Sentia minha cabeça pesada enquanto me arrastava por entre os cômodos daquela pequena casa. Oh, como latejava. Parecia que havia elefantes sambando sobre meu cérebro. Minhas mãos estavam trêmulas e molhadas, e aquele cheiro de metal quente me incomodava. Sentia que o sangue já estava secando em minhas mãos. Aquela sensação áspera, seca, como se não lavasse minhas mãos há tempos e só estive percebendo agora.

Cheguei até a grande mesa de mogno. Ri internamente. Tantas coisas aconteceram naquele pequeno espaço, sobre aquela mesa. Respirei fundo sentindo uma pontada de arrependimento. Arrependimento? Uma hora dessas? Balancei minha cabeça como se dissesse não para mim mesma.

Com pouca força em minhas pernas eu me apoiei na cadeira de couro, e sentei na própria. Finalmente acomodada, peguei o primeiro papel livre que vi em minha frente e busquei rápido uma caneta, para enfim começar a escrever. Molhei a ponta da caneta em minha língua e deixei que ela começasse o final daquela história.

“Aí vai o pedaço de papel, que para você será muito importante Edward. Tantas coisas que nós vivemos juntos, tantos beijos e tantas carícias trocadas, e esse é o final de nossa história. Eu realmente esperava que fosse um final mais feliz.

Porém nem tudo é como nós aspiramos. Desejava que você fosse rico, porém isso nunca há de acontecer, desejei que você me amasse tanto quanto eu te amei, mas isso é impossível, e desejei que você nunca me traísse. Porém também não aconteceu.

Sim, eu descobri. E é exatamente devido a esse ‘pequeno’ acontecimento, que estou a acabar com minhas energias escrevendo. Tenho certeza que há milhões de perguntas em sua cabeça, vou respondê-las uma de cada vez.

Descobri o seu relacionamento com Tânia há mais ou menos um mês. Planejei cada passo que daria. Até chegar no final que programei.

Tânia é uma jovem linda e muito doce. É uma pena que é uma vadia que não quis me respeitar. Apresentei-me a ela com a maior educação e ela me desprezou. Agora ela já teve o final que merecia.

Li todas as cartas que escreveu para ela. Você escondeu muitas coisas dela, mas, nunca sua criatividade. Agora percebo que os seus ‘Eu te amo’ não eram tão verdadeiros.

Você me fez sofrer, e agora eu estou te dando o troco. Você mereceu. Infelizmente, eu continuo te amando muito. Delicie-se com a minha presa em sua sala de jantar.

Com amor, Bella.
P.S.: Toque o assoalho de madeira, o sangue não sairá de lá.”

Fechei a carta, satisfeita com todo o meu contesto, e novamente, um pouco mais recuperada fui até a sala de jantar. Encontrei o corpo de Tânia como havia deixado. Três furos no crânio ainda jorrando sangue e as mãos paradas sobre seu peito. Ergui uma de suas mãos e coloquei a carta sobre elas. Aspirei fundo e deixei todo meu amor naquela folha de papel. Mesmo este não sendo o conto de fadas que eu tanto desejava, eu tenho meu final feliz.