Elliott sentiu-se doente. Seu corpo inteiro doía, a luz da máquina do tempo ainda maracava sua visão, não queria abrir os olhos se isso fosse causar ainda mais dor.

Ele ouvia alguma coisa. Era a voz de alguém, era feminina. Não era tão estranha para ele.

–Elliott - ele abriu os olhos lentamente, apenas para fechá-los novamente, o sol era muito forte - Elliott, acorde.

Ele colocou a mão sobre os olhos e se levantou, Elliott respirou fundo e tentou se acostumar com a claridade.

Quando sua visão "focou" (Onde diabos estavam seus óculos?) Elliott conseguiu discernir três silhuetas. Uma era morena, outra usava óculos de armação escura e a última era pálida.

–Elliott, seus óculos racharam um pouco, mas... Acho que ainda pode enxergar - ele logo reconheceu a voz, era Judy.

Ele pegou os objetos que ela tinha em mãos e logo os colocou no rosto.

–Ah meu deus - ele arregalou os olhos, relembrando o que tinha acontecido nas últimas 24 horas. Os soldados, a missão, a viagem... - Onde viemos parar?

Eles estavam em um deserto, isso era óbvio, tinha areia por todos os lugares, o sol era extremamente forte, mas pelo seu posicionamento Elliott pode dizer que era meio dia.

–Ou quando - A menina de óculos disse, Katherine era o nome dela.

Por um segundo, Judy pareceu perder-se em seus próprios pensamentos, mas logo sorriu, transmitindo coragem.

–Acho que vamos ter que procurar para descobrir - ela disse.

Depois disso, ela começou a andar em frente. Kate logo a seguiu.

A garota pálida se aproximou, assim como Kate, ela também usava óculos. Se não se enganava o nome dela era Agatha.

–Oi - ela disse, tímida.

–Ei. - Elliott respondeu - Agatha, não é?

–Pode me chamar de Age. - ela passou a mão no cabelo escuro -Vamos segui-las?

Ele deu de ombros e começaram a andar sobre a areia.

§

Cansado era pouco para descrever como Elliott se sentia.

Eles estavam andando por horas, e não encontraram nada, mas Judy ainda andava cokmo se nada tivesse acontecido.

–Vamos, estamos quase lá! - ela gritou.

Elliott parou de repente.

– Chegar aonde, Judy! - argumentou - Nós provavelmente estamos andando em círculos!

–Deixe de ser pessimista! A força - Ela bateu no próprio peito - está com a gente.

–Talvez você esteja certo - disse Agatha, ao lado dele - Talvez estejamos andando em círculos e em poucas horas vamos morrer.

Kate olhou para trás, etreitando os olhos. Agatha apenas deu de ombros.

Uma hora depois, o sol começou a se pôr, e o vento frio começou a chegar.

–Quer saber, não vamos chegar a lugar algum. - Judy sentou-se na areia, de repente - Estava certo, Elliott, pode passar isso na minha cara numa outra vida.

Elliott caminhou um pouco mais, até que viu algumas luzes amarelas.

–Ou não - ele disse - Vejam!

As três meninas vieram até ele e também avistaram a mesma coisa. Várias luzes, luzes que iluminavam uma pequena cidade, que tinha um largo rio ao seu lado, e, um pouco mais longe ao horizonte, grandes pirâmides douradas.

–Ah, meu deus - Agatha colocou a mão sobre a boca.

–É - Judy levantou a cabeça e encarou Elliott - No final das contas eu estava certa.

–O Egito... - Kate suspirou.

Elliott estava estático, de todos os lugares que eles poderiam ter ido, eles vieram parar logo no Egito Antigo, quando os gregos e os romanos ainda começavam a nascer.

–Vamos logo achar esse relógio - Ele disse, e começou a correr em direção às casas de barro.

§

Eles não foram recebidos de braços abertos.

Não que ele esperasse que fossem recebidos como realeza, mas Elliott não esperava ter espadas curvas apontadas para seu pescoço.

–Quem são vocês? - disse um dos egípcios (aparentemente um soldado) - O que fazem nas nossas terras?

Elliott, de princípio, não entendeu como ele estava entendendo o que aqueles caras diziam, mas então olhou para a própria mão e se lembrou de que o Kley traduzia línguas.

–Nós...Hã... - Judy começou.

E...Elliott teve uma ideia.

–Minha cara Néftis, não tente se explicar para estes meros mortais - ele esperava que Judy entendesse o plano - Eu que deveria estar perguntando, o que vocês pensão quie estão fazendo ao apontar armas para Anúbis?

–Do que está falando? - outro soldado gritou.

Elliott suspirou e riu forçadamente, olhando pelo canto do olho, Agatha e Kate pareciam ter entendido.

–Eu sou Anúbis, deus dos mortos e funerais, e, neste momento, estou louco para dar seu coração para Ammit. - ele se presentou (cof, mentiu, cof) - Essa - apontou apara Judy - É Néftis, deusa dos rios. Esta - Kate - é Bastet, deusa dos gatos. E esta - Agatha - é Sekhmet, deusa da vingança. E, se eu fosse vocês, nos tratariam com mais respeito.

–Mas vocês nem se parecem com nossos deuses.

Elliott pensou rapidamente.

–Isso - ele apontou para o próprio corpo - é apenas o humano em que me hospedo, uma casca.

–O senhor veio aqui para levar abençoar o funeral do faráo? - disse uma voz infantil.

Ele assentiu.

–Isso! – disse - Levem-nos ao...seu faráo! Para que sua volta a vida seja garantida!

Os soldados, chocados, abaixaram as armas e se ajoelharam, alguns pediam perdão.

Elliott pigarreou.

–Eu disse: Levem-nos ao faraó!

Os egípcios comemoraram e abriram caminho para os "deuses"

–Teve uma ótima ideia - sussurrou Kate em seu ouvido - Pensou rápido.

–Obrigado - sussurrou de volta.

§

O funeral foi um horrível, a pior parte foi quando Elliott teve que encostar na testa de uma múmia.

Droga de Plano!

A múmia era do falecido faraó Tutankamon, de quase trinta anos. Não que não tenha sido uma honra ter visto esse grande faraó de perto, mas o dia de Elliott já estava bem ruim.

E ele com certeza não precisava pegar em um morto.

A múmia do faráo tinha um cheiro enjoento de uma quantidade exagerada de lavanda misturada com carne podre, e, mesmo com panos cobrindo a testa do falecido, Elliott ainda sentiu a frieza do defunto.

Sentindo todos os olhares egípcios sobre ele, Elliott colocou a mão nua na cabeça do imperador e murmurou uma benção, que foi mais ou menos um pedido de ajuda ao mestre yoda.

Depois desses eventos, os súditos levaram Elliott, Kate, Judy e Agatha e deram-lhes um tratamento magnífico, eles foram limpos e arrumados com roupas típicas (E sim, Elliott ficou muito desconfortável vestindo apenas uma saia). Uma tinta preta contornava seus olhos azuis - Khol – e ele usava jóias pesadas de ouro em seus pulsos (Estranhamente, os egípcios não haviam nem notado a luva com o kley). As meninas vestiam vestidos leves de linho bem feito, khol contornando os olhos, jóias e perucas negras e pesadas.

Porém, ele teve que admitir, quando Elliott avistou Judy, teve medo de baba sair de sua boca. Ela havia ficado linda.

Claro, não que ela não fosse bonita, porque ela era, ma salgo destacou a beleza dela - não que a beleza dela não se destacasse sozinha... Argh!

Eles receberam um jantar divino e vários olhares assustados e curiosos, falaram com sacerdotes - que se ajoeolharam milhares de vezes - e camponeses, foi uma noite e tanto.

Depois de tudo isso, eles foram levados ao mesmo aposento, com quatro camas aparentemente confortáveis. Ele se deitou em uma e seus olhos começaram a pesar.

–Ei - Judy o chamou - Onde acha que vamos encontrar o relógio?

Ele olhou para o teto, pensando: Se eu fosse um relógio de ouro, onde estaria? Depois de alguns segundos, ele respondeu.

–As pirâmides são os lugares onde os faráos mumificados ficam, nesses lugares, os egípcios colocam jóias, bens preciosos, passagens... Tudo o que poderia proporcionar uma volta a vida. Alguns mitos dizem que as jóias eram oferendas a Osíris, outros dizem que são para ajudar quando o morto acordar...Enfim, o lugar mais propícios para essas jóias são as tumbas.

Judy suspirou.

–Próxima parada: Pirâmides das múmias esquisitas.