Memórias de uma vida escrita por AnmyChan


Capítulo 7
Evento




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Após o banho peguei uma calça jeans e coloquei por cima da minha cueca box, passando pela pia vi meu reflexo no espelho. Meu cabelo estava como sempre, parecia que havia brigado com o pente e saiu perdendo, e minha barba estava enorme, parecia o náufrago.

— Como cheguei a este estado? – Perguntei para mim mesmo e antes que eu pudesse pegar o barbeador o meu celular toca. – Alô, Ed falando.

— Claro que é você né cabeça de fogo, quem mais atenderia SEU celular.

— Estou sendo educado, Stuart. – Sorri.

— Bem que seja eu liguei para avisar que o evento é de gala, tem que ser terno.

— Eu sei o que é gala. – Olhei para baixo encarando minha calça. – Que horas é o evento?

— Começa às 21h, fica tranquilo ainda é 19h.

— E vai ser onde?

— No salão do clube de golfe dos Blair.

— “blerg”? – Repeti.

— Não Ed, é Blair, B-l-a-i-r. – Ele gargalhou.

— Ata. – Nem quis repetir, às vezes é complicado pronunciar o idioma vizinho. – Então vou me arrumar, tenho a barba para fazer.

— UUUU, vai ficar gatão para o papai aqui? – Brincou Stu.

— Sim meu gatinho preciso.  – Soltei entrando na brincadeira.

— Ok então, beijos amor. – Stu estava feliz hoje.

— Beijos gatão.

Desliguei o telefone e joguei na cama, então procurei meu terno que havia usado no evento beneficente da minha mãe há um ano – Evento de sua joalheria - achei em um canto do meu closet e o coloquei, iria sem gravata já que sinto coceiras só de imaginar. Quando olhei no espelho novamente me lembrei da barba, abri a gaveta e peguei o barbeador e comecei o trabalho pensando quantas vezes fiz isso, e acabei me distraindo e quando percebi havia contado o número de passadas em cada lado.

— Caramba, estou ficando maluco. – Falei alto percebendo minhas bizarrices.

— Que gato. – Olhei para o lado, era Pietra.

— Então, gostou? – Disse deixando a máquina na pia e me virando de frente para ela com os braços afastados do corpo.

— Papai, você esta lindo. – Colocou as mãos no rosto.

— Obrigado, você acha que vou chamar atenção? – Falei inflando as bochechas.

— Humm, talvez. – Ela correu até mim e abraço minha cintura com o rosto de lado. – Se divirta papai, e se comporte.

— Obrigada menininha. – Me abaixei ficando na altura dela. – Você sabe que mesmo agora sem a mamãe, eu serei o mesmo pai que sempre fui?!

— Eu sei papai, e eu quero que você seja feliz. – Eu sorri.

— E você baixinha, é feliz? – Perguntei colocando minha mão sobre sua cabeça.

— Sim, tenho o melhor pai do mundo. – Ela sorriu e olhou minha mão na sua cabeça. – Papai.

— Huh?

— Cadê seu relógio? Aquele verde?

— Eu não sei aonde coloquei você viu por ai filha?

— Acho que vi na sala, espera. – Saiu correndo e não demorou muito ela veio com ele na mão. – Aqui! Deixa eu colocar. – Estendi o pulso ela colocou. – Agora esta pronto.

— Obrigada gatinha.

— De nada pai. – Abracei ela e a peguei no colo.

— Obedeça a seus avós, eles são mais velhos que você.

— Pode deixar Pai.

— Velhos? Quem você chamou de velho? – Perguntou meu pai, que havia ouvido minha conversa com a Pietra no corredor.

— Vocês vovô.

— PIETRA. – Eu a repreendi e começamos a rir, ela riu junto depois de certo tempo. – Bom. – A coloquei no chão. – Estou indo. – Beijei a minha mãe que estava na cozinha, o meu pai e por último minha pequena. – Boa noite.

— Se cuida filho.

— Ok Mãe.

Saí fechando a porta rumo à garagem, quando achei meu carro entrei coloquei o endereço no GPS e sai.
O bairro do campo de golfe dos “blerg” era de classe alta, havia casas e mansões e todos com um lindo jardim na frente, se minha mãe estivesse comigo ficaria implorando para parar o carro apenas pela oportunidade de pegar uma muda para por no seu pequeno e humilde canteiro de flores.

— “Destino a 20 metros” – Disse a mulher do GPS.

— CARAMBA. – Soltei assustado com o tamanho do portão, fui entrando seguindo o caminho, guiando meu carro até onde os manobristas estavam. Atrás deles havia uma enorme estrutura que eu chamaria de castelo sem qualquer problema. Desliguei o carro e saí encarando a porta.

— Senhor. – Estendeu a mão um senhor de idade.

— Ah sim, aqui. – Entreguei a chave e subi as escadas indo em direção a um “recepcionista” que me encarou.

— Nome, por favor.

— Ed.

— Completo Senhor. – Disse me olhando por cima dos óculos de grau.

— Ah sim, perdão. Edward Christopher Sheeran.

— Sim, por favor, entre Senhor Sheeran.

— Obrigado. – O cumprimentei com um balanço de cabeça e com a boca esboçando um sorriso com os lábios apertados. Quando olhei o salão estava impressionado, não que eu não havia visto lugares assim antes, mas de todos, esse lugar ganhava.

— Mr. Sheeran. – Ouvi uma voz ao meu lado.

— Sim. – Quando me virei vi Stuart. – Haha, é você.

— Claro, achou que fosse quem?  A rainha?

— Não, só achei que fosse alguém ... – Coloquei a mão em cima dos peitos, demonstrando volume. – Sabe? Mais gostosa.

— Esta zombando de mim, Sheeran? Não lhe agrado mais? – Levou uma mão no coração como se estivesse magoado. – Isso não se faz com uma dama.

— Para de palhaçada Stu. –Olhei para os lados. - cadê o bar?

—Mas já quer beber? Meeee. – Stu me encarou.

— Claro, não saio há um tempo já. E beber, faz bem mais tempo.

— É ali. – Apontou. – Eu vou ao banheiro e já volto ruivão.

— Ok. – Me encaminhei ao bar. – Oi, me vê uma bebida forte? – Pedi me sentando e sem olhar para o Barman.

— Aqui, Senhor Sheeran. – Eu não sabia se me assustava por ouvir meu sobrenome e por terem me reconhecido ou se eu ficava surpreso pela linda voz que havia preenchido meus ouvidos.

— Olá. – Disse me virando para encara-la, ela tinha cabelos negros, olhos acinzentados e uma boca atrativa e hipnotizante. – Obrigado.

— De nada, é o meu trabalho. Você acabou de chegar não é?

— Sim, estava me procurando Senhora? – Sorri intrigado.

— Não... Bem, sim. – Ela abriu um sorriso. – E Senhora não, eu não sou casada e não namoro.

— Senhorita então. Mas o que uma mulher tão bela estaria me procurando?

— Bem, eu... – Chegou uma garçonete.

— Não acredito. – Ela se virou para a amiga. – Eu disse para você que ele estaria aqui hoje, não disse? Eu sei, eu sou sua melhor amiga Rose. – Falou, ou melhor, berrou me ignorando.

— Amanda, por que você não leva essas bebidas aqui – Colocou umas taças em uma bandeja. – Ali para aqueles senhores?

— Ah quer ficar sozinha com o Ed né. – Rose ficou vermelha com o comentário.

— Vai. – Bateu na bunda da amiga que saiu e virando para mim, colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Desculpa Sheeran, ela é meio elétrica e fala o que não deve.

— Tudo bem. – Sorri. – Então você realmente queria me encontrar? – Ela assentiu. – E veio trabalhar hoje apenas para falar comigo? – Ela assentiu e ficou vermelha. – É uma fã?

— Sim, tenho seus CD’s e cheguei a ir ao seu último show. Estava preocupada com você. – Ela começou a fazer uma batida.

— Por que?

— Sua voz, estava diferente, parecida preocupado. – Realmente eu estava mal, era último show antes das férias, Pietra estava doente e Liz estava ocupada com o hospital.

— Ah sim, minha filha estava doente e quem estava cuidando dela era à baba e uma enfermeira amiga da minha mulher, digo ex-mulher.

— A é, eu sinto muito pelo casamento. – Ela falou e entregou a batida para um senhor ao meu lado.

— Tudo bem. Quem errou foi ela, eu estou bem. – Percebi meu copo vazio. – Ei, prepara mais um desses pra mim? – Disse sorrindo.

— Claro, será um prazer. – Ela sorriu. – Então festão não é? – Comentou.

— Ô, senti a alegria no ar? – Disse irônico e ela riu. – Você tem um sorriso encantador sabia?

— Levo isso como um elogio ou como uma cantada Senhor Sheeran? – Me entregou o copo.

— Pode ser os dois. – Ela sorriu e eu gargalhei. – Funcionou?

— É foi boa, mas acho que pode melhorar.

— Eu acho que estou enferrujado demais para isso.

— Não diga isso. – Eu a encarei curioso. – Não esta velho para usar o termo “enferrujado”, você só tem 29 anos e uma segunda chance.

— Uau. – Antes que eu pudesse falar alguma coisa ouvi o barulho da microfonia.

— Senhoras e Senhoras, agradecemos a presença de todas nesta noite, Obrigado Família Blair por nos ceder este espaço tão harmonioso e maravilhoso. Hoje temos um convidado, cuja vida foi transformada depois que este homem. – Apontou para Stuart. – Ouviu uma de suas músicas. Queremos que ele suba aqui. Vem para cá Ed Sheeran.

Tremi na base, não sabia que iria cantar ou coisa do tipo, simplesmente peguei meu copo do balcão e fui até o palco improvisado.

— Boa noite. – Disse quando peguei o microfone.

— Ed, poderia cantar hoje para nós?

— Claro, mas eu não esperava cantar hoje então desculpe qualquer erro, estou enferrujado por causa das férias. – Sorri e todos riram, coloquei o microfone no tripé e olhei para trás e vi um violão o peguei, deixei meu copo com um garçom e comecei a afinar. – Alguém tem um pedido? – Perguntei, ouvi vários pedidos, mas em milhares de vozes, se sobre saiu uma, a da Rose.

— I’M A MESS! – Sorri e a vi sorri, então comecei a tocar.

“Oh, I’m a mess right now
Inside out
Searching for a sweet surrender
But this is not the end
I can’t work it out
How?
Going through the motions
Going through us
And, oh, I've known it for the longest time
And all my hopes
All my words are all over written on the signs
When you’re on my road, walking me home
Home, home, home, home”(…)


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Obrigada por ler, e comenta para saber se ainda estou agradando com a minha história.
Beijos!



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