Era uma noite de tristeza sem igual que pairava sobre a pequena ilha, as nuvens pesadas e carregadas impediam qualquer um dos astros luminosos mostrar a sua magnitude, os ventos frios e cortantes balançavam sem pudor os galhos e as folhas das arvores que provocavam um alto barulho. E apesar de toda a força vinda contra elas, permaneciam firmes. As altas gramas também dançavam ao vento e as pedras eram responsáveis por ampliar o som aterrorizador do vento a cada pequeno furo que trazia em si.

Mesmo com tudo aquilo demonstrando que uma tempestade forte estava por fim, nenhuma gota ousava cair.

Os animais se escondiam em suas tocas e cavernas zelando pela proteção de seus filhotes que logo se tornariam adolescentes. Os pássaros migraram para longe a pouco tempo uma vez que já previam tal frente fria.

Nenhum ser se atrevia a sair da proteção de suas casas. Bom, quase nenhum.

Existia sim alguém que estava ali fora, olhando para o céu em melancolia. Tão firme ao chão quando as arvores ao seu redor e tão tristonho quando o clima daquela noite. Os olhos eram de um negro majestoso que brilhava em uma melancolia sem fim marcadas por enormes olheiras e sem que percebesse lágrimas rolavam por sua pele alva.

Mas tal fato não lhe causou nenhuma diferença uma vez acostumado com as lágrimas já rotineiras. Diferente mesmo, seria se não chorasse.

Ou talvez não.

Já se passaram quando tempo? Anos? Décadas? Talvez até mesmo séculos assim não? A possibilidade de um dia tais lágrimas secarem já não era mais tão remoto assim.

Ah.... Como os deuses o odiava. Quando tempo mais iria sofrer daquela forma? Tudo que queria era poder ficar junto ao seu irmão novamente. E qual fora o preço para tal? Uma vida eterna de dor e sofrimento.

Como desejava morrer. Nada mais lhe fazia sentido, ao menos não em vida. Como seria então a morte? Esperava que não precisasse sofrer tanto lá...

Mas, por mais que desejasse, nada adiantaria. Quantas e quantas vezes já criara inúmeros demônios para tal feito? Perdera as contas. Nada adiantava.

Também já tentou se matar, mas tal feito era impossível.

Só um poderia realizar tal feito. O único que tinha poder o suficiente para mata-lo era o seu próprio irmão, Natsu Dragneel.

Sorriu em meio as lágrimas ao sentir os primeiros pingos de chuva caírem sobre o seu corpo.

– Que irônico... – Comentou ao vento.

– Eu fiz de tudo para revivê-lo.... Agora ele terá que me matar – Pronuncia novamente a medita que a chuva se engrossava.

Sentiu uma presença além de sua própria.

– Olá Mavis – Cumprimenta a espirita sem tirar o seu olhar da grama. Mesmo que o fizesse de nada adiantaria uma vez que não conseguia vê-la.

Sabia o que ela queria dizer sem que as palavras chegassem aos seus ouvidos.

“Não precisa ser assim”

– Só pode ser assim – Contradisse a primeira mestra da tão famosa guilda Fairy Tail.

A guilda de seu irmão.

“Podemos arranjar outro meio”

– Tentamos por quatrocentos anos.

“Ainda a tempo”

– O tempo acabou.