Trouble. escrita por FantasyJuli


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novo!!!



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...

–oi pai. -tentei esboçar um sorriso quando encontrei o meu pai, ele estava como sempre: terno bem passado, sapatos brilhando e cabelo perfeitamente arrumado. Ele quase parecia bem, se não fosse pelo olhar.

–vamos. -ele respondeu sem me olhar.

Caminhei em silêncio atrás dele até o seu carro, o meu tinha sido apreendido depois do acidente, entrei e logo em seguida ele entrou e bateu a porta num baque tão forte que fez o carro vibrar. Eu sabia que aquele dia não seria um dia bom e nem os outros depois desse.

–pai eu...

–cala-se Cameron, eu não quero ouvir sua voz. -ele berrou e esmurrou o volante soltando uma buzina involuntária. -eu tive que sair do escritório para buscá-lo na delegacia mais uma vez.

–que milagre, você saiu do escritório. -o ar debochado da minha fala o irritou mais o que resultou em um belo gancho de esquerda.

–estou cansado de você Cameron. Se quiser acabar com o seu futuro e virar um traficante de merda, vá em frente, só não conte comigo para isso. Eu te dou tudo o que quer, carros, casa, viagens e é assim que você me retribui? Sendo preso?

–e será que é isso mesmo que eu quero, pai? Você realmente acha que dinheiro é tudo o que eu quero?

–cansei das suas infantilidades.

O resto do caminho até a minha casa foi feito em silêncio, o meu pai me largou no portão de casa e voltou para o escritório do qual não voltaria tão cedo. Caminhei com dificuldade até o enorme portão que tornava a minha casa tão particular, apertei o interfone e esperei alguém atender.A minha perna doía ainda por causa do acidente e o meu rosto latejava por causa do soco que havia levado do meu "pai", mal aguentava ficar em pé.

–residência dos Reeve, quem gostaria? -a voz da Petúnia surgiu.

–sou eu, Cam.

–que voz é essa meu querido? Vou abrir o portão, um segundo por favor.

O portão dourado se abriu e eu caminhei para dentro de casa, todos as esculturas de anjos e mulheres me encaram enquanto eu me arrastava pelo caminho de pedra tentando não pisar na grama perfeitamente podada, seus olhares me repudiavam e gritavam para mim em silêncio "fracassado".

–ola, Petúnia. -disse forçando um sorriso.

–o que houve com você, meu filho? -ela passou dedos finos e enrugados delicadamente pelo meu rosto. -venha, sente-se.

–sabe como é, eu tive que salvar o mundo, uma donzela em perigo, essas coisas. -soltei uma risada e me arrependi logo depois quando uma pontada de dor atingiu minha costela.

–como consegue ser tão irônico mesmo nessa situação?

–você sabe -soltei um indesejável gemido de dor. -na minha cabeça as coisas são mais interessantes.

–acho melhor você deixar de gracinhas e subir para tomar banho.

Fiz como me foi mandado, subi as escadas com cuidado e fui direto para o meu quarto desnecessariamente grande, passei pela mesa de sinuca e me joguei na cama. Eu odiava aquele quarto, odiava aquela casa e o meu pai, minha única família era a Petúnia e Jared, os meus empregados.

Ninguém nessa casa estava mais cansado do que eu.

O telefone tocou e o nome da Maia apareceu na tela, atendi sabendo que seria a Asthridy e que mesmo eu querendo não poderia mais vê-la, mas algo dentro de mim precisava saber se ela estava bem, se estava segura.

–alo-Cam? Sou eu, Asthridy. Você está bem? Eu passei na delegacia pra te ver, mas você já tinha saído e...Cam? Você ainda está ai? -desliguei o telefone antes que ela me fizesse mais alguma pergunta. Era melhor assim.

...

Depois de ligar várias vezes e sem sucesso, eu já estava sem esperanças de que ele fosse atender o telefone, pelo menos para dizer que estava bem ou que aquela noite significava alguma coisa para ele ao menos ligar ou atender minhas ligações.

"ele deve estar de castigo, o pai dele não é muito amigável, geral sabe disso." dizia a Maia para tentar me acamar, mas não estava ajudando muito.

–olha, vai ter uma festinha hoje na casa do Ash, a gente poderia ir.

–Maia você não cansa de festas não?

–não, definitivamente não. -ela respondeu rindo. -o Cam com certeza vai estar lá, vocês podem conversar.

–estou de castigo, esqueceu? Nosso pai também não está muito amigável .

–é querida, mas você fez por merecer. Quem sabe você não consegue dar uma fugidinha e ir para lá.

–quem sabe. -a minha real vontade era de me deitar naquela cama e chorar, por motivo nenhum ou por todos os motivos, mas não podia fazer isso se a Maia não saísse do quarto. -acho que por enquanto vou dormir, os analgésicos dão sono.

–tudo bem, vou sair e qualquer coisa é só me ligar.

Quando eu estava finalmente sozinha dentro daquele quarto minúsculo eu rastejei para dentro das cobertas e fiquei lá por um bom tempo. O que será que aconteceu com o Cam? E porque ele não quer falar comigo? Toda aquela situação misturada com a ressaca e o acidente só me dava mais vontade de ficar na cama. Ou de sair novamente, era com eu sempre dizia à uns tempos atrás "só que cura a ressaca, com mais bebida".

Sai da cama e fui para o banheiro, a final eu cheirava a hospital e álcool e aquilo não era nem um pouco bom, assim como a minha imagem no espelho. Meus cabelos estavam embaraçados e num tom de loiro desbotado, meus olhos estavam circulados com bolas pretas de rímel e lápis de olho.

–ainda bem que o Cam não estava lá quando eu fui visitá-lo. -falei para o meu eu no espelho.Tirei a roupa e entrei no chuveiro.

Deixei a água fria escorrer pelo meu corpo e tirar toda aquela ressaca de mim, por um instante a água parecia ter o poder te tirar tudo de mim, o sono, a dor de cabeça e tudo mais, mas infelizmente uma coisa ela não conseguia tirar: A vontade de vê-lo.

Cameron.

Foi necessário que eu jogasse meu celular de baixo da cama para que por um mísero momento de fraqueza eu pegasse o telefone e mandasse uma mensagem para ele,ou até mesmo ligasse. Mas eu não podia causar mais problemas na vida dela, eu fui responsável pelo seu acidente, algo muito ruim poderia ter acontecido.

Sentia uma culpa imensa e uma vontade maior ainda de estar com ela.

Será que bati a cabeça durante o acidente e enlouqueci?


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