O Despertar do Tigre escrita por B L Moraes


Capítulo 8
Tigresa das Cinzas


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e boa leitura !



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— Ren acho que este lugar está bom.

— Sim está ótimo Nilima é bem plano como Durga incinuou.

Apertei os olhos e soltei um ronronar.Sunil e Nilima estavam forte do Jeppe e meu pai me encarava com o dedo prensado no queixo.Saltei no Jeppe e percebi uma floresta com um pequeno chalé.

Me forcei para virar humana novamente e com sucesso sai do carro e alonguei meus musculos.

— Onde estamos ?

— Aqui Anik era a antiga casa onde fui criado depois que fugi do palacio.

Vinhas se arrastavam ao longo dos marcos de pedra. O chão estava coberto por samambaias, e as copas das árvores sombreavam um antigo túmulo. Era um lugar calmo, um lugar quieto. Na sombra, o ar era frio e a brisa fez com que as folhas balançassem acima de nossas cabeças.

— São tumulos ?

— Sim.Sr.Kadam meu pai e minha mãe estão enterrados aqui.

Ajoelhei perto das lapides e com um sorriso tentei ler o que estava escrito ¨Rajaram, amado marido e pai, o rei esquecido do Império Mujulaain. Ele governou com sabedoria, vigilância, bravura e compaixão” e Deschen, querida e amada mãe e esposa”.Querendo ou não deixei que uma lagrima escapasse.

—Olá Vô e Vó e um pazer conhecer vocês.Mesmo estando nesta situação.

Percebi uma tercebira lapide e aquela estava escrito em inglês ¨Sr.Kadam conselheiro, nosso exemplo, nosso soldado mais confiável, e nosso pai.¨.Ouvi que Nilima chorava baixinho enquanto Sunil acariciava seus cabelos.

—Anik gostaria de ver como é a casa ?

—Eu adoraria,mas como vamos entrar ?

—Kishan deu a chave para sua mãe.Eu sei que não devia mas em casa eu peguei sem sua ordem.

Antes de irmos peguei três pequenas margaridas e coloquei em cada tumulo e com um sorriso sai saltitando em direção a pequena casa.

Meu pai girou a chave e com um suspiro forçou a porta que abriu com um longo ranger.

A casa era feita de tábuas lisas de madeira. A estrutura era simples. Um tapete de bambu trançado cobria o chão e próximo a ele estava uma mesa e uma cadeira de madeira entalhada. Um conjunto de prateleiras com uma larga bacia fora colocado em outro canto. Cabaças vazias estavam ordenadamente empilhadas numa prateleira e eu podia ver os restos de uma toalha em um balcão de madeira à esquerda. Retirando poeira e teias de aranha pude perceber alguns itens antigos.

—Pode ficar com algo se quiser-Disse meu pai com um sorriso.

—Não obrigado.Acho que minha conciencia pesaria em saber que destrui uma parte deste museu de familia.

—Sua mãe pegou uma escova senão me engano.A mesma que você escova seus cabelos.

—Acho que ¨Eu não sou minha mãe.Sou a filha dela¨será meu bordão.

—Acha tão ruim ser sua mãe?

—Não pelo contrario.Mas eu não gosto de ser tão clonada por outra pessoa e ter que fazer exatamente o que ela fez,afinal não acho que você e Kishan me trataram do mesmo jeito.

—Eu é claro que não,você é minha filha e eu dobrarei minha proteção em você-Ele soltou um longo suspiro—Mas enquanto Kishan eu tenho minhas duvidas.

—O que ? Porque ? Ele é meu tio.

—Anik não considero Kishan como seu tio.Ele nunca teve um laço familiar com você e vamos dizer que Kishan tem uma afeição em se interessar em minhas mulheres.

—Mamãe vai ficar feliz em saber que você disse que Yesubai era sua mulher-Eu disse dando uma gargalhada.

—Você não ousaria !

—Seria a primeira coisa que eu iria fazer.

Meu pai se curvou e virou um tigre e com um rugido levantou as patas traseiras sua pocição de ataque era evidente.Mostrei os dentes e minha forma começou a mudar.Ignorei a dor e começamos a lutar como uma brincadeira entre pai e filha.Ele correu em direção a selva e ignorando Sunil e Nilima corri atrás dele.

Consegui ver um rebanho de gazelas e meu pai se escondia no meio dos entulhos e ronronava baixo.Tentei imitalo mas as madeiras cairam e todos os animais sairam correndo assustado.

Ele assumiu a forma de humano novamente e correu em minha direção com um sorriso.Abaixei minhas orelhas e fiz um olhar de decepção.

—Ei filha não foi tão ruim assim para sua primeira caça.Qual é você acabou de saber que é um tigre não acha que vai sair caçando todos os rebanhos não é ?

—Vamos dizer que eu não gosto de atrasar as coisas-Falei assumindo minha forma normal.

—Todos nós vamos ficar aqui um tempo até seu treinamento estiver completo,eu quero ter certeza que vai se sair bem no passado.

A noite caiu.Meu pai desejava inumeros tipos de carne crua e assada e isso fazia meu estomago revirar.Nilima e Sunil bebericavam um prato de sopa de legumes enquanto eu em minha forma de tigre tentava caçar morcegos que passavam rapidos por ai.

—Bom apetite filha-Disse meu pai assumindo a forma de tigre e atacando um peru crú.

Cheirei as diversas carnes e prefiri uma coxa de frango assada.Após inultimente tentar rancar a carne do osso agarrei a peça inteira e mastiguei até virar uma pasta.Achei incrivel como aqueles dentes eram potentes.

Meu pai agarrou uma costela crua e jogou delicadamente sobre minhas patas.Encarei o tigre branco e seus bigodes estavam cobertos de sangue.Tentei comer mas o cheiro de carne crua estava cheirando a algo podre e me recuuei.Os olhos azuis me fitaram mas tentei mostar que estava satisfeita.

Nilima se aproximou de nós dois e anunciou :

—Eu e Sunil decidimos que é hora de dormir.Vocês querem dormir aqui dentro ?

Meu pai se esforçou muito e conseguiu se tranformar em humano.

— Como estamos como tigres quase o tempo ,eu posso dormir na selva ou próximos aos degraus, vigiando durante a noite.eu quero que tenham alguma privacidade mas Anik terá de dormir com vocês.

— Como éramos tigres o tempo todo naquela época, dormíamos na selva ou próximos aos degraus, vigiando durante a noite.

—Não pai-Falei me tranformando—Eu vou com vocês.Quero que Nilima e Sunil também tenham intimidade.-Menti.

—Mas Anik irá fazer frio ou até mesmo sofrer.A floresta é perigosa

Ignorei o que meu pai disse.Virei tigre e sai correndo para a floresta.Alguns minutos depois ele me alcançou a me fitou com raiva.

Passamos um longo tempo apenas olhando um para o outro. Nenhum de nós falou mesmo que quisessemos acreditei que nosso tempo como humanos já tinha atingido por hoje. Eu me senti segura. Nós não estávamos nos tocando de forma alguma, mas parecia que ele estava me segurando em seus braços. Minhas pernas começaram a se cansar, torci pra ter algo para nos deitar mas a floresta apenas recebia longas arvores e copas magras.

Meu pai parou por um instante e rugiu.Parei atrás dele e curiosa inspecionei uma pequena caverna de urso que podia habitar somente um animal.

Senti o cheiro da chuva e recuei para que meu pai pudesse entrar na caverna.Ele se negou e cedeu o espaço a mim e teimosa sentei em sua frente.O tigre solteu um baixo rugido lambeu meu rosto depois ele correu para a floresta e me deixou sozinha.Soltei um longo suspiro e me deitei na caverna fria.

Eu não podia acreditar que aquele fora o meu primeiro dia como Tigresa das cinzas.E então mergulhei em um misterioso sonho.

Respeitavel público que noite maravilhosa ! Hoje como apresentação especial teremos a grande fera : Anik a Tigresa !

Palmas abafadas preencheram todo o circo.Eu estava em uma jaula e não conseguia me libertar,encarei minhas mãos ainda humanas e tentei me libertar balançando as barras.

Vejam como é feroz !

Por favor me liberte !-Gritei

Aberrações como você não devem ser libertadas.

As risadas peturbadoras ecooavam pelo meus ouvidos.A plateia apontava o dedo para meu rosto enquanto gritavam:

Ela acha que consegue,acha que é demais.Coitadinha ira morrer na primeira guerra.

É realmente uma pena ela achar que pode tanto.Não acredito que o grande tigre albino criou essa coisa fraca !

Ajoelhei pedindo ajuda e comecei a sentir uma falta de ar,meus pulmões estavam em brasa.De repente tudo ficou vazio abri os olhos e estava em um reino,senti uma mão quente sob meu ombro e me deparei com incriveis olhos dourados.

Yesubai eu te amo mas sei que o destino da India depende de você e seu casamento com Ren.Você me ama não é ?

Eu nem te conheço !

Encarei o homem por alguns segundos e comecei a correr desesperada,o vestido bufante não me permitia correr direito e tudo o que ouvia era ¨Yesubai volte por favor não me deixe eu te am.Eu tenho que te amar¨

A imagem foi se mudando novamente agora eu estava em um praia e o mesmo homem me encarava sorridente.

E então o que me diz bilauta ?

Diz o que ?-Falei assustada.

Kelsey eu estou pedindo sua mão

Encarei meu dedo que agora repousava um lindo anél de lotús.

Eu não me chamo Kelsey meu nome é Anik.

Isso mesmo ! Anik será o nome do nosso filho.

Boquiaberta levantei da cadeira de praia enquanto o lindo homem me encarava com paciencia.

Me desculpe mas não sei do que esta falando.

A imagem se mudou uma ultima vez e agora dois tigres um negro e um branco me rodiavam.Uma voz gelada gritou.

A dois tigres.Tem aquele que te protege e aquele que te desejas um deles ira vencer.

E qual ira vencer ?

Aquele que você alimentar.

Senti uma breve sensação de queimação no estômago, e então eu não estava ciente de mais nada.

Quando acordei, estava faminta e tomei minha forma normal. Meu pai estava dormindo do lado de fora, e não estáva mais chovendo. Em vez disso, o sol queimava sem piedade por toda a floresta.

Meu pai levantou-se primeiro e tocou meu braço.

— Anik? Como você está?

— Com fome — Falei me levantando. — E sede também.

—O dia vai ser cheio e hoje começa o primeiro dia de treinamento,não tenho certeza de quantos dias esse treinamento ira durar pois não temos muito tempo.As vezes dependo do seu desenvolvimento o treinamento durará pouco pois você aprende rapido.

— Okay então deviamos ir a casa e pegar o fruto dourado.

— Não será tão facil assim

—Claro que será é apenas seguirmos a trilha e...

—Não estou dizendo isso.É que você ira aprender a caçar e achar agua em sua forma de tigre pois nunca sabemos quando iremos estar longe do frito dourado.

— Entendi.É bem esperta esta tatica.

—É eu e meu irmão sempre usamos isto,mas não tivemos alguém para nos ensinar.

—Sobre seu irmão Kishan não é ?

—Sim

—Bom ele era apaixonado por Yesubai mas por causa de você ser o irmão mais velho você teria de ser casar com ela para unir forças.E ele também pediu minha mãe em noivado.

—Foi bem isso,mas por que a curiosidade?

—É que você não acha que Kishan apenas gostava de pegar suas mulheres ou ele as amava realmente ?

—Acho que realmente foi uma coincidência elas estarem mais ao meu alcance mas acho que Kishan as amava e principalmente a Kelsey.Mas ele casou com Anamika e já teve muitos filhos,estou ancioso para ve-los.

—Oh entendo.

Virei um tigre e comecei a caminhar mas meu pai ficou me observando através dos olhos azuis cobalto.Cedo demais achamos ma manada de gazelas mais a frente.Eu estava dura e com o corpo todo dolorido. Mesmo os meus dedos doíam. Tentei esticá-los.

— Vou virar tigre e lembre-se Anik tenha cautela,tente agarrar sua presa pela garganta ou pela parte posterior.Talvez você não tenha sucesso nessa caçada mas lembre-se que é muito dificl caçar e eu tive que ter anos de experiencia.Quando eu der o sinal tente agarrar a mais perto.

Acenti.Ele se tranformou em tigre e começou a andar até mim, mas ele hesitou quando algumas gazelas nos encararam.

Sua pelagem branca chamava a atenção do bando e meu pelo cinza passava desprevenido.

Ficamos algum tempo em silencio e ouviamos apenas os cascos dos animais na terra.Ouvi um rugido alto mas percebi que não era meu pai e sim um grande urso pardo.Achei estranho gazelas,tigres e ursos em um mesmo ambiente mas o animal começou a ataca-las enquanto algumas corriam mancas para o mato,tentei pegar algumas discretamente mas o urso me olhou sedento.Tentei correr mas suas patas fincaram pelo meu corpo.Deu um grunido alto e a espuma na boca do animal pingava no meu rosto.

Balancei a cabeça e cambaleei tentando não prestar atenção no sangue que pingava do meu corpo.Uma rajada branca atacou o grande animal e fincou suas garras até fazer um grande furo pelo bicho.Com um urro o urso deu uma patada no meu pai e ele voou como uma boneca de pano.Forcei para levantar e com um rugido ataquei a cabeça do urso.

Finquei minhas garras cada vez mais funda em seu crânio até que suas palpebras ficaram esbranquiçadas e o animal desabou no chão.Cansada aproximei do meu pai e mordisquei em sua orelha,eu me sentia como simba em o rei leão mas torcia para que meu pai não tivesse o mesmo destino que Mufasa.

Meia hora depois, eu ainda estava lá deitada do seu lado até que ouvi sua respiração voltar.Tomei minha forma normal e percebi que o ferimento já tinha se curado.

—Pai você está bem ?-Esperei ele se tornar homem.

—Estou,obrigado Anik.

Ele se levantou e encarou com um sorriso o urso morto.

—Parabéns eu não acredito que eu sua primeira caçada matou um animal com seu triplo do seu tamanho.

Dei de ombros com o rosto ligeiramente corado e sorri.

—Agora vamos procurar um pouco de agua,coma um pouco da carne de urso.

Tranformamos em tigre e meu estomago revirou quando eu vi os orgãos dos animais saindo.Meu pai mastigava a carne do animal como se fosse a carne mais deliciosa de todas.Dispencei a comida e depois do meu pai devorar a maioria da carne balancei a cabeça em forma de espanto e caminhos em direção a algum lago.

Caminhamos por horas e eu já estava desistindo,minhas patas ardiam em brasae por um momento lembrei do meu sonho.Aquele homem ou melhor Kishan,só de pensar que eu dividiria o espaço com ele me dava um precentimento ruim.

O barulho de agua foi se aproximando e demos de cara com uma cascata.Saltitei em direção ao lago e bebi a agua fresca enquanto alguns peixes vieram curiosos perto do meu rosto.Ouvi um barulho alto de agua e quando encarei meu pai rolava pela agua e nadava em forma de cachorrinho,decidi fazer a mesma coisa e em um piscar de olhos estavamos nós dois nos divertindo no lago.

Ficamos lá por horas até ouvirmos um barulho pelos arbustos.Nilima veio ofegante e fez uma pausa enquanto nós saimos da agua.

—Ren temos que ir e rapido.O amuleto esta piscando e acho que isso é algum sinal,estamos nos atrasando.

Lentamente, nós dois nos tranformamos em humanos. Nilima nos assistia e quando estávamos bem secos e pronto, Ela agarrou a bolsa de armas e Sunil apareceu correndo entre as copas de arvores..

Eu estendi meus braços, e Nilima me entregou a Corda de Fogo. Parecia mais um chicote que uma corda. Uma extremidade tinha uma secção rígida que poderia ser usada como um punho, e em vez de couro, o restante do comprimento possuía escamas escuras e iridescentes brilhavam como a cauda de um dragão pequeno, escuro. A Corda reduzia para um ponto afiado, e eu não pude deixar de pensar que este “presente” também poderia ser usado como uma arma.

— O que eu tenho que fazer agora — eu murmurei.

Meu pai me parou enquanto eu estendia a mão para retirá-lo do ramo.

— O que foi? — perguntei enquanto ele gentilmente puxava minhas mãos para trás.

—Eu sei que você sempre diz que você não é sua mãe mas vocês tem a mesma visão de Lokesh e possivelmente poderá ter mais um visão dele se ativar a corda;

Em minha fascinação pelo belo presente de Durga, eu tinha me esquecido das consequências de tomá-lo. Eu não tinha interesse em passar o tempo com Lokesh presa em uma visão, especialmente sabendo que poderia ver minha mãe poderia estar em um pessimo estado. Ainda assim, precisávamos voltar ao passado.

— Pai você mesmo disse que não seria facil.Eu aguento— falei.

— Talvez tenha razão

— Nós temos que usá-la para abrir um vórtice?

Nilima e Sunil olhavam preupados.Meu pai agarrou e balançou a Corda de Fogo sobre a sua cabeça em um círculo rápido. Nada aconteceu.

—Você não se lembra de como minha mãe fez ?

—Não.Eu estava sendo usado de cobaia para tirar a quimera do caminho.

O amuleto piscava cada vez mais forte na bolsa e Fanindra criou vida e ficou circulando sobre a bolsa;

— Precisamos nos apressar — falei.

Mordi o labio e encarei o amuleto ¨o talismã controla os elementos ¨

— Talvez a Corda de Fogo precise estar em chamas — sugeri colocando o amuleto em meu pescoço. —Mas o problema é que eu não sei ativa-lo.

—Antigamente a única maneira de ativar o amuleto era eu ficar entrelaçado em sua mãe.

—Será que não tem outra sugestão ?

—Talvez você pode mentalizar algo bem profundo as vezes podera ativar o poder de fogo.

Assentiu, mas me olhou com cautela. Usei minhas mãos para tentar acender a Corda sem tocá-la. Fechei meus olhos e a única coisa que eu conseguia pensar era aquele sonho,minhas mãos ficaram mais aquecidas que o normal. Ela acendeu, mas a chama não permanecia acesa, não importava quanto tempo eu mantinha, ou a quantidade de energia usada. Era como tentar acender um pavio que já fora queimado.

—Muito bom Anik conseguiu ativar o poder de fogo.-Disse Nilima batendo as palmas.

—Mesmo assim isso não vai entrar em chamas.

Esfregando as mãos, eu bati os dedos contra meu lábio inferior enquanto pensava sobre o problema. Suspirei em resignação, sabendo o que eu tinha que fazer.

— Eu vou ter que segurá-la

— Mas Anik...

—Eu sinto que só vai funcionar se eu estiver tocando.

— Mas sua mãe se machucava e ficava ruim toda vez que algo parecido acontecia.

Apertando seu braço, eu disse:

— Ficarei bem. Ele não pode me machucar. Não de verdade. Meu corpo vai estar aqui com você.

Ele abriu a mão, soltou a Corda, e estava ao meu lado em um instante.

Evoquei meu poder de fogo interior e deixei a bolha de calor expandir-se de seu núcleo e fluir por meus braços. Derramei a energia de minha mão na Corda até as escamas ao longo da superfície começarem a brilhar. Elas brilharam e soltaram faíscas até que irromperam em chamas ofuscantes. A Corda assobiou, e eu senti o fluxo de energia. O último pensamento que tive foi que a luz branca .Então eu fui arrastada para uma visão.

Eu estava um especie de altar.Ouvi uma voz profunda e um riso como um vento que virou meu corpo e apertou. Eu não poderia dizer de onde veio, embora o barulho retumbasse em toda a minha pele como uma carícia áspera.

— Só falta você para completar a familia.

— Lokesh?

Eu girei, mas ainda não podia vê-lo. Sua voz soava diferente, mais profunda e grave, como se ele estivesse trabalhando para empurrar as palavras através de seus lábios.

Meus olhos se adaptaram, a névoa diluiu, e eu capturei o brilho quente de uma árvore de fogo. Eu podia ver minha mãe,seus olhos estavam inchados e parecia que tinha chorado por muito tempo.Ela usava um vestido de noiva e estava todo rasgado mas ela não podia me ver ou me ouvir. Em seguida, um vento frio soprou.

Esfreguei meus braços.Tentei ir em direção a minha mãe mas minhas pernas não se mexiam. Alguma coisa se moveu. Eu ouvi o arrastar de pés pesados, e uma forma escura se aproximou.

Segurei a respiração e ouvi o estrondo de uma risada ecoar primeiro no meu lado direito, em seguida, atrás de mim. Ele vinha de longe e depois escapava para perto à minha esquerda. Senti a respiração quente no meu pescoço que arrepiou a minha pele. Voltei-me, mas o que estava atrás de mim tinha desaparecido.

Então eu senti – uma presença grande, perigosa – bem atrás de mim. Lentamente, eu me virei para enfrentar Lokesh e engasguei Ele era facilmente um metro mais alto que eu e três vezes mais largo. Sua pele era negra. Os ternos caros de homem de negócio de Lokesh tinham sido substituídos por um sarong que pendia de sua cintura até meio da coxa.

— O que foi minha querida ?

Ele travou a mandiula e agarrou a pedra e jogou aos meus pés.Seus olhos me encaram e pude sentir uma ancia pelo meu corpo.

Alarmada, dei vários passos para trás. Lokesh flexionou a mão, e os músculos de seu braço incharam no ligeiro movimento. Ele viu minha reação para ele com uma raiva intensa.

— Você é realmente uma garota muito esperta.

Ele bufou e vapor saiu de suas narinas.

— Eu não gosto nada disso.

Lokesh torceu os lábios em uma careta enorme. Levantando sua grande mão, ele passou o dedo em meu braço. A ponta de seu dedo era áspera como a de um animal e deixou minha pele ferida.

Dei um passo para trás e ele deu outro passo para frente. Eu me senti nauseada e espantada novamente. Como eu podia me sentir assim?

Um brilho iluminou seus olhos quando Lokesh percebeu que eu realmente estava com medo , e ele esticou os dedos em direção a minha garganta.

Tentei correr, mas ele agarrou meu braço, puxou-me para perto e envolveu a mão ao redor do meu pescoço. Ele simplesmente apertou quando tentei me livrar. Faltou-me ar, e senti as lágrimas escorrerem pelos meus olhos. Eu sabia o que ele queria. Quando parei de me debater, ele me deixou respirar novamente. Com um toque quase delicado, ele pegou o amuleto pendurado em meu pescoço. Eu vacilei, esperando que ele puxasse o colar para longe.

Lokesh franziu a testa em concentração e seus dedos grossos passaram pelo amuleto como se ele fosse feito de ar. Enfurecendo-se, ele me jogou no chão. O sangue escorria pelo meu cotovelo onde eu tinha esfolado. Toquei minha garganta machucada e esperava que a dor fosse apenas temporária e pudesse desaparecer com esta visão. Quanto tempo ainda vai durar?

Ele me arrastou pelos pés. Seu olhar era de cobiça, luxúria, e ele se virou bruscamente, observando o amuleto em meu corpo.

—Você me enganou e como obra da sua mal criação irei fazer mais ¨agrados ¨em sua mãe enquanto te espero de braços abertos,sem os tigres é claro

Na esperança de distraí-lo, eu disse com a voz rouca:

—Por Favor não machuque a minha mãe

—É claro que eu não vou,nunca machucaria meu amor não sou parecido com seus príncipes patéticos.

Lokesh agarrou meus ombros e os apertou impiedosamente, sua cabeça descendo em direção a minha. Seus dentes rasparam em minha orelha.Eu gritei, e meus olhos lacrimejaram. O ar úmido de suas narinas se espalhoiu sobre o meu rosto.

Ele soprou calorosamente, quase ofegante, e disse:

—Você esta demorando demais para meu gosto.

Eu gritei novamente quando ele passou os dedos nas minhas costas. Suas unhas cravaram em minha carne, e eu senti sangue gotejar. A pressão de seu corpo contra o meu era insuportável. Ele estava me sufocando. Eu lutava para escapar, arrancando-me para longe dele.

— Por favor, alguém me ajude — eu soluçava.

Logo, eu me senti mais leve que o ar. Embora eu ainda estivesse nas garras Lokesh, eu já não podia sentir o seu toque.

Ele gritou de frustração com sua mão de repente passando por mim, com meu corpo agora inatingível.

Aliviada, limpei as lágrimas do meu rosto quente e andei para trás. Ele não podia mais me segurar em sua mão, e ele balançou violentamente os braços à minha forma fantasmagórica.

Afastei-me dele, colocando a maior distância possível entre nós. Logo, o corpo Lokesh começou a desvanecer-se também. Quando ele estava quase no fim, ele estreitou os olhos e baixou a cabeça. Com um rugido poderoso, ele veio em minha direção em alta velocidade, como um touro em um matadouro. Sua boca espumava, e havia um olhar de loucura estampado em seu rosto.

O chão tremia, fazendo estrondos enquanto ele vinha em minha direção. Levantei meus braços para me proteger . Um rugido horrível ecoou na minha mente enquanto o vento escuro passou pelo meu corpo. Eu gritei e desmaiei.

Quando a visão terminou, abri meus olhos para ver Sunil,Nilima e meu pai inclinando-se sobre mim. Nilima estava usando o Lenço Divino para fazer uma bandagem em meu cotovelo, e meu pai estava examinando minha garganta. Ambos tinham expressões de pedra, mas não fizeram perguntas. Minhas costas estavam feridas e Sunil aplicava nelas uma pomada vinda do Fruto Dourado.

Engoli em seco o elixir do kamandal, e dentro de alguns minutos, comecei a me sentir melhor.

— Ela está começando a se curar — Sunil comentou.

Eles assentiram.

— Eu — eu tentei limpar minha garganta rouca, mas doía muito. —Me curo sozinha— sussurrei.

—Eu sei mas quermos acelerar o processo,eu acho incrivel pois aconteceu os mesmos ferimentos em sua mãe.Realmente Lokesh é muito objetivo— disse meu pai acariciando minha garganta machucada.

Eu vi em seus olhos a amargura, mas então ele tocou no meu braço e a determinação de aço voltou. Eu sabia o quanto lhe doía sentir tudo novamente, Mas eu não podia ajudar.

—As armas estão piscando mais que o normal— disse Sunil — Nós precisamos ir .

Eu balancei a cabeça concordando. Nilima gentilmente ergueu meus braços para me ajudar a colocar uma nova camiseta. Ela pediu ao Lenço Divino que fizesse uma nova por baixo da antiga camiseta rasgada e ensanguentada, que foi descartada. Fios voavam sob a bainha e nas mangas, e logo o Lenço Divino ficou imóvel.

Meu pai e Nilima me ajudaram a ficar de pé, e depois Sunil pegou a Corda de Fogo. Peguei a Corda com uma mão e coloquei a outra por cima da mão do meu pai.

— Experimente agora, Pai — eu incentivei, minha voz um pouco mais forte.

Ele chicoteou a Corda em um grande círculo a sua frente. Canalizei meu poder de fogo para a corda, e todo o seu comprimento pegou fogo. Enviei mais energia, e ele girou mais e mais rápido até que o círculo interno tornou-se um vórtice negro. Chamas dançaram ao longo das bordas.

— Diga a ele onde você quer ir — Meu pai falou.

Eu sussurrei:

— Leve-nos para o passado. Para o lugar onde devemos estar para cumprir o nosso destino.

A escuridão piscou e uma floresta materializou.

Nilima pegou a mochila, e correu em direção ao vórtice ao mesmo tempo em as armas já piscavam o maximo que podia. Assim como nós, Sunil e meu pai saltaram através do círculo de fogo e caímos para trás para o vazio.

Fui arrancada para longe de Nilima, e em seguida nós quatro caímos um em volta do outro no vórtice.

No início, eu não senti nada. Em seguida a gravidade desapareceu, e meu estômago revirou, e eu estava despencando para baixo, em um abismo. Eu gritei aterrorizada, com meu corpo caindo na escuridão. O eco de vozes chamando meu nome girava em torno de mim.

Fechei os olhos e uma onda de tontura tomou conta de mim. Ouvi um grunhido, um rugido. Então senti calor e chamas correram sobre a minha pele. Tão rapidamente como veio, todo o movimento cessou, e eu senti minha consciência escapar até que desapareceu completamente.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado deixem comentarios isso ajuda muito !