A Nossa Historia escrita por Lilly Belmount


Capítulo 30
Capítulo 30




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Ingrid percebeu que não poderia lutar contra os sentimentos de sua filha. Era hora de deixá-la crescer de uma vez por todas. Não apenas em relação a Marcus, mas sob toda uma carreira brilhante que ela lutava. Amy tinha que decidir sobre o seu mundo. Marcus mostrava ser digno de sua confiança, pois ele nunca abandonava a jovem, cuidava para que ela se sentisse bem a todo o momento. Ingrid sempre seria grata, pelo fato de Marcus conseguir fazer com que Bernard se afastasse daquela casa, mas isso não o impedia de aproximar-se sempre que precisava.

A raiva que Bernard sentia pela família só crescia cada vez mais. Agradecia por Raymond ainda estar atrás das grades e em breve não iria existir mais ninguém. Era uma promessa que ele fizera antes de sair definitivamente daquela casa. Assumiria de uma vez por todas o seu lugar como o homem da casa, e ninguém poderia contrariá-lo.

***********

A última apresentação aconteceria em poucas horas. Enquanto Amy estava animada com a apresentação, Ingrid observava aflita enquanto Amy terminava de guardar os seus acessórios.

— Promete que vai me ligar se acontecer qualquer coisa de errado. — murmurou a mulher desesperada.

— Vai ficar tudo bem, mãe. É só uma apresentação como qualquer outra que eu já fiz. — a jovem abraçou sua mãe calorosamente — Eu te amo. Nunca se esqueça disso.

Ingrid afagou os cabelos da filha carinhosamente. Tê-la em seus braços permitia que Ingrid lembrasse dos momentos em que a sua filha era apenas uma garotinha que precisava dos seus cuidados, das suas broncas sentimentais para que se tornasse uma bela mulher hoje.

— Eu te amo minha estrelinha! Sempre acreditei no seu talento.

Amy abraçou a mãe com força. Depois de anos sua vida finalmente estava entrando nos eixos e agradecia à sua mãe por entender o quanto significava o apoio que sempre quisera ter. Estaria fora de casa por algumas horas, mas logo estaria de volta para contar todas as novidades para Ingrid.

*********

Do outro lado da rua Bernard olhava atentamente o movimento na casa. Enquanto Marcus não saísse de frente da casa, sabia que não haveria chances de se aproximar. Ele foi bem claro sobre querê-lo longe daquela família. Deveriam entender que Bernard nunca seguia corretamente as regras do jogo e sempre se dava bem.

Sua intenção era simples, só queria se reconciliar com Ingrid, manter ao menos uma amizade sem turbulências. Não seria fácil convencer a mulher, mas tentaria de qualquer maneira.

Quando viu Amy entrar no caro, viu a oportunidade perfeita. Caminhou despreocupadamente até a casa, mas olhava ao redor para ter certeza de que não haveria ninguém bisbilhotando.

Tocou a campainha e esperou ser atendido.

— Bernard?

— Podemos ter um último momento juntos. Estou saindo de Nova York daqui a algumas semanas.

Ingrid estava em dúvida.

— Será que podemos tomar um último café juntos? Sem magoas e ressentimento. — pedia Bernard gentilmente — Eu preparo se quiser.

— Tudo bem.                                                  

A senhora deu passagem.

À principio Bernard estava se comportando muito bem. Fez com que Ingrid se lembrasse de quem ele fora no passado. Se pudesse guardar uma lembrança para sempre seria do sorriso encantador pelo qual se apaixonara quando mais nova, do olhar atento de Bernard.

— Querida pegue algumas bolachas para acompanhar o café. — pediu Bernard educado.

Acompanhado de um assovio, Bernard despejou o liquido quente na xícara grande. Estava sendo do jeito que ele planejara. Ingrid sempre faria tudo o que pudesse quando era Bernard quem pedia, mesmo que um dia ele já a tivesse machucado várias vezes.

Em silencio eles se deliciavam com a bebida quente. O brilho no olhar de Bernard não denotava a armação que fizera. Tudo tinha o seu tempo para agir.

— Eu tenho uma coisa para te dizer Ingrid... Um dia eu te amei o suficiente a ponto de querer mudar minha vida, mas te olhando nesse momento percebo que poderia ter continuado levando a minha vida sem precisar de mulher. — ele se levantou da cadeira com leveza — Infelizmente você permitiu que a sua maldita filha estragasse tudo o que construímos. Talvez seja a hora de darmos um adeus definitivo a todos.

A passos largos, Bernard seguia em direção a saída. Ingrid queria saber o que aquele maluco iria aprontar. Correu na tentativa de pará-lo, mas ele já estava do lado de fora.

— Aonde vai? — a voz de Ingrid saiu estridente.

Com um sorriso divertido e aterrorizante nos lábios, Bernard a olhou pela última vez.

— Eu disse que era o último café que tomaríamos juntos... ou melhor, o seu último café.

**********

Amy chegou em casa acompanhada de Marcus. Ele estava sempre pronto para ajudá-la no que precisava.

— A apresentação de hoje foi ótima, meu amor! — exclamou Marcus empolgado com a nova experiência. — As pessoas são apaixonadas pela sua personagem. Pensei que o público não deixaria você se trocar.

— É assim mesmo, Marcus. O público merece a nossa atenção sempre. É por eles que eu vivo, eles me proporcionam bons momentos.

Colocaram todas as bolsas no chão, assim se sentiriam mais leves e confortáveis.

— Cadê a sua mãe? — quis saber ele.

— Deve estar na casa de alguma amiga. Já me acostumei com as suas saídas inesperadas em dias de apresentação.

Ela foi até a cozinha e pegou suco para eles. A apresentação havia sido boa demais. O melhor publico que já tiveram em anos. Uma energia intensa foi compartilhada e todos pareciam respirar o espetáculo para todo o sempre.

Era dez da noite quando o telefone tocou. Era estranho receber ligações naquele horário.

— Alô?

— É da casa dos Jones? — perguntou a voz formalmente.

— Sim. No que posso ajudá-lo?

— Pedimos que compareça ao IML. Encontramos um corpo próximo à residência e precisamos que faça o reconhecimento.

Amy não conseguia ouvir mais nada. O chão sobre qual pisava parecia flutuar. De repente não era mais a gravidade que a mantinha presa na superfície. Seu coração batia aceleradamente. As mãos geladas tremiam freneticamente.

— Amy? — perguntou Marcus tocando-lhe levemente os ombros — Está tudo bem? — o silêncio permanecia — Me responde, por favor.

— Preciso que me leve ao IML. Agora.

Marcus sentiu o calafrio tomar conta de seu corpo. Não poderia ser noticia agradável. Em sua mente pedia para que não se tratasse de nenhum familiar daquela jovem. Ela não merecia passar por uma situação tão delicada. De imediato Marcus a guiou para o seu carro. Dirigiu em silêncio o mais depressa possível. O nervosismo estava acabando com os dois.

Ao chegarem ao local o coração dela disparou. Suas pernas não a obedeciam, não sabia mais o que pensar a respeito daquela situação.

Os corredores brancos deixavam Amy e Marcus cada vez mais assustados. A jovem não conseguia se controlar. Os soluços e lagrimas estavam impossíveis de se estabilizar. Em seu interior pedia para que não fosse nada com sua mãe ou alguém conhecido.

— Podem entrar — sussurrou o senhor idoso que os acompanhara desde a entrada.

— Marcus não me abandone — pediu ela suplicante com o olhar perdido.

— Estou com você. Sempre

Gentilmente ele depositou um beijo em sua testa.

As portas se abriram e dar cada passo pesava demais para Amy. O corpo estava completamente coberto e outro senhor os aguardava. Ele esperou que o casal estivessem ainda mais próximos do corpo que ali jazia. Marcus fizera um sinal com a cabeça permitindo que o lençol branco fosse retirado. Amy segurava fortemente a mão de Marcus.

Os cabelos castanhos desalinhados foram sendo mostrados aos poucos. Inerte. Petrificada. Imóvel. Eram palavras que definiam o estado em que Amy se encontrava. Seu mundo desabara por completo.

— Não! Minha mãe não.

Amy não conseguia mais falar. Seu peito doía e o coração pesava cada vez mais. Escondeu o rosto na tentativa de clarear todas as suas dúvidas. Sem saber o que fazer, Marcus imediatamente ligou para sua mãe.No primeiro toque foi atendido.

— Mãe? — sua voz saia chorosa — Tenho péssimas noticias... Preciso do apoio de vocês nesse momento tão complicado.

— O que aconteceu, meu filho? — Estella estava agoniada.

— A mãe da Amy faleceu. Estamos no IML. Ela parou de falar... Estou com muito medo.

— Cuide dela, por favor, estamos a caminho. Seu pai e eu iremos tomar conta de todos os preparativos para o velório. Preciso que a traga para a nossa casa.

Horas depois de todas as papeladas serem resolvidas a familia foi vestir algo de acordo para o momento. Era estranho ver Amy em silêncio durante muto tempo.

— Amy? — chamou Marcus.

Ela o olhou.

— Desculpa se estou te assustando com o meu silêncio! — ela se controlava para as lágrimas não sairem — Minha vida está uma bagunça.

Ele colocou as mãos no rosto dela levemente.

— Não precisa se desculpar por nada. Eu serei a sua força sempre que precisar. Não tenha medo de nada.

Sentiu o abraço protetor de Marcus. Tinha que ser grata por ter alguém tão compreensivo como ele.

Depois de que ele saiu do quarto, Amy ficou encarando o vestido preto que estava sobre a cama. Desde que entrara na escola de artes Amy tivera de usar roupas pretas e se sentia bem. Só que dessa vez o preto era sufocante, uma peça desnecessaria da qual ela nunca imaginara que haveria uma ocasião, um motivo devastador que a fizesse usar.

Depois de estar devidamente trocada se uniu a familia e juntos foram levados até o cemitério. Não havaia nada que pudessem dizer um para o outro. Só precisava dar um fim a toda aquele cerimônia.

Durante o velório Amy permaneceu calada e com o olhar perdido. Os amigos que se aproximavam tanatavam lhe oferecer conforto, mas ela estva mais perdida do que cego em tiroteio. Tudo era tão confuso.

O padre disse algumas palavras que para ela soaram em latim, sua mente estava longe. Algumas pessoas aproveitaram o momento para dizerem as suas últimas palavras. Como o vento do fim da tarde, parte delas foram ouvidas com atenção por Amy.

Não queria ter que dizer adeus à sua mãe.

Ao ver o caixão ser baixado a certeza de que sua família estava indo embora dominou Amy. Já não sabia mais onde encontrar forças para levar a vida adiante. Até quando duraria a dor? Haveria alguma cura, injeção ou alguma prece que ajudasse naquele momento? O amor seria mesmo capaz de tudo suportar?

**********

Um mês da morte de Ingrid já havia passado e a família Lancaster mantinha Amy cada vez mais na mansão. Mesmo quando ela insistia em voltar ao seu antigo lar, eles diziam que não era bom no momento. Ela entendeu que não seria fácil encarar a casa vazia, sem a maluquice e agito de Ingrid.

Na tentativa de mudar a rotina da família, Estella convidou Amy a um passeio. Ela não queria dizer a aquela mulher que não estava se sentindo bem. Queria que ela tivesse um dia produtivo. Antes de sair tomou um analgésico e pegou sua bolsa. Como se o mundo não estivesse desabando sob a sua cabeça, Amy desceu as escadas e foi em direção a mulher que a aguardava do lado de fora.

— Fico feliz que tenha vindo, querida! — exclamou Estella.

— Preciso de novos ares.

— Se sentir desconfortável em algum lugar, basta me dizer que logo iremos para casa. Não quero ser um problema. — alertou Estella

O passeio estava agradável, mas em alguns momentos ela não escutava o que Estella lhe contava. Suas mãos suavam com freqüência e o bater do coração ficava mais forte como se fosse parar de uma vez por todas. Tinha que fingir que estava tudo bem. Estella merecia um passeio agradável.

Não foi sua intenção interromper o passeio, mas Amy não aguentou e passou mal. Mil e uma ideia passou pela mente de todos, principalmente a de que estava grávida, mas foi apenas um palpite. Com uma visita a um especialista, tratava-se de uma bronquite. Foi recomendado que ela repousasse o máximo possivel.

Já era mais das nove da noite quando Marcus chegou da escola de artes. Demetria e ele estavam dando apoio a Margareth durante alguns testes para o próximo ano letivo. Depois de um banho relaxante, ele entrou no quarto sem saber que ela estaria acordada.

— Meu Deus! — exclamou Amy ao ver Marcus sem camisa

— Também, mas pode me chamar de Marcus.

— Seu corpo é tão bonito.

— Para de maluquice, Amy. Já me viu algumas vezes sem camisa.

— Mas eu estava sóbria, agora estou sobre efeito de remédios que me deixam doidinha. Vou falar muita idiotice.

Marcus a conduziu para a cama, tinha medo de que ela acabasse se machucando.

— Vem deitar, meu amor. Eu irei cuidar de você.

Marcus a conduziu para a cama cuidadosamente. Ela passara o dia todo na companhia de Estella, mas mesmo assim a sua saúde não a ajudava muito. Lutara para ser forte o dia inteiro e Estella merecia um passeio alegre e inesquecível. Aquela mulher era a sua nova fortaleza para assuntos do coração. Uma mãe que ela não possuía na fase mais importante de sua vida.

— Eu te amo, Amy. — sussurrou Marcus ao embalar Amy em seus braços.

— Obrigado por fazer parte da minha vida.

— Você é uma princesa!

— Bobo!

Ela mantinha os olhos fechados. Controlava as lágrimas que todas as noites insistiam em aparecer. Seu coração estava partido em milhares de pedaços.

— Não aguento mais essa dor em meu peito. — sussurrou ela permitindo que a lagrima escorresse em seu rosto.

Imediatamente Marcus se apoiou nos cotovelos.

— Amor... Você tem que ser forte. Essa dor vai diminuir, demora, mas passa. Eu não quero te ver mal desse jeito. Entendo a sua dor.

— Preciso doar as coisas que pertenciam a minha mãe. Preciso fazer isso.

— Amanhã iremos até sua casa.

Na tentativa de acalmá-la, Marcus a apertou contra o seu corpo e começou a cantarolar. A respiração dela que antes estava acelerada começou a ficar mais leve e calma. Amy estava sendo mais forte do que ela mesma se conhecia, e Marcus sabia o quão determinada a sua amada era a ponto de cumprir com a sua palavra. Mesmo que precisasse de apoio em algum momento.

*********

No dia seguinte, Amy levantou mais cedo do que de costume. Colocou o seu casaco naquela manhã gelada e se pôs a caminhar pelo jardim. Já estava pronta para ir até sua casa. Não demorou para que Marcus surgisse ao seu lado. Sorriu confiante para a garota.

— Pronta? — perguntou ele segurando em sua mão.

Ela apenas assentiu concordando.

O caminho foi silencioso. Ele percebeu o quanto a respiração dela estava descontrolada. Os nós de seus dedos ficaram brancos de tanto ela apertar ao suporte que havia no carro. Aquela rua lhe deixava descontrolada. Passara quase um mês longe de toda aquela rotina agitada. Tinha que estar com a mente em ordem. Foi um grande choque para ela.

Desde a morte de sua mãe, Amy não tivera coragem de retornar para a sua antiga casa. Passava as noites na companhia de Demetria ou na de Marcus. Era cedo demais para encarar a realidade que a dominava.

— Meu amor, tem certeza de que quer ficar sozinha? — indagou ele preocupado.

Ela sorriu fraco.

— Eu não quero, Marcus. Não vou aguentar entrar e ter que lidar com as lembranças e com o cheiro da minha mãe. Não éramos as melhores amigas, mas nunca lhe desejei o mal.

— Estou com você Amy, hoje, amanhã e sempre.

Caminhou lentamente até o quarto e ficou olhando para a porta trancada. Respirou fundo e entrou. Havia a sensação de que Ingrid ainda estava por ali, seja cantando ou simplesmente arrumando a sua sala de maneira impecável. O cheiro do seu perfume de lavanda ainda estava pelo ar mesmo que fosse bem leve.

Colocou a sua bolsa no sofá e abriu as caixas que em breve estariam recendo os pertences de sua mãe. Às vezes ela só queria acordar de todo aquele pesadelo e ver sua família reunida. 

Marcus a acompanhou até quarto ajudando com as caixas. Respeitou o momento e a deixou sozinha. Aos poucos o guarda roupas foi ficando vazio, prateleiras com seus perfumes já não eram mais ornados como antes.

Amy embalava as coisas de sua mãe para doar. Não poderia ficar com tudo o que lhe pertencia, apenas o necessário para que pudesse senti-la perto de si. Ao mexer em seus livros, uma carta caiu de forma inesperada. Curiosa, ignorou tudo o que tinha para fazer e se sentou na cama para ler a carta.

“Querida Amy!

      Gostaria que descobrisse essa carta de uma outra forma. Há muito tempo eu vinha escrevendo ela, mas sempre me perdia nas palavras. Você sabe como eu odiava escrever, ao contrário de você que sempre amou, que sempre teve facilidade para descrever os seus sentimentos, de demonstrar o quanto as palavras te faziam bem. Sempre amei receber cartinhas com os seus poemas inventados, de guardar todos aqueles cadernos em que lhe serviam como válvula de escape para os seus problemas.

      Desde pequena você foi como o seu pai... sempre gostou de trabalhar com o mundo artístico, das palavras, enquanto eu não sabia fazer quase nada a não ser uma boa dona de casa e mãe. Nunca reclamei da vida que nós levávamos, mas como toda mulher eu queria viver fora dos meus limites, queria descobrir a vida. Infelizmente com o seu pai nada parecia funcionar, sempre foi muito certinho. Eu queria mais do que a vida de uma dona de casa.

      Numa certa noite em que seu pai a havia levado para o cinema, decidi chamar um antigo namorado meu, ele morava na cidade e sempre dava um jeito de nos encontrarmos. Me sentia como uma adolescente apaixonada correndo riscos. Havia mais de cinco anos que nos encontrávamos, mas cada noite era uma nova surpresa. Meu corpo entrava em chamas só em pensar nas loucuras que podíamos fazer. Noites de prazeres intermináveis, me descobria como uma mulher de verdade.

      Infelizmente seu pai havia descoberto tudo, mas Bernard deu um jeito de fazer com que ele sumisse de perto para que pudéssemos viver juntos. Bernard planejou um assassinato perfeito para jogar a culpa no seu pai. À principio eu havia concordado, mas quando vi que você estava entrando em depressão meu coração se apertou e já não podia fazer mais nada. Eu queria que você fosse feliz, Amy.

      A cada dia que se passava eu te vi crescer e se tornar uma mulher antes mesmo que você se desse conta. Bernard te olhava com desejo e isso me irritava, ele poderia fazer o que quisesse comigo, mas desde que não tocasse em você ou sequer no seu corpo. Esse foi sempre um dos motivos das nossas brigas que te deixavam para baixo. Se eu tivesse tido coragem na época, teria me matado, mas queria te ver ir muito além dos seus sonhos.

      Cada novidade que me contavam a seu respeito me deixava orgulhosa, exceto quando  começou a se envolver com o Marcus. Aquele rapaz conseguiu te deixar desestabilizada, fez a sua armadura cair quando menos esperava. Eu reprovava o relacionamento de vocês porque eu ainda acreditava que sentia algo pelo Donnie, mas talvez fosse ele quem estivesse alimentando falsas esperanças.

      Tinha medo de que Marcus a fizesse sofrer e que o arrependimento pudesse acontecer. Ele queria te tirar de mim... eu não queria perder a minha única filha. Não desejava presenciar isso, mas quando você se impôs para defender esse rapaz soube que a minha menina de fato tinha crescido. Vi o quanto o amor de vocês era forte o suficiente para suportar as mais difíceis batalhas.

      Amy, nunca terei palavras o suficiente para dizer que te amo e que desejo a sua felicidade. Onde quer que eu esteja, estarei olhando por você. Lute sempre por aquilo que ama antes que seja tarde demais. Peço que me perdoe se te fiz sofrer esses anos, principalmente com a ausência do seu pai...

      Eu te amo minha estrela.

      Beijos mamãe!”

Amy queria controlar as suas lágrimas, mas naquela carta verdades lhe foram contadas e tinha de fazer algo pelo seu pai, a única pessoa por quem ainda se preocupava. Por quem ainda poderia lutar já que estava sozinha no mundo? Iria fazer seu pai ainda mais feliz, lutaria pela sua verdade. Estava cansada de viver num pesadelo sem fim.

— Amor? Tudo bem?

— Marcus... — sua voz saiu tremula — Eu não... isso.

Antes mesmo que ela pudesse continuar, Marcus pegou a carta de sua mão e se pôs a ler. Havia informações preciosas, imediatamente dobrou a mesma e puxou May consigo para fora de casa.

Dirigiu feito um louco em direção a delegacia. Não queria perder tempo.

Passaram pela porta do delegado às pressas. O homem robusto assustou-se com a invasão na sua sala, mas logo se recompos.

— Senhorita Jones? No que posso ajudá-la?

— Delegado quero que leia essa carta e faça algo enquanto ainda tenho forças para lutar. Nessa carta existem provas de que meu pai é inocente. Por favor, eu preciso vê-lo longe daqueles muros cinzas.

O delegado pegara a carta das mãos tremulas da jovem.

— Irei agilizar as papeladas, mas convenho lhe dizer que pode levar um tempo.

— Não importa! Já esperei tempo demais. Só quero que a justiça seja feita de uma vez por todas.


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