A Nossa Historia escrita por Lilly Belmount


Capítulo 16
Capítulo 16




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De volta à sua triste realidade. Amy passara um final de semana inesquecível, mas tinha de acordar para a sua realidade. A realidade que tanto a fazia nunca acordar de seus sonhos belos e preciosos. Chegar de madrugada fora simplesmente cansativo. Queria ir para sua casa, mas com a insistência de Estella, a jovem dormiu até que o dia clareasse, assim poderia ir para sua casa com mais segurança. Não queria continuar incomodando aquela família.

Depois de estar devidamente trocada para o novo dia, Amy quis conhecer o escritório de Hilbert. Evie lhe contara que havia muitos livros maravilhosos e raros. Não havia como negar a sua paixão por livros, por dança, pela arte em si. Olhava atenciosamente cada um dos títulos ali expostos. Stephen King predominava. Edições raríssimas, das quais não se encontram mais em livrarias.

Amy não reparara nas fotos que havia na sala de Hilbert. Muitas delas do tempo de colégio, faculdade. Olhou cada uma delas até entrar em choque com o que contemplava. Não poderia ser verdade. Hilbert ficara preocupado em vê-la parada como uma estátua.

— Amy? Tudo bem?

— Eu...eu — Ela se perdia nas palavras — Quem é esse homem na foto? — Perguntou ela apontando.

— Era o meu melhor amigo. Crescemos juntos, vivemos as melhores experiências das nossas vidas. Depois que ele se casou, nunca mais tive noticias. Não sei o que aconteceu com ele.

Marcus aparecera na sala e se sentara no sofá para ler. Nenhum deles pareciam se abalar com as presenças.

— Qual o nome dele?

— Ray... Raymond Jones.

Amy não podendo conter as lágrimas se jogou nos braços do homem à sua frente. Finalmente poderia contar com a ajuda de alguém mais importante. Não havia como acreditar que Hilbert e Raymond foram amigos no passado. Seria coisa do destino por colocar a jovem em seu caminho?

— Querida... está tudo bem?

— Hilbert, esse homem da foto é o meu pai. — Ela tentava reunir forças para lhe contar o motivo do sumiço — Ele está preso por um crime que não cometeu.

Marcus prestava atenção à cena. Nunca vira Amy tão abalada.

— Como assim? Ele não faria mal a um animal que fosse. Só pode ter sido uma armadilha. Onde posso encontrá-lo, querida?

— Aqui está o endereço. — Ela lhe entregara um cartão — Sinto tantas saudades dele, Hilbert. Queria que ele estivesse aqui.

Respirando fundo o homem de olhos claros prosseguiu:

— Nós iremos tirá-lo daquele lugar. Acredite em mim.

Marcus lhe entregara um copo d'água.

— Quem diria que a filha do melhor amigo do meu pai seria minha amiga. Por que nunca vi uma foto do seu pai na sua casa? — Quis saber Marcus.

— Por que minha mãe jogou fora todas as fotos dele. Não tenho nada para me lembrar de seu rosto.

Afastando-se dos jovens, Hilbert fora até a estante e pegou o quadro onde a foto que ele mais gostava estava. Foi o dia em que ele descobriu que seria pai, poucos dias antes de seu casamento. O seu mais belo sorriso contagiava a todos. Hilbert estava ao seu lado, animado.

— Fique com essa foto, querida. Essa foto foi tirada num dia muito importante e feliz da vida dele. Foi o dia em que ele descobriu em que seria pai. Ele gostaria que ficasse com ela.

Amy sorriu em forma de agradecimento.

— Obrigado... Obrigado por tudo. Não tenho palavras para agradecer o que você e a sua família tem feito por mim. É uma divida que sempre ficará em aberto.

— Não pense assim querida. Você não nos deve nada. Será um prazer te ajudar daqui em diante.

Aproveitando o clima amistoso, Hilbert decidiu contar um pouco das suas aventuras ao lado de Raymond. Cada uma das histórias fazia Amy sorrir, gargalhar e chorar. Ela era transportada pela sua mente no exato momento em que tudo lhe era contado. Conseguia ver o sorriso de Raymond quando descobrira que ia ser pai. Tão novo e orgulhoso da família que ira constituir ao longo dos anos. Queria tanto que sua mãe se importasse mais com seu pai, que ao menos não falasse tantas barbaridades a seu respeito. Um dia eles foram felizes.

— Agradeço por tudo, Hilbert e Estella. Infelizmente preciso ir para casa. Não sei o que a minha mãe pode estar pensando.

— Qualquer problema, pode nos chamar. A nossa casa estará sempre de portas abertas, minha querida.

**********

Amy sabia que provavelmente sua mãe já iria lhe perguntar sobre o que decidira sobre a proposta que lhe fizera. Adiar a decisão que poderia mudar a sua vida por algum tempo não poderia seguir adiante. Encarar os fatos era necessário, principalmente por ganhar mais um aliado na tentativa de recuperar a liberdade de Raymond.

Assim que a porta da frente foi aberta, a voz de Ingrid lhe pegou de surpresa:

— Pensei que não voltaria mais pra casa! — Reclamava Ingrid — Esqueceu que tem uma mãe ou pediu para alguma idiota te adotar?

— Oi, mãe. Nossa, a viagem foi boa. Obrigado por perguntar.

— Não me venha com essa! — Rebateu a senhora irritada — Quero uma resposta agora, Amy. Estou cansada de ser enganada toda vez que te pergunto a respeito de Donnie. Será que pode ser sincera ao menos uma vez na vida ou é difícil?

Ela sentiu vontade de retrucar, mas optou por não fazer.

— Tudo bem. Eu pensei sobre a sua proposta e eu vou aceitar. Não quero ter de ficar brigando com a senhora o tempo todo por isso. Avise ao Donnie, mas desde que ele não fique me perseguindo vinte e quatro horas por dia. Ainda tenho uma vida e coisas a serem feitas na escola de artes. Espero que possa compreender.

Ingrid soltou um grito de felicidade. Sentia-se viva novamente por saber que Donnie voltaria a ser uma presença constante na sua casa e na sua vida. A alegria voltaria a morar naquela casa.

— Sabia que a sua decisão seria inteligente.

— Será que eu posso ir para o meu quarto e descansar da viagem?

— Pode!

Depois de dar as costas apara sua mãe, Amy revirou os olhos e seguiu em direção ao seu quarto. Seu santuário estava intacto. Nem Ingrid ou Bernard ousaram entrar em seu quarto. Principalmente Bernard. Deixara suas coisas num canto qualquer, não queria saber de bagunça, muito menos da viagem. Só precisava ficar quieta com os seus pensamentos. Ainda não conseguia acreditar que Hilbert e seu pai foram amigos de longa data. Era uma noticia que ela não conseguiria guardar por muito tempo para si mesma. Tinha de ser forte e cautelosa. Lembrando de seu pai, a jovem logo retirou de sua bolsa a foto que ganhara. Com a foto em mãos, Amy aproximou a foto de seu coração. Ali seria um lugar onde seu pai sempre moraria. O sorriso que Raymond tinha trazia junto todas as energias boas do mundo. Havia calor em seus olhos castanhos. Sentia-se especial por saber que seria pai. Quem diria que a sua criança estaria cuidando dele à distância? Ninguém diria. A sua força vinha dele, só assim conseguia viver cada dia com mais entusiasmo.

Um banho a faria relaxar antes do jantar. Assim ela o fez. Um banho morno a faria esquecer todos os problemas e logo estaria pronta para a sua rotina agitada de sempre. Sentia-se cada vez mais animada para voltar à sua rotina.

Tudo o que ela menos desejava era ter de esbarrar com Bernard pela casa. Já havia se acertado com Ingrid, mas com ele a situação já complicava. Não era fácil ter de aceitar que outro homem estava no lugar de seu pai. Nunca aceitaria a mudança que ocorrera ao longo de sua vida. Tudo voltaria a ser como era antes. Acreditar não fazia mal algum. Enquanto não sentia vontade de sair de seu quarto, decidiu mandar e-mail contando as últimas novidades a Demetria. Tinha de deixá-la por dentro de todos os acontecimentos. Sua caixa de e-mail não sofreara alterações, mas havia uma especifica de Demetria.

De: Demetria

Para: Amy Jones

Assunto: Viagem com o maravilhoso do Marcus

Oi, amiga!

Espero que tenha se lembrado de mim e tenha trazido algum presente italiano. Por quê não me contou que havia aceitado a proposta dele? Como foi viajar com o lindo do Marcus? Eu sei, estou brincando, afinal você merecia descansar um pouco e esquecer essa loucura toda causada pelo Donnie. Fui na sua casa várias vezes e o seu padrasto disse que estava de castigo, mas eu não botei fé. Me dê algum sinal de vida.

Demetria precisava ser estudada pela NASA. Nunca fora de se comunicar pelo e-mail. Deveria ser as novas influências. Não cairia na tentação de ter provas de suas conversas arquivadas. Optaria sempre pela conversa presencial. Não precisavam de toda essa formalidade. Só poderia ser brincadeira.

" Venha aqui em casa depois do jantar. Odeio e-mail para conversas. Você sabe."

Essa fora a mensagem enviada pelo celular. Ponto e basta. Era hora de se juntar ao que representava a sua família.

O cheiro de comida recém feita estava deixando Amy cada vez mais faminta. Nada melhor do que a própria comida feita em casa. Bernard fora o responsável por preparar o jantar. Amy não gostava da forma que ele cozinha. Não levava jeito para a coisa.

— Como foi a viagem, querida? — Perguntou Bernard num interesse falso.

— Normal! Como todas as viagens que realizo.

— Um amigo seu não parou de ligar enquanto esteve fora.

— Quem era?

— Um tal de Patrick.

Patrick. Como é que ela fora se esquecer desse pequeno detalhe? Se empolgara tanto com os passeios que mal lembrara que tinha um celular. Depois do jantar daria um jeito de falar com ele e pediria desculpas por não ter lhe dado a devida atenção que merecia. Tantas coisas aconteceram durante a viagem que lembrar do mundo real parecia deixá-la completamente fora de si.

— Obrigado por avisar.

— Está vendo, não sou tão chato quanto pareço.

Ela sentiu vontade de fazer um comentário maldoso, mas optou por guardá-lo consigo. Não iria se estressar com aquele babaca.

Depois do jantar, Amy fez questão de deixar tudo organizado, precisava manter a mente ocupada ou acabaria pensando em coisas desagradáveis para fazer com Bernard caso ele a irritasse demais. Enquanto realizava as tarefas, ela se pôs a pensar na viagem que realizara. Tivera de ser corajosa para entrar em um jatinho particular, detestava ficar muito tempo longe da terra firme. Não havia como explicar o seu medo de altura, mas tinha de superá-lo, sua carreira dependia de viagens duradouras. Talvez não tivesse ficado tão assustada por estar na companhia de pessoas que lhe transmitiam segurança e isso já era o necessário para que as batidas de seu coração se mantivessem num ritmo tranquilo.

Visitara tantos lugares fantásticos e encantadores. A Fontana Di Trevi foi um dos pontos turísticos que ela jamais esqueceria. O apoio que a família de Marcus lhe dava era muito importante. Mostravam a importância em ter em quem confiar.Era como se um leque tivesse sido aberto diante de seus olhos e a fizesse enxergar tudo com mais facilidade. Agradecia tanto pela oportunidade que estava tendo e por descobrir que Hilbert sempre fora um dos amigos de Raymond. Respirar nunca foi tão fácil.

A campainha de sua casa estava tocando, torcia para que fosse logo Demetria. Havia tanto a ser conversado. Animadamente, ela foi atender.

— Oi amiga! Desculpa pela demora, mas tive alguns contratempos. — Disse Demetria entrando na casa — Uma verdadeira loucura.

Amy sorriu por saber que a sua angústia logo teria um fim.

— Que bom que veio.

— Claro que eu viria, afinal preciso saber tudo o que aconteceu nessa viagem. Sinceramente, não consigo acreditar que a família do Marcus te convidou para uma viagem. Imagino o quanto adorou os pontos românticos.

— Vamos para o quarto. Lá será melhor para conversarmos.

Demetria a seguiu.

De primeiro momento, Demetria lhe contou sobre as novidades que aconteceram por ali. Sempre tinha de ter Donnie e Patrick no meio, se bem que Patrick quase não a incomodava tanto. Ele sabia respeitar o seu espaço e o seu momento. Poderia continuar pensando em algum momento terem a oportunidade de conversarem, de se conhecerem melhor. Amy logo começou a contar à respeito das maravilhas que visitara, dos lugares onde estivera e do que gostaria de levar para sempre em sua vida.

— O Marcus foi gentil com você? — Quis saber ela empolgada.

— Sempre. Desde o exato momento em que os encontrei no aeroporto. Fazia questão de perguntar como eu estava me sentindo, se precisava de algo. Um amigo que se preocupa de verdade.

A verdade estava cada vez mais próxima para Demetria. Marcus não conseguiria esconder por muito tempo o que sentia por Amy. Só esperaria pelo momento certo para contar a ele. Sua esperteza era impressionante.

— Estou achando que alguém está a fim de você, querida.

— Não sei quem é, mas deve estar louco. Todo mundo sabe o quanto eu não quero mais me envolver com alguém do sexo oposto. — Explicava Amy enquanto olhava para fora da janela de seu quarto — Estou cansada de sofrer por querer ser boa para as pessoas, mas elas não valorizam o que tem em mãos. Uma hora todo esse sofrimento cansa. Quero ser livre, Demi.

Demetria deu de ombros.

— Já que você está se abrindo, por que tem saído correndo às pressas quando a aula acaba na quinta feira?

De fato, Amy estava devendo explicações. A honestidade sempre funcionava entre elas.

— Sempre que eu saio correndo da escola é porque eu preciso visitar uma pessoa muito importante. Há algum tempo eu faço isso, e me comprometi com essa pessoa — Demetria ouvia atentamente — Eu sempre visito o meu pai.

— Mas você sempre me disse que não tinha informações sobre ele. — Murmurou ela.

— Menti, porque tinha medo de me julgarem. Esses anos todos ele esteve na penitenciária.

Demetria ficou chocada.

— Se quiser ir embora pode. Não ficarei com raiva de você ou algo parecido. Não precisa olhar mais na minha cara, mas saiba que nunca esquecerei a nossa amizade.

Demetria começou a gargalhar. Amy não compreendia o motivo da risada, não havia falado nada de engraçado.

— Como você é boba, Amy! — Exclamou a amiga abraçando — Jamais iria te julgar por saber onde o seu pai está. Fico feliz por saber o quanto confia em mim. Não quero perder nunca a sua amizade. Juntas somos mais fortes.

— Obrigado por ficar comigo.

— Amigas são para apoiar quando mais precisam.

Durante horas elas continuaram conversando como quem estivesse esquecendo o mundo lá fora. O laço de amizade se fortalecia a cada momento em que as suas confidências eram compartilhadas. Estes momentos serviam como um balsamo na vida da jovem. Confiava plenamente em Demetria.

Em breve toda a tranqüilidade que Amy tanto desejava estava para ter um fim. Ou será que ainda lhe restariam muitas surpresas ao longo de suas aventuras artísticas? Enquanto não houvesse resposta ela só teria de viver um dia após o outro.

**********

O primeiro dia ao lado de Donnie não ia ser nada fácil. Ele insistia em levá-la até a escola de artes, mas ela não queria ser vista com ele. Não fazia parte do trato serem vistos pelas pessoas de lá. O que poderiam pensar? Diriam que foi idiotice Marcus ter arrumado uma confusão com ele. Toda aquela perseguição ao longo do dia estava deixando-a completamente maluca.

— Donnie, não precisa ficar me seguindo vinte e quatro horas por dia, isso cansa.

— Isso não me incomoda, baby. — Respondeu ele irônico.

— Mas eu me sinto incomodada. Até parece que estou fazendo algo de errado.

— Até parece que eu serei louco a ponto de deixar você perto daquele playboy. — Murmurou Donnie cruzando os braços.

Amy riu.

— Pensava que você confiava no seu taco, afinal foi você quem me traiu anos atrás.

— Muito engraçado, bela tentativa.

Cada vez mais ela se aproximava do corpo do jovem.

— Seja legal ao menos uma vez na sua vida — Suas mãos delicadas deslizavam pelos braços bronzeados e musculosos — Eu poderei ser mais gentil com você, serei a namorada que tanto deseja.

Donnie não conseguia resistir ao jogo da jovem. Ela o tinha por completo em suas mãos. Brincaria um pouco com a sua sanidade, o provocaria até o último minuto. Suas mãos ainda o tateavam com fervor, tocar a sua nuca era o seu ponto fraco, foi puxando o seu rosto para mais perto do dela. O hálito com cheiro de hortelã o atraia cada vez mais. Ter Amy em seus braços completamente vulnerável era o desejo de Donnie, mas ele se esquecia por completo que ela era uma excelente atriz e que sabia fazer com que todos se encantassem, principalmente ele.

Para deixá-lo maluco por completo, Amy começou a distribuir beijos rápidos pelo pescoço antes de chegar aos lábios carnudos do mesmo. Não podendo conter a ansiedade, Donnie a puxou cinta si, tinha de fazer algo enquanto ainda era capaz de pensar. Amy fez o jogo dele, o fez se desmanchar durante o beijo "apaixonado". Retribuía de igual para igual, pelo menos ele achava.

Ele se afastou para recuperar o ar.

— Nossa! Não lembro quando foi a última vez que recebi um beijo tão bom desse jeito.

— Pois é! Acho que está tarde, preciso ir para casa. Agora pensa com carinho na minha proposta, querido. Eu preciso ter algum momento com os meus amigos da escola de artes.

— Promete que não vai dar bola ao playboy.

— Claro que não. Só tenho olhos para você.

— Vai descansar, amanhã nos falamos.

Amy foi diretamente para o seu quarto sentindo uma vontade imensa de rir sem parar. Tinha de ser forte para continuar com o seu plano. Donnie teria que aprender a ser uma boa pessoa de um jeito ou de outro.

**********

Toda aquela ideia de que Donnie ia ser mais gentil com Amy não estava funcionando. Infelizmente Ingrid lhe contara para tomar muito cuidado com as atitudes da jovem, pois ela sabe como brincar a ponto de conquistar o que tanto deseja. Foi então que ele se lembrara do dia em que ela o tentara seduzir. Odiava-se pelo fato de ter entrado em seu jogo feito um pato. Desde então tudo havia mudado em sua rotina.

Quanto mais dias e semanas passavam mais Amy se estressava com Donnie. Toda a sua paz já havia ido embora, se é que algum dia possuíra alguma. Suas idas até a escola de artes a deixavam completamente estressada, acabava se esquecendo de realizar algumas tarefas em casa. O tempo todo se sentia sufocada. Para Ingrid tudo o que acontecia era divertido.

— Donnie, eu sei que temos que ter esse namoro de fachada, mas preciso de momentos com os meus amigos. Você não me dá espaço algum. — Bufava Amy.

— Seus amigos são meus amigos. — Ironizou ele — Acha mesmo que vou deixar você ficar andando por aí correndo o risco de te perder para aquele playboyzinho de merda? Só nos seus sonhos, querida.

— Tudo bem... Pense o que você quiser. Quer queira ou não, irei sair com os meus amigos. Você não é o meu dono e nunca vai ser.

— Não fala assim, meu amor.

— Sério? Ou você muda ou termino agora mesmo com você. Não vai ser a sua família que irá me manter presa a você. — Ameaçava a garota seriamente — Quer saber, já chega dessa mentira. Não temos mais nada. Pode reclamar o quanto quiser, peça ajuda a minha mãe, mas eu quero ser livre. Adeus Donnie. Até nunca mais.

Donnie sentira a seriedade na voz dela. Sabia que dessa vez estava tudo terminado para sempre. Finalmente poderia respirar como sempre quisera. Foi bom brincar por algum tempo, mas ela não queria se sentir culpada por fazer alguém sofrer, não iria se igualar às outras pessoas. Não foi desse jeito que o seu pai a ensinara.

**********

Depois da aula, Amy não pensou duas vezes precisava pegar um táxi em direção à penitenciaria. Por fim conseguira dar um fim às chatices de Donnie. Não queria ser a vilã destruidora de corações, mas no caso dele não havia muito a ser feito. Pensando nos últimos acontecimentos de sua vida, Amy achou que deveria fazer uma surpresa para o seu pai. Teria um grande aliado para tornar o dia ainda mais leve. Tirou o celular do bolso e se pôs a digitar a mensagem.

"Hilbert, irei até a penitenciaria. Gostaria de me acompanhar?"

Não demorou mais de dois minutos para que a resposta chegasse.

"Conte comigo. Me espere na frenta da escola de artes. Irei te buscar e iremos juntos.

Amy não se acostumara ainda com o fato de que Hilbert e seu pai foram amigos anos atrás, e ainda pelo fato de Marcus ser seu amigo também. Seria coincidência ou brincadeira do destino? Ficou sentada na calçada até que o carro deleentrasse em seu campo de visão. O cara deveria estar com pressa, pois ela não sentira que a chegada dele foi demorada. Hilbert saira do carro todo sorridente. Como é que ele conseguia ser tão charmoso mesmo de terno?

— Fiquei feliz com a sua mensagem. Será uma surpresa muito boa para o seu pai.

— Será! — Ela afirmava — É tão bom saber que posso contar com a sua ajuda, Hilbert.

— Podemos ir? O carro já está pronto!

— Podemos sim.

Hilbert a guiou para o carro. Seu coração já disparava só em pensar que em poucas horas estaria podendo desfrutar de um abraço caloroso de seu pai. Seria uma grande surpresa a presença de Hilbert. Jamaispensaria que haveria alguém no mundo que pudesse se importar tanto com o seu pai. Era tudo o que ela precisava, de mais pessoas acreditando na sua inocência. A sua grande chance estava se aproximando. Reuniria pessoas que fossem capaz de mudar a realidade de seu pai e provaria que o culpado de tudo era Bernard, ela nunca se enganara à seu respeito.

A viagem seguia tranquila sem nenhum tipo de surpresa, Hilbert estava mais reservado. À todo momento em ela o olhava seus dedos tocam a tela rapidamente. Devia ser algo do trabalho. Marcus era a cópia fiel de Hilbert e isso fazia com que a jovem se sentisse mais à vontade quando ele fazia alguma brincadeira ou simplesmente tentava animá-la. De fato a família Lancaster estava conquistando o coração de Amy. De um jeito simples, mas estavam. Sentia que poderia confiar neles em qualquer ocasião.

Enquanto não chegavam ao local desejado Amy se pôs a olhar a pasisagem que ia ficando para trás como as páginas lidas de um livro. O sol da tarde já era agradável para ela. Lhe trazia lembranças marvilhosas de dias ensolarados.

— Querida, já sabe o que fazer. Aja naturalmente como sempre. Irei aompanhá-la e esperararei no lado de fora.

Foi a única informação que ele lhe passara antes de chegarem. Tinham de surpreender Raymond. Ele merecia.

Ao chegarem à penitenciaria, Hilbert pediu que Amy fizesse as honras. Ela deveria aproveitar o tempo quetinha com o pai. Depois ele entraria e teria uma conversa breve com o seu parceiro de anos. Todos os seu planos iriam dar certo de uma forma ou de outra. Foram revistados e logo liberaram a jovem.

— Até mais Hilbert.

— Até.

Amy seguiu pelo corredor que dava acesso à sala de visitas. Seu coração se acelerava à cada passo dado. Ficara uma semana sem visitar seu pai, e isso a deixava mal. Não queria se sentir egoista por colocar-se uma vez em primeiro lugar.

Raymond já a aguardava ansioso. Os seguranças já o haviam alertado de que teria visita. Amy ao entrar na sala espantou-se com o que vira.

— Pai! — Exclamou a jovem ao ver o quanto seu pai estava com a aparência mais fraca e sem vida — Está tudo bem?

— Estou bem, estrelinha. É só uma gripe que está me deixando cada vez pior. — Disse ele acalmando-a enquanto tocava seu rosto delicadamente — Não precisa se preocupar. Estou te achando mais animada. Aconteceu algo de diferente?

— Sim. Nesse fim de semana fui para a Itália com o Marcus e a família dele.

— Marcus é seu namorado? — Quis saber o pai curioso.

Amy corou.

— Claro que não pai. O Marcus é apenas meu amigo. A irmã dele gosta muito da minha companhia.

— Todos gostam, meu amor.

Amy ficou em silêncio durante alguns segundos. Gostava de contemplar o sorriso de Raymond. Era uma pena os carcereiros não a deixarem ela entrar com o celular. Queria tanto ter uma foto dos dois juntos para sempre sentir a presença do pai quando fosse dormir.

— O que houve? Não gosto de te ver em silêncio.

— Eu acredito na sua inocência, pai. Todos os dias eu peço forças para suportar o Bernard. Já não agüento mais viver com ele.

— Eu sei, meu amor! Infelizmente toda essa papelada demorada um tempo a ser resolvida, mas você não pode desistir tão fácil.

— Jamais irei desistir.

Raymond sorriu.

— Eu sei que não vai. Você é uma guerreira. Aprendeu a se virar sozinha desde cedo e tenho orgulho da pessoa que está se tornando ao passar dos dias.

— Pai, você tinha algum amigo chamado Hilbert Lancaster? — Indagou a jovem.

Raymond pendeu a cabeça de lado.

— Tinha, por quê?

— Ele é o pai do Marcus. Descobri quando voltamos de viagem. Vi uma foto sua e não acreditei e ele me contou um pouco sobre o que aprontavam quando eram mais novos.

Raymond sorria abobalhado.

— Tantos anos sem ver o meu amigo... Espero que tenha tido mais sorte no casamento do que eu. Seria gratificante revê-lo.

Amy sorria marota. Afastou-se e abriu a porta da sala de visitas. Na porta surgia Hilbert com um belo sorriso nos lábios. Alto do jeito que era, Amy se tornava uma anã perto dele.

— Eita parceiro. Que confusão você se meteu. — Brincava Hilbert — Não mudou em nada. Senti saudades parceiro. — Disse ele ao abraçar Raymond após tantos anos de distância. — Sua filha é tão linda e especial. Um amor de menina, encantadora. Fez um belo trabalho. Agora essa mocinha e eu iremos nos unir para tirá-lo daqui. Está a fim?

— Mais do que tudo na minha vida! Quero ser um homem livre! — Exclamou Raymond esperançoso.

— Acredite! Você irá sair daqui ainda esse ano.

— Irei ser eternamente grato se fizer isso. Não posso perder mais momentos importantes na vida da minha filha. Hilbert, enquanto eu estiver aqui, não deixe que nada de ruim aconteça a minha estrelinha. Confio em você e na sua família.

Hilbert olhou de forma engraçada para a jovem que apenas assistia a conversa.

— Ouviu mocinha! Trate de me obedecer. São ordens do seu pai.

— Pode deixar! Seguirei todas as suas regras.

— Adorei te rever, Hilbert! Não sabe o quanto meu coração se alegrou. Depois que eu me casei o meu mundo virou uma verdadeira bagunça, mas me mantive forte graças à minha estrela. Tudo o que eu fazia era pensando na minha filha.

**********

Amy chegara tarde em casa. Não admirou encontrar tudo em silêncio. Ingrid e Bernard deveriam ter saído para curtir a noite e só voltariam quando o dia nascesse. A tela do seu computador já a alertava que havia mensagens a serem lidas. Claro que ela daria atenção, mas depois de tomar um banho relaxante. S e fosse algo que precisasse de uma resposta coerente teria de estar atenta. Logo a jovem deixou o quarto e foi tomar o banho.

Ao voltar par o seu quarto, já foi diretamente para a cama.Colocou o notebook sob as pernas e se pôs a ler as mensagens. Nenhuma delas era importante até alguém lhe mandar algo.

Marcus: Como foi o seu dia, anjo?

Amy: Perfeito! Como se eu tivesse saltado de para-quedas e o meu mundo ficasse mais leve. Sei que pode parecer bobo, mas é assim que estou me sentindo hoje. M.A.R.A.V.I.L.H.O.S.A.

Marcus: Fico feliz, Amy. Você merece se sentir assim. Eu tenho orgulho de fazer parte da sua vida. Ah! A Evie está querendo fazer um programa de mulherzinha com você, mas eu disse que ela não pode ficar roubando as minhas amigas.

Amy: HAHAHAH! Oras, não seja ciumento! Meu coração é grande demais.

Marcus: Não pode ser tão grande, Amy!

Amy: Por quê não?

Marcus: Porque muitas pessoas gostariam de ter um lugar tão privilegiado como o seu coração e eu não sei dividir o que é meu.

Amy: Egoista.

Marcus: Boba.

Amy: Chato :P

Marcus: Sua linda! ♥

Amy: Seu pai foi comigo na penitenciária hoje! Foi emocionante ver o reencontro de grandes amigos. Tive de me controlar para não chorar.

Marcus: Mulheres... Vocês são sentimentais demais. Eu gosto disso.

Amy: Okay, Don Juan! O que me conta de novidade?

Marcus: Parece que a sua vida está mais animada do que a minha. Parabéns!

Amy: Tudo bem! Trate de viver um pouco mais, preciso descansar.

Marcus: Bom descanso MEU ANJO!

Amy: Quer parar de tentar me seduzir?

Marcus: Como quiser, mas não vou desistir, sua linda.

Amy: TCHAU MARCUS!

Marcus ficou pensando à respeito da conversa que estavam tendo. Será que ela entendera o verdadeiro significado de tudo aquilo? Ou nem se dera o trabalho de analisar toda a conversa? Admitia para si mesmo que tinha de ser forte e lhe contar tudo o que estava preso em seu coração. Ela não merecia ser enganada de tal forma.

**********

Desde que voltara de viagem com a família de Marcus, uma aproximação significante tomou conta de todos eles. Evie sempre fazia questão de envolver a sua nova amiga aos passeios, fosse com outras amigas ou em família. Marcus já havia se acostumado pelo fato de sua irmã ter roubado a sua amiga, mas ficava feliz por saber que Raymond pedira a seu pai que tomasse conta de Amy, e Hilbert nunca falhava com as suas promessas.

— Alô?

— Sou eu, o Patrick. Queria saber se gostaria de sair para jantar comigo essa noite.

— Desculpa, Patrick. Essa noite eu tenho compromisso com a família do Marcus. Temos uma longa noite pela frente. Podemos marcar uma outra vez.

— Tudo bem. Divirta-se.

Já era a terceira vez que Patrick a convidava para sair naquela semana e em todas estava sendo rejeitado. O que poderia estar acontecendo entre eles?


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