Clarke

Clarke realmente odiou a ideia de ir à uma festa com Bellamy, Octavia, Wick e Jasper, já que o Blake simplesmente decidiu ficar com todas as garotas que estavam ali. Não que ela tivesse alguma coisa a ver com aquilo, mas... Ugh!

— Tinha como ele ser mais exibido? – a loira revirou os olhos, comentando (ou pelo menos tentando falar mais alto que a música do local) com Octavia. A irmã dele e Wick apenas trocavam olhares, sorrindo. – O que foi?

— Nada. – os três disseram em uníssono, ainda com os sorrisos idiotas no rosto. Clarke os encarou, bufando, e Jasper arqueou as sobrancelhas. – Loira, você tá com ciúmes.

Ela teve que se controlar para não rolar os olhos. É claro que ela não estava com ciúmes, só achava que Bellamy não precisava fazer aquilo daquele jeito. Porém, de novo, ela não tinha nada a ver com isso.

— Isso é ridículo. – ela se levantou, nervosa, pegando sua bolsa. Pediu a chave do carro de Wick, que a entregou. – Tenho que falar com a Lexa, deve ter sinal lá fora.

Octavia balançou a cabeça, tamborilando os dedos na mesa deles:

— A Lexa tá experimentando uns vestidos com a Raven, em Phoenix. Deve demorar um pouco.

Nem queria realmente ligar para Lexa, apenas queria uma desculpa boa o suficiente para sair dali o mais rápido possível. Queria sair e nunca mais ver aquela cena novamente, já que não entendia o porquê de todo aquele espanto.

— Vou esperar no carro. – ela deu de ombros, virando as costas.

.
.

Essa era uma das vezes que Clarke ficava furiosa com Bellamy, por mais que soubesse que ele realmente não tivesse culpa de nada. Todas as vezes que os olhares deles se cruzavam, no meio de alguma conversa aleatória de Jasper, Wick e Octavia, ela desviava a atenção para outro lado.

Bellamy parou de dirigir, assim que eles chegaram no hotel que Clarke e Lexa estavam morando.

— Wick, leva a minha irmã pra casa. – o Blake disse, saindo do carro. Ele abriu a porta de Clarke, que o encarou, franzindo a testa. Ela teve que sair também, se juntando a ele.

Wick, mesmo sem entender, tomou o controle do volante e Octavia passou para o banco do carona, deixando Jasper no de trás. O carro deles partiu, deixando os dois na calçada, em um silêncio desconfortável.

Bellamy segurou o braço dela, a arrastando para dentro do hotel, ainda sem dizer nada. Clarke estranhou aquilo, mas continuava acompanhando o ritmo. Ele só parou quando os dois entraram no hall do elevador, indo até o elevador.

— Pode falar. – ele falou, se apoiando na parede do elevador vazio. Ela não ia dizer nada, principalmente por que nem sabia se tinh algo a dizer, apenas encarava a porta de metal fechada diante deles. – Ótimo, não vai dizer nada?

— O que está fazendo? – ela arregalou os olhos, quando ele apertou o botão que parava o elevador. Ela sentiu um impacto debaixo dos pés, enquanto eles ficavam totalmente parados, em algum lugar entre o 2º e 3º andar. – Para com isso!

Ele bufou, olhando fixamente para ela:

— Eu não gosto de joguinhos nem de dramas, Clarke, você sabe disso. – fez uma pausa. – Vai me contar o por que de estar com essa cara a noite inteira ou vai fingir que eu nem existo? Ou talvez você queria reclamar com a Fox, ou com a Harper, ou com qualquer uma delas?

Aquelas eram duas das garotas que Clarke viu com ele, antes de sair da boate. Provavelmente a expressão de ódio dela foi percebida à metros de distância, mesmo que nem ela mesmo tivesse notado o que estava fazendo.

— Espera aí. – ela estreitou os olhos. – O que está insinuando, Bellamy Blake?

— Não sei, me diz você. – ele se afastou do canto do elevador parado, com uma expressão curiosa no rosto. – Quero saber por que você fica tão nervosa quando uma garota chega perto de mim.

Ela arqueou as sobrancelhas, surpresa:

— O quê? Não, eu não fico!

— Está com ciúmes, não está? – ele perguntou, franzindo a testa.

— Não!

— Certeza?

— Sim!

— E se eu me aproximar assim de você? – ele segurou os pulsos da loira, a encostando na parede do elevador, com seus rostos muito próximos. Clarke não conseguiu evitar de descer seu olhar para os lábios do moreno, mas logo fechou os olhos com força. – Foi o que eu pensei.

Ele soltou seus pulsos e apertou o botão que fazia o elevador voltar o normal, fazendo seu curso rápido de volta ao térreo. Ela quase ia pedir para que ele ficasse, quando se lembrou de um "pequeno" detalhe:
— E-Eu tenho uma mulher.

Quando a porta se abriu, antes de sair, Bellamy falou:

— Então, não há nada mais justo do que eu ter as minhas.

Ele saiu, bem no momento que a porta se fechou novamente. Ela resistiu a todos os impulsos desesperados que a diziam para chamá-lo de volta, mantendo em mente que aquilo era uma péssima ideia. Mas, bem, só...Só não parecia tão ruim quanto deveria.

O que diabos estava acontecendo ela?

.
.
Raven

Raven viu um cara se aproximando de Lexa por trás, antes de entrar na loja. Muita gente estava amontoada no lugar, por isso ela não conseguiu ver seu rosto com clareza. Mas viu o suficiente: o cara estava mancando.

Isso pode não significar nada para você, mas ela lembrava de como Bellamy descreveu ter lesionado a perna direita de um dos caras que o prenderam no beco. Podia ser só uma coincidência, mas... Numa cidade pequena como aquela, quais eram as chances de duas pessoas se machucarem do mesmo jeito, no mesmo lugar? E, pior ainda, de conhecer a Lexa?

O tal cara e Lexa estavam tendo uma discussão silenciosa. Raven não tinha certeza se já tinha visto a noiva de Clarke com tanta raiva. Ela enfiou uma mão no bolso e entregou um pedaço de papel ao homem.

— Que vadia... – Raven murmurou para si mesma.

A primeira coisa que ela pensou em fazer foi pegar o telefone e mandar uma mensagem para Octavia, dizendo que tinha conseguido. Levaram apenas alguns para a Blake responder, parecendo desesperada:

"Raven, que caralho você tá fazendo? Onde você tá? Estou indo agora"

Ela não respondeu, apenas guardou o celular no bolso. Ela atravessou a rua que levava à loja, a tempo de ver o cara indo embora.

— Lexa! – a morena forçou um sorriso, chamando a atenção dela.

Ela queria partir para cima daquela mulher, mas se deteve quando a mesma sorriu de volta. Raven se aproximou dela e segurou em seu braço. Ela estava levando Lexa para um beco vazio atrás da loja. Sorria maliciosamente, como se pensasse "te peguei, piranha".

Ela soltou o braço de Lexa, que sorria inocentemente, como se fosse um anjo. Ela podia ser atriz, se quisesse.

— Parece nervosa. – a noiva de Clarke reparou, franzindo a testa. – Aconteceu alguma coisa?

Raven se segurava muito para não revirar os olhos. Como ela conseguia ser tão cínica? A mecanica não podia esperar para correr até Octavia e gritar na cara dela "eu te avisei!". Parece que alguém estava lhe devendo dez pratas...

— Na verdade, sim. – ela falou, se sentindo superior, uma coisa que ela sempre adorou. Raven andou de um lado para o outro da rua, com os braços cruzados, como se fosse uma tenente. – Acontece que tem uma garota, que anda fazendo algumas merdas... Como se fosse criança, sabe? E o grande problema é que eu não gosto dessa garota.

Lexa deitou a cabeça, parecendo realmente não entender nada do que ela falava. Olhando para ela, Raven quase podia dizer que ela estava falando a verdade. Era alguma coisa nos olhos dela, que faziam qualquer mentira imunda se tornar uma verdade valiosa.

— Ok, Raven, eu acho que não sei onde você quer chegar com tudo isso, mas...

— Mas, eu sei. – Raven completou, se aproximando mais dela. – Não chega perto do Bellamy, nem da Octavia, se não vamos ter problemas. Fui clara?

A outra deixou um riso de deboche escapar pelos seus lábios, enquanto encarava a mecânica atentamente:

— Por quanto tempo você ainda vai ser a cachorrinha do Blake?

— Não o suficiente para cubrir o tempo que você vem mentindo para a sua mulher. – Raven retrucou, se sentindo realmente mal por Clarke.

Não que ela estivesse fazendo isso totalmente por Bellamy. Na verdade, assim que aquela discussão ridícula acabasse, Raven correria até Clarke e iria contar toda verdade, impedi-la de se casar com uma pessoa que não conhecia realmente.

— Eu amo a Clarke e eu não preciso provar isso para mais ninguém além dela. Mas parece que você e o Bellamy não entendem que ela é minha. Vocês dois se merecem, sabe? – Lexa deu mais um de seus sorrisos cínicos, passando sua mão pelo cabelo de Raven. – Parece que as pessoas que as outras não querem mais suportar são fortes juntas, não é? Patético.

E, então, Raven se descontrolou. Ela deu um tapa no rosto de Lexa, fazendo a morena perder o equilíbrio e recuar alguns passos.

— Eu só não acabo com isso aqui e conto para todo mundo a grande vagabunda que você é, porque, diferente de você, eu amo a Clarke demais. Só que eu não vou repetir: Fica longe da minha família.

— Vai se arrepender por isso, Raven. – Lexa se aproximou mais dela, com uma das mãos no local do tapa.

Ela havia estranhando que Lexa não tentou revidar, nem dar outro tapa mais forte, mas não pensou sobre isso por muito mais tempo.

— Isso é uma ameaça? – Raven sorriu, vitoriosa. – Então, deixa eu te contar uma coisa... Problema com você é o que eu mais quero.

Ela saiu do beco, sentindo que aquilo ia trazer muitas consequências mais tarde. Porém, não era hora de se preocupar com aquilo. Tudo que ela tinha que fazer era ligar para Clarke e todo aquele casamento nunca aconteceria.