Minha Gotinha de Amor escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 11
Quem precisa de sonhos?


Notas iniciais do capítulo

Oi :3

Grande parte de mim acha que esse seria um ótimo jeito de finalizar a fic, mas por outro lado eu ainda quero escrever mais algumas coisinhas, então... é, não é o fim ainda.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/629674/chapter/11

Era por volta de seis da tarde e Aria andava calmamente em direção à sua casa com Spencer ao seu lado. As duas caminhavam com os mindinhos entrelaçados, algo que costumavam fazer quando eram mais novas. Algo totalmente não deliberado agora, inconsciente.

Em silêncio, Aria repassava em sua mente tudo o que Veronica Hastings instruíra a ela após Spencer ter sido liberada do hospital.

— Você pode levá-la para passar a noite com você hoje? – a mulher perguntara, estando a sós com Aria, enquanto esperavam que Spencer terminasse de se vestir ainda no hospital – Peter e eu vamos revistar o quarto dela apenas para ter certeza se ela não tem mais daqueles comprimidos escondidos em algum lugar. Só não quero que soe como uma obrigação. Convide-a para uma “noite das garotas” – Veronica sorrira –, tenho certeza de que isso fará bem a ela.

E foi o que a moreninha fez, afinal, uma noite a sós com Spencer faria muito bem a Aria também. Spencer simplesmente abrira o mais adorável dos sorrisos e dissera “achei que você nunca fosse me convidar”.

Com seu mindinho enganchado ao de Spencer agora, Aria não conseguia parar de pensar em como sentia vontade de ter a palma dela colada à sua completamente. Era um sentimento recôndito, forte, que Aria não fazia ideia da onde tinha vindo e nem desde quando estava preso dentro de si. A única coisa que ela sabia era que seus dedos suavam, ansiando por aquele contado, por encaixarem-se entre os dedos de Spencer. Mas ela apenas não possuía nem um terço da coragem necessária para pedir algo assim à garota.

Repensou também sobre a ideia de Veronica a respeito de começar a levar Spencer às reuniões dos Narcóticos Anônimos. Tal nome soava quase agressivo, como se Spencer já estivesse no fundo do poço e fazer parte de um grupo de apoio fosse sua única esperança.

— Quero colocar um ponto final nisso imediatamente – dissera a sra. Hastings mais cedo, sentada ao lado de Aria na sala de espera do hospital –, mas eu a conheço. Ela não se sentirá cem por cento confortável para se abrir realmente se eu for às reuniões com ela. Sempre foi difícil para ela falar de sentimentos comigo e vice-versa. Eu não me orgulho disso e pretendo mudar. Mas não quero apressar as coisas, não quero que pareça forçado, entende?

Aria entedia, certamente. Sorrira, então, e colocara sua mão direita sobre a esquerda de Veronica, que descansava sobre um joelho.

— Não se preocupe – Aria tranquilizara-a – Se você decidir que ela deve ir às reuniões, eu vou fazer de tudo para que ela não perca nenhuma.

Veronica sorrira de volta, com a cabeça baixa.

— Eu tenho certeza de que, se você for com ela, as chances de ela se recusar a ir são muito menores.

Aria pensara um pouco antes de replicar.

— De um jeito ou de outro, eu não acho que ela vá recusar. Ela quer ajuda.

O cheirinho extremamente convidativo de café recém passado e chocolate puxou Aria para longe de suas lembranças recentes e ela finalmente recordou-se do lugar para onde planejava levar Spencer ainda no início daquela tarde.

— Eu ainda te devo aqueles croissants, lembra? – disse a moreninha, puxando a garota ao seu lado pelo mindinho e para dentro de uma aconchegante cafeteria.

— Você me deve um estoque vitalício deles. Acho que vai demorar até que eu consiga esquecer o trauma que foi ter que engolir aquela comida feita com débito de sal.

Aria revirou os olhos e riu. Depois que uma enfermeira recolhera uma amostra do sangue de Spencer para o exame, fora colocada à frente dela uma bandeja da tão temida “comida de hospital”. Spencer, infantilmente, fizera uma careta ao notar a couve em um canto do prato.

— Eu não como coisas que se parecem com limo tirado de troncos de árvore – ela reclamara.

— É ferro, Spence – Aria replicara, sentando-se à frente de Spencer na cama – Você precisa disso. Foi provavelmente por falta disso que você desmaiou.

— Mas você me prometeu croissants recheados com queijo! – ela choramingara.

Contendo uma risada, Aria fingira autoridade.

— Spencer Hastings, se você não começar a limpar este prato agora, eu vou fazer um escândalo. E você sabe do meu histórico de ataques de pânico na infância, não é? Eu sou ótima em fazer escândalos.

Spencer bufara, ainda que um traço de um sorriso tivesse começado a brincar entre seus lábios. Não havia nada de errado com seus braços, ela estava em perfeitas condições de comer sozinha, mas por algum motivo, a garota mantivera-os colados a seu corpo. Coubera à Aria, então, levar as colheradas à boca de Spencer, que não parava de reclamar do quão tudo estava sem gosto.

Aria apenas ria internamente, desfrutando novamente da confortante sensação de cuidar de Spencer.

Sentada agora à uma mesinha redonda em estilo rústico à frente de Spencer, Aria divertia-se ao vê-la dividir um dos pequenos pãezinhos folhados ao meio com os dedos e colocar uma das metades na boca, avidamente. A morena fechou os olhos enquanto mastigava, e Aria classificou aquela expressão de prazer adorável.

— Espero que isso te ensine a nunca mais ficar sem comer – disse Aria, num tom quase maternal.

Spencer tomou um gole do americano que estava contido em um longo copo térmico.

— Sim, senhorita.

E as duas permaneceram ali por cerca de meia hora, como se nas últimas três horas nada de ruim tivesse acontecido. Era tão bom ouvir a risada de Spencer junto da sua, Aria pensava. Era como se aqueles sons se entrelaçassem no ar e se completassem, como se uma risada combinasse com a outra, no mais perfeito dos duetos.

A cor havia voltado a preencher as maçãs do rosto de Spencer, assim como havia voltado aos olhinhos castanhos dela aquele brilho vívido e inocente. Aria sabia que a velha Spencer estava diante dela. Se bem que havia algo novo ali, nela, ou no ar, ou mesmo em Aria. Aquela conexão nunca havia existido antes, isso porque, durante o breve tempo na cafeteria, as duas passaram longos segundos caladas e isso não fazia a menor diferença, pois o silêncio nunca havia dito tanto antes também. E era em tais momentos de silêncio que Aria concluía que Spencer nunca estivera tão linda.

— Quer pedir mais alguns para levar para casa? – Aria apontou para o pratinho à frente de Spencer, no qual agora restava apenas farelos da massa folhada dos croissants.

A garota ergueu um olhar travesso para Aria e assentiu.

Subliminarmente, as duas haviam decidido não contar a ninguém sobre o ocorrido. Nem mesmo dizer à família de Aria que Spencer estivera no hospital. Se Ella resolvesse perguntar por que diabos Aria havia demorado tanto para chegar da escola, bem, Aria pensaria em algo. Spencer precisava de normalidade agora. Paz e aconchego, apenas. Sem interrogatórios ou lições de moral.

Felizmente, Ella apenas respondeu com um doce “certo, querida” quando Aria avisou que Spencer dormiria ali naquela noite. Mike estava deitado em um dos sofás e, tirando por um segundo o olho do mini game que tinha nas mãos, ele sorriu e cumprimentou Spencer.

As duas subiram calmamente os degraus para o quarto de Aria e não disseram coisa alguma até que Spencer sentou na beirada da cama de Aria e esta largou o saquinho de papel com os croissants da morena em sua cômoda.

— Espero que esteja tudo bem eu passar a noite aqui sem ter avisado antes – Spencer murmurou com as mãos entre os joelhos.

— É claro que está – Aria sorriu, largando suas chaves sobre a cômoda também – Você é como se fosse da família, Spence. Aliás, não duvido que daqui a pouco minha mãe resolva aparecer por aqui com cinco tipos de petiscos em uma bandeja.

Spencer riu, um tanto encabulada.

— E eu não vou impedir isso – Aria continuou, aproximando-se devagar – Quer dizer, a partir de agora vou aproveitar qualquer chance que eu tenha de enfiar comida em você. Não vou deixar você me assustar assim de novo.

Ao concluir, Aria soava séria e tocava o ombro esquerdo de Spencer, que levantou a cabeça.

— Eu sinto tanto por isso...

— Spence, não. – Aria alcançou a mão da garota – Por favor. Eu sei que você não pôde evitar.

Spencer concordou, assentindo.

— Mas e agora, você quer alguma coisa? – Aria perguntou numa voz bastante suave – Nós podíamos devorar o resto daqueles croissants e assistir um filme. Que tal?

— Pode ser. Mas mais tarde. Agora eu só quero você aqui. Sem fazer nada, só... fica comigo.

Aria não havia percebido o quanto seus batimentos estavam descompensados até aquele último pedido. Tão doce, tão desesperado! Era quase palpável a solidão naquele tom de voz, e Aria sentiu como se estivesse sendo esfaqueada novamente. Envolveu os ombros de Spencer com um braço e sentiu o resto do corpo travado, mas ainda assim louco para dar um único passo a mais. Ela sabia o que Spencer queria. Tê-la em seu colo. Um gesto tão simples para duas melhores amigas, mas que, àquela altura do campeonato, para Aria, tinha sinônimo de uma entrega sem par. E ela queria fazer isso. Entregar-se à Spencer. Seus joelhos cederam em seguida, visando buscar apoio nas coxas da garota antes mesmo que Aria pudesse pensar sobre que consequências aquilo geraria.

Era uma sensação completamente nova. Spencer nunca a havia envolvido com tanta intimidade antes. Aria apenas conseguiu soltar o ar nervosamente por entre os lábios enquanto sentia a palma direita da morena deslizar de seus joelhos até sua cintura. Spencer sorriu, emocionada, como se, novamente, tivesse esperado muito tempo para fazer aquilo.

— No que está pensando? – sussurrou, curiosa.

Literalmente, Aria não era mais capaz de formar uma linha de raciocínio sequer. Afastou a mão direita de Spencer de sua cintura e colocou-a sobre seu peito. O coração de Aria batia agora tão rápido quanto as asas de um beija-flor, provavelmente.

— Isso te dá alguma pista?

O sorriso de Spencer alargou-se, porém ela não respondeu.

— Vai ser preciso que você me dê umas coordenadas, aqui, Spence – Aria preencheu o silêncio –, porque eu honestamente não sei o que estamos fazendo.

— Honestamente? Eu também não sei. E se você me perguntar algo como “por que eu?”, eu também não faço ideia. A única coisa que eu sei é que... você está sendo uma gotinha de amor em minha vida, me mostrando que eu sou, sim, capaz de amar alguém de novo.

— Eu jamais duvidei disso – Aria sussurrou.

— Eu já, seriamente. Chegava a achar que estava quebrada por dentro. Mas você me mostrou que não. – ela fez uma pausa – Eu me lembro do que você datilografou naquele domingo. “Eu gosto de sentir. Não importa se é algo bom ou ruim. Eu apenas gosto de ser vulnerável a uma lágrima ou a um sorriso”. E eu me sinto da mesma maneira. Gosto de chorar e de sorrir por você. Sinto que estamos, de certa maneira, conectadas.

— Bem, não chore mais – Aria acariciou um lado do rosto de Spencer – Eu prometo que vou consertar tudo que estiver quebrado aqui dentro – ela tocou o centro do peito da garota. Batimentos constantes e acelerados, quase audíveis.

— Mas essa é a questão! – Spencer sorriu – Você já está me consertando, ainda que seja a razão das minhas maiores dores também, de vez em quando.

Aria suspirou, enlaçando frouxamente os ombros de Spencer com os braços. Aquela faca imaginária continuava cravada em seu peito.

— Você se lembra também do que me disse ainda naquele domingo? É só confiar nas pessoas que te cercam e elas farão com que pare de doer. Você confia em mim?

— Muito.

Tal palavra foi dita numa maciez incomparável e soou como alento ao coraçãozinho agoniado de Aria. Ela sorriu, aliviada, e assim como durante aquele “quase beijo” no carro de Spencer, Aria observou-a se aproximar minimamente, como se quisesse sentir o terreno. Só que desta vez, fugir não passava pela mente de Aria.

— É tudo tão novo para mim... – ela confessou, docemente – quer dizer, de repente eu comecei a te ver de uma maneira completamente diferente e admito que isso me assusta um pouco.

— Eu entendo. Mas apenas feche os olhos e espere. Se é certo ou não isso para nós, você vai saber, mais cedo ou mais tarde.

Aria obedeceu, sentindo seu coração se acalmar. Era como se Spencer estivesse dizendo “não tenha pressa, tudo à seu tempo”, mas as duas compartilhavam do mesmo ar, o que se assemelhava já a um beijo, de certa forma, e isso por si só fazia a língua de Aria formigar. O hálito de Spencer cheirava a café, como quase sempre. Extremamente convidativo. E a moreninha não resistiu. Era certo. Ah, como era!

Em um primeiro momento, as duas apenas selaram demoradamente os lábios. Aria percebeu que os seus prenderam a respiração de Spencer por alguns segundos e elas afastaram-se, rindo levemente. Os olhinhos da morena pareciam estrelados agora.

— Eu te amo – Aria sentiu-se incapaz de segurar.

Spencer fitou-a nos olhos por um momento, como se perguntasse “tem certeza?”, mas em seguida envolveu a cintura de Aria com os braços.

— Eu também te amo.

E o beijo aprofundou-se, num doce choque elétrico. As línguas se tocaram dando à Aria a certeza de que aquilo era surreal e deliciosamente real ao mesmo tempo. Teve que endireitar a coluna devido aos arrepios intensos e desapressados, assim como aqueles beijos. Era como se Spencer quisesse fazer cada toque se prolongar ao máximo. Tão carinhosa, tão delicada.

Aria de fato decepcionou-se quando elas precisaram afastar-se, para respirar.

— Parte de mim quer dizer que que isso foi muito melhor do que qualquer coisa que eu já tenha fantasiado – Spencer começou, ofegante –, mas a outra parte diz que se eu disser isso, vai parecer que eu subestimei você em minhas fantasias. Então... digo que foi tão perfeito quanto.

Aria sorriu, ainda sentindo sua língua formigar com o contato anterior. Ela sentia-se decidida, forte, livre. E ainda não estava pronta para dar aquela sessão de beijos por encerrada. Fazendo-se rapidamente ficar descalça, ela inclinou-se ainda mais sobre Spencer, com as duas mãos em seus ombros. A garota entendeu a mensagem. Deite-se.

Aria permaneceu sobre Spencer por algum tempo, e esta livrou a moreninha de sua jaqueta. Spencer colocou-a sobre seu lado direito e apoiou-se ao seu esquerdo, ficando novamente de frente para ela. Os beijos não haviam cessado. Ao contrário, apenas aumentaram seu vigor e Aria corria sutilmente os dedos pelos cabelos de Spencer.

Não havia absolutamente nada preenchendo a mente de Aria naquele momento. Ela apenas mantinha-se concentrada naqueles movimentos e carinhos. Tão sincronizados... era como se as duas tivessem nascido para encaixarem-se daquele jeito.

Ter apenas uma cama de solteiro tinha lá suas vantagens. Elas precisavam colar-se uma a outra se quisessem ficar ali lado a lado. Ao sentir Spencer ficar parcialmente por cima de si desta vez, Aria deixou escapar um gemido abafado por entre os beijos, e a morena cortou-os de repente.

— O que foi? – Aria perguntou, preocupada.

Spencer mantinha o olhar baixo, em suas mãos que haviam começado a avançar por baixo da camiseta de Aria. A garota parecia levemente atordoada.

— Eu... acho melhor nós irmos com calma.

Aria assentiu prontamente, voltando a acariciar os cabelos de Spencer.

— Tudo bem. Como você quiser.

Spencer sorriu, agora como se estivesse sem graça por ter parado com aquele momento. Selou demoradamente os lábios de Aria outra vez e abraçou-a, estando ainda sobre a garota. Era totalmente compreensível o porquê de Spencer querer se controlar a respeito daquilo, mas Aria precisava admitir para si que sua intenção não era parar. Na verdade, nem ela mesma sabia qual era sua intenção, apenas... estava tudo tão bom! Porém voltou a fechar os olhos e retribuiu o abraço da garota, suspirando na tentativa de acalmar-se. Afinal, estaria tudo perfeito de qualquer maneira.

— E agora? – Spencer questionou, ainda com o rosto escondido naquele abraço.

— Agora? Bem, eu não sei. O que você quer fazer? Confesso que eu não quero sair daqui.

A morena voltou a olhar Aria nos olhos com o mesmo sorriso travesso nos lábios.

— Eu também não – balançou a cabeça.

Aria alcançou os lábios da garota outra vez, lábios esses que muito provavelmente se tornariam seu mais novo vício. Ela sentia que todas as barreiras haviam sido derrubadas. Não era mais estranho, nem assustador, e nem nunca voltaria a ser. Sim, Spencer era uma garota. Sim, ela era também sua melhor amiga. Mas poderia ser muito mais do que isso.

Aria não sabia dizer se acreditava ou não em destino. Nunca havia pensado direito a respeito, para ser honesta. Mas era impossível ignorar aquela sensação de que tudo pelo que ela passara em sua vida a levara para os braços de Spencer. Tal conclusão a emocionava.

— Eu não sei o que faria se sua mãe resolvesse passar por aqui para dar uma checada na gente – Spencer confessou.

— Eu sei – Aria disse simplesmente.

— Ah, é? – ela provocou, mordendo o lábio inferior da moreninha e fazendo as duas rirem por um segundo – O que, então?

— Eu já falei a verdade para minha mãe a respeito de um amor uma vez. Ela me apoiou. Duvido que vá ser diferente agora.

— Você não sabe a sorte que tem – Spencer replicou num tom docemente sério.

— Você não estava junto quando sua mãe conversou comigo. Ela quer se redimir com você, Spence. Acho que ela se sente culpada por não participar tanto da sua vida, sentimentalmente falando.

Spencer baixou o olhar por um segundo.

— Quero muito acreditar nisso – suspirou –, mas é difícil. Ela é complicada. Eu a amo, mas... ela organiza aquela família preocupada com o que as pessoas dessa cidade pensam. Eu não suporto isso. Ela também concorda com quase tudo que meu pai propõe, não importa o quão absurdo seja. Aliás, meu pai nunca aceitaria isso. – ela comprimiu os lábios, visando conter as lágrimas que já se formavam em seus olhos – Quando Alex foi embora, eu... eu estava destruída. E ele via isso, mas mesmo assim me disse uma vez que o que acontecera foi bom. Assim eu aprendia a não me meter mais com “rapazinhos sem futuro”. Doeu tanto...

Aria prontamente enxugou a primeira lágrima que rolou pelo rosto de Spencer.

— Eu sei, meu amor. Acredite, eu sei.

Ela de fato sabia. Os olhares duros e frios que a mãe de Ezra lançara-a durante o único jantar onde as duas interagiram ainda a afetavam um pouco. Aria apostava que a mulher a descrevera naquela noite como “ninfeta deslumbrada” ou algo parecido. Mas quanto mais ela pensava naquilo, mas ela orgulhava-se de ter amado Ezra. E se o sr. Hastings algum dia chegasse a romper laços com a filha por causa de ela ser quem ela é, mais orgulho ainda Aria teria de amá-la, se é que isso era possível.

— Mas eu não quero que você pense mais nisso, está bem? – Aria continuou, acariciando as costas da garota – Nós estamos aqui agora, juntas, com ninguém para nos julgar. E é a minha vez de te fazer o mesmo pedido. Fica comigo. Me abraça forte e não me deixa escapar. Por favor.

Spencer prontamente voltou a apoiar-se ao seu lado esquerdo e puxou Aria para si novamente. Desta vez era Aria quem abraçava Spencer pela cintura e tinha a cabeça recostada ao peito dela. A moreninha deixou que o som das batidas também aceleradas do coração de Spencer preenchessem seus ouvidos e sua mente. A garota respirava forte e, para Aria, aqueles sons combinados formavam a melhor canção de ninar do mundo. Aria sabia que estava em casa, mas mais do que isso, com Spencer ali, envolvendo-a firmemente, ela se sentia em casa.

Ah, como ela ansiava por dormir ali agora, exatamente naquela posição, agarradinha à Spencer. Mas sabia que era arriscado demais pular o jantar, por diversos motivos. De qualquer jeito, Aria iria persuadir a morena a voltar para aquela mesma posição depois que estivessem devidamente alimentadas. Seria uma vitória dupla. Se dormissem juntas naquela noite, Spencer não teria por que ter medo do escuro – ou ao menos Aria esperava que o calor de seu corpo fosse por si só dizer à garota que ela não tinha o que temer pois não estava sozinha –, o que consequentemente diria que ela não teria pesadelos, ou pelo menos não por aquela noite. E, bem, Aria certamente tão teria pesadelos. Nem ao menos sonhos. Ela não teria por que sonhar, afinal, já que tudo o que ela mais almejara nos últimos tempos iria estar ali, bem ao lado dela, quente, aconchegante, real.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Yay, depois de DEZ capítulos (finalmente) teve beijo! :D

Eu despejei toda a minha alma açucarada sobre esse capítulo, então estou bastante orgulhosa dele. Espero que tenha ficado bom :3