What Remains escrita por Flor do luar


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Bem, não tenho nada para dizer hoje.
Mas quero agradecer de coração a cada um que está seguindo e comentando na minha história ♥



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Alexy podia notar que algo estava diferente com ele naquela semana. Sentia-se absurdamente cansado sem motivo aparente, sem a mínima vontade de sair de casa e já não tinha todo aquele bom humor que era costumeiro dele. Deve ser o cansaço escolar, pensou ele, afinal, as provas estavam se aproximando e ele tinha que trabalhar ao dobro para fazer para oito turmas, cada um em um nível de dificuldade diferente.

Seu amor por Kentin parecia ter se tornado sufocante, pois ele atribuía a isso o motivo dele quase ter sido abusado no bar aquele dia. Parecia um pensamento infantil e infame — ele sabia —, porém não é como se ele pudesse evitar. Entretanto não podia dizer que o sentimento sumiu, pelo contrário, parecia mais forte porque Kentin havia se mostrado muito protetor e atencioso naqueles últimos dias, era adorável vê-lo daquela forma.

Os únicos que se sentia bem era quando estava com suas crianças, talvez a aura infantil da sala de aula ajudasse ele a sentir uma criança também. Duas vezes naquela semana foi chamado para ser babá de Louise, particularmente achava isso bem melhor do que ficar em casa e se divertia muito com ela.

As expectativas para o novo professor também eram altas. O assunto da semana na sala dos professores era ele, porque diziam que ele era um cantor perfeito, tinha uma voz maravilhosa e todas as coisas boas do mundo, mal podia acreditar que ele era humano com tudo isso. Não podia negar que Alexy estava ansioso para sua chegada ouvindo todos esses boatos.

Era um fim de tarde no domingo quando Kentin o convidou para jantar fora e Alexy não queria perder essa oportunidade, tampouco queria mexer no fogão. Foi andando até o quarto do irmão e bateu, quando recebeu a confirmação que poderia entrar, abriu a porta lentamente. Armin estava sentado à sua escrivaninha, analisando alguns papéis com os óculos que ele somente usava quando lia ou mexia intensamente no computador, entretanto, nunca apareceu em nenhum de seus vídeos usando-o.

— Eu vou me encontrar com o Kentin e a Louise no Taco Bell. — Disse com um sorriso um pouco torto. — Vem com a gente. — Pediu olhando para baixo. Sabia que não seria uma tarefa fácil.

— Eu acho que não. Não quero sair hoje. — Respondeu Armin com um suspiro parecendo cansado.

— Mas Armin! Você não sai de casa há duas semanas e não sai do quarto há três dias. Quase achei que morava sozinho nesse apartamento. — Argumentou o jovem de cabelos azuis cruzando os braços.

O gamer abriu um meio sorriso, sabendo que não havia maneiras de sossegar o irmão. É verdade que ele odiava sair, algo que lhe custou muito caro há anos atrás, agora que ele estava se recuperando sentia que estava indo para o fundo do poço novamente.

— Você quer que eu vá para estragar um provável romance entre vocês dois? — Retrucou se perguntando se aquilo faria mesmo Alexy desistir da ideia de levá-lo junto.

— Eu só quero te ver bem. Sabe o quanto eu odeio te ver preso aqui dentro por muito tempo. — Cruzou os braços sobre o peito. — Sinto uma sensação sufocante.

Armin respirou fundo e pensou que não fosse tão ruim assim sair um pouco se for com seu irmão e um amigo. Os horários mais cheios dos restaurantes são à noite, não? Ainda era fim de tarde, talvez desse sorte de pegar a lanchonete um pouco vazia. Não vai ser tão ruim assim, tentava convencer a si mesmo.

— Tudo bem. Me dê um minuto para me arrumar. — Respondeu por fim tirando os óculos do rosto e abandonando-os em cima da papelada.

Alexy abriu um sorriso enorme e correu até o irmão, abraçando-o pelo pescoço e ficou distribuindo vários beijos por ele, com os resmungos de Armin abaixo dele. Adorava provocar o irmão dessa maneira, ainda mais por saber que ele não gostava de contato físico, era engraçado as reações dele.

Depois disso, deixou o quarto para poder se arrumar também e foi de carro com o Armin até o Taco Bell que Kentin pediu que os encontrasse. O tempo estava esfriando cada vez mais e uma comida apimentada poderia ajudar a esquentar um pouco, mas o interior da lanchonete também era aconchegante. Quando chegou lá, Louise praticamente correu até o professor e pulou em seu colo.

Os amigos conversaram bastante e comeram seus tacos, por um momento todos se sentiram adolescentes novamente, já que era bastante comum fazerem isso nos seus tempos de colégio. Armin até notou o quanto Alexy e Kentin se tornaram próximos apenas em uma semana, ficava feliz pelos dois, mas um pouco preocupado da história seguir o mesmo rumo novamente, ainda mais porque havia mais uma pessoa envolvida nisso, que era a Louise.

No final da noite, cada um seguiu seu caminho e os irmãos foram de carro até o apartamento.

— Armin, obrigado por ter vindo hoje. — Disse Alexy depois de um longo silêncio no veículo.

— Eu faço qualquer coisa por você. — Respondeu o gamer com um sorriso. — E por tacos também.

O som da risada de ambos invadiu o ambiente.

— Você estava até tremendo. — Ressaltou o jovem de cabelos azuis um pouco inseguro, dando alguns olhares de soslaio para o moreno.

— Sabe, ainda é difícil para mim. Estar em um lugar com tanta gente. — Falou com a voz vacilando aos poucos, mas logo suspirou para tirar os momentos de tristeza e colocou um sorriso no rosto.

Na realidade a lanchonete nem estava tão cheia assim, mas para Armin parecia sufocado em uma multidão. Não sabia dizer que isso era da personalidade dele, mas sempre foi assim, talvez fosse isso que dificultasse sua vida social, tanto a amorosa quanto as amizades, ao longo de sua vida, nunca manteve um amigo por perto por muito tempo. Exceto Kentin, claro, mas ele sabia que isso devia apenas ao Alexy que se aproximou de volta.

Quando chegaram no apartamento, Armin suspirou aliviado como se tivesse encontrado um oásis no deserto e foi se arrumar para dormir. Porém, antes que pudesse fazer isso, sentiu um par de braços ao redor do seu pescoço e um beijo na sua bochecha. Ficou sem reação por alguns minutos.

— Beijo de boa noite. — Explicou Alexy como se visse a confusão nos olhos do irmão e piscou para ele.

— Boa noite. — Armin sorriu.

Então cada um foi para seus quartos e encerraram a noite ali. No dia seguinte, Alexy acordou cedo como de costume e tomou um banho quente antes de vestir a roupa que separou na noite passada. Hoje seria o dia que ele conheceria o famigerado professor Jean Valjean, que apenas em uma semana havia se tornado o professor mais popular da escola, pelos professores, é claro. Não que os alunos não estejam empolgados, mas de longe fizeram toda a animosidade que os professores fizeram.

Assim que vestiu o seu casaco azul, foi para a cozinha para passar o seu café e sentou-se a mesa para poder comer uma torrada com geleia. Resolveu que iria a pé hoje porque queria poder passar andando pelo parque. Estava bem adiantado, não faria mal tomar um pouco de ar puro, além do mais, aquele ar frio com a chegada do inverno na atmosfera de Paris deixava tudo melhor.

Ao término do café, ele pegou sua maleta com as partituras e saiu do apartamento. Enquanto andava podia notar pessoas conhecidas da vizinhança, mas agora com um aspecto particularmente assustador. Era coisa da sua mente, ele sabia, mas não podia deixar de sentir um nó na garganta toda vez que alguém passava por ele. Isso havia se tornado bastante comum ultimamente, era como se todo mundo quisesse machucá-lo. Não era assim antes daquela noite no bar, isso estava o enlouquecendo.

Chegou na escola e foi direto para a sala dos professores pegar alguns papéis que havia deixado em seu armário, quando percebeu uma movimentação estranha lá dentro. Nunca houve tantos professores simultaneamente naquela sala como agora, porém ele sabia bem o que era.

O homem no centro da sala era muito bonito, na verdade. Era bem alto, tinha cabelos pretos abaixo dos ombros presos em um elástico, olhos acinzentados — uma cor bastante peculiar — e usava óculos de aro grosso. As roupas eram totalmente pretas, usando um suéter de gola alta que lembrou a Alexy um poeta de universidade.

Os professores rodeavam essa pessoa como se fosse uma celebridade e era nítido o desconforto dele com toda aquela atenção. Ora, seu irmão era a definição de ansiedade, ele sabia muito bem com o que estava lidando e sabia que precisava fazer alguma coisa. Sem hesitar, ele passou entre as pessoas até conseguir chegar ao centro da roda onde estava Jean.

— Bem-vindo, professor. — Cumprimentou gentilmente abrindo um sorriso acolhedor. — Eu sou o professor de piano e teclado da escola, então trabalharemos na mesma área.

Os olhos do moreno brilharam quando viu Alexy, mas logo desviaram para outro ponto qualquer da sala. Ele parecia ter ficado nervoso ao dobro agora, pigarreando.

— Muito obrigado. — Agradeceu abrindo um pequeno sorriso. Alexy não sabia dizer se aquela era a voz natural de Jean ou ele estava forçando-a por algum motivo.

— Pode me acompanhar, por favor? A diretora me pediu que lhe mostrasse as salas que vai lecionar. — Mentiu Alexy demonstrando bastante naturalidade em suas palavras.

Podia ouvir um coro de silvos indignados atrás de si, mas ele não se importou e voltou a passar entre as pessoas para poder sair, esperando ser seguido pelo maior. Olhou para trás de soslaio para confirmar isso e continuou andando até atravessar o corredor e virar a primeira esquina, quando o homem já estava perto dele, olhou para trás para confirmar que não vinha ninguém.

— O que houve? — Perguntou Jean confuso e com uma voz mais suave. Agora Alexy sabia que aquela voz era forçada.

— Eu menti, queria te tirar do meio daquelas pessoas. Percebi o quanto você estava nervoso e tinha que fazer alguma coisa. — Explicou Alexy coçando a nuca levemente.

— Oh. — Jean pareceu lisonjeado. — Você tem uma boa percepção, então.

— Que nada. — Alexy riu. — Eu sei lidar com essas situações, pois uma pessoa da minha família é ansiosa, sou quase especialista no assunto.

Ambos riram e os momentos seguintes foram preenchidos com o silêncio, Alexy constantemente estava prestando atenção nos detalhes de Jean, ele parecia carregar uma aura tão leve e calma, ao mesmo tempo havia melancolia nos seus olhos.

— Então isso quer dizer que você não vai me mostrar as minhas salas? — Perguntou o mais alto em um tom constrangido.

— Ah, claro! — Alertou-se ao perceber que estava no mundo da lua. — Siga-me.

O professor de cabelos azuis andou e Jean prontamente o seguiu até o segundo andar, onde ficavam as salas de música. Havia duas na escola, uma onde havia os instrumentos de corda e a outra ficavam os instrumentos de sopro e teclas. Jean teria que ensinar na sala de instrumentos de corda por enquanto, pelo menos até segundas ordens, uma vez que faz muito tempo que não há aulas de canto.

Conversaram poucas vezes durante o caminho, a maioria das vezes era Alexy quem puxava algum assunto, já que o outro professor parecia ser bastante quieto e calado. Ele mesmo havia perdido um pouco de toda sua animação desde o que aconteceu, mas ele estava curioso sobre aquele homem.

— Aqui estamos, professor. — Disse apontando para dentro da sala. — Como eu disse, também sou professor de música, então teremos muito para conversar. Posso te procurar na hora do almoço? — Perguntou o jovem com um sorriso.

— Claro. — Respondeu gentilmente, ele realmente não era de muitas palavras.

— A propósito, meu nome é Alexy.

— Jean... — Ele pareceu ter hesitado um pouco antes de falar novamente. — Muito prazer, Alexy.

— O prazer é todo meu. — Afirmou o jovem, ele abriu a boca para falar outra coisa, mas foram cortados pelo sinal da escola. — Tenho que ir agora, eu te vejo no almoço. — Despediu-se Alexy.

Apenas pôde ver de relance Jean acenar em despedida antes de entrar em sua própria sala, que ficava no final daquele mesmo corredor. Nenhum aluno havia chegado ainda, então o jovem aproveitou para arrumar algumas provas que saíram erradas enquanto isso até que o primeiro aluno chegou. Com isso, um por um entrava pela porta, enquanto Alexy distribuía as partituras que seria a lição daquele dia e começava uma nova aula.

Às vezes dar aula de piano era cansativo, mas Alexy tinha a certeza que nasceu para aquilo, ainda mais quando se tratava de ensinar criança. Não podia evitar semana ou outra se sentir cansado após toda a rotina, essa era uma delas. Quando o sinal para o almoço tocou, ele deixou todas suas coisas ali mesmo, pois logo voltaria de novo e foi em direção à sala de instrumentos de corda.

Chegando perto, pôde ouvir — ainda que baixo — o professor Jean cantando em demonstração e não conseguiu evitar ficar impressionado com a voz harmônica que ele tinha. Não estavam exagerando quando disseram que sua voz era linda, não, linda ainda era apelido. Alexy sentiu sua respiração engatar e ficou boquiaberto, sem saber como reagir, ele tinha talento para ser um cantor muito famoso!

Estava tão abismado que nem percebeu quando a canção parou e quando Jean foi sair da sala, deu de cara com Alexy e ambos se assustaram.

— Me desculpe, eu terminei a aula mais cedo, então vim. — Disse Alexy sentindo um blush vermelho surgir nas suas bochechas e teve vontade de se esconder em qualquer lugar.

— Não tem problema. — Respondeu o maior, parecendo forçar a voz mais uma vez.

— Sua voz... — Alexy não encontrava palavras, então engoliu em seco. — Sua voz é maravilhosa, Jean. — Terminou a sentença, impressionado.

Jean não respondeu nada e apenas abriu um sorriso miúdo, parecia carregado de pesar e Alexy se perguntou o que teria acontecido com aquele homem, mas também podia notar um brilho peculiar nos orbes do rapaz.

— Venha comigo, eu sei um lugar para almoçar. — Afirmou após parecer ter saído do transe.

— Mas não almoçamos na sala dos professores?

— Geralmente. — Respondeu Alexy abafando uma risada. — Mas você não quer ir lá agora, acredite em mim.

O professor mais alto pareceu se lembrar de toda a popularidade de manhã e estremeceu com a possibilidade de ter vários outros adultos lhe fazendo perguntas cada vez mais íntimas e acabou concordando com o jovem. Alexy o levou até o pátio, necessariamente atrás da escola onde havia um banco em baixo de uma enorme mangueira. O jovem professor sentou-se ali e bateu no assento ao seu lado, convidando Jean para se sentar.

— Aqui parece ser lugar onde os alunos ficam. — Observou Jean e foi a primeira vez que o homem iniciava alguma conversa.

— A diretora os proibiu de vir aqui. — Explicou Alexy tirando seu sanduíche natural do plástico e dando uma mordida. Só quando o alimento estava descendo pela sua garganta que sentiu o quanto estava com fome.

— Por quê? — Perguntou o outro intrigado.

— Porque eles vinham aqui para namorar. — Respondeu Alexy dando uma risada.

Jean também abriu a vasilha de trouxe e havia uma omelete lá dentro, que começou a comer, enquanto conversava com o seu novo colega de trabalho.

— Então, me diga. — Começou Alexy. — O que achou de dar aula pela primeira vez? — Questionou.

— Muito bom. Estar em contato com as crianças me revigorou, sinto que eu devia ter tentado essa profissão há muito tempo. — Respondeu entusiasmado, mas só no final que sua voz vacilou um pouco e o seu olhar caiu.

Alexy sentia algo estranho quando estava perto daquele professor. Algo como um déjà vu, como se o conhecesse algum lugar. Será que ele estudou na mesma universidade com ele ou alguma vez na sua vida cruzou seu caminho? Ele não conseguia se lembrar, por mais que tentasse. Talvez algum dia o viu aleatoriamente na rua e agora estava se lembrando.

— Soube que cantava em Vienna. Você é austríaco? — Continuou o assunto, tentando ignorar aquela sensação.

— Não. Eu viajei para lá apenas para seguir carreira, sempre vivi aqui na França. — Respondeu.

Bem, isso tornava a alternativa de que eles se cruzaram em algum momento da vida mais viável, embora Alexy não quisesse se tornar mais neurótico com isso, tinha tanta coisa para fazer e pensar do que se lembrar de um homem que nem conhece.

— Você me conhece, Jean? — Perguntou Alexy, não conseguindo resistir a curiosidade. — Porque eu sinto que já te conheço.

Jean hesitou por vários minutos, isso foi praticamente uma confirmação.

— Jean? — Chamou o jovem de cabelos azuis, intrigado.

— Você quer passear comigo depois da aula?

Alexy achou bastante estranho o professor desviar do assunto de maneira tão abrupta, mas apenas assentiu com a cabeça. Talvez seja melhor esquecer isso mesmo, se o outro não queria entrar nesse assunto, não teria por que também entrar. Um colega de classe na faculdade que ele não se lembra, só pode ser.

Ambos continuaram conversando sobre coisas aleatórias e a maioria das vezes era Alexy ensinando as regras da escola e também dando dicas de aulas, uma vez que Jean nunca lecionou antes. Quando o sinal tocou, cada um voltou para a sua sala.

O resto do dia passou normalmente e até bastante rápido para uma segunda-feira. Na concepção de Alexy, as segundas eram os dias mais demorados da semana, talvez porque ele ficasse muito cansado, mas hoje se sentia animado até mesmo nesse dia. Essa coisa toda do novo professor havia dado uma adrenalina a mais no seu dia, por assim dizer.

Foi uma surpresa quando o último sinal tocou, porque a aula passou voando. Recolheu as suas coisas e apena passou na sala dos professores antes de esquecer os papéis novamente, recebeu alguns olhares mortais de professoras e ele sabia muito bem que era por causa do novo professor. Alexy apenas sorriu provocante para as duas e saiu em direção ao pátio da escola.

Ao chegar lá, seus olhos percorreram todos os lugares em busca de Jean, só que era bastante difícil com a crescente massa de pais e alunos ali. Estava tão distraído procurando o professor que gritou alto quando Kentin pulou bem na sua frente.

— Puta merda! — Exclamou em um tom baixo, dando um tapa de leve no ombro do amigo, que caiu na gargalhada. — Assim você me mata de susto. — Disse indignado, mas Kentin parecia que ria cada vez mais.

— Desculpe-me, eu não resisti. — Afirmou enquanto limpava uma lágrima no canto do olho. — Você parecia tão distraído, está procurando o Armin? — Perguntou ainda com um resquício de risada na sua voz.

— Não, eu não vou com ele hoje. — Respondeu Alexy com um sorriso por estar perto do Kentin novamente. O policial automaticamente o fazia se sentir bem.

— Sério? Se quiser, eu posso te dar uma carona. — Disse carinhosamente.

— Não é isso. Eu não vou para casa agora, vou sair com um amigo. — Explicou o jovem apontando para Jean que estava encostado na grade longe da multidão. Há alguns minutos havia o localizado.

Kentin se virou para ver onde ele apontava, em seguida voltou sua cabeça para frente com um olhar confuso e também um brilho nos olhos que ele não sabia distinguir o que é.

— Quem é ele? — Perguntou com um tom estranho.

— É o professor novo. Ele me chamou para sair e achei que seria divertido conversar com alguém da minha área.

O moreno engatou uma respiração presa e depois acelerada, ficou alguns minutos com os olhos para os seus pés e pensando alguma coisa. Alexy estranhou isso demais, pois Kentin parecia abrir a boca várias vezes para falar, mas então fechava.

— Entendo... — Murmurou em um tom um pouco inseguro. — Tome cuidado, viu? — Pediu levemente entristecido.

— Ei, eu vou, okay? Qualquer coisa eu te ligo. — Alexy deu um tapa amigável no ombro do amado, na esperança que ele se animasse um pouco. Era estranho que toda a animação sumiu de uma hora para outra.

Kentin pareceu se sentir melhor com isso, uma vez que abriu um sorriso um pouco aliviado e finalmente levantou o olhar para encarar os rosados de Alexy.

— Posso te ligar hoje a noite? — Pediu ainda parecendo inseguro.

— Claro que sim! — Exclamou Alexy animado.

O jovem ainda deu um beijo na bochecha do amigo antes de despedir dele e ir em direção ao Jean, pois não queria deixá-lo esperando por muito tempo. Ao se aproximar, percebeu que o próprio rapaz estava um pouco distraído, pensando. Então tocou levemente o ombro do colega.

— Desculpe te deixar plantado. Apareceu um amigo. — Explicou Alexy um pouco constrangido, mas Jean sorriu para demonstrar que estava tudo bem.

— Eu não tenho pressa. — Respondeu suavemente antes de começar a andar.

Ambos foram até o parque que Alexy passava quando ia a pé conversando sobre os diversos assuntos possíveis, mas a maioria deles era sobre música, algo que eles tinham muito em comum. Eles pararam em uma ponte de pedra construída em cima de um riacho e ficaram observando os peixes nadarem.

— Você é um homem tão culto, Jean. Mesmo sendo tão jovem. — Disse Alexy admirado. — Mas por que me chamou para sair justamente quando lhe fiz aquela pergunta? — Não queria bater na tecla mais uma vez, mas não pôde resistir.

O mais alto parecia ter voltado a realidade do motivo daquele passeio e ficou sério por um momento. Vários minutos em silêncio absoluto, o professor parecia que debatia consigo mesmo se valia a pena contar a verdade ou não, no final, o sim venceu.

— Eu preciso te contar... Quero dizer, mostrar uma coisa. — Respondeu nervosamente.

Alexy não entendeu isso a princípio, mas ficou praticamente imóvel quando o rapaz tirou seus óculos e os deixou no corrimão da ponte. Em seguida, segurou sua pálpebra inferior com um dedo e o outro tocou seu olho, o professor achou aquilo bem estranho, quando se deu conta que era uma lente de contato. Esperou ele tirar a outra e prendeu a respiração.

Tudo estava claro agora que via seus olhos e se questionou como não havia descoberto antes, mas várias outras perguntas passavam pela sua mente além daquela. É como se ele ficassem em choque por vários minutos antes de falar.

— L-Lysandre?


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Notas finais do capítulo

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