Outras pessoas talvez teriam se desesperado e chorado, sem fazer mais nada. Mas não eu. Gritei por socorro, mas ao mesmo tempo já corria em direção ao suposto assassino. Isso porque, se a vítima não estivesse realmente morta, não seria eu quem saberia o que fazer, mas se já estivesse, acho que o melhor que eu poderia fazer era encontrar o culpado por isso. Não tive medo algum, até mesmo porque presumi que o criminoso não estivesse armado, visto que saiu correndo. Além disso, eu sabia lutar, podia me defender.

Sai pela segunda porta da sala, que estava aberta. Este aposento, a sala de fantasias, tinha uma entrada para o palco do interior da escola, e outra pro lado de fora, onde às vezes eram feitas apresentações para um público maior. Logo que sai, presumi que a pessoa não teria corrido para o portão, porque até lá havia um grande pedaço de terreno, eu poderia vê-lo. Então, só podia ter subido no muro que fica grudado ao lado da escola. E tinha razão, pois ouvi latidos de cachorros que ficavam na propriedade vizinha a escola, que era uma indústria de plásticos chamada Nateky.

Subi usando uma pedra apoiada ao muro, e pude ver a entrada de ar da escola aberta. Adentrei-me por essas tubulações. Segui por um tempo, mas como havia várias bifurcações, fiz silêncio e ouvi uma voz em determinada direção; segui.

Chegando num determinado lugar, pude ouvir:

- ...tem razão. Mas quanto mais cedo melhor.

Não pude ouvir mais. De repente, a parte onde meus joelhos estavam apoiados ruiu e eu cai. Por sorte, consegui apoiar primeiramente minhas pernas no chão, fazendo com que caísse sentada , diminuindo bastante os machucados.

Assim que pude ver a minha frente, levei um susto enorme com o sujeito que avistei. Era alguém de cabelos desgrenhados e negros, com olheiras marcantes. Não estava totalmente ereto, tinha um dos dedos encostados na boca, trajava roupas folgadas e simples, e tinha olhos assustadoramente perscrutadores.