Clã Bennett 1865, Reino dos Bruxos.

Faltava pouco para o sol surgir sobre as montanhas do norte, as quais todos conheciam como a grande protetora da magia nascida no pequeno reino, poucos sabiam que a grande fonte do poder não era a montanha, mas sim a sua própria guardiã. O reino era envolvido pela a natureza às suas margens, nenhum ser sobrenatural existente conseguira romper o enorme poder de proteção e invisibilidade que a rainha lançara ao redor de seu reino. Porém algo a perturbava durante semanas, e devido a isso convocou uma reunião com o seu clã de bruxos para tentar resolver o grande problema que estava por vim.

— Não entendo — questionou Patrick, um homem alto com cabelos negros e pele bronzeada — Você é a mais poderosa de todos Emily, pode muito bem proteger a si mesma.

— Patrick, já está decidido.

— Emily, concordo com ele — suspirou a anciã Marie — Você não sabe se isso realmente irá acontecer!

— Nunca duvide das minhas visões, vocês dois mais que ninguém sabem que elas sempre acontecem.

— E você acha mesmo que vou acreditar que uma descendente sua irá ser mais forte que você? Você é a nossa criadora, ninguém nunca irá se tornar algo mais forte que você, nem mesmo seus próprios filhos conseguiram!

— Pois tratem de acreditar, vocês dois cuidarão dela até que tenha força o suficiente para se proteger.

A rainha Bennett levantou-se de sua mesa encarando cada pessoa a sua frente os intimando a fazer o mesmo que ela, confirmou que todos estavam prontos e assim começou o feitiço.

— "Ignem enim sanctum protegam postremus Bennett semine sanguinis. Igne proprio peperit, puro corde et fortis personalitatem, malum probabo disperdam illud sed patrocinio naturae. Et erit dux fortissimus omnium reginae sint. Thronum Herdera illa et malum quiescam.
O santo fogo protegerá o último descendente do sangue Bennett. Esse mesmo nascerá do próprio fogo, com o coração puro e a personalidade forte, o mal vai tentar destruí-la, mas com a proteção da natureza, será a mais forte de todos os seres do universo e a rainha do clã se tornará. O trono ela herdará e o mal cessará.

Todos saíram do grande salão que se localizava na parte central do castelo, deixando somente a Rainha e uma de suas criadas a sós.

— Eu sei que algo mais a perturba majestade — falou Lucy.

— E você está certa minha amiga, sinto que mesmo com esse feitiço poderoso ela estará em perigo.

— Você tem certeza de que não estará conosco quando isso acontecer?

— Infelizmente sim, não poderei protegê-la, minha visão estava bastante clara de tudo que irá acontecer.

Clã dos Bennett’s, 113 anos depois, Witch Village.

Uma jovem de pele caramelo e olhos verdes-esmeraldas caminhava de um lado para o outro em seu pequeno quarto de paredes floridas e decorações que transmitiam calma e delicadeza.

— Bonnie, você ainda não arrumou suas coisas?

— Estou cansada de a cada semana está em um lugar diferente, eu nunca consigo fazer amigos, tenho dezessete anos e as únicas pessoas a qual converso são vocês.

— Já te explicamos o por que...

— Eu sei! Não precisa repetir, só quero ter uma vida de uma adolescente comum — suspirou jogando-se em sua cama — Por que eu tive que ser escolhida para ser uma bruxa? Não podia ter sido qualquer outro feto?

— Querida, você foi escolhida muito antes de ser um feto — caminhou em direção a jovem, sentando-se ao seu lado — Tudo o que fazemos é para o seu próprio bem, quando você estiver pronta poderá conhecer o mundo, se quiser.

— E quando estarei pronta? Meus poderes nem apareceram da forma como vocês desejam, mal consigo levantar ou fazer alguém ter dores fortes em sua cabeça.

— Você ainda não se aceitou, quando finalmente aceitar quem realmente é, o seu poder florescerá como um fogo.

No andar de baixo Patrick e Lucy analisavam o pequeno mapa exposto sobre a mesa redonda, suas expressões estavam sérias.

— Já estamos fazendo isso à anos, todos os lugares a qual poderíamos esconde-la já foram utilizados, não acha melhor mantermos ela junto aos humanos? — Lucy perguntou com a voz preocupada.

— Não, a Emily disse que devemos mantê-la escondida onde a magia do nosso clã se localiza.

— E não podemos simplesmente lançar um feitiço em uma casa qualquer na vila mais longe do território Vampiro?

— Você sabe que não podemos fazer isso, Lucy — Sheila respondeu calmamente adentrando na enorme sala denominada de escritório — Se usarmos magia desse tipo tudo o que fizemos durante todos esses anos será jogado no lixo.

— Mas vocês não percebem que ela só anda triste? Como vocês querem que ela sinta-se bem em usar magia, se ela não está feliz com a própria vida? — sentou-se na cadeira irritada — Ela passou a vida toda treinando seus poderes e seu físico, ela mal chegou a conhecer pessoas novas, Bonnie só tem 17 anos e como qualquer outro adolescente comum ela só quer se divertir!

Sheila pegou seu grimório folheando cada página dele, parou em uma que continha diversificados tipos de símbolos e somente um feitiço, os dois bruxos mais velhos a olhava com curiosidade enquanto a mesma lia o feitiço calmamente.

— Lucy está certa — cortou o silêncio, chamando a atenção dos dois — Precisamos dela forte, caso o contrário a visão acontecerá antes que esteja pronta para enfrentar todos os males e proteger a si mesma.

— Você está me dizendo que passará por cima da ordem da sua mãe para realizar o desejo de uma garota mimada?

— Patrick, ela não é mimada — respirou fundo — Desde que ela nasceu fizemos de tudo para que ela conseguisse usar seus poderes, mas nada adiantou, acho que chegou a hora de mudarmos as táticas. Minha mãe não conheceu a Bonnie para impor suas ordens, mas nós a conhecemos e farei o possível para proteger minha neta!

— O que faremos? — Lucy perguntou.

— Bom, ela está protegida pelo feitiço que fizemos anos atrás, ela poderá usar seus poderes tranquilamente sem ninguém perceber que ela é uma Bennett — olhou mais uma vez para o livro — O que aconselho é utilizarmos um amuleto de localização, todo lugar que ela for saberemos onde estará e sempre que estiver em perigo ou precisar usar seus poderes nós iremos receber alertas e Patrick — apontou para o homem — Você a vigiará a distancia.

— O que? Agora vou ter que cuidar de uma pirralha?

— Patrick, sabemos que você gosta dela — sorriu Lucy — você só fala isso porque tem medo de se relacionar por muito tempo com qualquer pessoa.

— Sou um bruxo de 209 anos e graças a magia continuo muito bem conservado, você acha mesmo que quero perder meu tempo cuidando de uma pirralha quando eu posso ter milhares de mulheres ao meu lado? — bufou.

— Vocês homens são tão asquerosos!

— Não somos asquerosos, só gostamos de viver ao contrário de vocês que só sabem fazer as mesmas coisas vinte e quatro horas por dia.

— Vou deixar vocês dois com suas discussões casuais e vou avisar a Bonnie sobre as novas noticias — falou Sheila saindo do escritório.

A morena terminava de arrumar sua mala enquanto ouvia músicas em seu celular, movimentava seu corpo ao ritmo da música quando sentiu um pressentimento de que estava sendo vigiada. Caminhou até a janela procurando por algum rastro de evidências, porém só conseguiu encontrar um corvo negro apoiado nos galhos das arvores em frente ao seu quarto. Sorriu para o pássaro esticando seus braços para tentar acaricia-lo.

— Bonnie!! — uma voz gritou fazendo a morena virar-se imediatamente para a voz autoritária de sua avó — Tentando fugir de novo?

— O que?... Não, só estava... hm... — encarou a árvore novamente procurando pelo corvo agora desaparecido — Só estava observando a natureza — suspirou.

— Sei... — arqueou uma de suas sobrancelhas — Bom, tenho uma ótima noticia para você — sorriu sentando-se na cama.

— Vamos para a casa de praia? — seus olhos brilhavam.

— Não, já fomos pra lá. Achamos uma forma de você poder se socializar, sem ficar em perigo.

— Jura? — gritou aos pulos — Não acredito!!

— Calma! Deixa eu explicar — esperou que sua neta se acalmasse e proceguiu — farei um feitiço em um amuleto...

A bruxa mais velha contou calmamente sobre a ideia do amuleto, ditando todas as regras necessárias para a jovem bruxa continuar protegida. Assim que terminou de falar Sheila dirigiu-se ao escritório preparando o grimório sobre a mesa junto ao amuleto prateado com flores e pequenas esmeraldas, o colocou em cima do pequeno livro e logo pingou o sangue de Bonnie sobre o mesmo.

— Fes Matos Tribum, Nas Ex Verase et summa ope E maleficus monitionem naturam! — observou o sangue da jovem bruxa cessar sobre o amuleto prateado — Está feito.

— Você tem certeza de que quer fazer isso? — perguntou Abbie com a voz preocupada.

— É pela Bonnie querida.

— Eu sei mama, mas e se não der certo? O que vai acontecer com minha filha?

— Vai dá certo, caso contrário nem mesmo o feitiço antigo conseguirá a proteger.

Clã dos Bennett’s, 113 anos depois, Lockwood Village.

— Recebemos uma mensagem da rainha Bennett — o servo adentrou ao escritório com uma carta em sua mão.

— E o que dizia a carta? — perguntou o mais velho do clã.

— “As regras mudaram, Bonnie não viverá mais isolada pelo os esconderijos do clã Bennett espalhados pelo mundo. Ela está livre para socializar-se à pessoas, sei que ficaram preocupados, mas ela é a Escolhida e com esse título vem grandes responsabilidades, se continuarmos a tratar da forma que a tratamos ela nunca conseguirá de fato expor todo o poder que encontra em seu interior, a única ordem agora é que a vigiem. Atenciosamente, Sheila Bennett” — encarou o líder ao terminar de ler.

— Espero que Sheila esteja certa do que está fazendo — respondeu o líder após segundos em um silêncio pensativo — Mas no momento temos problemas maiores para resolver.

O homem de altura média com barbas brancas e pele clara caminhou tenso pelo estreito corredor escuro, visualizou a imagem de uma porta rústica abrindo a mesma quase de imediato. Já dentro da pequena sala escura iluminada somente por uma pequena luz central, não demonstrava estar tenso, estava a frente de um monstro preso por correntes repletos de verbena e com isso mostrava da melhor forma possível superioridade, seu rosto antes passivo agora estava frio.

A visão a sua frente deixou seu interior angustiado, os olhos do monstro não estava como de costume, completamente escuro, a íris de seu olhar brilhava em um mel amarelado intenso e suas veias sanguíneas mais visíveis que o normal ao redor de seus olhos, não só os caninos superiores estavam maiores quanto os inferiores também estavam. Isso tudo o fez temer pelo que estava por vim.

— Ok, eu não sou tão bonzinho quanto meus parceiros — apontou com a cabeça para os dois homens parados no canto da sala — Então é melhor você dizer de onde vem, graças a sua aura e a esses malditos caninos sei que você é um vampiro, porém sinto algo além disso — aproximou-se do homem acorrentado e segurou em seu pescoço — sinto como se você também fosse um lobo.

— É claro que sou um lobo seu idiota! — o líder apertou ainda mais o pescoço do vampiro.

— Ok, sei que você também é um híbrido — falou irritado — mas o que diabos vocês estão fazendo no norte? A família Mikaelson encontra-se no outro lado do mundo.

— Vocês Bennett são uns imbecis mesmo — falou rindo — A família Salvatore e a família Mikaelson trabalham juntos agora! — gargalhou.

— Impossível! — disse friamente — Emily lançou um feitiço poderoso para impedir de que qualquer um da família Mikaelson colocasse os pés ao norte.

— Sinto em lhe dizer, mas existe uma bruxa mais poderosa do que essa tal de Emily — ironizou — ela quebrou todos os feitiços lançados pela a rainha de vocês.

Soltou calmamente o pescoço do híbrido e sem pensar arrancou a cabeça do mesmo em segundos. Ele estava com raiva, perguntava a si mesmo se Emily errara sobre a visão e ao invés da “bruxa poderosa” ser uma Bennett ela acabar sendo uma aliada dos vampiros.

— Merda! — exclamou.