Earth Gods - A Poção de Jade escrita por Carol Chase Lovegood


Capítulo 1
A Queda do Monte Olimpo


Notas iniciais do capítulo

Eu tinha jurado a mim mesma que eu não ia postar nenhuma fic até terminar Rebel Heirs. Pelo visto, não deu muito certo.
Recentemente, tenho me sentido tentada a escrever algo sobre mitologia grega. Acabou sendo mais forte do que eu. Tinha essa ideia pronta na minha cabeça a algum tempo e finalmente decidi postar e ver no que dá.
Ideia muito fumada, por sinal. (Modo de Falar, não uso drogas, ok?).
A personagem Despina foi homenagem à uma amiga minha. Se ela chegar a ler essa história, vai entender o motivo.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/629911/chapter/1

O MONTE OLIMPO, a terra mais sagrada e antiga da história, era realmente o lugar ideal para se viver. Lá, figuras mitológicas circulavam livremente pelos vastos campos. As crianças brincavam, riam e corriam de um lado para o outro, enquanto os pais contentavam-se em planejar suas cerimônias e festas. Era uma terra próspera, verde e exuberante, rica em árvores e flores. Havia templos majestosos em cada rua, estátuas espalhadas por todo o terreno e o céu era de um tom azul impossível de ser visto da Terra.

Resumindo em poucas palavras: o Olimpo era o paraíso dos sonhos de qualquer um. Porém, depois de milhares de anos de paz e harmonia, a guerra finalmente alcançou a morada dos deuses.

As criaturas que atacaram o Monte Olimpo acabaram conhecidos como Darkbanes. Eles pareciam mortos vivos, esqueletos cobertos por uma película frágil e escura como a noite e com orbes vermelho-sangue onde deveriam ser os olhos. Eles mataram quase toda a população do Olimpo. Os que não morreram enlouqueceram. Todas as tentativas de contra-ataque exercida pelos Divinos fracassaram.

E, de pouco em pouco, os Deuses começaram a sucumbir-se à ira dos Darkbanes.

Entretanto, mesmo em meio a destruição iminente, ainda havia aqueles que permaneciam de pé.

***

Do outro lado da até então conhecida como Cidade Sagrada, em meio a uma tempestade de neve, três figuras encapuzadas se moviam com certa dificuldade pelas montanhas congeladas. A mais da frente, uma mulher de cabelos loiro-prateados e pele extremamente branca, ia guiando seus companheiros. As mãos pálidas erguidas a sua frente tremiam com o esforço. O uso da magia desde a Grande Batalha requeria muita concentração e energia e, mesmo que a neve fosse uma de suas esferas de controle, o uso da mesma para abrir uma trilha a estava exaurindo.

A segunda figura, também uma mulher, tocou de leve o ombro da primeira.

- Pina, você não precisa fazer isso. – disse séria – Vai acabar se matando.

- Você não está acostumada com esse frio, Persi. Está tremendo. – Pina virou-se para Persi, interrompendo a caminhada – Não consigo controlar o frio como antes. O máximo que posso fazer é adiantar a viagem. – então fez uma pausa e completou – E já te disse que odeio quando me chama de Pina.

Persi exibiu um pequeno sorriso. A guerra a havia aproximado de sua meia irmã. Elas não eram próximas, mas ao menos já não brigavam como antes.

Atrás das duas, o único homem do grupo bufou.

- Podemos parar com essa conversa estúpida e acelerar o passo? Não temos o dia todo.

- Meu amor, não seja tão ranzinza. – disse Persi dando um selinho rápido no marido – Logo estaremos com os outros.

- Sim, claro. – completou Pina – O Templo é logo depois daquela colina.

E continuaram a caminhar.

Persi ajeitou os cabelos castanho-escuros dentro do capuz. Odiava frio. Odiava neve. Odiava o inverno no geral. Eles a faziam se sentir mal. Talvez nem tanto quanto antes, mas faziam. Queria que as nuvens acima de suas cabeças não fossem tão densas. Assim, ao menos, ela poderia ver a luz do sol.

- Vamos! – incentivou a loira – Já posso ver as portas do Templo.

A tempestade se intensificou, fazendo com que a castanha se encolhesse um pouco mais com o frio. Ela diminuiu o ritmo dos passos, respirando com dificuldade. O marido da mesma se adiantou, passando um braço por seus ombros.

- Seja forte. Você ouviu sua irmã. Só precisa aguentar mais um pouco. – ele depositou um beijo terno em sua testa – Sei que você vai conseguir.

Persi concordou. O homem retirou o próprio manto, ficando apenas com sua armadura negra, e cobriu a mulher.

Pouco mais a frente, Pina parou alerta.

- Gente, – ela falou com a voz rouca – eu... eles estão aqui.

Na mesma hora, o casal pareceu voltar a realidade. Aceleraram o passo para alcançar a loira, que recomeçara a andar determinada.

- Como...? – o homem ficou subitamente sério.

- Posso senti-los. – ela falou ofegante – Vamos, não temos muito tempo antes de eles...

Uma flecha negra cortou o ar a poucos centímetros da cabeça de Pina. Ao longe, centenas de vultos negros vinham se aproximando numa velocidade alarmante.

Darkbanes.

O homem na mesma hora empunhou sua espada negra como as trevas. Parecia que queria comprar briga com as bestas. Porém, foi impedido de avançar pelos braços finos de Pina.

- O que pensa que está fazendo? – ele rosnou para ela.

- O que é certo. – a loira tirou o capuz, deixando os cabelos loiros se esvoaçarem com o vento – Pegue ela e vá.

- O que? – Persi puxou os braços da irmã – Não! Você não vai...

- É preciso. Se não, vamos os três morrer.

– Não vou morrer sem lutar! – o homem desafiou – Nunca me permiti temer a morte!

- Talvez, mas se ela ficar aqui mais alguns minutos vai morrer congelada. – a loira ergueu as mãos, preparada para usar a pouca magia que lhe restava – Pegue ela e vá.

Persi, já prevendo que o pequeno discurso surtira algum efeito sobre o marido, se adiantou e abraçou fortemente a irmã.

- Não quero que termine assim.

- Eu sei... - surpreendentemente, Pina retribui o abraço – Agora, vá. – disse soltando-se do abraço.

- Vamos. – o homem puxou de leve a esposa – Temos que ir.

O casal correu em direção ao Templo enquanto Pina erguia uma coluna de neve a sua frente. Então, ofegante, a jovem virou-se. Seus amigos já estavam às portas do templo. Sentiu sua parede de gelo começar a ceder aos ataques dos Darkbanes e, como se fosse seu último suspiro, gritou a plenos pulmões.

- Hades! – ao ouvir seu nome, o homem virou para contemplar a cunhada - Cuide de minha irmã!

Com um pequeno aceno de cabeça, o Deus dos Mortos concordou silenciosamente antes de adentrar com a esposa no templo.

***

Do lado de dentro do templo, os deuses do Olimpo esperavam impacientes com a demora de seus companheiros.

- Está ficando tarde. – exclamou Deméter andando em círculos – Eles já deviam ter chegado.

- Há uma tempestade de neve lá fora. – reclamou Poseidon irritado – Isso os está atrasando. Nada com o que eles não consigam lidar.

- Você deveria se mostrar mais preocupado, sabia? – comentou Atena sarcástica – Não só seu irmão está lá fora, como sua filha também.

- NOSSA FILHA! – bradou Deméter cada vez mais irritada – Minhas duas meninas...

A Deusa da Agricultura, tremendamente aflita, sentou-se no chão e escondeu o rosto nas mãos. Dionísio, sentou-se ao lado dela.

- Demi, minha doce Demi, porque não bebe um pouco e tenta relaxar. – o deus ofereceu uma taça de vinho à velha amiga.

A deusa da agricultura, transtornada, puxou a taça para si e bebeu todo o conteúdo num gole só.

O Templo de Hécate estava lotado. Pouco após o início da Grande Batalha, a deusa da magia enviou um comunicado ao Zeus, alertando-o que as chances de derrota eram enormes e que um plano B deveria ser formulado. E ele foi. Ficara decidido entre os deuses que, se eles fossem derrotados, Hécate teria permissão para usar o Feitiço Proibido, um encantamento que todos os Divinos temiam.

A magia que os obrigaria a renascer como mortais na Terra.

O Senhor dos Deuses odiava pensar na possibilidade da renascença, mas, depois de toda a matança que ocorrera, a utilização da magia parecia ser inevitável. Assim, ordenou que os Doze Grandes, Hades e sua esposa Perséfone seguissem para o Templo de Hécate, onde o plano seria executado.

Porém, a Deusa da Primavera insistiu que não iria se sua irmã, Despina, não fosse com eles. Tal afirmação criou uma enorme repercussão, pois Hades e Deméter também se recusavam a ir sem a castanha. Assim, Zeus conseguiu mais uma passagem para o mundo dos mortais, tendo que pagar à Hécate com seu tão poderoso Raio-Mestre.

Naquele momento, o Salão fazia-se um verdadeiro Caos. Ares, inconformado com a derrota, resmungava enquanto socava seguidamente uma coluna de mármore que parecia estar prestes a despencar. Apolo e Ártemis, os gêmeos, discutiam aos berros sobre algum assunto sem grande relevância. Hera tentava a todo custo acalmar a bela Afrodite, que chorava copiosamente no ombro da amiga. E, para completar o quadro, Hermes havia roubado alguma bugiganga mecânica de Hefesto e os dois deuses pareciam a beira de um duelo.

Zeus estava parado sobre o altar dourado de Hécate, observando atentamente aqueles que eram sua família. À sua esquerda, a Deusa da Magia permanecia imponente, avaliando mentalmente as possibilidades de vitória ou derrota; à direita, a deusa Héstia tentava acalmar a confusão divina a sua frente. Ela não parecia estar obtendo sucesso algum.

- Quanto tempo mais nós temos? – perguntou o Deus dos Céus. Tantas divindades reunidas em um único ponto chamaria a atenção de qualquer monstro a quilômetros de distância.

- É difícil dizer... – Hécate suspirou – Na minha opinião, vocês já deveriam ter partido.

- E deixar família para traz? – Héstia se exaltou com o comentário - Nunca! Não se deixa família para traz, e... HERMES! DEVOLVA JÁ MACHADO!

Hermes fitou a deusa com um olhar divertido, lhe mandou uma careta, e esquivou-se de mais uma investida de Hefesto. A Deusa da Lareira suspirou pesadamente.

- Sinceramente, adoraria que eles ficassem quietos. – ela confessou.

Segundos depois, seu desejo se realizou.

Um baque surdo fez todos os deuses se calarem, com exceção de Afrodite, que não continha seus soluços. Um segundo baque fez todos erguerem suas armas, esperando um ataque.

No terceiro baque, a porta finalmente cedeu às tentativas de Hades e Perséfone.

- Graças aos céus! – Deméter se jogou nos braços da filha.

- É muito bom vê-lo, irmão. – Zeus ofereceu a Hades um sorriso minimamente amigável.

- Er... – Poseidon pigarreou, inseguro – Onde está Despina?

A simples menção ao nome dá irmã fez Perséfone liberar as lágrimas que a algum tempo estava tentando segurar. Hades virou-se para o irmão e balançou a cabeça, com um semblante amargurado.

- Ela não sobreviveu. Sinto muito.

- Ela foi... uma heroína. – completou Persi entre soluços – Salvou... nossas vidas.

Deméter, apesar de igualmente transtornada, reconhecia quando precisava ser forte pela filha. Ela guiou a jovem até as escadarias do altar e afagou seus cabelos castanhos. Hécate se comoveu com a cena, precisava de forças para continuar. Reuniu o resto de confiança que lhe restava e pigarreou, chamando a atenção de todos.

- Entendo que esse seja um momento de pesar e luto, - sua voz era calma, embora ela tremesse por dentro – mas não podemos adiar nossos planos por isso. É questão de tempo até que os Darkbanes cheguem aqui.

- Sim, é claro. – disse Zeus, estufando o peito. Precisava inspirar confiança em momentos difíceis como aquele – Acho que podemos começar.

Acenando coma cabeça, Hécate dirigiu-se à um caldeirão fumegante atrás de si. A mistura estava quase pronta. Faltava apenas um ingrediente.

Sentindo um vazio dentro de si, Hécate puxou um moedor de madeira. Dentro dele, pôs sua preciosa jade, a pedra que guardava seus poderes, e quebrou seu símbolo de poder em centenas de pedacinhos. Ela precisou de toda a sua força de vontade para jogar o pó verde na poção.

Instantaneamente, o líquido adquiriu um tom de violeta fortíssimo, que começou a rodopiar por si só. Com cuidado, a deusa separou o conteúdo em 15 frascos idênticos e começou a distribuí-los entre os deuses.

- Bem... Meu trabalho está feito. – a deusa falou com a voz embargada, passando os frascos um a um.

- Mas, - Afrodite conseguiu segurar seus soluços por algum tempo – Você não vem conosco.

A Deusa da Magia negou com a cabeça.

- Estou fraca. – ela falou com grande esforço, entregando um vidrinho à Ares – Sacrifiquei meu poder para salvar a Chama do Olimpo. Não serei útil à sua jornada na Terra.

- Mas... Sem Despina, há uma vaga a mais. – falou Héstia confusa.

- Vaga esta que será preenchida por você. – disse Hécate, entregando um frasco a ruiva – Quando despertarem, não se lembrarão das suas vidas passadas. Quem melhor para mantê-los unidos que a padroeira Deusa da Família?

Comovida, Héstia abraçou sua salvadora. Em sincronia, os deuses começaram suas despedidas silenciosas. Não podiam saber como seriam suas vidas a partir daquele momento. Poderiam sequer conhecer uns aos outros! Por fim, Hades foi o primeiro a tomar a iniciativa.

Inclinando-se sobre Perséfone, roubou-lhe um longo beijo apaixonado.

- Espero te encontrar na outra vida...

E virou o conteúdo do frasco goela abaixo.

O corpo do Deus começou a emitir um brilho estranho, até que ele se tornou translúcido, embaçado e quase transparente. E então, num passo de mágica, ele sumiu.

O choque gos outros foi instantâneo. Porém, um por um, os Divinos tomaram coragem e beberam suas doses de poção. Um por um, foram sumindo do templo de Hécate, exatamente como o Deus dos Mortos.

E, quando finalmente os Darkbanes atacaram, tudo que encontraram foi um Hécate histérica, rindo descontroladamente.

- Vocês perderam. – ela rosnou para as feras – A Chama do Olimpo continua a brilhar!

Sem prestar atenção às palavras da deusa, as criaturas a rodearam e Hécate fechou os olhos, esperando pela morte que não tardou a chegar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pina, desculpe-me por te matar, ok?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Earth Gods - A Poção de Jade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.