Death Memories: Operação Marshall escrita por Nael


Capítulo 6
Primeiro Contato


Notas iniciais do capítulo

Volteii!!!
Esse capítulo está mais para uma homenagem ao Takeshi Obata e Yumi Hotta do que propriamente capítulo da fanfic.



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“Existem 170 setilhões de maneiras de se fazer os dez primeiros movimentos numa partida de xadrez. Depois de apenas 4 lances, o número de combinações possíveis do jogo chega a 315 bilhões.”

P.O.V Matt

Depois de horas com Near eu agradecia por Mello chegar. No começo quando cheguei no hotel nós repassamos o plano, conversamos sobe o caso e então não havia mais nada além do tédio. Eu conseguia ficar sem meus cigarros, mas sem os jogos eu estava surtando.

— Por que não tenta aprender um pouco de japonês? – propôs Near. Eu decorri algumas coisas básicas, mas aquele raio de idioma era complicado. As letras então, eu não entendia nenhuma só sabia a fonética de comprimentos.

Assim falei com Karen Millear, minha responsável e descemos para dar uma volta. Logo ela foi arrastada por outros professores e eu andei pelo local observando distante. Até que dei de cara com um garoto chegando no hotel. Ri de canto, Mello podia fazer a melhor das plásticas, mas ainda sim eu acredito que seria capaz de reconhecê-lo.

Agora nos três em nossos disfarces, uniformes e nomes falsos acompanhados pelos professores descemos para o salão. Havia um bufê, cadeiras e um pequeno palco com microfone. As pessoas circulavam, falavam em diversas línguas e os cartazes em japonês me deixavam desorientado.

— Vamos lá para frente. Se enturme. – Alfred falou seguindo com os outros e nos deixando ali. Ótimo, enturmar era mesmo a especialidade das crianças antissociais da Wammy's. Mello suspirou.

— Nos separar é uma péssima ideia. – disse Mello.

— Vamos ver ali. – Near apontou discretamente para o fundo da sala. – Parece que estão jogando. Acho que devemos dar uma olhada nas habilidades de cada um. – nenhum de nós discordou e seguimos naquela direção.

Seguíamos entre as pessoas para lá quando alguém pulou na nossa frente. Uma garota de cabelos escuros, presos em duas tranças que caiam sobre os ombros, olhos mais claros e puxados.

— Okaeri – ela nos deu as boas vindas em japonês se curvando. Respondemos também. Ela falou mais algumas coisas em japonês e claro eu não entendi nada.

— Falam inglês? São americanos? – ela falou com sotaque.

— Ingleses na verdade. – respondi.

— Muito prazer, eu sou Tsugumi Ayame. – ela sorriu. – Ah! Vocês costumam falar o primeiro nome, né. – apertamos a mão dela.

— Isso. Sou Johnny Smith. Este é Arthur Hampton e Charles Watson.

— São um time?

— Sim do Colégio Fordwer.

— Eu sou do colégio anfitrião, Kaiou. Então se tiverem alguma dúvida ou precisarem se ajuda com o japonês basta pedir para os Acolhedores. – ela mostrou um pequeno broche dourado que tinha na blusa. – Nós não participamos do torneio, somos uma espécie de comitê de recepção.

— Agradecemos, mas vamos ficar bem. Foi um prazer. – Mello disse sem nem olhar direito para a garota e passou por todos nós de uma vez. Sabia que os japoneses eram bem educados e éticos e agora pensava se Mello não teria estragado tudo.

— Fuso horário. – Near se adiantou no pedido de desculpas. – Se nos der licença.

Fomos rápido atrás dele que estava parado observando algum jogo, mas não xadrez. Havia dois homens japoneses e entre eles um tabuleiro estranho. Contei automaticamente, era 19x19, todas as casas da mesma cor da madeira. As peças pretas e brancas eram circulares parecendo sementes, mas pelo som que faziam ao serem colocadas deviam ser de vidro. Além disso, o modo como eles as seguravam e colocavam também era curioso, não era dentro dos quadrados e sim nos vértices que os ligava.

A vez era do que usava peças brancas. Ele pegou uma de dentro de um potinho quadrado pensou um instante e então voltou a guardá-la.

— Makemashita. – ele falou.

— Eu desisto. – Near disse em seguida. O outro homem falou algo e Near traduziu. – Obrigado pelo jogo.

— O que é isso? – perguntei por fim.

— Go. – foi Mello que respondeu e eu fiquei sem entender. –Ou Igo, é um jogo chinês.

— Você sabe jogar isso? – Near perguntou e Mello fez sim com a cabeça.

— Ora essa, então sente-se. – o homem que havia ganhado falou e nós nos olhamos. – Com esses uniformes, vieram pro campeonato de xadrez. E não é todo dia que posso jogar com garotos tão brilhantes. – ele não tinha sotaque.

— Mas não é justo querer jogar com um profissional o jogo errado. – Near parecia irritado com aquilo. Mello puxou a cadeira e se sentou. Eu podia ver que ele fingia manter o humor e não era do feitio dele jogar sem um bom motivo. Algo estava errado.

— Não tem problema. – ele falou e eu vi que parecia nervoso. – Eu vou tentar. – o homem pareceu se divertir.

— Pois você me parece um iniciante nervoso. – ele riu puxando um cigarro de dentro do paletó, logo fui pra perto da mesa, era minha chance de acalmar minha abstinência. – Que tal quatro pedras de vantagem?¹ – ele estendeu o pote de peças pretas.

Mello cerrou os olhos e colocou a mão dentro do pote tirando algumas pedras brancas e as segurou.

— Faça o nigiri². – ele adquiriu seu tom ameaçador. O homem pegou duas peças e as colocou sobre o tabuleiro. Mello abriu a mão e começou a separar as brancas de duas em duas.

— Um jogador de xadrez jogando de igual com um veterano? – ele debochou. – Você te coragem.

Mello puxou de volta as peças para o pote e entregou a ele que fez o mesmo com o outro. Eu não entendi como funcionava, mas como de costume ele jogaria com preto.

— Se engana senhor, não estamos nem de longe jogando como iguais. – Mello rebateu pegando uma pedra. Achei estranho, naquele jogo as pretas começavam?

— O que esta insinuando? – o homem se irritou soltando fumaça pela boca e nariz. Ah, que sensação maravilhosa aquela. Mas antes que eu pudesse continuar meu devaneio de viciado Mello se curvou e disse segurando a pedra entre os dedos exatamente como o outro cara.

— Você já vai ver. Onegaishimasu. – ele falou e o homem também.

— Boa sorte. – Near falou baixo enquanto Mello dava inicio ao jogo.

Ficamos ali o resto do tempo, cerca de 45 minutos. Eu adorava cada momento, Mello devia estar ganhando porque o homem suava frio e nesse meio tempo já tinha traçado três cigarros. Eu estava sentado agora no meio deles e pude constatar que o cara devia pensar que fumar tanto e fazendo tanta fumaça tiraria a concentração dele. Que engano e que ótimo para mim.

Near estava em pé atrás do Mello e várias pessoas nos cercavam, indo e vindo, comentando em várias línguas, outras só curiosas que como eu não entendiam.

— Sua vez. – Mello apressou o cara. – Por favor, eu peguei um avião e estou cansado. Poderia se apressar? – o homem jogou.

Mais dez minutos e dois cigarros depois ele se encostou na cadeira.

— Acabou. – eles começaram a alinhar as pedras no tabuleiro.³ – Empate. – o homem falou. Mello sorriu de canto e como já havia aprendido agradeceu em japonês pelo jogo. O homem repetiu o cumprimento e acrescentou. – Está no campeonato do jogo errado, garoto.

Mello terminou de guardar as peças e se levantou com aquele olhar medonho de sempre.

— Ainda não me viu jogar xadrez, senhor.

P.O.V. Mello

Sai rápido com Near e Matt no meu encalço. Eu quase não acreditava que tinha feito aquilo, não sei de onde arrumei coragem, não sei de onde arrumei paciência e estratégia pra empatar propositalmente. E principalmente, não de onde aquele miserável veio, mas acabou me causando a pior bagunça e descontrole mental que tive em anos.

— Mas que droga, Arthur. – Matt reclamou.

— Enrolei o máximo que pude. – falei.

— Viu o homem fumando e foi ate lá jogar com ele só para que Johnny pudesse respirar a fumaça? – Near falou num tom meio zangado.

— Mais ou menos, além disso, coloquei uns olhares sobre nós comparando minhas habilidades de xadrez.

Fui ate a mesa do bufê e peguei uma bebida. Minha garganta parecia que ia rasgar.

— Parece que os anúncios vão começar. – disse Near.

— E faz diferença? – Matt disse desanimado. – Não entendo nada de japonês.

— Eu traduzo para você. Além disso, seria de bom praxe ir.

— É. Vamos. – falei e seguimos para as cadeiras, nos sentamos no meio.

Logo o falatório começou, basicamente dando as boas vindas e explicando o que L já tinha nos dito. No final das contas teríamos dois dias até o primeiro jogo para nos acostumarmos com o horário. Haveriam outros jogos disponíveis no salão para quem quisesse se divertir ou para quem se entediasse depois de terminar as partidas oficiais. Depois de uma hora fomos dispensados e eu só conseguia pensar em me jogar numa cama.

— Yo! Garoto. – alguém me puxou pelo ombro quando chegávamos no elevador. – Você que jogou Go com o Obata-sensei. – gelei, então o cara era importante? Ferrou. – Qual o seu nome? – o rapaz loiro de cabelos arrepiados parecia simpático.

— Arthur Hampton.

— Arthur-san, eu vou me lembrar. – e assim ele se virou e correu rumo a portas.

— Ei, e qual é seu nome? – Matt gritou, mas ele já estava longe.

— Garotos. – Karen, Paul e Alfred se aproximaram. – O diretor que falar com vocês. – pude sentir que todos me encaravam. Ótimo fiz a maior merda jogando contra aquele cara.

Subimos para o quarto e logo uma maleta estava na mesa entre os sofás. Dentro dela era um notebook onde logo apareceu a letra em old english.

— Boa noite, me parece que vocês começaram bem o torneio. – L disse simplesmente, mas eu fiquei preocupado.

— Não me diga que ele é um profissional. – encarei a tela que se manteve em silêncio e então me joguei no sofá levando a cabeça pra trás. – É de dan elevado ou algum título?

— Não, ele não é um profissional. – a voz se pronunciou. – Mas é campeão amador. Obata Awaya. Alguns o comparam com jogadores extremamente fortes, mas ele já jogou e perdeu para alguns inseis e profissionais. Então acredito que seu jogo com ele não chamará tanta atenção. O principal fator é o fato de você estar no torneio de xadrez.

— Entendi. – voltei a olhar a tela, mas meus ombros pareciam mais pesados ainda. – Não vou jogar mais fora das partidas oficiais.

— Na verdade talvez isso seja uma boa maneira de vocês conhecerem os outros. Contudo seria adequado perder algumas vezes. – L não parecia dar uma bronca, mas eu devia ser mais cuidadoso. Se desse bandeira alguém podia acabar descobrindo sobre mim. – Agora contem-me, perceberam algo para reportar?

— Acho que não tem nada de errado até agora, mas ficamos com Arthur no jogo de Go. – Matt falou. – Conhecemos uma garota chamada Tsugumi Ayame que é do Kaiou e fazia parte do comitê de recepção.

— Um garoto também apareceu perguntando o meu nome já que empatei com o Obata.

— Certo. Descansem nesses próximos dias. Voltarei a entrar em contato depois do primeiro jogo. Estou mandando um número seguro onde poderão me ligar caso necessário.

Nos despedimos e então Karen nos entregou o papel contendo o sorteio que fora realizado apenas com os professores para sabermos quais escolas seriam nossas adversária.

— Ei. – Matt deu um pulo. – Isso tá certo? – ele ficou incrédulo encarando o papel.

Tabuleiro 1: Smith, Johnny.

Tabuleiro 2: Hampton, Arthur.

Tabuleiro 3: Watson, Charles.

— Eu.... Eu tô no primeiro tabuleiro.


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Notas finais do capítulo

¹Quando um jogador de Go é mais fraco que o oponente ele começa o jogo (peças pretas) e coloca de acordo com o combinado a quantidade de peças extras de vantagem como forma de igualar as forças antes do jogo começar.
² Nigiri é usado para decidir com que cor cada jogador ira usar, é mais ou menos vc chutar se a quantidade de peças na mão da outra pessoa vai dar ímpar ou par.
³ A forma para decidir quem ganhou após a partida terminar é contar o território e para facilitar isso se alinha as peças de modo a deixar apenas o centro do tabuleiro livre.

Curiosidades:
* Tsugumi Ayama: O sobrenome é em homenagem ao autor de Death Note Tsugumi Ohba, já o nome é por conta da atriz Ayame Goriki.
*O jogador com quem Mello empata também recebeu o nome Obata em homenagem ao mangaká Takeshi Obata.
*O jogo de Go/Igo... O mesmo mangaká de Death Note desenhou Hikaru no Go e eu simplesmente amei muito esse anime então queria fazer algumas referencias, não se preocupem em não entender, esse jogo é terrível mesmo.
*A escola Kaiou também é referência a escola do anime.

É.... eu realmente amo Hikaru no Go, nem tinha me dado conta de tantas referências. rsrs
Até a próxima e se forem assistir esse anime preparem o balde pra chorar. =D



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