The Person Who Matters The Most escrita por killersnows, paulohonorato


Capítulo 4
Nerd Talk




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No silêncio do corredor, com a porta fechada e os gêmeos finalmente dormindo pacificamente, Rachel pode respirar aliviada pela primeira vez no longo dia. Desceu as escadas evitando o penúltimo degrau que rangia (e fez uma anotação mental para arrumar isso logo!) e entrou na sala de TV aconchegando em seu marido deitado no sofá.

Com duas crianças de oito meses em casa, parecia que os dois nunca tinham um tempo só para eles. Quando não tinham que dar de mamar para um, tinha que trocar a fralda do outro e os poucos minutos de calma e paz como este precisavam ser muito bem aproveitados.

Deitou a cabeça no peito dele e encaixou suas pernas entre as dele, alinhando seus corpos para que não corressem o risco de caírem no chão. Atencioso como sempre, ele não demorou em pegar a manta no canto do sofá e cobri-la, afastando os fios de cabelo castanho que fugiram do frouxo coque e dando um beijo em sua testa.

“O que você está assistindo?” Rachel perguntou de olhos fechados, passara a maior parte da noite acordada com os gêmeos e estava completamente exausta.

“A melhor coisa já criada por George Lucas. Star Wars.” Sam respondeu tampando o bocejo que escapara por seus lábios com a mão, assim como ela, também estava exausto. “Você quer que eu mude? Eu sei que não é seu...”

“Pode deixar, você sabe que eu adoro Star Wars.” Ela o interrompeu e parou para prestar atenção tentando lembrar qual dos três filmes era o que estavam assistindo no momento. “Esse é o que Spock destrói aquela Lua da Morte?” Perguntou imitando a mão do alienígena da USS Enterprise.

“Quase lá querida.” Sam sorriu com a feição de orgulhosa da esposa. “Spock é de Star Trek, o filme que o Thor e a Emma Swan aparecem. E é Estrela da Morte, não Lua.”

“Errei uma vírgula.” Ela não deu o braço a torcer. “Mas é nesse que tem o Darth Vader e que ele conta que é pai do menino com a espada de luz e o duende verde folgado... Yoda.”

“Luke.” Ela acenou que sim. “E é sabre de luz e Mestre Yoda.” Sam corrigiu dando um beijo na bochecha.

“Eu estou melhorando nisso, não estou?” Ela perguntou orgulhosa de si mesma. Considerando que só começava a ser interessar por essas coisas quando começara a namorar Sam, estava mandando até bem.

“Sim, pelo menos agora você não confunde o Mestre Yoda com o Dobby.” Ele a encarou segurando a risada. “Um dia você chega lá.”

“Você tem que me dar algum crédito. Nunca tive muito contato com essas ‘nerdices’, e você também está convocado para conhecer cada letra da Barbra de cor. E todos os números da Broadway enquanto eu aprendo os principais nomes desses teus filmes.” Ela fez uma cara de seria, mas logo relaxou fazendo uma trilha de beijos do pescoço até os lábios dele.

“Seu ordem será acatada General.” Ele fingiu seriedade, fazendo a saudação de um soldado. Mas logo caíram na risada, contiveram-se um pouco, pois não queriam acordar os bebês.

Em silêncio voltaram a prestar atenção no filme, enquanto Han Solo e Leia Organa beijavam-se pela primeira vez a bordo da Millennium Falcon.

“Deles eu gosto.” Ela falou sem tirar os olhos da tela. “Han e Leia são a coisa mais fofa do mundo... Acertei o nome deles dessa vez?”

“Você já é praticamente uma Jedi.” Ele respondeu orgulhoso dando um beijo nos cabelos da mulher.

~~

Enquanto Luke e Darth Vader lutavam na sala em que transformaram Han em carbonita, o alerta em formato de urso sobre a mesinha de centro começou a apitar soando o fraco choramingar dos gêmeos, mas que se não atendidos, logo se tornariam extremamente altos.

“Rach?” Sam chamou baixinho, estranhando que ela não tivesse pulado do sofá e corrido para o quarto. Puxando a franja dela para o lado, notou que ela cochilara enquanto assistia o filme. Era bem merecido, Rachel quase não dormia nesses primeiros meses e mesmo com sua ajuda, certas coisas somente ela poderia fazer. Não pode deixar de observá-la por alguns segundos, a expressão relaxada, rara nos últimos dias, o nariz, a boca carnuda, a pele morena e os cabelos ondulados, já que não estava tendo muito tempo para mantê-los arrumados.

Sam não poderia reclamar, tinha a melhor esposa do mundo que lhe dera dois filhos maravilhosos. Tinha uma vida de sonho.

Cuidadosamente a removeu de cima do seu peito e levantou-se do sofá, ajeitando a manta sobre ela. Se demorasse mais um pouco o choro dos dois, agora um tanto alto, iria acordá-la e ninguém queria isso.

Também era sua vez de ficar com os tampinhas.

i.

“Minha vez!” Rachel sentou ao lado do marido pegando o controle da mão dele dando-lhe uma caixa com seus vários de seus filmes favoritos. “Vamos às opções... Funny Girl...”

“Que não pode faltar.” Sam brincou. Já tinha visto aquele filme (Obrigado) umas mil vezes e se duvidasse, sabia até as falas.

“The Sound of Music, Yentl, Chicago, Rent, Mamma Mia, Wicked e Les Miz. Escolha um.” Ordenou, entregando o controle para ele e indo no cercado devolver o ursinho de pelúcia que um dos gêmeos jogara para fora.

“Rach, você sabe que eu amo música, mas Broadway não é muito meu estilo.” Sam tentou-se esquivar, mas sabia que era um caso perdido ao ver os olhos de cachorro sem dono que Rachel fizera.

“Você já foi a Broadway antes. Várias vezes na verdade.” Ela apontou. Sam fizera questão de estar presente em todas suas estréias e finalizações de seus shows torcendo por ela e batendo as palmas mais altas e orgulhosas que já vira.

“Somente quando minha atriz favorita brilhava no palco.” Ele respondeu inclinando para beijá-la com um olhar malicioso que deixava claro seus outros planos.

“Não.” Ela pôs o dedos sobre os lábios dele empurrando para longe. “Eu aprendi a diferenciar Star Trek de Star Wars, não confundo mais Dumbledore e Gandalf e aprendi o que é um sabre de Luz. Agora escolha um filme para a gente assistir enquanto as crianças brincam e se você se comportar, mais tarde talvez a gente possa brincar.” Ela piscou sensualmente e riu do grunhido frustrado de Sam. Já fazia algumas semanas desde a última vez que tiveram tal oportunidade por causa das crianças que insistiam em atrapalha-los na hora H ou estavam exaustos demais para tais atividades.

“Ok, então...” Ele encarou a vasta coleção e selecionou o primeiro que apareceu, sem se importar muito com o título. “Esse está bom?”

“Boa escolha! Você é quase um Jedi da Broadway.” Brincou, os olhos brilhando de animação. Sam escolhera Les Miz e ela simplesmente adorava aquele filme. “A minha audição para o Glee Club foi com uma música dessa peça, On My Own, inclusive está na minha antiga conta do MySpace.”

“Essa eu quero ver.” Ele brincou fugindo dos tapinhas que Rachel dera em seu braço.

Play dado, créditos iniciais passados e enquanto o filme rolava, Rachel vidrada na história repetia cada fala e música em um tom baixo.

“Essa é a trigésima quarta mil vez que você esse filme?” Provocou de brincadeira, sabia muito bem que as falas foram decoradas quando ela fizera a protagonista na Broadway da peça e as músicas de sua adolescência que ela insistia em precisar saber a letra de toda e qualquer música caso um solo caísse em seu colo, mas ele simplesmente adorava implicar.

“Hey, eu não julgo você por saber falar Klingon e N’avi e você não me julgue por saber meus filmes favoritos.” Ela respondeu séria, mas Sam notava o sorriso que tentava se formar no canto de sua boca. “Agora preste atenção na história!”

“Ouch.” Ele fingiu dramaticamente colocando a mão sobre o coração. “Essa foi merecida.”

“Shiiiu.” Ela levou o dedo à boca e lhe estendeu a bacia de pipoca.

~~

O filme não fora uma tortura total, como Sam esperava que seria. Era bom, e embora não fosse seu estilo, era claro porque algumas pessoas eram fascinadas por ele.

“Olha, se você tivesse dito que o Wolverine e a Mulher-Gato cantavam no filme, eu teria assistido há muito tempo.”

“Nerd.” Ela brincou deitando a cabeça no colo dele, enquanto ele passava os dedos por entre os cachos dela. Amava o cabelo natural de Rachel, ondulado e rebelde, mas sempre brilhante e sedoso e perfeito para ficar passando os dedos distraidamente enquanto enrolava cachinhos. “É claro que o que você nota no filme são os personagens dos teus filmes!” Fingiu indignação. “E você sabia disso, só morria de preguiça de assistir.”

“Isso é verdade. E o termo correto é geek.” Admitiu, inclinando para beijá-la. O ângulo não era dos melhores, mas não iria reclamar. Trocaram diversos beijos, dos mais longos aos mais curtindo, aproveitando o momento até Rachel fazer uma careta e o afastar.

“Você está sentindo esse cheiro?”

“Acho que alguém venceu o prazo de validade.” Falou olhando para o cercadinho onde os gêmeos brincavam. “Você tem certeza que é só leite que está dando para eles?” Brincou fazendo careta, não tinha cheiro pior que a frauda cheia dos pequenos.

“Vamos trocar nossos pequenos Padawans antes que lhes dê assaduras.” Ela levantou do sofá e estendeu a mão para o marido.

“Eu poderia te dar um beijo por essa referência!” Sam falou maravilhado e surpreso ao mesmo tempo.

Rachel não pode evitar de rir, seu marido era o maior nerd que conhecia, ou melhor, geek...

Mas era o seu geek e ela não poderia escolher melhor.


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