Seria egoísmo te pedir que entre, nesse labirinto, comigo?

Sei que vais chorar, assim como eu. Algumas palavras serão como espadas apontadas ao peito, querido, e vão rasgar a nossa carne, feridas profundas ficarão abertas. Nossos joelhos encontrarão o chão. Nossas vozes serão gritos no vácuo. Nossa indiferença será tão sólida, poderemos senti-la nos tragar.

Mas o meu toque será o mesmo. A ansiedade vai doer quando estiver, sozinha, te esperando, no fim da noite. O alívio, ao ouvir a porta abrir, será gracioso. Meu coração se agitará ao te sentir deitar ao meu lado. O roçar da sua pele na minha será gratificante. Sua voz embargada de sono me fará ter paz. E, quando seus olhos estiverem fixos nos meus, saberei que o meu amor, por ti, renasce todos os dias.

Não tenho muito a te oferecer, senão o amor tangente, que me impulsiona. Esse amor que vai te ferir, mas que cuidará de cada uma das tuas feridas. Que vai te afastar, mas que, em seguida, suplicará pelo teu toque. Que gritará, com todo o ar dos pulmões, o quanto te ama, mas que, algumas vezes, vai apenas escrever versos bobos...

Impulsivo. Destruidor. Louco. Inconsequente. Eu sei.

Peço tanto e, ao mesmo tempo, nada. Mas que seja tu a me estender a mão, nesse labirinto intitulado vida. Porque se não for a tua mão, deixe-me cair no abismo, meu bem...