Quando a máquina bateu no chão, Marty soltou um suspiro de alivio.

— POR QUE DIABOS UMA GELADEIRA, DOC? — exclamou fazendo o amigo rir. — Poderia ser um guarda-roupas, qualquer coisa! — reclamou tremendo de frio. — Sempre guardarei o DeLorean no meu coração, ele foi o melhor. — disse saudoso, fazendo uma pose trágica.

Dr. Brown olhou pelo vidro da geladeira e, notando que estavam dentro de uma casa abandonada, saíram com pressa, esticando os braços e pernas. O espaço realmente era bem apertado ali dentro. Doc enfiou a cabeça para fora da casa e percebendo que não havia uma alma viva na rua, saíram e fecharam a porta de madeira rudimentar, trancando-a com a chave que estava encaixada por dentro. A casa parecia ter sido abandonada as pressas. Estranho.

Os dois andaram pelas ruas estreitas, observando tudo com atenção, estava quase anoitecendo. O bairro parecia estar morto, não havia nada ali. Quando ouviram vozes distantes, correram em direção a elas, encontrando poucas pessoas circulando perto de uma praça com um grande chafariz seco. Ouviram dois homens conversando sobre como a peste havia assolado todo o país e matado muita gente.

— A peste! Como pude me esquecer disso? — exclamou Doc com os olhos esbulhados. — Precisamos ir embora daqui Marty, são tempos muito perigosos para passear por Londres.

— Mas já? Acabamos de chegar.

— Marty, a peste é um das piores doenças do século XVII. Corremos risco se ficarmos aqui.

— Então vamos pra casa!

Deram a volta na praça e correram de volta para a casa abandonada. Quando Doc foi pegar as últimas latinhas de coca, notou que estavam todas congeladas.

— Marty, estamos com um problema... — disse virando as latinhas, que não derramaram nem um pingo do liquido negro. — Deve ter tido um mal funcionamento no compartimento onde ficaram guardadas. Vamos precisar aquecê-las, para que derretam mais rápido!

— Eu vi uma padaria perto da praça. Talvez se esperarmos que escureça, possamos usar o fogão para derreter as cocas! — disse animado.

Doc concordou e os dois aguardaram sentados no chão, comendo os bolos de Jane. Alguns minutos se passaram e a noite chegou. Logo os dois começaram a empurrar a geladeira até a praça, o que acabou sendo mais complicado que da última vez, as ruas estreitas não ajudavam muito. Conseguiram alcançar a padaria e conferiram para ter certeza de que não havia ninguém por ali, notando que o lugar estava vazio entraram rapidamente, sem grandes dificuldades para abrir a porta antiga.

Colocaram a máquina do tempo perto da forno e pegaram alguns pedaços de madeira, jogando lá dentro. Quando conseguiram que o fogo começasse a queimar, Doc colocou as latinhas perto para que a coca derretesse, e em questão de minutos, já estavam em estado liquido.

— Marty, apague o fogo enquanto eu arrumo a geladeira! — disse apressado.

O cientista começou a despejar o conteúdo das latinhas dentro do recipiente do lado de fora da máquina do tempo enquanto Marty controlava as chamas que diminuíam.

— Vamos embora! — finalizou com satisfação.

— Sim, senhor! — concordou Marty com um imenso sorriso.

Os dois vestiram seus cobertores e tomaram o conteúdo do vidrinho, dessa vez McFly não reclamou, apenas fez uma careta e apertou o cinto. Doc fechou a porta e apertou os botões que os levariam de volta a 1985. Quando Marty balançou a cabeça para ele, o cientista sorriu e empurrou a alavanca para baixo sentindo a temperatura começar a cair.

— Lá vamos nós!

Quando atingiram os -118 º, a máquina do tempo balançou fortemente, mas o barulho da explosão pareceu diferente dessa vez. As madeiras do forno estavam bem secas e quando o combustível da geladeira explodiu, as chamas tomaram conta do lugar, se alastrando por toda a cozinha. Marty e Doc nem perceberam o fogo que deixaram para trás. Acabaram fazendo parte de um dos maiores incêndios da história. O grande incêndio de Londres talvez não tivesse acontecido se eles não estivessem naquela padaria no dia 2 de setembro de 1666. Ou talvez tivesse. Mas bem, de qualquer forma... Não conte para eles.

Um barulho alto se ouviu e os dois se viram na garagem de Marty, novamente. Ele pulou para fora da geladeira, e deitou no chão, tentando abraça-lo.

— Como é bom voltar pra casa! — pensou em Jennifer e se alarmou. — Que horas são Doc?

— São precisamente 15:30! — piscou.

— Preciso encontrar a Jennifer! Depois de todo esse tempo, finalmente chegou o dia de irmos para o lago! — sorriu feliz.

— E eu preciso voltar para 1955!

Os dois se despediram com um longo abraço. Marty sentiria a falta do amigo, mas sabia que não seria aquela a última vez a vê-lo. Sorriu e disse:

— Até logo Doc!