Acordei no outro dia por volta das 9:00hrs e chamei Loke já que ele ia me levar de volta pra casa de carro há tempo de ir para o aeroporto.

Assim que cheguei Levy estava acordada sentada na cama de calcinha e camiseta tomando café, olhando feio pro computador.

–Algum problema?

–Ele vai. – ela falou tomando outro gole – Chegou ontem a noite pra ver o Natsu. E vai embora segunda a tarde.

–Como sabe?

–Natsu me avisou. Disse que ficou com medo de que eu surtasse então achou melhor me avisar. – ela riu irônica – Já surtei.

Só então percebi que ela chorava de leve.

–Levi...

–Tá tudo bem! – ela ergueu os braços, e depois colocou a xícara na mesa do computador- Vai tomar seu banho, vou depois...

Deixei Levi sozinha e fui tomar banho. Escolhi um jeans e uma blusa do Rise Against que Natsu tinha me dado no aniversario do ano passado. Os três anos , ele sempre mandara presentes pra eu e Levy nos nossos aniversários. O primeiro fora um vestido, no outro um perfume da Carolina Herrera que eu ainda guardava a embalagem e depois a camiseta. Eu tinha cortado a coitada da camisa fazendo uma regata.

Depois de Levy se arrumar nos descemos pra portaria do prédio e ficamos conversando com Makarov, um senhorzinho que era porteiro do prédio. Até que Jellal Fernandez, pai de Natsu chegou.

–Garotas! – ele saiu do carro e envolveu nós duas ao mesmo tempo num abraço – Como cresceram!!Estão lindas!

–Quanto tempo mesmo... – disse

–Vamos?

Jellal devia ter uns quarenta anos, e ainda aparentava ter uns vinte. Ele era alto, tinha cabelos pretos quase azuis,nada parecido com Natsu mas isso explicamos depois...

Ele sempre fora aquele pai que nos levava para o shopping, ia buscar os três de madrugada em alguma festa, nos levou ao nosso primeiro show que realmente fora inesquecível.

–Como está o coração garotas?

–Mais saudades não cabem. – Levi respondeu primeiro

–Explodindo... – disse pensando em mil significados para aquele “Explodindo”.

–Quase chegando...

Uma meia hora depois chegamos ao aeroporto. Eram 13:45 quando chegamos no portão de desembarque. Eu e Levy pulávamos no mesmo lugar de ansiedade,até que ela parou repentinamente do meu lado.

–Ga...Gajeel?

Eu olhei na direção que ela olhava.

Meu Deus.

Se aquele era o Gajeel alguém me abana, por favor?

Ele nos avistou de longe e veio andando, sorrindo. Eu sussurrei um “não desmaia” pra Levy e virei pro lado pra não rir da cara dela de surpresa. Mas eu sabia que ela não podia conter de felicidade.

Gajeel tinha crescido mais ainda,tanto de altura quanto de músculos. Estava com o fone de ouvido caído pela gola da camiseta,e outro na orelha. Ele nos deu um oi de longe, depois abraçou Levy.

–Quanto tempo. – sorriu, soltando ela e me abraçando também.

Se eu já estava na ponta dos pés imagine Levy.

–Dia dos reencontros. – disse quando ele me soltou

–Com certeza... - ele falou olhando pra Levy.

Eu shipava aqueles dois mais do que qualquer casal dos meus filmes,livros e animes.

A voz eletrônica feminina anunciou o desembarque do avião. Eu e Levy voltamos toda nossa atenção para o portão. Assim que ele se abriu,eu o vi saindo tirando os fones do ouvido,sorrindo pra mulher que dava boas vindas no portão. O pai dele ergueu a mão para que ele pudesse nos ver.

Mais lindo do que nunca.

Os cabelos rosados de sempre e com aquele cachecol. Agora não podíamos mais zombar dele,ele havia passado eu e Levy fácil,fácil.

Meu coração estava quase saltando da boca,doida pra abraçar dele. Eu achei que ele não podia acelerar mais, mas acelerou quando depois de abraçar demoradamente o pai, Gajeel e Levy, ele me abraçou pela cintura. Como ele estava quente.

–Que saudade Luce... – ele me apertou como costumava fazer.

Só ele dizia Luce daquele jeito. Era único.

Eu devolvi o abraço e só então percebi que chorava.

–Eu senti muito sua falta... – disse

–Boba,- ele me soltou olhando no meus olhos – eu também. – ele voltou a me abraçar e eu olhei pela suas costas Levy também chorava,nós sempre fomos choronas daquele jeito. – Você está...realmente cheirosa. – eu dei risada agradecendo – Como foi que ficaram tão lindas? – ele olhou pra nós duas colocando uma mochila nas costas e seu pai pegando a outra mala.

Ri de novo junto com Levy.

–Também queria saber. – Gajeel disse e eu vi o rosto da Levy se avermelhar todo.

–Todos ficamos. – confessei

–Vamos comemorar então. Estou morrendo de fome. – Natsu passou o braço nas costas de Gajeel e saímos andando de volta pro carro.

Só pra não esquecer... O caso de Jellal Fernandez e Ultear Dragnell é totalmente complicado... A verdade é que Natsu é filho de um tal Ignnel, só que ele abandonou Ultear quando ela ficou grávida e Jellal era melhor amigo dela. Quando a mãe dela a expulsou de casa por isso ele meio que se casou com ela pra poder ajudar com o Natsu. Eles até se gostavam, mas não deu certo no fim, agora eram bons amigos.

Fomos direto pro supermercado. Jellal avisara que não tinha comida em casa, e eu e Levy adorávamos cozinhar qualquer tipo de coisa. Ele disse pra pegarmos o que quiséssemos e esperou no carro. Levy ia cuidar do almoço e eu da sobremesa,e os garotos foram pegar Ice pra bebermos,nenhum de nós era de beber nada forte.

Peguei chocolate em pó,MM’s, e leite condensado. Natsu adorava bolo de chocolate.

Encontrei Levy no corredor das massas olhando fixamente pra prateleira de macarrão.

– Macarrão...ou lasanha...ou panqueca... ?

–Natsu gosta de qualquer tipo de massa.

–Verdade...

Ele chegou minutos depois junto com Gajeel e uma cestinha cheia de Ice de vários tipos.

–Natsu... macarrão,lasanha ou panqueca? – perguntou Levy

–Qualquer coisa feita por você. – ele lhe jogou um beijo na bochecha e olhou pra minha cesta – Nãão!!Você vai fazer bolo?!!

–Claro,é seu dia tinha que ter. – sorri

–Ai que saudades de vocês. – ele passou o braço pelo meu ombro

–Isso é porque nós te mimamos.

–É bom ser mimado por vocês. É um mimo saudável.

Coloquei o bolo no fogo assim que Levy terminou a ultima panqueca. Ia lavar a bacia de chocolate quando Natsu se encostou na pia ao meu lado.

–Vamos comer. A gente lava depois.

–Ok...vou ter que fazer a calda mesmo... – disse e ele fez um “hmmm”

peguei na ponta do dedo um pouco do chocolate e coloquei na boca.

Na sala Gajeel e Levy conversavam numa boa sobre alguma coisa.

–Acho que estão bem. – ele falou como se lesse meus pensamentos.

–É também acho... – eu peguei mais chocolate e ele também.

–Depois... tenho que dar os presentes pra vocês.

–Natsu... não precisava...

–Ah é só umas lembrancinhas. Sem contar que as coisas lá fora são baratas se compradas com o dólar. E eu não tenho culpa que tudo me lembrava você.

Eu senti meu rosto errubrecer e ele pegou mais chocolate ainda me olhando.

–O que foi?

–Nada. – desviei o olhar – Sobremesa depois. – eu disse jogando água dentro da bacia de chocolate.

–Aaaah, estava tão bom...

Eu e Levy colocamos a mesa e todos comemos. Jellal não parou de elogiar a comida da Levy, e Natsu comia a quinta ou sexta panqueca.

–Ainda bem que fiz duas bandejas.

–Parece que não era só eu que estava com saudades das suas panquecas. – Eu vi Natsu sussurrar pra Levy olhando pra Gajeel.

–Xiu Natsu.

Depois de comer,tirei o bolo do forno e comecei a fazer a cobertura.

–Natsu!! – dei um tapa da mão dele quando vi ele pegar outro MM’s do saco,segurando o controle do X-Box na outra – Vai pra lá jogar.

–Ai Lucy... Levy me tirou de novo aquela viciada. – eu ri – Come também vai. – ele pegou outro e colocou na boca,depois outro e estendeu pra mim colocando na minha boca.

Meu celular começou a tocar, eu sai deixando a colher na panela e pegando uma garrafa de Ice.

–Loke! – sorri tentando abrir a garrafa com o dente

–Lucy, que voz estranha. Como estão as coisas?

–Bem. – disse tentando de novo em vão. Natsu pegou ela da minha mão e com a maior facilidade abriu – Tá tudo bem sim. – disse de novo, e depois um “obrigado” mudo pra Natsu.

–Quando você volta pra cá?

–Bem... eu não sei – eu nem tinha pensado em passar na casa dele de novo – São...cinco horas agora,não sei mesmo. Estou terminando um bolo, vamos jogar vídeo game... Mas não se preocupa, posso pedir pro Jellal me deixar em casa.

–Jellal?

–É. O pai do Natsu. – bebi mais um pouco da bebida.

–Está na casa dele? – a voz dele engrossou

–Sim... – respondi.

–Serio isso? – senti a pontada do ciúme no tom dele

–Ah Loke – suspirei – Hoje não vai. Olha, está eu a Levy, Gajeel, Natsu e o pai dele. Estou entre amigos ok?

–Está parecendo um encontro de casais.

–Para vai.

–Ok Lucy. Fique ai, me avisa quando chegar em casa. – ele desligou na minha cara.

Saco.

Joguei o celular em cima da mesa. Natsu me olhava confuso, roubando mais MM’s do saquinho.

–Que foi?

–Meu namorado. – ele arregalou os olhos.

–Achei que tivesse terminado depois da ultima vez que conversamos.

–Sinceramente Natsu – eu ri de leve – eu também achei que tinha. – voltei a mexer a calda do chocolate.

Da sala, ouvi Levy gritar um “Fatality!!” e Gajeel um “Não acredito” e ri alto junto com Natsu.

– Falei que ela era viciada. Ainda na mesma então?

–Se na mesma você diz, ainda usando roupas que ele quer,ainda brigando cinco vezes por dia,sim. Eu conversei com ele – disse começando a colocar a calda no bolo – mas sei lá, ele sempre muda por dois,três dias e volta tudo de novo. Hoje,eu juro que até entendo ele,porque ele queria que eu estivesse lá porque completamos dois anos hoje, mas concordamos de comemorar ontem,e agora ele vem brigar de novo.

–Então,brigaram de novo agora no telefone?

–Não bem briga... Ele disse que estou num encontro de casais.

–Hm,preciso ver ele pessoalmente. Nunca gostei dele. – eu ri – Não ri não, você sabe que eu não gosto dessas coisas ai...

–Eu sei...

Quando contei ao Natsu que estava namorando, ele ficou feliz de primeira, mas depois que eu desabafei dizendo que o Loke queria que eu perdesse a virgindade com ele logo, ele criou um ódio que só eu sabia o quão forte era.

–Ele é legal, Natsu... Ele só é... Complicado.

–Não, ele é um idiota.

–Natsu.

–Tá. Olha, eu já vi caras que o ciúmes aumenta depois disso, mas ele trata você como se tivesse te comprado.

–Ele vai melhorar. – eu disse começando a jogar MM’s no bolo

–Você diz isso desde o ano passado. – ele falou serio, pegando outro MM’s

– Pelo menos ele não come meus MM’s de bolo!

–Ai Lucy...

–Eai. – gritou Levy na porta da cozinha – Esse bolo sai ou não? Tô criando verme aqui já de vontade. – ela entrou descalça com Gajeel atrás e roubou mais MM’s.

–Já vai... – resmunguei

Eram nove da noite. Eu já tinha ganhado cinco vezes no Natsu, três do Gajeel e perdido tudo pra Levy... Que estava ganhando tudo na verdade. Decidimos até trocar de jogo, colocamos Naruto pra ver se ela sossegava.

–Eai pessoal. – Jellal sentou no sofá olhando a gente jogar – Cuidado pra não irem tarde viu?Eu levo vocês, mas é que preciso dormir cedo hoje.

–Tudo bem, não vamos não. – disse concentrada no jogo

–Levo elas pai. – Natsu disse – Não se preocupe.

–Hmm, tudo bem então.

–Ganheeeeeeeeeeeeeei! – gritou Levy

–Ah Meu Deus. – resmungou Gajeel largando o controle – Desisto.

–Pai pelo amor, tira essa menina daqui vai. – Natsu pegou a Levy no colo jogando em cima do pai dele. Morri de rir da cara de vergonha do Jellal. – Ninguém agüenta mais... Credo. – ela saiu do sofá se jogando nele em Natsu – Sai,sai,sai.

Natsu deixou nós duas em casa por volta das onze e meia.

–Eu não matei toda a minha saudade. – Levy resmungou assim que ele desligou o carro.

–Ué, e quem disse que vocês não vão lá amanha? Maaas, não vai jogar nada.

–Ah Natsu.

–Não, sai fora. Nada de luta pelo menos.

–Que horas? – disse surgindo do banco de trás.

–Loke, vai deixar você ir?

–Ele não tem que deixar nada quando se trata de vocês dois.

–Nos falamos depois então. Mas antes – ele olhou malicioso pra Levy – E você e o Gajeel?

–Ah sai fora. – ela abriu a porta – Boa noite pra vocês.

–Levy!! – nós gritamos juntos

–Somos amigos ué.

–Deixe esse orgulho Levy... – pediu Natsu

–Manda ele deixar o dele. – ela bateu a porta do carro.

Eu suspirei.

–Bem,até amanha então.

–Putz, não te dei o seu presente...

–Amanha você me dá,hoje você já foi o meu presente já. – disse me aproximando pra beijar o rosto dele, quando ele se virou de repente.

Por pouco eu não dei um beijo na boca dele. Mesmo assim eu estava perto demais.Senti meu rosto se avermelhar,e meu estomago se embrulhar todinho.

–Então eu sou o seu presente?... – ele me olhou sério.

–Boa noiteee. – cantarolei dando um beijo na bochecha dele e saindo do carro.

Sinceramente,eu não sabia o que acabara de acontecer pra eu estar daquele jeito. Só sei que subi no elevador sentindo um exame de borboletas invadirem meu estomago.

Que raio de sensação era aquela? E porque agora?

–Tudo bem Lucy? – perguntou Levy quando a porta do elevador abriu e eu não sai.

–Ah ta. – disse saindo- Ta sim.

Mandei um mensagem pro Loke,com um cheguei e um coração.

Chegou agora?!!!

Ele respondeu.

Eu nem respondi deixar o celular pro lado e me deitei na cama. Eu e Levy estávamos deitadas na mesma posição olhando uma pra outra.

–A gente não ta bem... - resmunguei

–Não mesmo... Ver o Gajeel me deixa...sei lá. A mesma sensação que eu sentia quando a gente namorava escondido eu sinto agora. Não mudou nem um pouco, pelo contrario. Eu até engoliria meu orgulho Lucy,e diria que ainda amo ele. Eu só tenho medo dele não sentir mais o mesmo.

– Eu duvido Levy...

–Então porque ele não fala comigo?

–Deve sentir a mesma coisa que você sente. Dois bobos, pensando que o outro não gosta mais.

–Aaah não sei. – ela enfiou a cara no travesseiro – Só sei que não vou agüentar segunda-feira ele ir embora... De novo.

Eu fiquei muda, sabia que ela não iria mesmo.

–E você, o que foi?

–Eu nem sei Levy...

–Loke?

–Não... Acho que ... – parei de falar, não queria dizer algo que eu não tivesse certeza- Nada. Quando eu tiver certeza eu falo.

Me virei para o lado tentando dormir pra acalmar aquele enxame todo de borboletas.