A Nossa Historia escrita por Lilly Belmount


Capítulo 21
Capítulo 21




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Ainda era tão cedo. A jovem acordara antes das oito da manhã para preparar-se para o grande compromisso que teria ao longo do dia. Amy não conseguira conter a ansiedade. Contava as horas para que pudesse visitar seu pai. Seu coração se comprimia cada vez mais. Todos os dias ela acordava com a esperança de que tudo mudaria, de que teria uma vida tranquila sem Bernard. Só queria viver em paz pelo resto de sua vida. Depois de estar pronta, Amy foi até a cozinha tomar café, mas infelizmente o seu sorriso desaparecera por completo.

— Não acha que está saindo demais dessa casa? — Questionou Bernard furioso ao vê-la toda arrumada.

Amy revirou os olhos.

— Estou tendo muitos ensaios.

— Ah claro... Ensaios. Esses malditos ensaios ou será que devo dizer que a sua lista de clientes fieis está crescendo? Quando é que você irá cair na real de que tudo isso é uma perda de tempo? — Ele sussurrava em seu ouvido — Essa vida de fama e luxuria não é para você e nem para a vagabunda da sua mãe. Vou infernizar a sua vida onde quer que esteja Amy, mas não se esqueça de que a sua hora está chegando.

Ela ergueu a sobrancelha desafiadora.

— Vai me ameaçar? Eu não tenho medo de cafajestes como você não, Bernard.

— Ah, pois deveria.

— Como quiser.

Amy saiu de casa sem olhar para trás. Se tivesse esquecido algo não voltaria para buscar enquanto Bernard estivesse em casa. Acordara empolgada e feliz. Nem mesmo Bernard conseguiria acabar com a sua alegria. Foi para o ponto de táxi e aguardou algum que passasse ali por perto de sua casa. Não era fácil o trajeto que ela teria de fazer, mas pelo menos conseguia encontrar o seu refugio longe de casa.  Ficar longe de casa não era o seu maior problema, até gostava, mas o se sentia incomodada com a presença de Bernard. Faria tudo o que estivesse ao seu alcance para tirá-lo de sua casa, mas Ingrid daria apoio para o canalha.

Depois de vinte minutos aguardando no ponto eis que o motorista fez sinal para que ela embarcasse. Ofereceu o seu melhor sorriso e ocupou o seu lugar no carro. Agora era o grande momento. Fecharia os olhos enquanto deixava os problemas para trás. Ao chegar à penitenciaria a jovem ficou parada por alguns minutos antes de passar pelos grandes portões. Era sempre a mesma rotina. Nada mudava. Era necessário passar pela revista pelo detector de metais e pelo tato. Sentia-se invadida.

O carcereiro a acompanhou até a sala reservada. Odiava aquele lugar, mas pelo menos Bernard não poderia fazer nada contra seu pai.

— Filha! Que bom te ver.

Amy deixara o seu coração com o pai. Apenas ele conseguia transformá-la por completo. Poderia parecer repetitivo e insistente, mas queria seguir em frente com a sua promessa.

— Está tudo bem contigo? Estou te achando um pouco desanimada. — Indagou o pai preocupado.

O seu suspirar era de deixar preocupar qualquer pessoa.

— Anda estrelinha, me conte. — Incentivava o pai.

— Só estou sobrecarregada com tanto ensaio. Muita carga. A responsabilidade vem crescendo cada vez mais.

De cabeça baixa ela encarava os próprios pés.

— Essa carreira é a mais bela de todas. Exige muita dedicação, esforço e garra para seguir em frente. — Raymond sentara-se ao seu lado. Trouxera sua filha para mais perto — Ninguém disse que seria fácil, minha estrela, mas eu acredito no seu talento. Todas as noites antes de dormir, peço proteção e forças para você. Quero te ver viajando e sendo feliz com a carreira que escolher.

— Mas pai, é tão complicado levar a vida sem a sua presença. Dói tanto o meu coração.

 — Não deves pensar assim. Você possui bons amigos, pessoas que te ama e te querem bem... — Ela o interrompeu.

— Mas nenhum deles é o meu pai. Se fosse em outro tempos ou em outro país eu poderia estar sofrendo bullying pelo simples fato de não ter meu pai por perto.

Raymond deu de ombros. Sua filha não falava mentiras, mas não queria vê-la tão chateada. Queria vê-la sorrindo.

— Te entendo minha querida. Como está as coisas na escola? Ainda está se envolvendo com o Patrick?

— Na escola está tudo corrido demais. Em breve teremos o festival e terei de abrir e fazer uma apresentação. Quanto ao Patrick... — Ela fez uma pausa achando desnecessário aquele assunto. — Prefiro não comentar. Ele já faz parte do passado.   

— Normal. Há males que vem para o bem.

— Com certeza. Aprendi que não devo ser tão boazinha com as pessoas, pois em pouco tempo elas são capazes de dizer que me amam profundamente e que sou a única razão por estarem vivos.

Raymond sentia orgulho de sua menina.

— Quando foi que você cresceu?

— Também não sei quando isso aconteceu. Crescer é assustador.

A sua visita fora mais breve do que ela pensava. Tinha tantas coisas a serem acertadas para o festival. Não era nada fácil ter de ajudar a preparar tudo e ainda por cima ter de ensaiar duas coreografias bastante complexas. Seria mais fácil se desistisse de tudo enquanto ainda lhe restava tempo, porém estaria sendo fraca e dando a oportunidade para outras pessoas lhe criticarem. A jovem pensava a respeito da conversa que tivera com o pai e ele tinha razão em lhe aconselhar a não dar ouvidos ao que as pessoas lhe diziam. Deveria seguir sempre o seu coração, mesmo que ele por vezes a levasse a caminhos duvidosos, mas teria de arriscar. Logo foi sendo trazida à sua realidade pelo tocar de seu celular.

— Alô?

— Gostaria de falar com a garota mais linda desse mundo.

— Pode falar Marcus.

Sua risada a contagiou.

— O que você vai fazer à noite, anjo? — Ele estava curioso.

Amy pensou na resposta.

— O mesmo de sempre... estudar, ensaiar, corrigir as coreografias.

— Não sou de fazer isso, mas estava pensando se você gostaria de sair para jantar comigo. Não é nada demais, apenas uma noite para colocarmos os nossos assuntos em dia. O Leonardo foi quem deu a ideia, ele quer fazer um pedido muito especial para ela.

— Como você é fofoqueiro! — Exclamou ela divertida — Não vejo nenhum problema. Vai ser divertido passar um tempo com os meus amigos.

— Tem mais uma coisa... Não conte nada para a Demetria, apenas a convide para um passeio noturno. Daqui a pouco te mando o endereço.

— Não se preocupe.

— Até mais tarde sua linda.

— Tchau.

Marcus tinha sérios problemas mentais, e isso era fácil de admitir. Depois de ter visitado o seu pai, Amy se sentia mais leve e animada. Sabia que em breve todo o seu sofrimento acabaria de uma vez por todas. Em algum momento de sua vida chegaria em casa e o encontraria esperando por um abraço demorado. Todos os seus pedaços. Às vezes ela se perguntava à respeito de alguns jovens desrespeitarem os seus pais, passarem por sua de suas regras sem se sentirem mal. Ela por sua vez não compreendia o comportamento de sua mãe, mas se preocupava, não gostava de saber que Bernard a machucava, mas Ingrid estava cega acreditando que ele era a melhor pessoa do mundo, mas não. Entender os verdadeiros motivos que levavam um filho a bater em seus pais era inaceitável. Eles não mereciam. Machucar alguém que daria a vida para te ver bem se tornava um presente, mas infelizmente nem todas as pessoas pensavam da mesma forma que ela.

Mandou mensagem para Demetria lhe informando que em pouco minutos estaria chegando na cada dela. Precisavam conversar e, no entanto logo envolveria o passeio noturno. Finalmente Demetria encontrara alguém que a respeitava e mostrava um verdadeiro interesse fora do comum. Olhar para fora da janela do táxi e ver aquelas paisagens ficando para trás já a deixara acostumada. Já sabia todas as placas que entravam e saiam do seu campo de visão. Um dia esqueceria todo o trajeto que a levava para um lugar ruim.

O táxi parara em frente à casa de Demetria e ela pagou pela corrida feita. Não seria uma visita demorada, pois queria estar descansada para noite que teria. Queria que a sua amiga tivesse ao menos a ideia do que estaria para acontecer na sua vida num momento como aquele.

— Demi? — Chamou Amy no hall de entrada.

Estou aqui. — A voz vinha da sala.

Amy caminhou até a sala e gostou do que viu. Sua amiga estava completamente vidrada assistindo videoclipes. Os olhos de Demetria brilhavam com intensidade. Era em estudos contínuos que elas encontravam inspiração para melhorar sempre nas aulas.

— Amo o jeito que essas bailarinas dançam! — Exclamou Demetria admirada.

— São boas, mas nós somos melhores, afinal somos parceiras em tudo.

Demetria sorriu. Era mais do que a verdade que ela e Amy eram as melhores. Havia sintonia e cumplicidade quando estavam juntas. Tornavam as apresentações mágicas e especiais.

— Queria ser uma mosca só para saber o que esses garotos tanto aprontam. São malucos só por nos chamarem assim do nada para um jantar. —Murmurava Demetria.

Um sorriso divertido tomava conta de Amy. Aquele sorriso era responsável por deixar a amiga cada vez mais nervosa.

— Pode contar! — Obrigava a moça — Você sabe o assunto, desembucha.

Amy balançou negando.

— Não sei de nada, assim como você.

— Me engana que eu gosto.

— Continue empolgada até mais tarde. Preciso me preparar mentalmente.

— Fique linda! — Brincou Demetria divertida.

— Amor, eu sou linda de qualquer jeito.

**********

Ao chegar em casa a jovem notou que sua mãe estava organizando a sala. Ingrid não notara a presença da filha que a admirava. Quando Bernard não estava em casa a sua vida entrava nos eixos, Ingrid parecia estar em sã consciência. Até evitava agredir sua filha com palavras. Foi até o quarto e pegou o livro que estava lendo e retornou para sala.

Ingrid apenas observava sem nada dizer. Estava interessada nos passos da filha. Até estranhava o silêncio que ali se instalara. Sentou-se no chão apoiando as costas nas pernas do sofá. Aquela cena fez com que Ingrid tivesse uma lembrança do passado. Ela em sua inocência fazia de tudo para esperar o pai chegar do trabalho. Observava a expressão curiosa de Amy para saber o que aconteceria nos próximos capítulos. Tantos fatores ajudaram a se afastarem, mas não deixava de admirar sua garota.

Seguindo o exemplo da filha, Ingrid pegou o livro de Sidney Sheldon e se pôs a ler. Às vezes se entreolhavam e fingiam que nada de diferente estava acontecendo. E assim seguiu durante as próximas horas.

Passara uma parte de seu tempo lendo na sala. Sua mãe a acompanhava. Não houve nenhum tipo de conversa entre elas. Estavam completamente presas em seus mundos. As horas passavam com velocidade desconhecida.

Ao notar que a tarde já se despedia, Amy largou o livro e foi tomar banho. Agora seria o grande momento. Queria que tudo desse certo para a noite triunfante de Demetria e Leonardo. Ambos mereciam.

Escolhera algo bem discreto. Não queria atrair olhares intimidadores. Dizer que ela estava calma poderia ser mentira. Em seu interior ela estava morrendo de ansiedade. Seria um passeio diferente do que ela estava acostumada. Toda vez que marcava algum jantar o principal assunto era conseguir melhores patrocínios e visão da escola de artes. Seria a primeira vez em que dedicaria o seu tempo a conversar sobre o que desejava.

Após estar vestida adequadamente, Amy resolveu colocar um pouco mais de cor em seu rosto. Já que iria presenciar a oficialização de um sentimento tão belo, tinha que caprichar. O entusiasmo tomava conta de seu ser, estava ansiosa demais.

— Vai para algum lugar especial? — Perguntou Ingrid encostada na porta do quarto.

— Irei sair com a Demetria, por quê? Estou proibida de viver um pouco?

Ingrid sentia-se ofendida.

— Claro que não. Só não quero te ver com aquele playboy do Marcus. Não gosto dele e nunca vou gostar. — Comentava ela irônica — Infelizmente não posso proibi-la de ter contato com ele na maldita escola, mas não o admitirei como seu namorado.

Amy revirou os olhos.

— Somos apenas amigo, mãe.

— Assim espero.

Amy ignorou a presença da mãe e continuou a se arrumar. Ninguém precisava saber da verdade. Assim seria melhor, quanto mais ocultasse o envolvimento de Marcus não haveria com que se preocupar.

Demetria já aguardava no táxi. Saíra mais cedo de casa para passar na casa de sua amiga. A verdade era que o nervosismo não a deixava raciocinar direito. Sentia seu coração pular com mais força, suas mãos suavam com freqüência. Até parecia uma criança de tanta ansiedade. Ao ver Amy completamente arrumada ao se aproximar do carro, Demetria saiu para recebê-la.

— Amy, se eu fosse um rapaz, desejaria que fosse a minha namorada. Está mais linda que o normal. — Elogiava a garota.

Amy corou diante do elogio.

— É apenas os seus olhos minha querida. Apenas decidi que devo aproveitar o pouco da liberdade que tenho. Gosto de me sentir assim e essa noite será diferente de todas as que eu já vivi.

— Tenho orgulho de ser a sua amiga. Podemos ir?

— Podemos.

Dito isso as jovens ocuparam seus lugares e seguiram em direção ao ponto de encontro. Se sentiam em relação a tudo o que poderia acontecer naquela noite entre amigos. A noite estava perfeita. A lua iluminava com força as ruas de Nova York. Demetria não conseguia controlar o nervosismo, afinal Amy lhe contara o básico. Dissera-lhe que se tratava apenas um jantar como qualquer outro. Marcus fora o grande responsável por escolher o restaurante. Não era algo tão simples, mas o chefe e o dono do local eram amigos de seus pais, e assim estaria na mais perfeita ordem.

Ao saírem do táxi os rapazes se aproximaram e pagaram a corrida. Não seria correto deixar que elas gastassem naquela noite. Tudo naquela noite seria por conta deles. Seus sorrisos bobos as contagiam sem que houvesse intenção alguma.

— Olá meninas! — Disse Leonardo cumprimentando-as.

— Vocês estão um arraso. — Elogiou Marcus maravilhado ao ver Amy num vestido simples, mas que destacava bem a sua beleza natural. Como ele amava sua beleza natural. — Essa noite promete muitas surpresas. 

— Já estamos surpresas. — Murmurou Demetria divertida.

Leonardo mostrou o caminho para elas. Foram bem recebidos pelo maitre do restaurante. As jovens tremiam de ansiedade e nervosismo. Mesmo que não fosse a intenção serem tão chamativas, alguns olhares eram direcionados para as jovens.

Durante o jantar a conversa se manteve animada. Alguns curiosos tentavam entender o que se passava na mesa dos jovens. Para eles tudo era motivo de bagunça e gargalhada. O clima se tornava agradável e divertido à medida que os minutos avançavam. O sorriso bobo de Leonardo não enganava o quão apaixonado ele estava por Demetria. Era como ser a platéia de um espetáculo romântico. Não era apenas para ser admirado, mas podia sentir o amor que emanava dos corpos, a energia que os mantinha ligados. Por pouco não esqueceram qual era o principal objetivo daquela noite.

— Por que estão me olhando desse jeito? — Perguntou Demetria estranhamente.

Amy levantou a mão se rendendo.

— Não sei de nada... — Interrompeu Marcus apressado.

— Nem eu.

Leonardo se ajustou na cadeira e ficou frente a frente com Demetria. Ao tocar em sua mão notou que ela tremia junto com ele.

— Demi, pode parecer louco e fora de mim... — Começou ele — Poderia soar clichê, e como a história de um livro escrito por uma jovem sonhadora, mas o que sinto por você é mais forte que tudo o que conheço. Finalmente o amor bateu à minha porta e fez com que eu sentisse a vontade de entregar o meu coração a alguém tão importante. Valorizo os bons sentimentos e momentos que passamos juntos... — Fez uma pausa breve — Demetria o que estou tentando lhe dizer é: aceita ser minha namorada e futuramente noiva? — Seus olhos brilhavam com intensidade.

Todos ficaram surpresos com o pedido até mesmo Marcus que conhecia apenas uma parte do plano. Se entreolharam na espera da resposta. A felicidade aos poucos estava chegando a cada um deles.

— É claro que eu aceito Leo.

Ambos se abraçaram e trocaram um beijo breve.

O mais novo casal não demorou a permanecer no restaurante por mais tempo. Ambos queriam passar algum tempo a sós e Marcus entendia muito bem a situação em que se encontrava. Tinham mais que aproveitar mesmo.

— Fico feliz pelos dois. O Leo sempre me falou o quanto admirava a Demetria.

— Quem diria que ela se entregaria assim. — Comentou ela sonhadora.

Marcus gostava de ver o belo sorriso que Amy mostrava. Era leve e único. Agora que estavam apenas os dois, Marcus não sabia como continuar uma conversa prazerosa com Amy. Toda vez em que estavam juntos havia tanto a ser falado, mas dessa vez a noite o fizera se esquecer completamente das palavras que gravara em sua mente. Na medida em que observava Amy atentamente o seu coração disparava, suas mãos tremiam freneticamente enquanto ele lutava para não demonstrar o nervosismo.

Como é que uma garota poderia exercer tanto poder sobre ele? Não precisava de uma explicação. Se contasse para qualquer pessoa como se sentia o acharia um bobo, mas o amor faz isso com as pessoas. Dizem que o amor transforma as pessoas, isso pode até ser verdade, mas depende de cada um permitir o quanto quer ser mudado. De repente tudo o que era cinza se torna mais colorido, o ar que entra em seus pulmões não é puro, o sol aquece a alma.

A jovem estalava os dedos chamando a atenção dele.

— Alguém em casa? Marcus, está tudo bem?

— Peço desculpas por um momento estava vagando por terras distantes. Não entendo o que acontece... — Houve uma pausa necessária antes que ele começasse a despir todo o seu sentimento.

Amy se apressou em continuar com a conversa.

— Se estiver cansado podemos ir para casa.

— Não se preocupe, só estava pensando. Será que podemos caminhar um pouco?

— Adoraria.

Marcus pagou a conta e a ajudou a levantar-se da cadeira. Alguns clientes os admiravam. Entre eles tudo era motivo de sorriso e gargalhadas. Ele a levou para caminhar pelas ruas agitadas. A lua estava linda, contemplavam artistas de rua, tudo se transformava. Quando se divertiam as horas passavam sem que percebessem. Infelizmente a realidade os chamava de volta.

Já estava ficando tarde e no dia seguinte ambos teriam ensaio. Voltaram apenas para que Marcus pudesse pegar o seu carro. Em pouco tempo ela estaria de volta ao seu lar. Ele já estava acostumado com o silêncio que existia entre eles. Para ele se tornava difícil não contemplar o rosto sereno dela.

As luzes da casa de Amy estavam todas apagadas quando ele estacionou o carro. Ele a acompanhou antes de chegarem na porta de entrada.

— Adorei a noite de hoje, Marcus. É uma pena que tenha que acabar.

Marcus tocou levemente o rosto de Amy.

— Ei, não precisa ficar triste. Sempre teremos o amanhã enquanto vivermos.

O sorriso que Marcus lhe oferecera lhe causou um arrepio pelo corpo todo. O que estaria acontecendo com ela?

— Acho melhor você entrar antes que a sua mãe decida sair. — Recomendou Marcus — Não quero que ela continue arrumando confusão.

— Tudo bem. Boa noite, Marcus.

— Boa noite, anjo.

Ela ia caminhando em direção a casa, mas parou no meio voltando correndo para os braços de Marcus com um abraço apertado. Gostou daquele singelo gesto. Segurou-a com força em seus braços. Era incrível tê-la ali quando mais ninguém os observava.

Ah se ela soubesse o que se passava em seu coração!

— Agradeço por ser tão bom — Sussurrou ela — Até amanhã.

Com um sorriso bobo nos lábios, Marcus foi para casa. Borboletas faziam festa em seu estômago.

**********

Não havia palavras que pudessem definir a noite que Marcus tivera ao lado de Amy. Depois do banho, ficou deitado na cama pensando a respeito da noite maravilhosa que tivera. Brincara e rira tanto que sua barriga doía. Aos poucos passava a conhecer Amy melhor que nunca. Ela era de fato uma caixinha de surpresas. Surpreendia-se com as histórias malucas e inacreditáveis que vivenciara na escola, dos momentos em que pensara em desistir de tudo, mas principalmente de onde tirava o incentivo e a motivação para seguir em frente.

Com os fones de ouvido no último volume, a mente do jovem se tornava leve e as boas cenas que vivenciara se intensificavam. A fantasia o deixava louco. De repente até a música que começara a tocar combinara com os seus pensamentos. A música da banda Heffron Drive – Everything Has Changed traduzia os seus sentimentos.

“Everything has changed since I met you

My heart was broken

Hope was overdue



Running empty

Running out of time

Thought I lost my mind

But everything has changed since I met you



Nothing is the same since I met you

My heart sometimes is easy to get due

With shadows of the past disturb my night

Make them run and hide

Cause nothing is the same since I met you”


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