Pink Umbrella escrita por Shusui
Zoro estava irritado.
Ele havia acabado de chegar do dojo com o corpo doendo pelo esforço físico e sua mãe queria que fosse ao mercado.
Embora o sentimento o fizesse ter questionado o pedido, ou melhor: a ordem, o homem apenas deu de ombros, cansado demais para querer discutir e trocou as suas roupas vestes de treino para algo mais confortável.
Talvez sua mãe estivesse se espelhando na atitude autoritária de Nami, por saudades da mesma. Após o termino do colegial eles foram aceitos por universidades diferentes e apenas se viam quando ambos visitavam a casa de Luffy, o namorado bobão dela e o melhor amigo de Zoro.
Luffy também era o único que frequentava assiduamente a casa do esverdeado além de Usopp. Sanji só aparecia quando tinha alguma mulher por perto, já que ele e o Roronoa não aguentavam não brigar por mais de um minuto. No fundo eles poderiam até se importar um com o outro, já que passaram por muitos problemas juntos.
Mais confusões do que o de cabelos verdes gostaria, é claro.
Depois de um banho, sentiu a preguiça aumentar e desejo por encontrar um canto para dormir. Nunca se preocupou muito com conforto, seu quarto sempre estava entulhado com suas katanas e a roupa suja, por isso acostumou-se desde novo a cochilar no primeiro local que sentasse.
Ouviu sua mãe gritar-lhe, dizendo que se continuasse a demorar não comeriam mais, e ela lhe entregou um guarda-chuva rosa e de corações, que ele achava vergonhoso, caso chovesse. O tempo estava instável.
O homem então pôs se a sair de casa – com dificuldades para achar a saída – e resmungou no trajeto até o elevador. A caixa velha de ferro ainda não estava no seu andar, e sua atenção desviou no momento em que uma das portas no corredor bateu e foi trancada.
Uma de suas vizinhas caminhou para o seu lado a fim de aguardar de aguardar o elevador também. Não era comum que preferissem as escadas por ali.
Mas, não era exatamente qualquer vizinha. Zoro a havia notado há meses, assim que a estrangeira se mudara após o divórcio. Ele não sabia disto, é claro. Ninguém tinha conhecimento graças ao fato de que a morena era discreta sobre sua vida e mal trocava palavras com os moradores além do que era imposto pela educação.
O máximo que descobriram foi sobre ela ser uma espécie de pesquisadora e professora, e que também comprava muitos livros. Talvez mais do que comida.
O mistério envolta de Nico Robin lhe era interessante pelo ar que gritava “perigo”, como era para todos naquele prédio. E ela era linda com seus olhos azuis em formato de gato, pernas longas e busto vantajoso. Tinha provavelmente bem mais idade do que ele, mas continuava em toda a sua glória.
— Boa noite – ela lhe cumprimentou com um sorriso mínimo, aumentando o torpor na mente de Zoro.
Só conseguiu responder graças ao elevador ter chegado e emitido o zumbido conhecido.
— Boa noite – sua voz saiu rouca, e estava desconfiado.
Eles nunca tinham trocado cumprimentos antes.
— O elevador é por aqui – Robin avisou ao jovem de cabelos tingidos prestes a ir à direção contrária.
— Ah...
A vermelhidão em sua face após entrar, fez a mulher soltar uma risadinha leve com a mão sobre os lábios rosados naturalmente. Ele se irritou um pouco e fechou a cara, apertando o botão para seguirem ao Térreo. No entanto, estranhamente em seu interior, havia ficado feliz em ouvir aquele som baixo, mas melodioso.
O silêncio se mantivera até o destino, o que não os incomodava por costume da presença do mesmo em suas rotinas. Todavia, o mais novo questionava-se o que ela poderia estar pensando e se iria fazer alguma atividade duvidosa naquele fim de tarde.
Saíram para a recepção e o porteiro os saudou, assim como um morador que recolhia suas correspondências. Ambos com uma ponta de inveja de Zoro pela oportunidade de acompanhá-la, sozinhos em um cubículo de ferro.
Eles pararam na porta, observando a chuva cair em gotas grossas. O homem abriu seu guarda-chuva e caminhou até a calçada, mas não lutou contra um último olhar para Nico Robin.
Ela estava mexendo em sua bolsa, que ele só reparou que usava naquele momento. Parecia ligeiramente frustrada por não encontrar a sua própria proteção para dias chuvosos. Tinha deixado o objeto ao lado de uma pilha de exemplares que usaria como base de sua nova pesquisa.
Sem jeito, ligeiramente corado e compadecido, o esverdeado assobiou e estendeu o guarda-chuva na direção dela, se molhando no processo. Robin estreitou os olhos de gato para ele, desconfiada com a sua gentileza, pois percebia que o jovem também se sentia assim em relação a ela.
Porém, precisava comprar coisas além de livros e café urgentemente.
— E quanto a você, kenshin-san? – perguntou pegando o objeto da mão do outro.
Ele piscou em menção a forma de chamá-lo. Não imaginava que ela sabia do seu hobbie, a meta de sua vida. Bem, provavelmente como sua mãe, a morena não soubesse de sua admiração tão profunda pela atividade. As únicas pessoas que reconheciam isso eram os seus amigos.
Ela só deve tê-lo visto por ai carregando as katanas. O que era realmente o caso.
— Eu vou ao mercado. Não é longe daqui.
Zoro deu seus primeiros passos, mas a mão dela o interrompeu rapidamente.
Os dedos estavam gelados. Não era um incomodo, já que irônica e surpreendentemente dava uma sensação quente.
— Não é por aí – viu um sorriso brincar naqueles lábios, mas em vez do costumeiro educado, parecia estar se divertindo sinceramente – Eu também vou. Venha comigo kenshin-san.
Roronoa hesitou, ponderando sobre o assunto e corando mais ainda, quase se esquecendo de outra vacilação de sua noção de direção. O sol continuava a deixar o céu claro, mesmo apagado pela chuva, e havia uma quantidade considerável de pessoas na rua.
Mas ele mal a conhecia.
Por mais que realmente desejasse conhecer.
— Zoro – ouviu a si mesmo, a voz o traindo – É o meu nome.
Ele poderia não ter outra oportunidade como esta.
O sorriso de Nico alargou-se para algo adoravelmente malicioso e que provocou arrepios no rapaz. Ele só não discernia se eram bons ou ruins.
— Eu sei kenshin-san.
A forma que o “apelido” saiu de sua boca fez com que o homem definisse que aquela mulher não só emanava perigo, ela poderia ser até o significado da palavra.
Mas ele percebeu que já não se importava mais com as consequências, sua mãe que o levou até ali junto com um bendito guarda-chuva vergonhoso.
E bem, talvez aquele guarda-chuva e ir ao mercado não fossem coisas tão ruins assim, não é?
Se for para ouvir aquele viciante e pecaminoso “kenshin-san” novamente, ele não se importa de pegar chuva ou não conseguir acertar o caminho, desde que ela venha alertá-lo.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Quando eu vi essa imagem não resisti e tive que escrever, rs. Peço desculpas de antemão aos shippadores de Zorobin, como eu, se ficou muito OOC. UA é difícil de trabalhar, mas espero que tenham gostado.
Deixem um review me contando. E até uma próxima vez, quem sabe. ^-^