P.O.V. Sparkle

Um barulho que mais parecia gritos, inundou nossos ouvidos fazendo com que a reação de todos fosse a mesma: olhar freneticamente para todos os lados. Continuamos parados até que alguns humanos começaram a sair de trás de algumas árvores e moitas, por causa de meu desespero não pude contar quantos eram mas se for para chutar um número eu diria que eram seis ou sete pelo menos, de longe pude reconhecer o rosto de dois, eram os homens que haviam fugido no dia em que salvei o Leo. Por que eles são tão revoltados? Nós não fizemos nada a eles, ou fizemos? Sei que minha atitude de matar um deles foi um tanto precipitada e, além disso, vai contra todos os meus princípios, mas eu não podia deixar que eles matassem alguém bem debaixo do meu nariz.

Em milésimos de segundos olhei em volta para ver como os outros estavam, Gabriel parecia que já estava pronto para uma guerra com sua espada de ferro em mãos, Clarie e Kyle não tinha posse de nenhum armamento mas tinha certeza que conseguiriam se defender por conta própria, estava mesmo reocupada com Cleo e Leo, pois a garota zumbi morria de medo do escuro e sabe-se lá se não tem medo também de humanos e o garotinho loiro só poderia se defender por meio de uma explosão, e eu só acho que ninguém gostaria que isso acontecesse.

Por esses motivos resolvi novamente ir contra qualquer um de meus princípios e, novamente, me tornar um monstro aos olhos de quem pudesse me ver, e com um aperto enorme em eu coração empunhei minha espada preparada para o viesse pela frente e preparada ainda mais, acima de tudo, para proteger meus amigos.

Minha única duvida era: eu estava pronta para isso, matar pessoas que, até então não me fizeram nada? Mas acho que isso não vinha ao caso, eu tinha que estar pronta, não podia hesitar nem por um segundo, meus amigos precisavam de mim

Pude perceber passos se aproximando dizendo;

– Ora, quem diria, a Enderman que matou meu querido irmão, é bom revê-la senhorita – ele disse se aproximando um pouco mais – mesmo que seja tão pouco antes de seu fim – ele me ameaçou já puxando sua espada

Ele veio em nossa direção logo seguido pelos demais e pelo canto do olho pude ver Gabriel com um leve sorriso sarcástico no canto de sua boca, voltei meu olhar novamente para frente, o homem já estava perto demais para que pudesse acertar um golpe mesmo que fosse muito rápido, minha reação foi, adivinha, me teleportar para o outro lado, assim ganhando tempo suficiente para que pudesse acertar sua garganta, quase imperceptivelmente lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto, por mais que ardesse não impedi que continuassem

Olhei para frente novamente e vi outro se aproximando por trás do garoto creeper e, de novo usando meus incríveis poderes de teleporte me coloquei em sua frente e de alguma maneira acertei a tempo o humano que pretendia ataca-lo

– Obrigada – Leo disse enquanto eu me virava – te devo mais uma agora, na verdade...

Na verdade? Como assim o que ele queria dizer com aquilo, não pude refletir muito pois só tive tempo de ver Leo balbuciar algo como “se abaixe” e foi o que eu fiz e, em questão de segundos vi o garoto loiro segurando uma espécie de micro TNT e lança-la na direção em que eu estava, mas ela passou reto e acertou algo, ou melhor, alguém

– Na verdade só te devo uma.

Quando voltei a posição normal não pude ver nenhum humano, provavelmente tínhamos acabado com todos, olhei em volta para ter certeza que ninguém estava ferido e para o meu alívio não, mas estava faltando alguém e foi então que me lembrei, Cleo.

P.O.V. Cleo

Quando aquele grupo de pessoas saiu de trás das árvores a calmaria se tornou tempestade, minhas pernas começaram a tremer e mergulhei novamente em um de meus ataques de pânico, sendo assim minha reação foi correr em direção a mata.

Depois de correr uma distância suficiente para que eu me sentisse novamente segura me sentei encostada em uma árvore e me pus a chorar, por que eu fiz isso? Abandonei meus amigos enquanto eles mais precisavam, o que a Sparkle diria, ela que foi tão corajosa a ponto de se arriscar por alguém que nem ao menos conhecia, ah, como eu gostaria de ser como ela, mas esses meus medos não me ajudam muito.

Comecei então a me recordar o porquê desse medo, o porquê de eu não conseguir enfrentar nem ao menos o mais fraco dos humanos

{Flash back: on}

3 anos antes...

Já era noite, mas isso não nos importava muito já que estávamos dentro de uma floresta bem densa e fechada onde os raios de sol não podiam nos incomodar desde de manhã, eu e meus pais estávamos andando meio sem rumo até que toda a minha vida virou um pesadelo.

Humanos, homens e algumas poucas mulheres começaram a invadir a calma daquela imensa floresta, logo eles perceberam nossa presença, eu estava com medo, queria sair correndo dali o mais rápido possível, mas eu tinha que ajudar meus pais, não podia abandona-los assim, mas para minha surpresa meu pai se virou em minha direção

– Filha, me escute, eu quero que você corra, corra o mais rápido que conseguir, não olhe para trás e não pare por nada – ele disse já com os olhos marejados

– Mas pai...

– Corra minha linda, agora.

Então, com todas as minhas forças, corri em direção ao nada, corri e não parei, mas infelizmente não cumpri tudo o que meu pai havia pedido, eu olhei para trás e o procurei até encontrar, ele estava ali, bem ali, no chão, morto e ensanguentado, sem nem pensar comecei a chorar me voltei para a frente novamente.

Por que... por que meu pai... por que ele, que sempre me amou, protegeu, alegrou e fez companhia...

– Papai... – Eu falei para o céu secando uma de minhas lágrimas – me... me desculpa... eu não fiz o que você pediu... e-eu olhei para trás, eu e-e-estava te procurando... por que papai... – eu continuei entre lágrimas e mais lágrimas – Me desculpa... eu só queria... eu só queria estar com você... papai eu to com medo... e-eu só queria dizer que... eu te amo papai...

{Flash back: of}

Depois de bastante tempo e muitas lágrimas voltei a mim, não podia ficar ali nem por mais um segundo, e levantei sequei minhas lágrimas e me pus a correr de volta à clareira.