Palácio Schreave --- Illéia

Quarto da princesa

Eliza Schreave

Os dias arrastaram-se rapidamente. E logo, as selecionadas já estavam em casa. Elas eram muito simpáticas, e carismáticas. Mamãe visitou-me no fim da tarde, lembrando-me que ainda hoje eu precisava comparecer á uma reunião. Tessa passou o dia inteiro comigo, brincando de casinha. E depois de uma exaustiva reunião, recebi a visita mais esperada do dia. Pontualmente uma da matina, Henry bateu a minha porta. Assim que entrou, sorrindo, aproximou-se e me abraçou.

–-Liz, sabe o quão é arriscado tudo isso?

Sim, eu sabia de todos os perigos que estávamos expostos.

–-Sim, eu sei.

–-Tem certeza de que tudo isso vale a pena?

–-Eu passo o dia inteiro contando os segundos para vê-lo, então sim, eu acho que vale a pena.

Ele beijou-me delicadamente, e deitou-se ao meu lado na cama.

–-Seu pai está nervoso. O castelo quase foi atacado está noite, e não passa mais de uma semana da chegada das Selecionadas.

Senti um arrepio ao ouvir a palavra atacado. Minha mãe dizia que em seu tempo, os rebeldes eram divididos em duas partes: sulistas e nortistas. Os sulistas queriam a exterminação das castas e destruição total. Já os nortistas, queriam apenas alguns diários de um ancestral meu. Já os sanguinários, que são como chamamos os rebeldes atualmente, querem a destruição da monarquia. Mas também tem algo que procuram em comum, pois sempre que atacam, olham nossos quartos e escritórios, e reviram tudo de cabeça para baixo. Os chamamos de sanguinários, pois sempre que atacam, a devastação é enorme. Muito sangue é derramado.

–-Sabe que todo cuidado é pouco...

Eu sabia disto. Ainda mais agora que meus pais haviam descoberto que existiam tuneis subterrâneos que passavam por debaixo dos nossos quartos, onde os sanguinários usavam como entrada para o palácio. Ou tentavam.

–-Mas sei que nos seus braços estou segura –eu disse, o abraçando.

Ele sorriu, e disse que sempre me protegeria. Deitei minha cabeça em seu ombro, e deixei-o acariciar as mechas de meu cabelo. Em poucos minutos, dormi.

Acordei na calada da noite, e estava sozinha. A esta altura, Henry já havia partido. Thomas estava deitado ao meu lado, dormindo. O que quer dizer, que já era bem tarde. 5h da manhã. Peguei meu celular, e o desbloqueei atrás de algo para fazer. Foi então que vi uma mensagem que fez meu coração parar. O fuso horário de Illéia e Hollywood era de quatro horas amais. Enquanto aqui eram 5h da manhã, lá já eram 9h da manhã.

“Oi, Liz. Como você está? Estou com saudades, e tenho uma grande novidade. Irei visita-los antes do natal, pois as gravações do filme iram se encerrar. Você está ansiosa para a estreia? Eu estou demais, afinal estou contracenando com Miley Cyrus. Caso você queira saber, o nome do filme é A Ultima Musica. Legal né? Só queria dizer que a saudade é grande... Espero que você sinta saudades também. Um beijo, e um grande abraço. - Caleb”.

Contive as lagrimas depois de ler a mensagem. Reli, e li, reli novamente. Sentia tantas saudades dele, mas finalmente minha vida estava tomando rumo. Decidi não responder. Bloqueei meu celular, e o coloquei debaixo do travesseiro. Fechei os olhos, e tentei dormir. Em vão. Depois de ler aquela mensagem, jamais conseguiria dormir. Caleb estava longe, mas ainda pensava em mim. Ainda gostava de mim. Eu também gostava dele, e não deixava de lembrar-me dele se quer um dia. Mas eu não podia. Estava feliz com Henry, ele fazia-me feliz.

Levei um grande susto quando Thomas pulou em cima de mim, pedindo carinho. Acariciei o bichano, e logo o coloquei em sua parte da cama, pois eu precisava mesmo dormir.

Já era tarde quando acordei por volta às 10h. Era um milagre acordar depois das 8h. Meus pais eram muito severos em relação compromissos. Ouvi batidas na porta do meu quarto, e esperei que a pessoa entrasse. Deduzi que fosse Abigail. Mas logo que a porta abriu-se, vi que errei. Era Annabel, minha prima. Levantei imediatamente e corri para abraça-la.

–-Que saudade prima.

–-Também estava Liz. Mamãe só deixou-me vir, pois também veio junto. Quis contar pessoalmente de que esta gravida.

–-Terei mais uma prima?

–-Ou primo... Espero que seja um garotinho.

–-Que máximo!

–-É...

–-Mamãe comentou algo sobre festa?

–-Claro! Amanhã de noite.

Annabel era filha de minha tia May, agora rainha da Escócia. Titia havia se casado há vinte anos, e só depois de três anos de casamento que ficou gravida. Ela dizia se sentir a mulher mais amada do planeta.

–-Precisamos conversar tanto Liz...

–-Vai passar quanto tempo?

–-Acho que uma semana. Mas é o suficiente, prima.

Fiquei feliz por ter a companhia dela, era gratificante.

–-E como anda sua vida amorosa?

–-Está ótima. Henry é um ótimo namorado, se é que somos isto... E a sua?

–-Melhor deixar isso debaixo do tapete –ela disse sorrindo.