Clube de Fanfics escrita por Jane Viesseli


Capítulo 6
Durante a Tempestade, só a Verdadeira Amizade Permanece




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— Está dando certo, onii-chan! – felicita Misaki, depois de três semanas executando uma das ideias de Seiji. – Quatro alunos dos demais clubes já vieram me perguntar sobre nossas histórias, questionando se havia algo que envolvesse suas atividades favoritas. Isso sem contar alguns de nossos escritores, que estão usando os clubes como temas para suas histórias e estão conseguindo alcançar o interesse dos alunos. 

— Está mesmo dando certo, não é? – Sorri. Sentindo-se feliz com o sucesso de seu plano e com a felicidade de Misaki. Ele gostava de vê-la sorrir, gostava de sua companhia e de tê-la como amiga, porém, toda a admiração que ela demonstrava somente tornava mais difícil a tarefa de lhe contar sobre o parentesco com Kenichi.

No fundo, todos do clube de fanfics estavam felizes e satisfeitos com os bons resultados do plano de Seiji. Com estímulo e boa educação, o clube de fanfics estava conseguindo furar a parede que havia entre eles e os demais alunos, conseguindo, aos poucos, o respeito e a admiração dos demais clubes para o trabalho que faziam. E diante daquela imensa vitória, nada, absolutamente nada, parecia poder estragar a felicidade dos amigos naquele dia…

Tayui surge logo em seguida no corredor, unindo-se a Seiji e Misaki para tentar – novamente – convencê-los a publicar sua nova história hentai. A neko negava seu pedido pela milésima vez quando o diretor aparece subitamente: 

— Seiji, para a minha sala, agora! – ordena Kenichi, interrompendo a conversa dos amigos e chamando a atenção de todos os alunos ao redor.

Seiji franze a testa, estranhando a atitude do irmão. Apesar de não se falarem com frequência, o neko conseguiu descobrir algumas coisas sobre o comportamento do mais velho, com o passar do tempo, como, por exemplo, que ele era sempre discreto ao chamá-lo para conversar, para que ninguém descobrisse o parentesco entre eles. Entretanto, naquele momento, Kenichi estava sendo descuidado e chamando toda a atenção para ambos, o que só poderia significar uma coisa: ele estava bastante nervoso.

Com uma despedida rápida e discreta, Seiji enfia as mãos nos bolsos e o segue rumo a diretoria, deixando os amigos para trás.

— O onii-chan fez alguma coisa? O Sr. K parecia nervoso – começa Misaki, não conseguindo imaginar o que Seiji poderia ter feito de errado para ser levado à diretoria.

— O Sr. K o cobra muito por causa do beisebol – menti Tayui. – Você sabe que a temporada começa nessa semana, não sabe? E nosso jogo será logo nesse sábado...

— Onii-chan é um ótimo jogador e não tem faltado a nenhum treino, então por que ele está bravo?

— Ah, não sei se posso lhe contar isso – diz Tayui de forma evasiva, fazendo uma careta para enfatizar que ele sabia de alguma coisa importante.

— Você sabe de algo importante e não quer me contar, não é? – questiona Misaki, baixando o tom de voz como se contasse um segredo. – Vamos Tayui, me conte. Talvez seja algo que eu possa ajudar!

— Ok, mas você não pode contar a ninguém que ouviu isso de mim, entendeu? – lança com seriedade, fazendo Misaki confirmar com a cabeça e se aproximar para ouvir a informação sigilosa. – O Sr. K acha que Seiji está sendo irresponsável por pertencer a dois clubes ao mesmo tempo, acha que ele está se dedicando demais ao clube de fanfics e deixando os seus treinos para trás...

— Impossível, isso é uma mentira, Tayui, os membros do time pode confirmar a presença dele nos treinos – desespera-se Misaki, sentindo as orelhas se arrepiaram em protesto, sem saber que o que o kitsune lhe contava era uma grande mentira.

— Ninguém do time de beisebol se levantou a favor dele, por isso o Sr. K acredita na irresponsabilidade de Seiji. O silêncio tem corroborado com a acusação dele, mas, talvez, se você for atrás deles e defendê-lo, o Sr. K possa finalmente se dar conta da verdade.

Como Tayui imaginava que aconteceria, Misaki muda sua postura de desespero para uma posição valente, decidida a ajudar Seiji e a abrir os olhos do diretor para o empenho e o trabalho duro de seu onii-chan, em ambos os clubes. A neko se despede rapidamente, correndo em direção à diretoria para colocar toda a verdade sobre a mesa, odiando a ideia de seu precioso onii-chan estar sendo injustiçado daquela forma, e deixando Tayui para trás, remoendo sua própria culpa.

Ele detestava mentir para ela, assim como havia detestado que Seiji tivesse a enganado com a história ridícula do acidente de bicicleta. Entretanto, Tayui temia que os segredos de Seiji os afastassem ainda mais no futuro, obrigando-o a mentir de novo, de novo e de novo.

Apesar da leve pontada de culpa por mentir, o kitsune sabia que tinha feito o certo. 

— Amigos precisam confiar uns nos outros. Ela confia cegamente em você, Seiji, então está na hora de confiar nela também – pensa Tayui, se justificando, mesmo que ele próprio tivesse muitas coisas não reveladas.

Longe dali, mas próxima o bastante da diretoria, estava Misaki, que havia se escondido ao ver uma dupla de policiais deixar a sala do diretor. Ela não sabia o que eles faziam ali, com Seiji e o Sr. K, contudo, acreditava não ser nada sério já que eles se despediram com sorrisos e apertos de mãos.

A neko havia se lançado para dentro do laboratório de química assim que a porta da diretoria se abriu, agindo coincidentemente da mesma forma que Tayui fizera em seu momento de espionagem, semanas atrás. E a coragem para deixar seu esconderijo só apareceu, quando os policiais foram embora e a discussão entre diretor e aluno se tornou acalorada.

Misaki deixa o laboratório calmamente, aproximando-se da diretoria e ouvindo as vozes exaltadas do lado de dentro. Não havia sequer necessidade de colar as orelhas na porta, tamanho era o volume com que os nekos discutiam do lado de dentro:

— Fique feliz por eu ter resolvido essa bagunça sem que sua mãe ficasse sabendo!!! E tire essa porcaria de óculos da cara, esse nem é mais o seu grau... Onde estão seus óculos novos? – repreende Kenichi, evidentemente bravo.

— Ainda não chegaram!!! Levou tempo para conseguir a consulta no oculista e leva tempo para os óculos ficarem prontos... Deixa de ser chato!!! – rebate Seiji, também irritado.

— Baixe seu tom pra falar comigo! Não lhe dou o direito de ficar irritado, quando é você que faz a zona que eu tenho que limpar! Você poderia ter sido preso pelo que vez, consegue ao menos se dar conta disso? Laus foi pego e dedurou você! – diz o diretor, repetindo a história que os policiais haviam lhe contado.

No dia da briga no parque, Laus havia sido pego pela polícia e levado ao hospital, devido às suas costelas quebradas. Maliciosamente, ele havia se declarado vítima de uma emboscada e, quando percebeu que não poderia mais jogar pelo seu time, devido a lenta recuperação de sua fratura, dedurou Seiji como o seu principal agressor...

Com os óculos quebrados em mãos, a polícia demorou algum tempo para localizar Seiji e procurar o diretor, que teve de usar toda a sua inteligência e lábia para convencê-los de que àquele não era o Seiji que procuravam.

— Eu já te agradeci, o que mais quer que eu faça?

— Que pare de ser um idiota! Você tem um pai e uma mãe, o que mais você quer? Qual o motivo de viver se metendo em confusão e mentir para a sua família sobre os seus hematomas? Está carente? Quer atenção? Vamos, Seiji, me diga: qual é o motivo para você agir como um imbecil o tempo todo?

— Não estou agindo como um imbecil. – retruca, descontente por Kenichi ter enfiado sua mãe na discussão, coisa que só fazia para afetá-lo.

― Está sim!

― Eu já não faço mais aquilo, já lhe disse, eu saí há quase um mês! Por que você insiste em olhar só o que eu faço de errado, mas nunca fala nada sobre o que eu faço junto com Misaki, no clube de fanfics? – Sobe o tom de voz, sentindo-se ofendido pelo irmão frequentemente o considerar como “o errado”.

― Porque as consequências de seus erros continuam aparecendo, mesmo que você diga já ter parado de cometê-los. E enquanto você não deixar de ser um idiota, não largarei das suas orelhas!!!

― Por que você me odeia tanto, Kenichi? O que eu fiz pra você? – grita Seiji, mandando para o espaço qualquer tipo de controle que ainda tinha sobre os seus sentimentos e prendendo a atenção de Misaki, do lado de fora, que já não ousava respirar com medo de ser descoberta.

― Você tirou o meu pai de mim!!! – berra de volta, fazendo o irmão caçula arregalar os olhos e recuar um passo. Kenichi sabia que poderia ter parado por ali, que poderia deixar a mensagem subentendida porque Seiji era inteligente o bastante para compreendê-la, mas não, ele queria ir até o fim, queria colocar para fora tudo o que estava entalado em sua garganta há muitos anos. – Como se já não fosse ruim o bastante o meu pai trocar a minha mãe pela sua, você resolveu nascer para tirar de mim o pouco de atenção que eu ainda tinha dele!!!

― Você está sendo injusto, Kenichi, bebês não pedem para nascer, eles apenas nascem. Não é como se, ao zero ano de idade, eu acordasse certa manhã e dissesse: “ei, vou tirar o papai de você, onii-chan”… E, se bem me lembro, você ia frequentemente nos visitar! Você brincava comigo, me levava ao parque e minha mãe sempre o tratou bem.

― Isso foi antes…

― Antes do quê, Kenichi? – pergunta confuso, não sabendo o que de tão grave havia acontecido para que o irmão mais velho se afastasse repentinamente e o tratasse tão mal.

― Antes da minha mãe morrer e eu descobrir a verdade!

― Que verdade? – grita ainda sem compreender.

― Que eu não faço parte dessa maldita família!!! – Pausa, deixando Seiji assimilar suas palavras antes de continuar. – Eu fui criado pela minha avó, porque o meu pai não quis ficar comigo! Porque o meu pai já estava ocupado demais com sua nova família, e com o seu novo neko, para se importar comigo! Quando minha mãe morreu, percebi que eu não era realmente parte da família e que nunca seria, porque o meu pai já tinha o seu favorito nos braços, e por isso me descartou…

― Ele tentou retomar o contato, Kenichi, você é que não quis…

― Ah, claro, tentou sim – confirma de forma debochada –, depois que terminei a faculdade e já estava com a minha vida feita! Mas permita esclarecer: a esta altura, ele já não me interessava mais.

― Não pode me culpar pelos erros do papai – grita Seiji novamente. – Além disso, isso não é uma competição e nunca foi, Kenichi. Eu deveria era te dar uma surra por ser tão babaca e ficar me atormentando!

― Tente a sorte, seu neko de merda – incita Kenichi, fazendo o caçula avançar em sua direção com os punhos fechados.

Seiji era veloz e ágil, o diretor tinha que admitir, mas ele não era o único capaz de vencer uma boa briga. Com um movimento de defesa, Kenichi desviou a investida do irmão, e no movimento seguinte, o empurrou contra a estante de livros, sacudindo todo o móvel e fazendo alguns exemplares caírem ao chão.

Furioso, o caçula avança novamente, transformando toda a sua raiva em energia de ataque, mas não conseguindo mais do que um golpe de raspão no ombro do irmão, que novamente se desviava. E usando o impulso de Seiji contra ele mesmo, o diretor o segura pela orelha e o lança contra a parede, prendendo-o de costas.

― O que foi, irmãozinho, achou mesmo que eu não sabia brigar? É justamente por ter me metido em brigas, que eu sei que este não é o melhor caminho. Pare com essas porcarias agora mesmo ou você ainda vai acabar matando alguém! Se não parar, vou expulsá-lo da ESNyah, e dane-se o que os seus pais terão que fazer para que consiga completar os seus estudos! – Dá o ultimato, pronunciando cada palavra com ênfase para que Seiji pudesse memorizá-las.

― Meio-irmão! Você é somente meu meio-irmão, e ainda assim eu o odeio! – sibila Seiji entre dentes, mais pelo calor do momento e por estar numa posição de derrota, do que por realmente sentir aquilo de coração.

Kenichi o liberta por um momento, apenas para girá-lo e para que pudesse olhar no fundo de seus olhos ao dizer o que já estava na ponta de sua língua:

― Não, Seiji, eu é que odeio você! – devolve com intensidade, mas se arrependendo no minuto seguinte, ao observar os olhos surpresos de Seiji, que arriava as orelhas devido ao peso e a intensidade de suas palavras.

Ele o solta abruptamente, afastando-se alguns passos e analisando o estrago que fizera. Suas palavras o tinham magoado, ele tinha certeza, porque foi exatamente por isso que as dissera. O neko queria machucá-lo tanto quanto já estava machucado por causa de seu pai, mesmo que aquilo não fosse justo, mesmo que Seiji não tivesse culpa de nada.

Seiji se recompõe devagar, arrumando seu uniforme e ajeitando os óculos velhos. Seu rosto era uma carranca, mas suas orelhas ainda caídas denunciavam o que realmente preenchia seu coração: mágoa, decepção e saudade de uma irmandade há muito perdida. Ele abre a boca para pronunciar alguma coisa, algo que pudesse atacá-lo ou feri-lo também, para que não saísse daquela discussão como um completo derrotado, mas nada saiu. Em vez disso, seus lábios tremeram, denunciando o limite de sua mágoa e que, se ficasse ali por mais um segundo, sucumbiria na frente do irmão.

O caçula se lança porta afora, apressado demais para notar a presença de Misaki ao lado do batente, encostada contra a parede e inteiramente assustada com tudo o que ouvira. Sequer Kenichi havia notado a presença da aluna, cego pela discussão, pela raiva que tinha de seu pai e pelo ciúme que cultivara de seu irmão.

Misaki havia ido até lá por uma razão simples, defender todo o trabalho que seu onii-chan vinha fazendo e impedir que o diretor o visse com maus olhos. Entretanto, a realidade estava muito longe de ser aquela que Tayui lhe contara: Seiji havia feito algo errado, e, mesmo tentando resolver, aquilo ainda lhe trazia problemas; Seiji e o Sr. K eram meio-irmãos; o Sr. K havia livrado Seiji dos policiais; eles não se davam bem, não tinham uma boa opinião um sobre o outro, e nada do que a neko pensava em dizer a favor de Seiji poderia realmente ajudá-lo…

Com passos mansos, Misaki se afasta da diretoria em direção ao banheiro feminino. Ela precisava ficar sozinha por um momento, precisava pensar e assimilar tudo o que tinha ouvido, assim como precisava se livrar da terrível sensação de que, se não fosse por Tayui, talvez nunca viesse a saber àquilo, pois o seu onii-chan nunca o revelaria.

Em parte, Misaki sentia-se traída por confiar tanto nele e por ele não confiar nela de volta, entretanto, depois de pensar em tudo o que ouviu, a neko chegou a conclusão de que Seiji tinha motivos óbvios para querer manter seu conturbado relacionamento com o irmão em segredo, e que era ele, e não ela, quem mais estava sofrendo com tudo aquilo.

O sinal para o início das aulas já havia soado, mas Misaki não se importava. Com seu ânimo revigorado, ela parte em busca de seu onii-chan, pois algo em seu coração lhe dizia que ele precisava muito de um amigo naquele instante.

Tayui estava indo para a sua próxima aula quando viu a neko correr em direção a algum lugar, parecendo aflita e urgente. Seja lá o que ela tivesse ouvido ou presenciado na diretoria, o kitsune não se arrependia por tê-la manipulado e a guiado até lá; não se arrependia porque, de todos os amigos de Seiji, somente Misaki poderia lhe dar o ombro amigo de que ele precisava.

Com os corredores quase vazios, foi fácil para Misaki ir ao único lugar em que um aluno poderia se esconder quando decidia matar aula: o terraço. Tendo tantos lugares para vigiar e procurar por alunos, os inspetores da ESNyah dificilmente se lembravam de averiguar o terraço, e, por isso, a neko tinha certeza de que o encontraria por lá.

A porta estava aberta quando ela chegou ao terraço, tomando cuidado com o último degrau, para que sua presença não fosse denunciada. O local estava deserto e poderia estar inteiramente silencioso, se não fosse pelos soluços baixos, que ecoavam vez ou outra, denunciando que Seiji estava por ali.

Misaki se aproxima devagar, encontrando o nekomomo sentado ao chão e com a cabeça apoiada nos joelhos. Ela senta-se ao seu lado silenciosamente, esperando que ele notasse sua presença antes de poder dizer qualquer coisa.

Seiji levou alguns segundos para se dar conta de que não estava mais sozinho, e quando percebeu que sua súbita companhia era Misaki, sentiu-se envergonhado por ser pego chorando. O neko enxuga o rosto nas mangas de seu uniforme, tentando se desfazer de seu momento de fraqueza e voltar a ser o “todo poderoso e valente onii-chan” que ela conhecia, mas falhando terrivelmente.

― Eu sei de tudo, onii-chan… Sei sobre o seu parentesco com o Sr. K – sussurra Misaki, atraindo a atenção de Seiji rapidamente.

― Tayui te contou? – questiona com desconfiança.

― Não. Eu descobri sozinha, mas admito que Tayui mexeu os seus pauzinhos para que isso acontecesse. Se não fosse por ele, no que eu suponho ter sido uma história bastante mentirosa, eu não estaria lá, no lugar e na hora certa, para descobrir. – Pausa, não sabendo ao certo como continuar. – Confesso que fiquei um pouco chateada, onii-chan, por você guardar este segredo de mim, quando até mesmo Tayui o conhecia… Pensei que fossemos amigos – desabafa. – Mas então, pensando melhor sobre isso, cheguei a conclusão de que você não tinha obrigação nenhuma de me contar os seus segredos… Todo mundo tem algo que prefere esconder…

― Me desculpe… Eu não queria que ninguém soubesse… Tayui descobriu sozinho – explica, fazendo Misaki compreender que se tratava de um assunto importante demais e que ele nunca teve intenção de revelar nada a ninguém.

― Não precisa se desculpar, onii-chan… Apenas, fique bem. Se um dia quiser falar sobre isso, saiba que estarei aqui para te ouvir…

― Eu quero falar sobre isso agora, porque, se não falar, acho que vou explodir! – confessa Seiji, surpreendendo Misaki ao abrir o seu coração e falar tudo a respeito dele e de Kenichi, desde a separação do pai e o seu segundo casamento, até o momento em que Kenichi se afastou abruptamente, deixando ao caçula, apenas o fantasma de sua presença. – Voltei a vê-lo quando comecei meus estudos na ESNyah. Kenichi era diretor, e, naquele primeiro dia de aula, ele passou por mim como se não me conhecesse… Eu procurei por ele em sua sala, pensei que não tinha me reconhecido depois de tantos anos sem nos vermos, mas quando o chamei de “onii-chan” ele me repreendeu, e me proibiu de chamá-lo assim…

Por anos, Seiji desejou reencontrá-lo, e dava duro em seus estudos para que, quando isso acontecesse, Kenichi sentisse orgulho dele. O neko havia insistido com os pais para que pudesse estudar na mesma escola secundária do irmão, mesmo que a família não tivesse tantas condições de mantê-lo lá, e quando finalmente entrou na ESNyah, sua alegria foi imensa ao perceber que Kenichi trabalhava ali e que finalmente poderiam voltar a ser irmãos… Porém, o diretor não pareceu sentir a mesma alegria.

Seiji sente algo entalar sua garganta, uma nova onda de mágoa e tristeza que, coincidentemente, o fez perceber algo muito importante: foi devido a isso que ele começou a brigar. Sendo o aluno novo e tendo acabado de ingressar no clube de beisebol, o neko foi arrastado para os Eventos sem direito à recusa. Ele havia ficado com muito medo em sua primeira briga, mas não tinha a quem recorrer na ESNyah, pois não conhecia a ninguém além de Kenichi, que desprezara o seu parentesco e o ignorava sempre que possível. Com isso, ele apenas deixou-se ser levado, encontrando nas brigas a oportunidade de extravasar todos os sentimentos ruins que o atormentavam, com relação ao irmão.

Ali, com Misaki, Seiji revelou tudo sobre suas lutas arranjadas e as coisas erradas que fez, até o momento de seu ingresso no clube de fanfics, quando finalmente decidiu largar tudo e ser o bom onii-chan que ela pensava que ele era.

― Desculpe por desapontá-la, Misaki, mas eu não sou quem você pensa.

― Ter falhas e fraquezas não o tornam uma decepção, onii-chan. Tudo o que você fez até agora, desde cuidar de mim, de sair das lutas e tentar melhorar, até confiar a mim os seus sentimentos, somente confirmam que você é tudo o que eu imaginei que fosse. O Sr. Kenichi está errado a seu respeito, está terrivelmente errado em tudo o que disse e em tudo o que “acha” que sabe sobre você… Seu coração é bom, onii-chan, e tão forte quanto o seu físico!

― Ele me odeia, Misaki… Ele me odeia e tudo o que eu queria, era ter o meu onii-chan de volta! – admite, sentindo as lágrimas rolarem por seu rosto novamente.

Num impulso, Misaki o puxa para perto de si, aconchegando-o em seus braços e o permitindo chorar em seus ombros até que toda aquela dor fosse embora. Seus pequenos braços o apertam com toda a força que podiam, transmitindo a ele todo conforto e a energia que ele precisava para enfrentar aquela terrível tempestade.

― Obrigada por confiar em mim, Seiji onii-chan – agradece Misaki com um sussurro, acariciando levemente os cabelos do neko e o deixando chorar.

― Estou feliz por você estar aqui – responde ele depois de algum tempo, quando o abraço de Misaki finalmente pareceu surtir efeito sobre seu coração magoado, tornando toda aquela dor mais suportável.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :)
A amizade de Seiji e Misaki está se fortalecendo cada vez mais.
O que mais o futuro reserva para este grupo de amigos?



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