Diário escrita por Sr Byron


Capítulo 4
1923 a 1927


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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Janeiro, 1923

 

 

Hoje tive minha segunda refeição humana, um assaltante que já tinha matado 3 pessoas em seus assaltos, o encontrei enquanto tentava assaltar uma família, tudo me pareceu certo de mais, e não me sinto culpado por tê-lo matado, ele apontava uma arma para o patriarca da família que se mantinha a frente para proteger o que lhe era mais precioso, sua filha e esposa. A criança chorava com seus pensamentos  assustados, tirei a arma do assaltante  e pedi para a família ir embora, o homem me agradeceu e levou sua família dali, então sorvi o sangue quente e saboroso da minha vitima.

 

            Eu suspirei pesadamente, Edward não estava fazendo a coisa certa, mas não tenho o direito de julgar, talvez aquela criança crescesse sem o pai se Edward não tivesse feito o que fez.

 

            - O que foi Izabela? Que suspiro foi esse? Perguntou Ângela escondendo um sorrisinho de quem entende  tudo. – Ta apaixonada?

 

            - Estou, quer dizer, não é isso.  Droga como assim “estou”. – Não é isso, é esse livro que estou lendo, ele é muito envolvente.

 

            - Legal, quando terminar de ler me empresta?

 

            - Claro, pode deixar. Obviamente eu não emprestaria, aquele diário só eu poderia ler. Todo esse sentimento de posse sobre Edward me deixava meio ridícula a meu ver. Como eu consegui ficar tão apegada a algumas memórias. Virei a folha e o que eu vi me assustou.

 

            Nada...

 

            Nada... Folheei novamente

 

            Nada... e Nada... e Nada...  nove dias sem qualquer palavra, até que encontrei uma pagina escrita.

 

 

 

Esse diário, sempre fez parte de mim, mas matei uma pessoa, matar não faz parte de mim, não consegui abrir minha alma novamente neste diário. Hoje estou tentando de novo. Vaguei algumas noites pela cidade, encontrei hoje a minha próxima refeição, ele se chama Augusto, gosta de abusar de crianças, eu não posso deixar ele repetir seus atos com outra criança inocente.

 

 

            - Não Edward, não mate mais ninguém. Sussurrei somente para mim ouvir.

 

 

Fevereiro, 1923

 

Hoje senti sede, e fui em busca de Augusto, ele estava sentado na varanda de sua casa, repassando cada  monstruosidade que já tinha feito, deleitava-se em prazer ao pensar no que fez. Cheguei a sua frente e o cumprimentei, esperei pela sua saudação, ele saudou sua morte. Hoje vou embora desta cidade.

 

 

            Guardei o diário que estava lendo, e voltei para a aula, o intervalo tinha acabado, na aula o mesmo tédio de sempre, com um agravante, Jessica, ela estava radiante falando de Mike, um colega de escola, um garoto mimado que ela dizia gostar, gostar ao menos essa semana até que encontre um novo alvo. Após a aula peguei minha caminhonete e fui para casa, como sempre fazia, fiz o jantar para Charles e para mim, jantamos juntos e como habitualmente ele se dirigiu a TV para olhar seu jogo. E eu como sempre voltei a minha leitura diária.

 

 

Julho, 1923

 

Já não me sinto culpado, não como antes, hoje considero uma simples refeição atrás da outra, já não consigo estar entre os humanos, me tornei praticamente um selvagem, para andar entre os humanos só se estava completamente saciado, o que cada vez mais se tornava difícil, a sede tomava conta de mim. Penso como estão Carlisle e Esme, espero que estejam bem.

 

 

31 de Dezembro, 1923

 

Mais uma virada de ano e continuo com 17 anos, estou na virada do ano, escuto as comemorações ao longe, hoje estou acompanhado [...]

 

 

            Fechei o diário sem pensar. Acompanhado? Será que ele encontrou alguém, será esse o motivo dele não ter escrito uma única palavra no mês de Dezembro. Não quis mais ler naquela noite, guardei o diário e fui dormir. Porém quem disse que conseguia, queria saber o resto, me virei na cama por mais de uma hora até que não agüentei e voltei a ler. Eu me senti traída por Edward, como ele ousava ter encontrado alguém, e eu?

 

 

[..] acompanhado por um corpo morto de um assassino, minha refeição de virada de ano. Dezembro é o mês  mais triste que passei, não podia nem escrever sem pensar em meu pai e mãe, e pensar que nunca os chamei assim, mesmo os considerando como tais. Estou com saudades.

 

 

            Suspirei aliviada, não era nenhuma vampira. Como sou boba, estou com ciúmes de uma lembrança, a lembrança de alguém que nunca conheci, que teria hoje mais de 100 anos, se é que estivesse vivo, o que acho impossível.

 

 

Maio, 1924

 

Acabo de invadir a casa de alguém, durante dias observei aquela casa esperando o dia em que não teria ninguém. Nela tinha um piano, eu entrei e toquei a musica de Esme e fui embora. Somente queria poder dedilhar um pouco no piano.

 

 

Novembro, 1924

 

Estou com roupas puídas e sujas, me transformei num vampiro digno de livros de terror, durante o dia me escondo e a noite saiu para matar. Mas ainda mantenho meu principio de matar somente aqueles que são monstros iguais a mim.

 

 

20 de Dezembro, 1924

 

Estou olhando de longe a casa onde morei com Esme e Carlisle, estou a uma distancia onde eles não  podem me perceber, sei que eles ainda moram la, o cheiro deles está pela floresta toda. Estou esperando um momento em que a casa fique vazia.

 

 

22 de Dezembro, 1924

 

Não me movi um centímetro, ainda espero o momento.

 

 

24 de Dezembro, 1924

 

Quatro dias de espera, e nada da oportunidade aparecer.

 

 

25 de Dezembro, 1924

 

É natal, e enfim consegui, estou em casa, Carlisle e Esme estão foram, devem ter ido caçarem juntos, toquei um pouco de Piano, ele continua no mesmo lugar de quando eu fui embora. Após tocar,  escrevi um bilhete para eles com poucas palavras.

 

Pai e Mãe

Amo Vocês

 

Fui embora novamente, já são dois anos de solidão.

 

            Comecei a ler o diário de 1925, este diário está sendo o mais triste de todos, sua solidão é palpável em cada palavra.

 

 

Dezembro, 1925

 

Novamente observo a casa de meus pais, escrevi pouco esse ano, pois matei muito, leio cada reportagem sobre os assassinatos, hoje as manchetes ficavam com os títulos, “SERIAL KILLER” e outras de “O JUSTICEIRO”, pois ainda matava somente aqueles que um dia foram capazes de serem monstros como eu. Eu podia ouvir os pensamentos de Carlisle e Esme, e ficava feliz por poder ouvir suas vozes mesmo que fosse  vozes mentais, pessoas que tenho uma certa afinidade eu tenho como ouvir com distancias maiores.  Podia ouvir Esme se perguntando se eu apareceria esse ano, ouvia seus planos de não sair de casa para esperar por mim, Carlisle no entanto, sabia que eu não apareceria enquanto eles tivessem em casa, mas era visível que ele também queria me esperar.

 

 

Dezembro, 1925

 

Terceiro dia, Esme aceitou sair, resolvi somente deixa o bilhete e ir embora, eles podiam voltar.

 

Pai e Mãe

Amo vocês

 

 

 

Setembro, 1926

 

Vivo isolado, não posso mais ver um humano  sem desejar seu sangue,  todas minhas vitimas são escolhidas previamente, para não cruzar com algum inocente e matá-lo por não ter mais o devido controle.

 

 

Dezembro, 1926

 

Escrevo hoje de dentro da casa de meus pais, resolvi deixar o bilhete, mas para minha surpresa tinha um para mim.

 

Filho nós também te amamos

Carlisle e Esme

 

 

            Carlisle e Esme, ainda o amam, eles sempre foram muito bondosos, tudo que li sobre Carlisle me fazia adimirá-lo, dedicou seus séculos a curar as pessoas, abdicou de um dos maiores prazer de sua vida vampira, o sangue humano. Esme, uma mãe com um coração gigante, dedicada a fazer o bem a quem ela ama e sempre disposta a amar mais. Como Edward pode deixar isso para traz por causa de seu desejo por sangue?

 

 

Julho, 1927

 

Minhas roupas estão rasgadas e sujas, meu cabelo desgrenhado. Entrei em uma casa para pegar algumas roupas, e encontrei meu limite ou dei-me conta que perdi completamente minha humanidade. Esperava  a casa ficar vazia para poder entrar, quando isso aconteceu, entrei, para minha surpresa o casal que saiu deixou o bebe dormindo, o sangue cheirava deliciosamente tentador, pulsava rápido e atraente, eu queria, precisava do sangue daquela criança [...]

 

            Eu estava paralisda, relia inúmeras vezes  e não conseguia passar daquela palavra, “criança”, Edward estava prestes a matar uma criança, eu não queria acredita no que estava para ler. Respirei fundo para ter coragem.

 

 

[...] criança, estava me agachando no berço para sugar seu sangue e percebo o que ia fazer, matar uma criança, um ser inocente e puro, sai do quarto rapidamente para não sucumbir aquele sangue que me atraia. Me olhei no espelho, e lá estava, aquilo que sempre me deu medo estava ali, me fitando  com a expressão dura, fria, selvagem e sedenta, olhos assassinos olhos de um verdadeiro monstro. Chega disse para minha face refletida naquele espelho.

 

 

            Graças a deus, não sei como eu ficaria se Edward tivesse feito isso, Eu sei que era uma simples história de um escritor, mas Edward era melhor que isso. Ele não podia chegar a esse ponto.

 

 

Julho, 1927

 

Ontem percebi o que me tornei, sai para me alimentar, mas agora de sangue animal, um leão da montanha e três cervos, o sangue animal não me satisfazia, por isso caçava muito mais do que o necessário, mas eu não iria mais me alimentar de sangue humano, não queria voltar a ver aquela face no espelho.

 

 

24 de Dezembro, 1927

 

Estou observando a casa de meus pais, esperando o momento para ir até lá. Os pensamentos de Esme estava confiantes que eu iria vir esse ano também, Carlisle também me esperava. Esperava eles sairem.

 

 

25 de Dezembro, 1927

 

Estava dentro de casa imóvel, somente olhando cada pedacinho daquela casa, quando  sinto o cheiro de Carlisle e Esme se aproximando, fui até o piano e toquei a melodia que criei para Esme, sabia que eles ouviriam mesmo estando ainda longe, a porta foi aberta com tanta força por Esme que suas dobradiças não suportaram e foram ao chão. Esme me olhava com um sorriso. Eu tocava o piano e apontei-lhes um bilhete que tinha deixado em cima da mesinha de centro.

 

 

Pai e Mãe

Podem me perdoar, posso voltar para a minha família?

Amo Vocês

 

Esme então me abraçou, Carlisle veio depois e abraçou Esme e a mim. Naquele momento soube que fui perdoado.

 

 

            Ele tinha sido perdoado, eu fiquei imensamente feliz por ele.


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Notas finais do capítulo

Espero que gotem de mais esse  cap.



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