Espera escrita por Mari N


Capítulo 1
✗ Esse sentimento sufoca.


Notas iniciais do capítulo

Não há o que dizer aqui. Não mudei e não formatei o texto original, está do mesmo jeitinho, como tem que estar. A data em que o texto foi escrito virá ao final, juntamente com a hora e o meu nome. Sem mais... Boa leitura.



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Talvez eu não seja capaz de explicar. É que ela me parece tão frágil quando observada, assim, de perto. A expressão no rosto envelhecido é da de uma criança que perdeu o brinquedo favorito. Uma criança que perdeu o brinquedo favorito e tem plena consciência de que não o terá de volta. O que a faz ficar em ruínas é aquela estranha fé que teima em queimar por dentro de que talvez, apenas talvez, tudo aquilo que ela perdeu encontre uma forma de voltar até ela. Talvez por piedade ou por destino os Céus possam dar a ela essa oportunidade. Porque, talvez por pirraça, ela não queria criar novas existências, ela só quer dar continuidade às vidas que ela criou há tanto tempo através daquelas palavras tão doces, que fizeram com que ela sentisse uma dor profunda e cruel quando se perderam. Talvez ela nunca encontre uma resposta e as perguntas continuem a se amontoar em sua mente. Ela ainda aguarda, infantilmente, o presente de aniversário tão desejado e esperado. A sensação que eu tenho é essa, a de que ela irá continuar a viver nessa espera de algo que possa vir. De algo que possa voltar. À espera de algo que é apenas dela. Os olhos dela buscam no infinito um conforto que ninguém seria capaz de oferecer. O coração dela espera. A alma clama. A mente suplica. Todo o interior dela grita por um escape. Talvez o que ela quer seja se livrar dessa espera torturante. Mas ela sabe, apenas sabe, que sempre continuará a esperar. Sempre esperando e desejando. Eu sinto, bem aqui dentro de mim, ao observá-la, que ela espera por seu grande amor. Pelo retorno de um grande amor que se perdeu nas estradas da vida. O grande verdadeiro amor da vida dela sempre foi a escrita. Não qualquer escrita. A escrita dela. Porque é algo que apenas ela poderia fazer, apenas ela poderia sentir. E ela ainda sente. Embora já não faça mais. Eu sou uma testemunha dessa espera infinita que reside nela. Eu apenas espero que aquele ditado, “nada é impossível”, seja realmente verdade. Eu não quero mais ver essa espera dolorida que causa tanta agonia e sofrimento, eu não quero mais ser testemunha dessa espera silenciosa que se derrama em lágrimas no meio de madrugadas sufocantes. Esse sentimento sufoca. A realidade sufoca. A vida sufoca. E talvez ela acabasse morrendo sufocada pelos tantos próprios sentimentos. Talvez ela morresse sufocada pela espera. Aquela espera que talvez apenas acabe quando a vida já não for mais o suficiente. Eu sei que ela quer aprender a viver, porque depois de tudo ela se deu conta de que nunca soube como viver. Ela também quer aprender a ser, porque também nunca soube ser. Ela quer fazer algo que não seja apenas esperar.

Mariana Neves

30-01-2015

00h29min


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Notas finais do capítulo

Esse texto é repleto de sentimentos reais, vívidos, intensos, extremos. Sentimentos. E se você sentiu, e se você leu até aqui, se sentir vontade de comentar algo, faça-o, por favor.
E esse é apenas mais um texto.



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