Certos Segredos Não Devem Ser Contados escrita por Noah Marmallade


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/63012/chapter/1

Um ódio absurdo irradiava dele.

O aluno olhava de forma sinistra para o professor a sua frente.

O homem calvo e velho vestindo uma camisa listrada verde horrivelmente fora de moda cuspia enquanto falava sobre um assunto completamente imbecil.

Ele andava de um lado para o outro, seus sapatos fazendo um barulho irritante e que irradiava na cabeça daquele aluno.

Ele o odiava.

E o professor odiava de tudo e a todos.

A sala de aula abafada e quente era deprimente, apinhada de alunos entediados e um professor inexperiente e odiado.

E odiador.

Os ventiladores velhos produziam barulhos agudos e altos.

As lâmpadas fortes e quentes irradiavam aparente loucura.

As carteiras de madeira velhas e podres.

O professor parou de falar.

Colocou folhas em todas as carteiras.

Os alunos inclinaram-se para frente e começaram a fazer a prova.

Exceto um.

O ódio ainda irradiava de sua mente.

O vulto de meia-idade do professor parou ao lado do aluno e lançou-lhe um olhar indecifrável.

O aluno inclinou-se e começou a fazer a prova.

Silenciosamente.

O velho sentou-se em sua cadeira desconfortável.

Janelas e portas fechadas.

O abafo produz calor.

O calor produz suor.

O suor escorria do rosto do professor e fazia seus óculos baratos de meia-lua escorrerem por seu rosto enrugado e carrancudo.

O tic-tac do relógio da parede era ensurdecedor.

Cada segundo parecia durar um ano.

Sendo assim, 3600 anos passaram-se.

Uma hora.

A sala de aula já vazia.

Apenas o aluno e o professor.

O aluno na metade da folha.

O professor sentado, atento.

O olhar de ódio de um para o outro era evidente.

E barulho do rangido do ventilador parecia mais alto.

E mais estridente.

E mais enlouquecedor.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac.

O relógio parecia falar com o aluno.

“Mate-o, mate-o, mate-o”.

Ele respirou fundo.

O velho professor olhava para o teto, para os ventiladores fracos, para as janelas fechadas e sujas, para o odor fétido da sala abafada.

Ambos suavam.

Parecia impossível ficar ali mais um segundo.

Era impossível ficar ali mais um segundo.

As coisas aconteceram rápido demais.

Não dá para saber se foi o aluno pulando da cadeira.

Ou se foi o professor fazendo exatamente a mesma coisa.

Ou se foi os dois tentando se estrangular.

Pode ter sido o aluno batendo no professor com a cadeira até ele virar uma massa vermelha e disforme de órgãos irreconhecível.

É.

Pode ter sido isso.

O aluno virou-se uma última vez antes de deixar a sala para sempre.

Deu um olhar desprezo e saiu.

Ninguém mais viu o aluno depois disso.

Na carteira do professor, uma mensagem escrita com sangue.

“ELE ME FAZIA FALAR SOBRE COISAS QUE EU NÃO SABIA

ME FAZIA ESTUDAR SOBRE COISAS QUE EU CONDENARIA

ENTÃO EU O FIZ GRITAR DE UMA FORMA QUE VOCÊ NÃO ACREDITARIA”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!