao certo o que vou fazer.


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Notas finais do capítulo

Esse ficou grande não foi? Não se preocupem nem sempre será assim. Bom, como aqui as coisas são um pouco diferente achei interessante botar essa breve história da Maria e do Howard. Espero que tenham gostado.



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