Akuma No Riddle: Nove Anos Depois escrita por kalzcarvalho


Capítulo 9
Capítulo 9 - Um Trunfo no Baralho


Notas iniciais do capítulo

PC NOVO DEVE CHEGAR ATÉ TERÇA *-*



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***POV TOKAKU***

O salário de Haru é mais que o dobro do que eu ganhava como segurança de shopping em Tóquio. No dia do seu primeiro recebimento, damos entrada em uma casa no centro da cidade. Uma casinha pequena, só com quarto, sala, cozinha e banheiro. Não precisamos de muito, afinal. Nossos próximos investimentos serão todos em segurança. Teremos alarmes, câmeras, sensores, vidros blindados nas janelas. O pacote anti-assassinos completo.

Quando acordo, Haru já está tomando o café-da-manhã. Veste seu jaleco branco e parece um tanto apressada.
– Bom dia diz ela, sorrindo não quis te acordar.
– Bom dia.

O quarto fica ao lado da sala, e não há nenhuma parede que separe esta da cozinha. Me sento na cadeira ao lado da de Haru.
– Dormiu bem? pergunta ela. Sem pesadelos essa noite. Estou tranquila.
– Sim Haru se levanta antes de terminar seu sanduíche.
– Desculpe, estou um pouco atrasada me dá um beijo rápido nos lábios e vai embora.

É, parece que a situação se inverteu. Quem trabalha agora é ela, e quem fica no tédio, em casa, sou eu.

Talvez eu possa ser útil arrumando a bagunça da cozinha e a bagagem. Depois, vou ver se há algum lugar onde eu possa me exercitar.

***POV KOBAYASHI***

O plano furou. Simplesmente, quase não existem câmeras em Ciudad de Allende. As poucas que têm são: a) do banco, ou b) do laboratório marinho ao lado do Oceano Pacífico. Ambas são cercadas por toneladas de sistemas de segurança, e Daigo-Senpai simplesmente não consegue invadir o sistema. Talvez tenhamos que nos arriscar na cidade. Já estamos parados há mais de um mês. Por outro lado, pode ser que elas tenham baixado a guarda de novo.

As identidades falsas são bastante úteis. Vários moradores dizem que vão ficar de olho e entrar em contato assim que as virem. Já passei por alguns estabelecimentos e abordei várias pessoas na rua. Agora, entro numa padaria. É manhã. O cheiro de pão quente no ar dá vontade de ficar e comer. Me dirijo até o caixa. Uma mulher velha, de pele branca e enrugada, cabelos negros, pequena de tamanho e acima do peso, me atende com um sorriso simpático. Me lembra uma daquelas avós que gostam de fazer bolo para seus netos. Diz algo em espanhol.
– Você fala inglês? pergunto. Ela assente com a cabeça, dizendo:
– English! Yes, yes! sem perder a animação. Mostro a identidade da Interpol e sua expressão fica mais séria. Então, mostro as fotos de Azuma e Ichinose.
– Você viu alguma dessas jovens? pergunto. Ela nega com a cabeça preste bem atenção, elas são muito perigosas.
– Elas são procuradas pelo o quê? pergunta a velha. Respondo a mesma coisa de sempre:
– Terrorismo. Elas são responsáveis por vários ataques bioterroristas no Oriente.
– Não as vi, mas vou ficar de olho.
– Obrigado. Posso falar com seus empregados?
– Sim, clar... seus olhos se arregalam e sua boca se abre, formando um cômico o. Parece que viu um fantasma. Toma fôlego e grita...

***POV TOKAKU***

Já que estou sem nada pra fazer, decido sair e fazer compras. Alguns pães, arroz, carne, curry, quem sabe comidas típicas da região? É, acho que Haru iria gostar. Talvez eu deva aprender a ser útil em outras coisas além de combate, afinal. Deixar aquela minha vida anterior para trás de uma vez. Quer dizer, ainda estou receosa com aqueles caras atrás de Haru, e vou sempre me manter em forma e pronta para emergências, mas não quero que minha vida gire em torno disso. Além disso, eu posso aproveitar e conhecer melhor a cidade e melhorar um pouco o meu espanhol, que ainda está num nível que só posso definir como ridículo. Se vamos realmente viver aqui, eu vou ter que aprender uma hora ou outra. Nem TV dá pra assistir.

Visto camiseta branca, jaqueta e calça. O clima está frio, mas não muito. Sinto uma certa paz, nessa cidade. Diferente da correria e das multidões intermináveis de Tóquio. Quase como uma volta à vila onde cresci. Lá onde eu fui nomeada herdeira dos Azuma e treinada para liderar o maior clã de assassinos do Japão, ao lado dos Kuzunoha. Mas agora, não tenho nenhuma obrigação ou responsabilidade desse tipo. Posso viver tranquila.

Há poucos carros nas ruas. E poucos pedestres também. Uma mulher olha assustada para mim. Hm, tem algo estranho. Um cheiro diferente no ar. Cheiro ruim. Melhor ficar atenta. Mando uma mensagem de texto para Haru.
– Tudo bem por aí? pergunto.
– Sim, porquê? ela responde poucos segundos depois.
– Mau pressentimento. Fique atenta.
– Ok xD.

Sou momentaneamente distraída do cheiro ruim por um outro cheiro, este bem mais agradável: pão quente. Uma padaria. Penso em entrar, mas aquele cheiro ruim volta tão forte que cobre completamente o do pão. De costas para mim, no caixa, há um homem de terno alto e de ombros largos. Tenho a sensação de conhecê-lo. É possível ver ao lado de seu braço, conversando com o homem, uma mulher velha, pouco menor do que eu e bem mais gorda, de pele clara. Nossos olhares se cruzam. Sua expressão vacila. Deduzo quem é o homem de costas e prevejo o que vai acontecer durante a fração de segundo em que ela toma fôlego para gritar: Kobayashi. Me jogo para trás de uma geladeira de sorvetes ao mesmo tempo em que ela grita algo do tipo its her! e Kobayashi abre fogo. Outras pessoas gritam assustadas e também se jogam no chão, com as mãos na cabeça.
– Azuma!
– Vá se foder, Kobayashi! xingo em voz alta. Saco as três facas que trouxe. Merda, deveria ter trazido a pistola também. Ele atira cinco vezes e para. Não tive tempo de ver qual modelo de arma era. Uma portátil, provavelmente. Se for um revólver 38, ele só tem mais um tiro, mas o som não parece o de um revólver. Lembra mais uma 9mm, então ele teria 20 tiros no total, 15 sobrando.

Mais uma vez, o pressentimento ruim volta. Vejo uma luz vermelha passando rápido por todos e logo identifico sua origem. Um sniper. Ele não está sozinho. Não tenho tempo para vacilar. Me levanto de repente, atirando uma faca contra Kobayashi ao mesmo tempo que ele alveja meu ombro. A bala atravessa. Sinto dor, mas a adrenalina me impede de dar atenção ao fato. Aproveito a brecha e avanço contra o homem 20 centímetros mais alto. Minha faca fincou-se no peito, perto do ombro. Ele tenta me segurar com uma das mãos enquanto arranca a lâmina com a outra, mas me esquivo e jogo todo meu peso contra ele, fazendo-o cair por cima do balcão. Pulo logo atrás dele, saindo do campo de visão do sniper. A velha está abaixada ali atrás também, e grita aterrorizada quando me sento em cima do corpo ensanguentado dele.
– Que mentiras você contou a eles, assassino? pergunto, ameaçando-o com a faca logo acima do olho.
– Assassino? Olha quem fala retruca ele.
– Nunca matei ninguém finco a faca em sua mão, prendendo-a ao chão enquanto ele grita de dor e pretendo continuar assim.
– Vadia grunhe ele vadia do caralho...

A pistola está largada logo ao lado do seu corpo. É uma 9mm, deduzira corretamente. Agora, com a adrenalina passando, a dor se torna mais intensa. Arranco a gravata dele e amarro forte em torno do ferimento, pensando em como vou lidar com o sniper agora.

Sirenes de polícia. Não tenho nada a temer. Foi ele quem atacou primeiro. Vejo através do vidro do balcão dois agentes policiais entrando na padaria com as armas em punho. Eles gritam em espanhol e gesticulam. Bom, eu não vou me levantar e virar alvo fácil de sniper nenhum, não. Em vez disso, jogo a pistola por cima do balcão para que eles entendam que não há ninguém aqui armado embora eu ainda tenha minhas facas. Um dos guardas dá a volta e vem até onde eu, a velha e Kobayashi estamos. Aponta a arma para a minha cabeça, gritando algo, furioso.
– Ele me atacou primeiro retruco, em inglês. Espero que me entenda, meu sotaque é muito forte. Aponto para meu ombro ensanguentado.

Droga. Eu tenho que avisar a Haru que tem um sniper atrás dela. Rápido. Pouco me importa o policial, abro o celular e envio a mensagem de texto. Ela responde com um simples ok.

Me levam para fazer perguntas, mas é difícil me comunicar. Eles não tem nenhum tradutor de japonês e meu inglês é muito pobre. No fim, me liberam, mesmo sem eu entender o que exatamente aconteceu. O relógio de parede indica quatro da tarde quando saio. Pergunto onde está Kobayashi. Entre várias palavras que não entendo, me parece que ele foi preso e que portava documentos falsos. Agora, só tenho que me preocupar com o sniper.

Ligo para Haru.
– Alô, Tokaku-san ela termina o trabalho às 4 em ponto, o que significa que deve estar saindo agora.
– Me espere DENTRO do laboratório friso bem a palavra eu vou aí te buscar.

Na delegacia, me foram prestados os primeiros socorros. Colocaram meu braço esquerdo numa tipoia, a qual foi arrancada logo em seguida. Vou precisar dele para me defender. Nem está mais doendo tanto, de qualquer forma. Corro para casa, pego minha pistola e algumas facas, chamo um táxi e logo estou no laboratório onde Haru trabalha. Ligo para Haru de dentro do carro.
– Cheguei, mas não saia ainda. Vou checar ao redor então, me volto ao taxista wait me here espere-me aqui.

O laboratório é isolado do resto da cidade. Não há nenhuma construção por perto, então não há onde se esconder. Dou uma volta ao redor de todo o perímetro das grades de ferro que cercam a estrutura principal. Nada. Não há nenhum cheiro estranho no ar, também. Já de volta ao táxi, ligo de novo para Haru.
– Pode vir, está seguro.

Vejo ela saindo pelas portas eletrônicas a uns cem metros de distância. Ela parece um tanto nervosa. Olha ao redor e corre até a portaria, e da portaria até o táxi.
– Tokaku-san, Tokaku-san, o que aconteceu com seu braço? sua voz é um pouco exaltada, ela olha fixamente para o curativo, enquanto repousa suas mãos sobre as minhas.
– Nada demais, eu estou bem asseguro.
– Foi o tal do sniper? sinalizo ao taxista para ir.
– Não, foi outro cara. Acho que está preso.
– E esse sniper?
– Está por aí, em algum lugar. Vamos ficar juntas o tempo todo, agora. Até conseguirmos nos livrar dele.
– Você vai... matá-lo?
– Só se for necessário digo, sombriamente espero não ser.

***POV KOBAYASHI***

No começo, as autoridades pareciam confusas quanto ao que tinha acontecido, mas após checar que minha identidade da Interpol era falsa e que eu tinha atirado primeiro contra uma garota que já vive há mais de um mês no Chile e nunca causou nenhum problema, não quiseram mais escutar nenhuma palavra. Vou ser deportado e julgado no Japão. A missão fica nas mãos de Daigo-senpai, portanto.
– Eu tenho direito a uma ligação protesto.
– Hm, está bem concorda o delegado, com desprezo na voz. Me leva até o telefone na recepção.

Ligo para Daigo-senpai. Já prevejo que ele tem um plano para vir me libertar, mas isso iria nos expor e talvez alerte Azuma que estamos em equipe. Até aqui, ela provavelmente só sabe da minha existência. Então, deve estar tranquila. Vamos puxar o tapete bem debaixo dos seus pés. Deixar-me ser deportado, e depois damos um jeito de me tirar da prisão. Temos um trunfo que ela não conhece. Explico tudo para Daigo e ele concorda.
– Pela primeira vez, você tem um bom plano, Kobayashi-kun.


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Notas finais do capítulo

PC novo deve chegar até terça, que é quando sai o próximo capítulo



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