Entre a Escuridão escrita por Half Fallen


Capítulo 4
Capítulo Três — Vitória


Notas iniciais do capítulo

espero que gostem, me desculpe a demora ;w;



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"O que seria do mundo sem a compaixão?"

Rei Julian III

Conturbadamente a noite chegou para Raa'skar. O seu arrependimento e culpa subiam a sua mente completamente em forma de vozes e grunhidos. Grunhidos de dor daqueles albinos que havia matado e vozes que o culpavam, amaldiçoavam e o deixavam sem pensar direito.

Estava armado com duas espadas que eram semelhantes as dele, porém, sua única diferença é que estava 'santificada'. O Conde dissera a ele que seu povo acreditava que os gigantes tinham fraqueza contra armas santificadas, pois os comparavam com demônios. Seria, então, de suma importância para a fé do povo que estaria avaliando o governo do Conde.

Era só o que me faltava.

Pensava o assassino incrédulo. E lá estava ele, esperando e esperando. Entretanto, passaram-se horas, muitas horas sem que aparecessem os tão esperados lobos. Não, eles não vieram aquela noite e o plano de Raa'skar havia sido errado.

O sol raiou tão lento e preguiçoso, não querendo nem um pouco ter que tomar seu posto no céu. Talvez, como se não quisesse ver a matança pré-destinada que teria resultado da noite. Porém, ao ver que nada havia acontecido, o sol raiou forte assim como a escolha que o assassino havia tomado.

Não iria matar mais nenhum, nem um sequer. Já havia matado metade e, se a matilha não voltara a noite, só poderia significar que era a única a restar ao redor. E ele não iria acabar com a linhagem.

— Senhor, se permite-me, gostaria de falar.

O assassino abriu as portas do grande saguão onde os súditos do loiro informaram que ele estaria. E, sim, lá estava ele, sentado a mesa com sua esposa cuja beleza e delicadeza poderiam ser comparadas com a mais bela das flores. Raa'skar assentiu para a mulher que retribuiu com sorriso amistoso. Seus cabelos eram escondidos atrás de uma túnica, pois, na religião que seguia, apenas seu homem poderia ver seus cabelos.

— Pois não, assassino.

— Estou aqui para discutir sobre minha missão.

— Não na frente de minha esposa, homem.

— Ora, não se incomode, vá em frente, estarei aqui apenas a ouvir e tomar meu chá. Não se incomode comigo.

— Não estou aqui para demorar, Conde. Perdoe-me a intromissão Condessa. Sem mais delongas, não irei realizar esta missão. Estou aqui desistindo dela e não precisa me pagar, não quero este dinheiro. Muito obrigado.

O Conde levantou-se, irado por tal desrespeito em frente à sua esposa e bradou:

— Guardas! Impeçam-o! — assim o fizeram — Assassino, se você abandonar sua missão, lhe matarei aqui e agora! Ora, reconsidere, por favor! Aqueles albinos são monstros, aberrações! Irão nos matar aos montes com sua força e veneno! Pense nas crianças!

Do assassino ouvira-se um riso entre dentes, curto e irônico.

— Então como espera que eu, sozinho, faça algo que você, com seu exército, não consegue?

— Ora, você fora treinado para poder matar, não é mesmo?!

— Poupe-me de suas desculpas, Conde. Apenas não quer sujar suas mãos com o sangue puro daqueles que apenas lutam para sobreviver. Pense comigo, senhor, você está apenas invadindo a terra deles. Se queres sobreviver, faça você mesmo. Não irei mais compactuar com isto. Se me der licença, tenho outras missões.

E o Conde iria interrompe-lo, e Raa'skar sabia que, porventura, teria de matá-los para conseguir sair dali. Porém, mais uma vez, seus pensamentos não aconteceram. Raa'skar, portanto, não quis olhar para trás. Assim que os guardas abriram caminho, ele saiu. Se tivesse olhado, veria que com um sorriso meigo e carinhoso estava a esposa do Conde, o impedindo que o caos se instalasse. Saberia que haveria matança e não era isto que queria logo pela manhã.

O assassino caminhou sem olhar para ninguém, a caminho do cavalo que estaria o esperando perto dos estábulos. Montou em Ventania às pressas e cavalgou para fora dali. De tanto ser um bom ouvinte, Raa'skar não pôde ouvir uma voz que gritava o longe:

"Senhor! Senhor assassino!"

Ah, se ao menos ele usasse aquele nome. Se ao menos o menino o houvesse chamado, o assassino corresponderia e o futuro não seria tão assombroso.

Mas ele não o chamou.

Quando Raa'skar finalmente adentrou o início do deserto, pôs-se a cavalgar mais forte, querendo sumir o quão mais rápido fosse. E, num ato de pura rebeldia e egoísmo, o assassino cavalgou para dentro do verde, o vento cantando em seu ouvido e assoprando suas roupas, o distraindo.

O que faria ele para dentro do verde? Nem mesmo ele sabia.

E foi após tanto correr sem rumo que ouviu um grunhido. Olhou para a direção e conseguiu achar seu dono. Era um dos albinos. Raa'skar olhou ao redor, procurando mais e não achou. Suspirou com a ideia. Poderia ter de matar mais um albino. Parou e aproximou-se com o cavalo, porém, o lobo recuou.

Raa'skar achou curioso. Um lobo gigante estava com medo? Ela grunhia, parecia de dor. Deuses, ela estava prenha! Prestes a dar a luz! Era a que havia fugido junto com o outro lobo e com os filhotes restantes. O assassino desmontou imediatamente de Ventania, correndo até a fêmea. Mas estava assustada, tentou correr, as dores do parto a impediram contudo.

Deitou-se sem conseguir aguentar as pontadas e rosnou quando viu o humano se aproximar. O assassino tentava de todos os jeitos amenizar sua aterrorizante presença, uma mão se estendendo e a cabeça baixando. Ela poderia arrancar-lhe a mão, mas não havia hostilidade necessária para isso.

Permitida a aproximação, Raa'skar tentou acariciar-lhe os pelos, mas o gemido suplicante lhe chamara atenção. Ela estava em trabalho de parto. Claro, o homem não sabia como se fazia isso, mas deveria dar um jeito. Acariciou lhe a barriga e olhou dentre suas pernas.

Havia sangue. Muito sangue.

Ela não conseguia achar forças, ofegava em seu próprio desespero. Estaria dando seus últimos suspiros logo, logo. O parto deveria ser feito ali, agora. Lobos, sendo eles gigantes ou não, sempre tinham cerca de cinco filhotes por parto. Ele deveria fazê-lo agora.

Começou a empurrar a barriga da loba, ouvindo seus gemidos de dores tornarem se uivos fracos e trêmulos Ele forçava a saída dos filhotes rapidamente, tentando fazer com que cada saísse pelo menos o mais rápido possível.

Porém, era apenas um. Não poderia chegar se a cabeça estava aparecendo ou não enquanto forçava o parto. Corria, para lá e para cá, empurrando os filhotes para fora e observando se algo aparecia. Demorou um pouco, mas o primeiro veio. Seu corpo, porém estava negro.

Ah, agora tudo fazia sentido.

Ela não estava tendo complicações no parto, havia sido amaldiçoada. Provavelmente magia negra proibida. Raa'skar tinha pouco tempo. Aquele que havia nascido, não suportou respirar e seu pequeno corpo jazia do lado da mãe, que chorava em tristeza.

Não foi diferente com os próximos dois, mas Raa'skar continuava tentando, havia mais! Tinha que haver mais!

Mais dois nasceram, pareciam promissores, mas não, nada aconteceu.

Até que então, nasceram dois últimos. Um de pelos cinza, outro com manchas negras. Eles conseguiram andar, e para alívio, conseguiram até mamar. Raa'skar tentou empurrar para ver se havia mais um, porém, não havia mais nada e a loba parecia estar descansando.

A dor havia passado.

E pela primeira vez, Raa'skar não havia se incomodado com o sangue em sua mão. Era por algo maior, algo melhor. Levantou-se e caminhou para a loba, acariciando-lhe o pelo branco e manchando de vermelho.

— Você foi incrível. Parabéns, garota.

O assassino checou a pulsação de seu sangue e viu que não havia nada alarmante, porém, estava fraca. Correu para Ventania que estava no mesmo lugar durante todo o parto e tirou de uma de suas bolsas ervas curativas.

Amassou-as com as mãos e abriu a grande bocarra da loba, a fazendo engolir. Ela grunhiu e ele riu.

— É, eu sei que o gosto não é legal, mas é pra você ficar bem.

Levantou a cabeçorra da loba e colocou em seu colo, sem se importar com o peso. Acariciou gentilmente, vendo que ela relaxava. O risco de morte não era mais viável, logo ela estaria bem melhor. Sorriu, gentil. Ela não sobreviveria sozinha, deveria ajudá-la.

Ele faria o possível para vê-la bem. A loba descansava delicadamente no colo do humano, que observava os dois únicos sobreviventes amamentarem-se vorazes. Deveria dá-la um nome.

Vitória.


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Notas finais do capítulo

Eu não sei o porquê de ter escolhido Vitória, mas foi o único nome que me pareceu aceitável. Eu gostei muito dela se chamar Vitória e espero que gostem também ;w; por algum motivo, combinou com essa gracinha de Deus! Desculpe-me os erros ;w; por favor comentem, um beijão enorme procês ~ < 3



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