Letters

“Às vezes apenas uma palavra basta”

As linhas que eram escritas com tal cuidado, as palavras cuidadosamente escolhidas, de modo que transmitissem emoções do melhor modo possível... tudo, tudo quando se tratava de cartas atraia sua atenção.

Já se perguntara muitas vezes o que escrever ficara momentos variados apenas encarando o pedaço em branco de papel, se perguntando o que deveria escrever ali, e se com essas palavras conseguiria atingir o coração de alguém.

Bee’s não deveriam ser especialistas em cartas?

Então porque todas suas ideias se esvaiam cada vez que ele olhava para o grande e assombroso espaço em branco. Espaço que de certa forma parecia lhe perseguir.

“Deveria tentar algum dia”

E ele tentava a tanto tempo que mal conseguia lembrar quando começara com aquilo, quando se tornara seu objetivo atingir o coração do outro com aqueles simples objetos.

Porque no final eram apenas cartas, objetos simplórios, mas de valor inestimável, objetos que poderiam causar lagrimas ou sorrisos com apenas uma palavra. Objetos que poderia trazer determinação aqueles que estavam a um passo de desistir.

Cartas, eram algo complexo e ao mesmo tempo simples.

Eram objetos que conseguiam tocar o coração.

Objetos que poderiam ferir o coração.

Uma simples carta poderia ser escrita em qualquer momento, uma simples carta poderia ser entregue em qualquer momento, uma simples carta poderia mudar uma vida em qualquer momento.

“Entregar o coração nas cartas”

Era seu dever, e ele o fazia diariamente, visando que os sentimentos contidos naquelas cartas chegassem ao coração de seus destinatários. Mas, pela primeira vez, ele se via no lugar de um remetente que buscava incansavelmente palavras para descreverem o que sentia, palavras que pudessem chegar ao coração de seu destinatário.

Todas as vezes que escrevia e reescrevia, todos os momentos perdidos apenas encarando o papel esperando que a inspiração viesse, todas as lagrimas contidas por nunca conseguir palavras o suficiente, para o que julgava ser necessário para tocar o coração de alguém.

Mas, quando se relembrava de uma época que vivera á tempo demais, quando lembrava de palavras ditas, palavras das quais ele só se lembrara naquele momento. Novas inspirações vinham, novas ideias, novas palavras, novas horas e lagrimas gastas naquele que se tornara seu mais constante trabalho.

Então certo dia, ele enfim conseguiu.

As palavras certas, ou pelo menos as que ele julgava serem as certas.

Palavras tão simplórias quanto o gesto de escrever uma carta.

Palavras que a muito queria dizer, que tentara encaixar em longos discursos que sempre o levavam para rumos diferentes.

Tudo o que necessitara fora enxergar o que há muito lhe fora esclarecido.

Só necessitara lembrar das palavras lhe ditas muito tempo antes, só necessitara lembrar de como realmente sentia-se em relação a tudo aquilo.

“Eu sinto sua falta”