So Cold - One Shot escrita por Lady Rogers Stark


Capítulo 1
So Cold - One Shot.


Notas iniciais do capítulo

Olá, fico muito feliz que tenha escolhido So Cold para ler. Espero que goste e tenha uma boa leitura. Depois sinta-se a vontade para me dizer o que achou por meio dos reviews. Enfim... Sem mais delongas, boa leitura e a gente se vê nas notais finais!



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So Cold

-Thor, por favor, fique. Eu preciso de você – suplicou Jane segurando o braço do amado, impedindo que ele fosse.

-Eu preciso ir Jane, os guerreiros me esperam para comemorar – respondeu o deus ignorando a amada. Jane piscou algumas vezes tentando acreditar no que ele havia dito. Não era raro ele disser uma coisa daquelas, mas não era algo fácil de acreditar e aceitar.

-A dias que você não dorme em nossa cama, estou começando a desconfiar...

-Como ousas desconfiar de minha lealdade a você? A nós? – questiona o loiro puxando o braço dela com força visivelmente nervoso. Thor havia puxado Jane para mais perto, a centímetros do rosto dela, e a morena se assustou.

-Não foi minha intenção... – disse Jane fechando os olhos, o loiro a soltou e ela sentou na cama bagunçada somente de um lado. Colocou as mãos sobre o colo e abaixou a cabeça com uma cortina de cabelos castanhos tampando seu rosto escorrendo lágrimas – Eu só sinto a sua falta.

Thor suspirou cansado e impaciente, ergueu o queixo da antiga cientista, com um leve sorriso no rosto, acariciou sua bochecha num carinho rápido e um pouco bruto.

-Eu volto, prometo – beijou rapidamente nos lábios da morena e saiu batendo a porta do quarto deixando Jane sozinha, novamente.

Fazia cinco anos que ela havia decidido sair de Midgard, casar e morar em Asgard, com seu amado Thor, mas as coisas não estavam indo bem entre os dois, o casal mais amado de toda Asgard. A ausência de Thor várias noites seguidas despertava a desconfiança de Jane, que desconfiava que ele tinha uma amante. Ela se achava fraca e muito inferior as mulheres de Asgard, eram altas, belas e inteligentes, não que ela não fosse, mas elas espertas em assuntos do interesse de Thor, como as guerras e a história de Asgard, além de algumas serem guerreiras como a Lady Sif.

A morena olhou pela janela, esperando uma esperança de ser feliz novamente, pois a felicidade ali estava rara e rarefeita. Deitou sobre a cama sentindo o frio do travesseiro e observando o lado em que deveria estar o corpo de Thor, mas não estava, nunca estava. Ele simplesmente saía, se divertia e só voltava de manhã, sem ao menos passar no quarto do casal.

Jane se deitou de bruços e começou a chorar novamente, dessa vez, silenciosamente, como sempre fazia. Apesar das paredes grossas e a porta pesada, tinha medo de alguém escutar seu choro, mas o que ela não sabia, e não queria, que tinha uma pessoa que sabia, uma única pessoa, e que sentia pena dela, quem ela menos desconfiava, Loki, o príncipe perdoado por seus crimes, estava de volta a corte de Asgard.

O moço ouviu e ficou próximo a porta, cerca de cinco metros de distância, sentado numa cadeira que ele pediu aos empregados para que colocasse ali, com a desculpa que era um ótimo lugar para ler, mas pouco ligaram para isso. Respirou fundo e desejou mais do que tudo, abrir a porta e consolar aquela mulher tão desesperada por amor.

A relação dos dois era pacifica, não eram mais do que apenas parentes, nem chegavam a ser amigos, apenas parentes, se cumprimentavam quando se encontravam pelos corredores ou na biblioteca, onde os dois passavam a maior parte do tempo. Loki não entendia o porquê de toda aquela preocupação que sentia perante a mulher de seu irmão. Eram problemas entre marido e mulher, ele não devia se meter, mas era o que ele mais queria. Por mais que odiasse midgardianos, ele não a odiava, podia até se dizer que se fosse asgardiana, teria acontecido alguma coisa entre os dois, ela era o tipo dele.

-Calma Jane, isso vai passar, isso é só uma fase, acredite – Jane sussurrou a si mesma, mesmo sabendo que era mentira, e Loki também sabia que era. O moreno suspirou ao ouvir.

-Se separe dele Jane, isso é melhor para você, acredite – disse Loki como se ela pudesse ouvi-lo. Soltando um longo suspiro e apoiando a cabeça nas mãos sobre os joelhos, ele quase levantou e foi até a porta, novamente, mas falhou, mais uma vez – Burro, você não tem nada a ver com isso – ele murmurou para si mesmo, se pondo de pé, e caminhando com as mãos nos bolsos, mas antes, com uma olhada sobre o ombro para a porta do quarto dela, suspirou e voltou a andar para qualquer lugar.

Jane se virou de lado, de costas para a outra metade da cama, e suspirou, enxugou as lágrimas e foi ao banheiro, lavou o rosto e se olhou no espelho, pele branca e enormes olheiras debaixo dos olhos, olhos inchados com bolsas debaixo dos olhos, uma má alimentação é a causa. Suspirou e deu as costas, vestindo o roupão de seda pura, branco com as beiradas rosa claro, o fechou tampando o pijama que usava. Deixou o quarto caminhando até a cozinha. Já passava das dez da noite, o castelo estava quase vazio, exceto por alguns guardas, que apesar da pesada armadura de metal, eram silenciosos.

Vislumbrou as elegantes luas no céu, coberto de estrelas, fazendo uma paisagem perfeita. Respirando fundo quando lembranças a atingiram em cheio. Lembrou de quando ela e Thor deitaram sobre as estrelas, ainda em Midgard, e ele lhe contou sobre os mundos que existiam, todos ligados pela imensa árvore de Yggdrasil. Havia contado também sobre sua família e amigos, e ficou fascinada por todos eles, desejando conhece-los. A pequena mulher fechou os olhos, sabia que iria chorar, mas não gostava de demonstrar esse tipo de sentimentos a desconhecidos, como eram os solados que patrulhavam o castelo.

Finalmente chegando a cozinha, se sentou na cadeira e apoiou os braços sobre a mesa, ambas feitas de madeira de carvalho, retiradas na floresta a leste do castelo. Bateu com os dedos sobre a mesa como uma forma de se distrair, olhando fixamente para a porta, esperando ansiosamente que ele viesse e lhe agarra-se, lhe beijasse e se desculpasse por todos os seus erros, que custavam caro a ela, mas Jane sabia que para aquilo acontecer, só chovendo porcos do céu.

-O que deseja? – perguntou a empregada do castelo sorrindo.

-Um copo de leite morno, por favor – ela pediu, a empregada assentiu e voltou para a cozinha.

A moça ouviu passos e olhou para trás, vendo Loki andar até ela.

-Incomodo? – perguntou educadamente e cordial.

-Claro que não – respondeu meio nervosa. Era a primeira vez que ele vinha falar com ela.

O príncipe se sentou na cadeira de frente para a dela e Jane se sentiu acanhada perante ele. Era assim que a maioria das pessoas se sentia perto dele, uma pessoa que já fez tantas coisas incríveis e ruins, que pensavam que podia mata-los com um piscar de olhos ou um estalar de dedos.

-Então... Como vai? – perguntou também meio sem jeito, não que estivesse tímido ou intimidado, mas estava desconfortável e desconcertado.

- Bem, e você? – perguntou ela educadamente com um sorriso nos lábios, agora bem mais nervosa, batendo todos os dedos em sequência sobre a mesa bem mais rápido.

-Bem também – respondeu com um braço sobre o encosto da cadeira, sentado de maneira mais relaxada, mas no fundo, ele estava tenso. Queria muito falar com ela, tentar ajudar, mas não queria que ela soubesse que sabia do clima tenso entre ela e Thor, mas todo mundo no castelo já sabia disso – Bom... É... – ele ia dizendo mais foi interrompido pela empregada que trazia o leite de Jane.

A empregada deixou o copo sobre a mesa e logo saiu.

-O que você ia dizer? – perguntou ela antes de beber um pouco.

-Eu só queria perguntar se você cavalga com frequência – disse ele inventando qualquer coisa de última hora, e se arrependendo imediatamente de ter perguntado justamente isso.

A pergunta pegou Jane de surpresa e sorrindo.

-Não muito, Thor nunca foi muito paciente em me ensinar algumas coisas, cavalgar é uma delas – respondeu - Porque?

-Por que eu queria te levar para cavalgar um pouco – e novamente, ele se arrependeu de dizer alguma coisa. Estava tão nervoso que mal conseguia inventar uma desculpa.

A moça ficou ainda mais surpresa e desconfiou um pouco.

-Mas qual é o motivo do convite? – perguntou curiosa.

-Se não quer, eu vou entender... – ele disse como uma maneira de fugir daquilo.

-Não! – ela o interrompeu um pouco desesperada demais – Eu quero ir – disse ela um pouco mais calma – É que você nunca tinha vindo falar comigo, e do nada me convida para andar de cavalo, apenas é estranho – explica ela.

-Eu entendo. Admito que nunca fomos muito próximos, e grande parte da culpa é minha, mas eu quero mudar isso – confessou. O que de início era uma desculpa, acabou se transformando em uma verdade nunca dita.

Ela sorriu muito feliz e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

-Obrigada – agradeceu e ele assentiu com a cabeça se levantando.

-Agora vou para os meus aposentos, tenha uma boa noite – disse o moreno.

-Espere, eu vou também – disse ela bebendo todo o copo de leite rapidamente.

Loki suspirou sem que ela ouvisse ou percebesse. Não queria ficar muito tempo ao lado dela, mas não podia dizer não.

Os dois se puseram a andar, em silêncio, cada um com seus pensamentos. Ela, obviamente, num certo loiro e o que ele estaria fazendo. E ele, pensando em como poderia fugir de amanhã.

-Então... – ela tentou quebrar o silêncio que permanecia entre os dois. –Você também gosta de ler?

-Aham. – ele confirmou.

-De que tipo de livros?

-Vários, desde histórias antigas, de filosofia, magia também.

-Legal... – disse ainda tímida.

-E você? – perguntou curioso.

-Histórias de guerras – admitiu o surpreendendo – Principalmente aquelas que são reais.

-As não-fictícias?

-Exato – respondeu um pouco animada e olhou para ele – Você não esperava por essa, não é?

-Não mesmo. Achava que seriam romances, ou dramas, mas nunca passou pela minha cabeça que seria de guerras.

Ela riu abaixando a cabeça fazendo o cabelo ficar na frente de seu rosto, e logo voltando a postura normal, ajeitou os fios e sorriu para ele.

Loki sorriu ao ver que conseguiu tirar um sorriso dela, mesmo que por tão pouco.

-A história de Asgard me fascina, todas as vezes que eu descubro alguma coisa, fico ainda mais surpresa – revelou e ele se surpreendeu mais uma vez.

-Me conte mais – pediu interessado.

-Geralmente, sempre começa com um conflito pequeno, tipo brigas entre camponeses de lugares diferentes, e depois aumentando e aumentando, até que se transforma em uma guerra com direito a soldados e tudo. A forma como o seu... Opa, quer dizer...

-Continue – pediu Loki calmo vendo que ela se atrapalhou ao citar o regente de Odin, Borr, o pai do atual rei de Asgard.

Ela respirou fundo e continuou agradecendo mentalmente por ele não ficar nervoso.

-A forma como o rei Borr guiou a guerra, foi simplesmente fantástica! – disse quase eufórica – Os tratados, os acordos, até o posicionamento das tropas, foi tudo muito bem pensado e planejado! E no fim, não foi nada surpreendente que Asgard tenha vencido.

-Você se refere à guerra dos elfos negros? – perguntou cada vez mais fascinado pela aquela pequena mulher e amaldiçoando Thor por maltrata-la tanto.

-Essa mesma!

-Realmente, Borr foi um grande rei, na minha opinião – se aproximou mais dela – Melhor do que Odin – sussurrou a última parte e ela riu baixinho.

Jane respirou fundo e sentiu o aroma do príncipe, uma mistura de menta com canela que inebriou suas narinas.

-Eu acho que os dois estão em pé de igualdade – opinou e ele sorriu.

Logo, eles chegaram à porta do quarto de Jane.

-Tenha uma boa noite Loki, e até amanhã.

-Uma boa noite para você também, até amanhã – se despediu com um aceno de cabeça e virou as costas enquanto ela entrava no quarto.

-Loki! – ela gritou se lembrando de uma coisa – Te encontro aonde e que horas? – perguntou.

-No estábulo, ás nove horas – disse ele e a midgardiana sorriu.

-Encontro você lá! – disse antes de fechar a porta e cair na cama.

Loki foi andando até o quarto calmamente, mergulhado em seus pensamentos, e se arrependendo ainda mais por ter convidado ela para cavalgar.

Na manhã seguinte...

-Bom dia – surpreendeu Loki chegando de surpresa por trás de Jane.

-Que susto! – falou com a mão sobre o peito respirando rapidamente.

-Me desculpe, não pude me segurar – disse risonho. Ela sorriu de lado e ajeitou o cabelo.

-E bom dia – sorriu e acariciou o focinho de um dos cavalos.

-Já escolheu o seu?

-Esperava que você me ajudasse – pediu e deu um cubo de açúcar ao cavalo.

Loki caminhou até o final do estábulo com suas botas de cavalgar, que eram de couro, com uma fivela de ouro e iam até os joelhos. Com uma camisa branca e uma calça verde, a roupa caía muito bem nele, disfarçando sua magreza e valorizavam seus músculos.

-Eu vou ficar com esse aqui – disse acariciando o focinho de um cavalo negro, um puro-sangue, que era seu desde os sete anos. O corcel bufou, contente ao ver o seu dono.

-Ele é lindo... – admirou Jane – Qual o nome dele?

-Osman – revelou Loki.

-Ele está bem contente ao te ver, Loki – observou e Loki assentiu com a cabeça.

-Somos muito próximos. Não ando com outro cavalo, somente com ele. Ele me respeita, e eu respeito ele, simples – O príncipe explicou e Jane sorriu – Mas vamos ao seu cavalo – disse olhando para o estábulo com as mãos na cintura – Acho que a égua Olga vai ser perfeita para você – disse caminhando até a metade do estábulo e mostrando uma égua manchada, com manchas marrons e brancas, com a crina penteada e arrumada, com tranças enfeitando – Ela é bem mansa e pequena, você não vai ter muita dificuldade de subir nela.

Jane se aproximou de Olga encantada por ela, em troca, a égua se aproximou dela e balançou a cabeça movimentando a crina e colocando a cabeça para fora se aproximando de Jane, que deu um passo para trás sorrindo. Acariciou sua cabeça, e Olga lambeu sua mão, Jane riu e continuou.

-Ela é um amor! – disse ainda mais encantada pela égua.

Loki sorriu e respirou fundo. Pegou uma sela e abriu o portão, colocou sobre Olga, ajeitou as rédeas e a puxou para fora e entregou para Jane.

-Espere que eu vou pegar o meu – pediu e foi pegar Osman.

A égua, animada, começou a puxar Jane para fora do estábulo.

-Espere Olga – a moça puxou mais forte, mas ela continuou a puxar a midgardiana que praticamente arrastou Jane para fora.

Logo ela ouviu cavalgadas e um relincho.

-Eu pedi para você esperar – disse Loki já montado em seu cavalo.

-Desculpa! Olga começou a me puxar para fora – explicou tentando puxando novamente a égua para dentro.

Loki assobiou e Olga voltou para dentro imediatamente, sem o auxílio de Jane para guia-la.

-Mas como? – perguntou surpresa e estupefata.

-Meio difícil de explicar – Loki cortou logo a curiosidade, não queria falar sobre isso. Desceu de Osman e terminou de ajeitar a égua – Pronto, pode subir.

Jane respirou fundo e olhou para o que vestia, o vestido que usava era rosa pastel com detalhes em branco, ia até o joelho, calçava botas marrons de couro também até o joelho. Apoiou as mãos na sela e encaixou o pé, e tentou subir, não conseguiu. Tentou pegar impulso com a outra perna, ainda assim, não conseguiu. De repente, sentiu duas mãos em sua cintura e ser levantada para cima com cuidado, conseguiu sentar no cavalo corretamente e encaixou o outro pé.

-Obrigada – ela sorriu e Loki balançou a cabeça.

A esposa de Thor segurou firme nas rédeas, com medo de cair, pois mesmo Olga sendo pequena para uma égua, a queda seria grande do mesmo jeito. O vestido à incomodava, apesar de ser justamente para isso, ele era mais largo perto da bainha, assim, não ameaçando rasgar quando estivesse sentada, apesar de que o indicado era andar de lado, com as duas pernas de um lado só, e não com uma de cada lado como ela estava fazendo.

-Pronta? – perguntou Loki ao lado dela, um pouco mais alto como sempre, pois Osman era bem grande e bem alto.

-Pronta, só espero não cair – ela disse risonha.

-Não vai, não vou deixar – disse e deu impulso para o cavalo começar a andar. Jane então fez o mesmo e seguiu Loki.

O estábulo ficava perto da floresta, uma floresta grande, com árvores de todos os tipos, desde cerejeiras até carvalhos, algumas até tinham propriedades mágicas que eram frequentemente usadas pelo príncipe, por isso leva-la à floresta não era uma má ideia pois ele sabia os caminhos e não se perdia.

Poucas pessoas passavam por lá, as que iam eram soldados e responsáveis pelos cuidados aos cavalos, e iam mais pela tarde. Loki e Jane cavalgaram devagar por cerca de cinco minutos, com o príncipe de olho nela sempre, pois tinha medo dela fazer alguma coisa e Olga sair galopando na frente, apesar de que ele alcançaria elas facilmente com Osman.

-Loki – Jane o chamou – Você vem sempre aqui?

-Muitas vezes na semana – respondeu lado a lado com ela – Aqui tem muitas frutas e pedras nas quais eu preciso.

-Para mágica?

-Sim – respondeu observando o céu, com inúmeros pássaros voando e sons cada vez mais altos medida que se aproximavam da floresta.

-O que você faz? – perguntou curiosa.

-Coisas muito simples, apenas para não esquecer. Como o feitiço da manipulação da água. Uma técnica ensinada para aprendizes iniciantes.

-Você me ensinaria? – perguntou não muito animada, pois sabia que ele iria negar, mas perguntou por perguntar, mas deixou o rapaz surpreso.

-Você quer aprender? – agora foi a vez de Jane ficar surpresa. Poderia apostar que ele iria negar ensina-la.

-Sempre achei tudo muito interessante, seria legal aprender alguma coisa – respondeu sincera e sorrindo.

Loki respirou fundo vendo que estavam chegando perto da entrada da floresta.

-Tem uma lagoa, muito especial, vamos até lá e te ensino – respondeu tentando esconder a animação. Jane cada hora que passava o surpreendia cada vez mais.

Jane sorriu e ajeitou o cabelo.

-Obrigada Loki, eu achei que você iria negar.

-Quer que eu negue? – perguntou risonho.

-Se quiser... – brincou também rindo.

-Então considere o pedido negado! – riu e ajeitou os cabelos pretos feito carvão, até mais preto que o próprio pelo do cavalo.

Jane e Loki riram enquanto adentravam na floresta que começava densa, mas que aos poucos iria aumentar o espaço entre as árvores, assim facilitando a cavalgada.

O céu estava limpo de nuvens e azul, com o sol quase em seu pico, proporcionando uma linda paisagem, com feixes de luz do sol escapulindo pelo teto feito de folhas pelas árvores. Um tapete com grama e folhas secas se estendia por toda a extensão da floresta, com um barulho crocante quando pisava no chão.

Jane encostou num galho de uma das árvores e várias folhas e flores caíram no seu colo. Ela riu e sentiu o cheiro de uma delas. Eram laranjas, muito parecidas com lírios, mas com pétalas menores e mais numerosas.

-Flores do pé-de-cumé – respondeu Loki reconhecendo as flores.

-São lindas! – respondeu Jane inebriada pelo cheiro delas.

-Isso eu tenho que concordar – disse baixinho e pegando uma flor das árvores e a analisando com cuidado.

A moça ficou surpresa pela delicadeza em que Loki segurava a flor e a atenção que tinha com ela. O rapaz guardou a flor dentro da bolsa da cela e adiantou o passo com Osman, e Jane o acompanhou.

-Existem muitos tipos aqui – a moça observou e Loki concordou. Haviam de todos os tipos e cores, desde brancas até vermelhas além das rosas vermelhas famosas em Midgard.

-Existem sim. Essa floresta é muito cuidada pelas ninfas.

-Você já viu uma?

-Não, são muito poucas e se transformam em árvores e arbustos assim que uma pessoa aparece.

-E como elas são exatamente? – perguntou ela como uma criança com curiosidade.

-Muitos dizem que são parecidas com fadas, outros que dizem que a pele é transparente, como água, e que não se transformam, apenas fogem e não conseguimos vê-las por causa de sua transparência.

-Então são muitos mitos e muitas histórias... Aposto que deve ter várias pessoas com histórias de que viu uma.

-E de fato, muitas pessoas juram que a viram. Uma vez, eu estava em um bar, e um homem contava com orgulho que viu uma e passou a noite com ela. O homem tinha fortes indícios de cachimbo demais na cara – respondeu Loki pegando uma fruta de uma árvore e retirando sua casca.

Era uma tangina, muito parecida com a tangerina, mas era mais doce e menor, quase como uma cereja. Era rosa e sua casca vermelha. Seu gosto e cheiro era facilmente confundido com uma blueberry de tão parecidos que eram. O moço jogou uma para Jane que a pegou e a analisou.

-Nunca vi essa fruta – respondeu.

-Experimente – respondeu pegando mais a medida que andavam com seus cavalos.

Jane, meio receosa, retirou a casca e colocou na boca, e com um sorriso, se maravilhou com o sabor dela. Era muito doce, tanto quanto manga. Sua textura era macia e levemente gelatinosa.

-É deliciosa! – falou ainda mastigando.

Loki riu e deu mais para ela.

-Eu como desde que era menino.

-Me lembra muito blueberry – disse retirando a casca de uma delas e a comendo.

-Nunca ouvi falar.

-São azuis, muito parecidas com uvas, só na aparência, mas o gosto é totalmente diferente.

-Entendi – disse assentindo com a cabeça.

Jane conseguiu apanhar um punhado delas e comeu todas elas por todo o percurso até a lagoa.

Chegando lá, Jane desceu da égua sentindo suas pernas doerem por todo o percurso.

-Estão doendo? – perguntou Loki com um sorriso risonho pela maneira como ela estava, com os braços apoiados no joelho respirando fundo.

Jane se ergueu e assentiu com a cabeça disfarçando uma careta de dor.

-Sente-se naquela pedra um pouco, descanse enquanto arrumo.

-Arrumar o quê? – perguntou enquanto o observava amarrar as rédeas dos cavalos num forte galho de uma árvore próxima.

-O lanche oras! – disse retirando por detrás da árvore onde havia amarrado os cavalos, uma cesta redonda.

-Um piquenique? - perguntou surpresa pela ideia dele.

-Eu não sei o que é isso, mas eu acho que é – respondeu colocando no chão de grama e retirou um lençol branco de dentro da cesta e o estendeu no chão.

-Um piquenique é um lanche feito ao ar-livre na Terra – respondeu ela e ele assentiu.

Loki se ajoelhou no lençol e retirou maravilhas de dentro, desde pães e geleias até pedaços de tortas e sucos.

A moça se levantou, ajeitou a saia do vestido e se sentou no lençol retirando logo um morango do pequeno pote.

-Eu ainda não sei como você retirou a cesta daquela árvore, mas não importa, essa foi a melhor ideia que eu já vi! – disse Jane mordendo o morango – Obrigada – sorriu e Loki retribuiu.

O moço não havia feito nada daquilo para entretenimento próprio, e sim porque queria ver Jane sorrindo, como estava o dia inteiro.

-Não precisa agradecer, é muito boa a sua companhia Lady Jane – disse se sentando ao seu lado e fazendo uma leve reverência para rir logo em seguida

-A sua companhia também não é nada ruim príncipe Loki – retribuiu a reverência e riu também.

A moça tentou pegar mais um morango, mas o deus não deixou pegando o pote.

-Experimente a Glú – apontou para uma fruta muito gelatinosa e verde.

-Porque? Eu amo morangos! – reclamou e ele revirou os olhos.

-Experimente, é boa, eu juro – pediu fechando o pote de morangos e lhe empurrando aquela fruta tão esquisita.

-Se não for, você vai se ver comigo – ameaçou fazendo o moço explodir em risadas – O que foi? Eu consigo, tá? – disse rindo um pouco também.

-Você? Conseguir me atacar? É mais fácil o ouro derreter à luz do sol! – comparou fazendo Jane rir também – Agora coma – pediu e ela reclamou.

Com a ponta dos dedos, pegou uma e a observou, quase escapulindo dos dedos, e a colocou na boca, primeiro sentindo sua textura parecendo algo gosmento, e depois seu sabor explodir em sua boca. A fruta era deliciosa, mais do que a tangina, muito mais. Era doce, com leves pitadas cítricas, deixando a experiência ainda mais prazerosa para quem comesse.

Jane arregalou os olhos e pegou mais duas e as comeu quase imediatamente.

-Nossa... – disse observando uma, era muito parecida com gelatina de limão, mas só que muito diferente no sabor. Eram pequenas, do tamanho de um dedo mínimo – São deliciosas – completou com uma careta de prazer.

Loki riu e tentou comer uma, mas recebeu um tapa na mão de Jane.

-São minhas! – abraçou o pote e Loki sorriu e tentou pegar novamente para ela esquivar e sua mão pegar o ar.

-Divida! – pediu ele e a moça, relutante, deixou ele pegar uma – Elas viciam mesmo – confirmou enquanto comia.

Jane confirmou com a cabeça comendo mais uma, mas Loki retirou de suas mãos o pote.

-Você vai comer tudo – reclamou ele – Coma outra coisa.

Ela riu e se envergonhou por isso.

-Desculpe... – disse pegando um pão e geleia de morango e passando nele.

-Está perdoada – brincou pegando um biscoito de aveia.

A moça sorriu derramando suco de caju num copo e bebendo em seguida.

As horas seguintes passaram voando para os dois. Conversaram de tudo, sobre suas vidas e problemas sem tocar no conturbado casamento de Jane e Thor. Loki contou algumas de suas aventuras, e problemas em que se meteu com elas. Jane contou um pouco como era a sua vida na Terra antes de Thor e tudo aquilo, e ele ouvia com atenção, se surpreendendo com algumas de suas atitudes, claro que maneira positiva.

Loki estava espantado. Já devia ser a quarta ou quinta vez que se surpreendia com ela. Antes, achava que ela era frágil, uma donzela em perigo que tinha medo até de matar um inseto e que corria de qualquer um que se aproximasse, mas não era nada disso, pelo contrário, não tinha medo nenhum, nem de baratas.

Aos poucos, eles se aproximavam mais, tanto na amizade quanto na distância. Antes, estavam sentados lado a lado, agora, estavam encostados numa pedra observando a água da lagoa cristalina.

-Loki – ela o chamou.

-Diga.

-Tem como nadar na lagoa? Ou ela é muito funda?

-É bem rasa. Porque? Quer nadar nele?

-Se pudesse – disse.

-Fique tranquila, ele é bem raso e quase sem peixes, fique à vontade – disse num suspiro apoiando as mãos por detrás da cabeça.

-Mas só que tem um problema.

-Roupas de banho?

-Sim – confirmou tímida.

-Olhe na minha bolsa, na sela do Osman – pediu e ela se levantou e abriu a bolsa retirando um maiô parecido com os da Terra, com as mesmas cores da flor pé-de-cumé, laranja. Tampava totalmente a barriga e as costas, deixando um decote entre os seios e com um short que ia até a metade das coxas. O tecido era macio e muito parecido com a textura da pétala.

-Como você fez isso? – perguntou espantada com o maiô em mãos.

-Magia, eu simplesmente transformei a flor no traje de banho que vocês usam na Terra – disse de olhos fechados enquanto se aproximava dele.

-E como você sabe como eles são?

-Li alguns livros sobre Midgard – respondeu num suspiro. De repente, sentiu a aproximação dela e seus lábios em sua bochecha deixando um leve beijo o deixando surpreso.

-Obrigada... – respondeu delicadamente e se levantou e foi até os cavalos, onde ele não poderia vê-la – Não olhe! – pediu e ele suspirou.

-Eu prometo que não olharei! – disse e fechou os olhos sentindo a brisa.

Jane sorriu e retirou as botas e o vestido com facilidade e o colocou sobre Olga e logo vestiu o maiô sentindo falta de alguns dos seus biquínis que costumava usar para ir à praia. Conseguiu vestir e gostaria de ter um espelho para ver como ficou, por isso, tentou olhar seu bumbum e viu suas pernas, finas como sempre e revirou os olhos.

-Você está linda – disse Loki olhando por cima do ombro para ela.

-Não me diga que você me viu...

-Não, eu não vi – a cortou – Não precisa se preocupar, eu prometi, não é? – e a moça assentiu.

Jane andou vergonhosamente até o lago, mas faltando alguns metros, correu e pulou fazendo voar água para todo lado, quase atingindo o príncipe.

-A água está incrível! – disse ela animada mergulhando e depois subindo. A água não passava de seu pescoço, com espaço suficiente para mergulhar a vontade.

-Então aproveite! – disse ele voltando a fechar os olhos e descansar.

-Ah! Vamos lá Loki! Venha nadar comigo! – gritou ela e ele negou com a cabeça.

-Estou bem aqui, seco – Jane riu e saiu da água pingando.

-Deixa eu adivinhar – fingiu pensar um momento – Não sabe nadar?

-É claro que eu sei nadar! – ele esclareceu como se aquilo o ofendesse.

-Então me mostre! – disse ela rindo e voltando a mergulhar na água.

Loki se levantou resmungando e retirou a camisa e as botas, ficando somente de calça e correu e pulou água fazendo voar ainda mais do que o pulo da mulher.

-Eu falei! – disse ele retirando água e cabelo dos olhos.

-Parabéns então! – brincou flutuando na água com os braços estendidos.

Ele riu e de repente, Jane é empurrada e afunda.

-Ei! – reclamou ela voltando para a superfície – Isso não é justo!

-Eu não sou muito justo... – brincou e riu em seguida, e logo depois sentiu água em seu rosto, foi Jane que jogou nele.

-Agora estamos quase quites – disse ela dando as costas e mergulhando novamente.

-Porque quase? – perguntou ele curioso e de repente sentiu seu pé ser puxado para trás e afundar.

-Agora sim estamos quites – respondeu ela respirando fundo.

Loki riu retirando novamente água dos olhos e cabelo.

-Você vai pagar... – ameaçou ele rindo.

-Pode vir príncipe! – provocou ela nadando para longe dele.

O moço riu novamente e mergulhou nadando muito mais rápido do que ela.

E assim se passou a tarde, até o sol começar a se pôr no horizonte, quando já era hora de ir para casa. Eles se secaram com toalhas feitas pelas folhas das árvores e guardaram as coisas na cesta, trocaram de roupa e subiram nos cavalos e voltaram a cavalgar de volta para o castelo.

-Loki – Jane o chamou quando estavam no meio do caminho – A gente se esqueceu de uma coisa.

-O quê?

-Você me ensinar sobre manipulação da água e eu de te lembrar.

-Podemos voltar daqui a uma semana, pode ser?

-Claro! Mas porque uma semana? – perguntou ela curiosa.

-Eu vou ter que viajar, amanhã. Eu não te contei?

-Não... – disse ela surpresa e triste ao mesmo tempo.

-Peço desculpas, eu devo ter esquecido – disse ele.

-Tudo bem, eu entendo, a gente se divertiu muito hoje, os problemas simplesmente voam de nossas cabeças, não é? – ela tentou descontrair um pouco.

-Exatamente – ele sorriu de lado. Loki sabia que ela estava triste que ele deveria partir, logo amanhã, mas não queria que ela ficasse com aquilo na cabeça enquanto estivessem na lagoa, queria que ela estivesse com a cabeça leve e vazia de problemas – Mas eu volto, em uma semana, passa rápido – tentou consolá-la.

-Não, está tudo bem mesmo, eu só espero que uma semana passe logo mesmo – disse ela sorrindo.

O moço de cabelos pretos concordou e respirou fundo. Havia tanta coisa para fazer, para pensar, que essa viagem só ia atrasar tudo. E ela ainda teria que ficar presa no castelo todo o tempo.

-Mas para aonde você vai? – perguntou a moça.

- Álfheim – respondeu ele – Preciso resolver problemas nas importações de tecidos que bem de lá, como se isso fosse problema meu.

-Você não precisa né? Pode fazer surgir roupas de folhas de árvores! – brincou ela e ele concordou.

-Exatamente – assentiu e sorriu para ela.

Colocaram os cavalos no estábulo e voltaram juntos ao castelo conversando e rindo, e todos a sua volta estranhando.

-Loki! – gritou uma voz feminina e Frigga se aproximou dos dois – Vocês foram até o lago?

-Sim mãe – respondeu Loki e Jane sorriu.

-Se divertiram? – perguntou ela sorrindo.

-Muito – respondeu Jane.

Frigga olhou para Jane com um olhar especial, como se houvesse alguma coisa que ela quisesse dizer mas não podia.

-Está tudo bem mãe? – Loki percebeu e ficou preocupado.

-Está tudo bem meu filho, vá para o seu quarto e tome um banho, você está com cheiro de grama – reclamou ela e ele riu.

-Tudo bem mãe. Te vejo no jantar Jane – ele sorriu e beijou o dorso de sua mão delicadamente.

-Te vejo lá Loki – disse ela sorrindo e Frigga suspirou.

O moço foi a andar enquanto deixou a rainha e Jane juntas.

-Querida, aconteceu alguma coisa entre vocês? – a mais velha perguntou calma e serena com a mão em seu ombro andando até o quarto dela.

-Não senhora! De maneira alguma! – negou ela, já esperava esse tipo de pergunta.

-Ainda bem – ela disse aliviada.

-Porque? – perguntou estranhando a reação de sua sogra.

Ela respirou fundo e respondeu.

-Thor está te esperando para conversarem quando você chegar no quarto de vocês.

-Thor? Mas ele não tinha saído?

-Voltou mais cedo querida. Se eu fosse você, se preparava para uma discussão. Como eu sou somente a mãe dele e sua sogra, não tem muito o que eu posso fazer para amenizar a situação.

-Obrigada Frigga – ela assentiu com a cabeça.

-Bom, boa sorte – a rainha a abraçou.

-Obrigada – sorriu e voltou a andar até o quarto, e a cada passo que dava, mais nervosa ficava.

-

-Filho? – Frigga bateu na porta do quarto de seu filho adotivo.

-Sim mãe – abriu a porta.

-Posso entrar?

Loki deu espaço e ela entrou agradecendo.

-Você sabe o que fez? – perguntou ela pegando um livro de sua cómoda e o observando.

-O que eu fiz? – perguntou sem entender.

-Você levou uma mulher casada para a floresta, sozinhos, e ainda é a mulher de seu irmão.

-Eu sei, mas Jane precisava de distração.

-Eu sei que ela precisava. Mas ela é a mulher do seu irmão! Você sabe como Thor é.

-Mas ela não é um objeto dele. A senhora sabe como ele está tratando ela?

-E isso não é da sua conta Loki – se aproximou do príncipe deixando o livro no seu lugar. Colocou as mãos nos ombros do filho e o olhou nos olhos – Thor está irado, chegou no castelo perguntando onde estava Jane, eu não podia mentir para o meu próprio filho.

-E ele está no quarto...

-Para onde Jane está indo – completou Frigga – Se quiser ajudar, não deixe Thor machuca-la. Por mais que eu o ame, eu sei que ele faria isso, não deixe.

Loki assentiu com a cabeça e correndo como nunca, foi até o quarto do casal.

-

Jane entrou no quarto e viu tudo revirado, a cama virada, as mesas e cadeiras viradas e quebradas, a estante de livros dela estava caída do chão e os livros jogados no chão, o closet estava completamente desarrumado e algumas coisas suas jogadas no chão.

-Thor? – o medo a dominou e começar a suar frio e suas mãos tremerem.

-Onde você estava? – perguntou ele saindo do banheiro com roupas dela em mãos.

-Eu estava com Loki – respondeu nervosa e piscando freneticamente.

-O que vocês fizeram? – perguntou ele se aproximando perigosamente.

-Só comemos e nadamos na lagoa, somente isso – respondeu já sentindo a respiração pesada dele em sua pele. Ela ficava cada vez mais nervosa e com medo de sua reação.

-Tem certeza de que é somente isso? – perguntou ele a rodeando e observando – Porque sinto o cheiro dele em você?

-Porque nos abraçamos, eu juro, foi somente isso! – disse ela tentando se defender.

-Não acredito em você – disse ele de frente para ela – E o que é isso? – perguntou apontando para o que ela segurava.

Era a bolsa que Loki fez com uma folha de carvalho para que ela pudesse guardar o maiô.

-É uma bolsa que Loki fez para mim com magia.

-E o que tem dentro? – perguntou ele tomando ela de sua mão com violência e a abrindo – O que é isso?

-Um maiô.

-Está molhado – observou.

-Porque eu mergulhei na lagoa.

-E ele também – acrescentou jogando no chão de qualquer jeito –Você me traiu, com o meu irmão – disse ele firme e a olhando com os olhos cerrados.

-Eu não o traí Thor! – gritou e uma lagrima escorreu.

-Seus olhos dizem o contrário – disse caminhando até a porta e a trancando, pois sabia que Loki estava vindo.

-Mas é a verdade! Nós não fizemos nada além de comer e nadar lá! – exclamou e tentou explicar, mas o deus não dava ouvidos para ela.

-A partir de agora, não quero você se encontrando com ele, nem no almoço e nem no jantar – determinou.

-Thor – ela o chamou e limpou as lágrimas nas costas de sua mão – Eu não vou deixar de ver o seu irmão por causa de um ciúmes bobo.

-Eu sou seu marido! – gritou.

-E eu sua esposa! – gritou de volta – Você não dorme em casa a dias! Mal fala comigo já tem mais de uma semana! E ainda me trata muito mal! – despejou tudo o que tinha para falar – E ainda quer que eu me prive da única pessoa que me fez feliz nos últimos tempos? – perguntou entredentes – Não, não irei! Ou você para de ser assim, ou vou continuar o vendo! – disse com uma irá que não sabia de onde tinha vindo.

Thor respirou fundo e deu as costas para ela pegando um papel que estava em cima do único móvel intacto, uma cadeira.

-Você sabe o que é isso, não sabe? – a mostrou.

Era uma carta, uma carta que Darcy havia escrito para ela antes dela partir, era uma coisa muito especial para ela.

-Thor, me dê a carta – pediu ela.

-Vamos fazer o seguinte. Pare de andar com Loki, ou queimo a carta agora mesmo! – ameaçou andando até uma vela e a colocando alguns centímetros acima da chama ameaçando pegar fogo.

-Pode queimar – cruzou os braços – Já tenho o que ela disse dentro da minha cabeça mesmo.

Thor jogou a carta sobre a vela e o papel caiu queimando lentamente. O príncipe respirou fundo e Jane arrumou a cômoda e se apoiou nela, mas sentiu uma mão envolver seu pescoço, ser levantada com violência e colidir com uma parede batendo com a cabeça não conseguindo respirar.

-Já estou cansado desse seu abuso – disse o loiro prendendo a humana contra a parede com quinze centímetros acima do chão.

Jane agarrou sua mão e tentou tirá-la de seu pescoço, mal conseguia respirar e já estava ficando sem ar.

-Thor... – gemeu de dor ainda tentando retirar a mão.

-Meu pai tinha razão, foi um erro me casar com você. Você pode...

De repente, uma batida na porta foi escutada pelo deus.

-Thor! Solte ela! – os dois ouviram a voz de Loki por trás da porta.

-Loki... – gemeu ela agora com a visão ficando turva.

-Vá embora! – gritou Thor observando a porta.

E ouve mais uma batida na porta, Loki estava tentando arrombar a porta repetidas vezes. Jane mal conseguia ver alguma coisa antes de acabar apagando e Thor soltá-la e cair no chão.

A porta vai ao chão e Loki entra no quarto nervoso, vê Jane caída no chão e sente seu corpo ser arremessado contra a parede e cair no chão.

-Não se meta irmão! – gritou Thor de frente para ele de pé.

-Me meto sim! – disse se levantando sentindo seu corpo doer. A parede em que ele havia batido, rachou e ameaçou desabar.

Thor bufou e pulou em cima do irmão e Loki recebeu um soco direto no rosto. Loki revidou e deu um chute na boca de estômago de Thor afastando o irmão de cima dele. O príncipe de cabelos dourados tentou dar novamente um soco em seu irmão, mas o punho foi segurado por Loki, tentou com a mão livre, mas fracassou novamente e recebeu um golpe com a cabeça no nariz de Thor que gritou de dor.

-Parem! – gritou uma voz autoritária.

Loki sentiu o seu corpo ser puxado para trás e ser afastado de Thor, enquanto o mesmo era puxado por três guardas, enquanto o mesmo tentava se soltar deles.

Odin olhou por todo o quarto e observou o filho com o nariz escorrendo sangue, enquanto o outro pegava Jane desacordada do chão e a segurava com os braços.

-Pai! – gritou Thor ainda tentando soltar-se dos guardas que tentavam segurá-lo, e veio mais dois ajuda-los – Os dois me traíram! Dormiram juntos na floresta! Me apunhalaram pelas costas! – gritou enraivecido.

-Isso é mentira pai. Thor enforcou Jane até ela desmaiar – Loki explicou e Odin ouviu os dois com atenção.

-Leve-a para a área de cura! – ordenou e Loki foi correndo leva-la.

O príncipe correu mais do que nunca, passando por corredores e finalmente chegando a ala de cura do castelo, onde estavam as melhores curandeiras de Asgard. Loki entrou na sala e viu inúmeras mulheres cuidando de outros pacientes.

-Preciso de ajuda! – disse ele com Jane ainda desacordada em seus braços com a cabeça para trás quase sem respirar.

-Coloque-a aqui – disse uma das mulheres apontando para uma espécie de maca.

Loki colocou-a com cuidado sobre a maca e veio quatro curandeiras cuidarem dela.

-O que aconteceu? – perguntou uma delas enquanto a examinava com magia e outros equipamentos.

-Foi enforcada até desmaiar? – perguntou outra vendo as marcas de dedo na garganta de Jane.

-Sim – confirmou Loki – Cuidem bem dela! – ordenou antes de sair com a raiva quase explodindo dentro de si.

O príncipe se sentou em uma das cadeiras e esperou notícias por um bom tempo, e enquanto isso, pensava no que iria fazer.

Tinha a viagem no dia seguinte, não poderia deixar Jane sozinha com Thor novamente, e muito menos ele com Thor sozinhos. E então teve uma ideia que só poderia ser concluída com a permissão de Odin.

-

-Você sabe o que você fez?! – perguntou enraivecido Odin ao deus dos trovões, seu filho.

-Sim, meu pai... – respondeu baixo.

-Você sabe as consequências disso? – perguntou e ele assentiu de cabeça baixa.

Eles estavam na sala do trono, somente ele, Frigga e Odin discutindo o que o loiro havia feito.

-Ela com certeza irá querer se separar de você, Thor – comentou Frigga.

-Eu sei – respondeu – Mas não consegui me controlar, somente a raiva me dominou.

-Isso não tem perdão Thor! Você enforcou a sua própria esposa! Por uma traição que nem aconteceu! – se exaltou Frigga, adorava muito a querida Jane, isso para ela foi a pior coisa que Thor poderia fazer com ela – Você diz que a raiva dominou você! Quantas vezes você já fez isso? Fez besteiras porque a raiva foi maior do que o seu autocontrole? Desde menino você é assim!

-Sim mãe, mas eu me arrependo de tudo isso.

-Seus arrependimento não vale nada – diz Odin frio – Você passará preso por dez dias – determinou Odin e vieram sete soldados escolta-lo.

-Mas pai...

-Nada de ‘’ mas’’! – gritou com a voz ecoando por todo o salão – Você cometeu um crime! Assuma seus erros pelo menos uma vez na vida! – gritou e se sentou no trono cansado.

Thor assentiu de cabeça baixa e deixou ser levado até as masmorras, onde Loki passou alguns meses.

-

-Jane? – chamou Loki assim que recebeu a boa notícia de que ela estava bem, e que acordaria logo – Como você está? – perguntou segurando sua mão.

-O que aconteceu? – perguntou ela confusa e com a voz rouca, quase não saindo nada.

-Thor lhe machucou. Você está na ala de cura. Curandeiras cuidaram de você todo o dia – explicou.

-Thor? – repetiu e se lembrou de tudo o que aconteceu antes de apagar, a discussão, a surpresa, o susto...

-Mas não se preocupe, ele não irá te machucar mais.

-Onde ele está? – perguntou.

-Preso, nas masmorras – respondeu e viu o olhar de surpresa dela.

Ela assentiu com a cabeça e deitou de lado sentindo sua garganta doer.

-As curandeiras disseram que você se recuperaria muito rápido. Foi somente a falta de oxigênio, e você desmaiou, estará recuperada amanhã, claro com os cuidados certos.

A moça assentiu novamente e fechou os olhos.

-Jane – Loki a chamou – Você quer ir comigo a Álfheim? – perguntou e ela se virou para encará-lo.

Novamente, ela assentiu com a cabeça e sorriu.

-Ótimo, irei mandar preparar as suas coisas para amanhã, e não se preocupe, já falei com as curandeiras e com Odin, ambos concordaram.

-Obrigada... – ela agradeceu e ele sorriu.

-Não precisa agradecer, será um prazer a sua companhia – sorriu de lado e deu ás costas caminhando de volta para o salão do rei.

-

A noite, já de volta ao seu quarto, que foi arrumado e consertado enquanto estava ausente, Jane pensou em tudo o que aconteceu ao decorrer do dia. Foi a lagoa com Loki, nadou com Loki, experimentou novas frutas, discutiu feio com Thor quando voltou, foi enforcada pelo mesmo e foi parar para a ala médica, tudo isso num só dia, e ainda no dia seguinte, irá viajar para Álfheim com Loki.

Mas uma pergunta não saía da cabeça dela, porque Loki estava sendo tão bom com ela? Será parte de algum plano? Ou é sincero? Ela via nos olhos dele o mesmo brilho que via nos olhos de Thor anos atrás. Será que Loki estaria nutrindo sentimentos por ela? Uma midgardiana? Parte de um povo que Loki tentou escravizar anos atrás. Ou será somente impressão sua? Isso só o tempo dirá.

A noite inteira, revirou na cama tentando arranjar uma posição confortável para dormir, mas não era o pescoço que doía, mas sim o coração. Por mais que amasse Thor, ela tinha que se separar dele. Frigga havia ido falar com ela logo depois de Loki e a aconselhou a se separar dele, o que ele havia feito, não havia perdão. Ele estava estranho demais nos últimos meses. A rainha esclareceu que ela estava no direito de pedir o divórcio, e que seria aceito imediatamente, mas a repercussão que isso teria em todo o reino seria enorme.

Jane observou a janela e sorriu ao ver uma das luas, tão lindas no céu tão fantástico que era em Asgard. Se levantou sentindo o chão frio e pegou o roupão e o vestiu. Caminhou até o jardim perto de seu quarto e se sentou num banco e observou as luas sentindo a grama nos seus pés.

-Insônia? – perguntou uma voz atrás dela.

-Com certeza – respondeu já com sua voz de volta graças ao incrível tratamento das curandeiras.

-Somos dois então – respondeu se sentando ao lado dela e observando a mesma coisa – Você está melhor?

-Muito melhor – respondeu sorrindo e observando ele, pele pálida, olhos incrivelmente verdes e lábios finos.

-Que bom – respondeu sorrindo e mostrando os perfeitos dentes brancos.

-E como esta os preparativos para amanhã? – perguntou voltando a olhar as luas.

-Estão prontos, e você? Está pronta?

-Minhas malas estão.

-Não precisa de malas, aonde vamos ficar terá roupas para você.

-Tudo bem - respondeu sentindo a brisa bater contra a sua pele, já que o roupão era de seda, apesar de cobrir bem, era fino, podia sentir o vento frio na sua pele.

-Está sentindo frio? – perguntou e ela assentiu se encolhendo. Loki, receoso, colocou o braço por cima do ombro de Jane para aquece-la. A moça se assustou com a iniciativa, mas acabou gostando e se ajeitou a fim de ficar o mais confortável e aquecida possível.

-Obrigada... – ela agradeceu e Loki assentiu com a cabeça.

-Posso te fazer uma pergunta?

-Claro!

Loki respirou fundo e ajeitou os fios que estavam sobre o seu rosto.

-O que você fará a partir de agora? – perguntou curioso.

-Para ser sincera, não sei. Me separar de Thor é uma das primeiras coisas que eu quero e devo fazer.

-Isso é importante.

-Aham. Agora não sei se Odin permitirá que eu fique em Asgard depois disso.

-Se você quiser, poderei conversar com ele e convence-lo a permitir que você fique.

-Não será necessário Loki, obrigada. Não tem mais nada que me prenda aqui – disse ela olhando os galhos balançarem com o vento e seu cabelo voar para o seu rosto. Encolheu as pernas e as abraçando.

Loki respirou fundo e ela encostou a cabeça em seu peito e pode escutar o seu coração, ele estava nervoso.

-Mas e se tivesse? Você ficaria? – perguntou ele.

-Óbvio que sim, ainda mais uma pessoa – sorriu – Acho melhor eu voltar para o meu quarto.

-Tudo bem.

-Você ficará aqui?

-Mais um pouco.

-Tudo bem. Boa noite – já se preparava para levantar e dar as costas - E Loki.

-Sim?

-Porque você veio para cá justamente quando eu cheguei?

-Boa noite Jane – olhou para ela e sorriu. A moça entendeu o recado.

Ela assentiu com a cabeça e voltou para o seu quarto. Deitou na cama e fechou os olhos com um sorriso nos lábios e adormecendo rapidamente.

Na manhã seguinte...

-Lady Jane! Lady Jane! – gritava a empregada do castelo batendo da porta do quarto dela.

Jane dormia profundamente que nem acordou com as pesadas batidas na porta.

-Deixe comigo – disse Loki aparecendo atrás da empregada, que se afastou e se curvou. Bateu na porta e assoprou, a porta se abriu em seguida. Foi caminhando silenciosamente e assim que chegou na cama, suspirou e chamou por ela – Jane, acorde, está na hora de irmos – falou sussurrando baixinho em seu ouvido.

Em troca, ela murmurou e se virou na cama ficando de frente para ele.

A moça estava deitada na cama totalmente desarrumada, teve uma noite recheada de sonhos e pesadelos, fazendo ela acordar várias vezes durante a noite.

-Jane, temos que ir – disse um pouco mais alto e chacoalhando seu corpo devagar e delicadamente.

Como não obteve o resultado, bufou e teve a ideia de fazer a mesma coisa que Frigga fazia quando tentava acorda-lo, sempre funcionava.

Se aproximou mais da cama dela, se inclinou sobre ela e assoprou forte em seu ouvido. Finalmente, Jane acordou e colocou a mão sobre seu ouvido estranhando aquilo.

-Loki? O que você está fazendo aqui? E porque assoprou no meu ouvido? – perguntou.

-Já está na hora de irmos, só estávamos esperando você. E você não acordava, peço desculpas por isso.

-Tudo bem, são que horas? – perguntou se levantando e vestindo o roupão.

-Onze horas – respondeu para surpresa dela.

-Onze?! – perguntou espantada – Eu não acredito que dormi tanto! Me dê dez minutos Loki! Dez minutos! – disse enquanto corria para o banheiro.

-Te espero na bifrost – respondeu antes de sair do quarto.

-

-Demorei? – perguntou Jane ofegante vindo de cavalo até a bifrost, como combinado com Loki – E obrigada por mandar os soldados buscarem Olga para mim.

-De nada, e demorou não – disse Loki sorridente ao lado de Heimdall.

-Oi Heimdall, bom dia – respondeu passando por ele ao lado de Loki.

-Bom dia Lady Jane – respondeu indo até o pedestal onde coloca a sua espada para abrir a Bifrost para que eles pudessem ir – Para aonde vão?

- Álfheim – respondeu Loki.

-Fiquem avisados que não deixarei o portal aberto, isso além de destruir Álfheim – disse Heimdall cutucando Loki que bufou e revirou os olhos - Qualquer um poderia passar e parar no reino de Asgard – respondeu colocando a espada e fazendo força para baixo para que entrasse tudo.

Loki e Jane viraram de costas para Heimdall e toda a cúpula de ouro que era feita o portal, começou a brilhar e vários raios dominaram o espaço, mas nenhum atingindo eles.

-Boa sorte – terminou Heimdall e os dois foram puxados pelo portal, para que segundos depois, aterrissassem em solo elfo.

Álfheim era a terra dos elfos, onde a maior parte do planeta era feita de florestas e castelos magníficos, não tão grandes feito o de Asgard, que abrigava a corte, mas chegava perto.

As cidades eram calmas e seu povo pacífico. Tinha uma ótima relação com Asgard, vendiam e compravam mercadorias de Asgard o tempo todo. Eram contra guerras e raramente se envolviam em alguma.

Loki respirou fundo e sentiu o cheiro típico de Álfheim, cheiro de terra molhada e morangos, pois eram grandes produtores dessa fruta, para sorte de Jane, que adorava morangos.

-Bem-vinda a Álfheim, Jane – recepcionou Loki caminhando lado a lado com Jane.

Onde eles haviam parado foi no meio do nada, dentro de uma floresta, mas como os reis élficos de Álfheim sabiam da ida do príncipe de Asgard a terra deles, mandaram um cavalo para que ele pudesse ir até a sua temporária casa, só não sabiam da vinda da midgardiana, o que não traria problemas pois não tinham nenhum sentimento ruim por midgardianos.

-Isso é Álfheim? – estranhou ver somente árvores.

-Claro que não sua tolinha – riu da inocência de Jane – Viemos parar aqui pois assim não havia nenhum risco de machucar ninguém por causa da Bifrost, pedido do rei élfico.

-Tudo bem – sorriu de lado e viu o cavalo que foi dado a Loki enquanto ele estivesse em Álfheim.

-Vamos – pediu e ela o acompanhou, Loki subiu primeiro e ajudou Jane a subir, o que era difícil, pois o cavalo era alto e o vestido não ajudava em nada.

O cavalo era totalmente branco, com a crina loira e a sela dourada, forte e saudável. Huauldae era o nome do cavalo, o sétimo melhor cavalo de Álfheim.

O príncipe mandou o cavalo começar a correr e Jane se agarrou ao moço que riu levemente. Huauldae correu e desviou das árvores com maestria, era realmente um magnífico cavalo. Jane só podia ver o vulto das árvores e sentir o cheiro da terra, o que a decepcionou um pouco, esperava ver mais daquela magnífica floresta, que para onde olhava, via mais e mais animais diferentes.

Finalmente, depois de alguns minutos, começaram a ver indícios de civilização. Ruas feitas de paralelepípedos, com inúmeras pessoas caminhando pelas ruas com roupas estranhas ao olhos de Jane, espécies de vestidos que iam do pescoço até os pés, muito parecidas com túnicas. Os elfos tinham orelhas grandes e pontudas, eram magros e seus cabelos lisos e escorridos. Seus rostos transmitiam paz e tranquilidade.

Loki virou em uma rua e galopou por mais alguns metros e parou na frente de uma casa comum, como inúmeras que haviam em Asgard, mas com algumas diferenças, poucas.

Jane esperava um castelo para ele, ao em vez de uma casa comum, não que ela ligasse para isso, só estranhou a acomodação designada a um príncipe de Asgard. Era uma casa bem simples, branca, com janelas grandes, dois andares e um jardim pequeno na frente com um quintal grande e bem cuidado.

O moço de cabelos pretos desceu do cavalo e ajudou ela a descer também. Caminharam juntos e amarraram Huauldae na cerca. Entraram na casa e sentiram o cheiro de limpeza. Tudo brilhava, do chão até os móveis de madeira.

A sala era espaçosa e simples, com uma mesa de jantar e seis cadeiras, um sofá espaçoso e macio, janelas que recebiam o sol ao oeste, estantes de madeira com inúmeros livros e a escada que subia em caracol até o andar de cima, onde deveria estar os quartos.

-Irei pedir para substituir todos esses móveis – anunciou Loki decepcionado com a casa.

-Porque? Ela é aconchegante – comentou Jane se sentando no sofá.

-É simples demais, comum demais – respondeu Loki olhando tudo com certo nojo.

-O que você esperava? Um castelo? – Jane brincou.

-Sim – respondeu Loki se sentando ao seu lado.

-Bom... Para mim essa já está boa, mas se não está para você, troque, por mim tudo bem – anunciou Jane jogando a cabeça para trás e fechando os olhos.

O moço respirou fundo e se levantou.

-Está com fome? – perguntou indo até a cozinha.

-Na verdade sim, não comi nada – respondeu o seguindo até a cozinha.

A cozinha é pequena, mas lotada de utensílios uteis, armários cheios de comida, uma mesa para preparar comida, um fogão simples e uma pia com uma torneira de manivela, que tem que puxar a água para ela sair.

Loki abriu os armários e suspirou aliviado de que pelo menos a casa havia bastante comida. Pegou pães e algumas frutas e colocou tudo sobre a mesa. Jane se sentou na mesa e observou Loki cortar as frutas e os pães.

O príncipe colocou manga e maças dentro do pão e ofereceu a Jane que estranhou a combinação.

-Manga e maça com pão? – com uma cara de dúvida, aceitou e esperou ele terminar o dele.

-Pode parecer estranho, o que é verdade, mas é bom – respondeu e mordeu – Vamos, experimente – disse de boca cheia fazendo Jane rir.

Receosa, acabou dando uma mordida e se surpreender com a mistura de sabores que resultou em um sabor ainda melhor.

-Nossa... Isso está uma delícia – comentou ainda de boca cheia.

-Que bom que gostou – sorriu e pegou dois copos e encheu com água.

-Onde você aprendeu isso? – perguntou curiosa.

Loki respirou fundo e bebeu um pouco da água.

-Foi quando eu estava acampado em Vanaheim durante uma breve guerra para caçar elfos negros. Eu estava afiando minha espada quando eu vi um soldado colocar manga e maça no pão para se alimentar, perguntei por curiosidade o porquê da estranha combinação, e ele disse que a mãe dele fazia para ele desde criança, e que agora ensinava para os filhos dele.

-Legal... – Jane sorriu e comeu outro pedaço.

-Já deve ser quatro da tarde aqui, termine logo para dormir cedo, quero te levar para um breve passeio por Álfheim, antes de ter que começar com a chatice comercial – Loki esclareceu e bufou.

-Tudo bem – respondeu e logo havia terminado seu lanche e subiu para conhecer os quartos. Um era simples e pequeno, com uma cama de solteiro e uma estante repleta de livros, uma janela que tinha vista para a rua com uma mesa pequena acompanhada de duas cadeiras, uma escrivaninha e um pequeno guarda-roupa, tudo de madeira. As paredes eram brancas e o chão de madeira, assim como toda a casa.

O outro era maior, uma cama de casal, um guarda-roupa maior e uma janela que também dava para a rua, uma mesa de madeira polida com cadeiras incrivelmente bem feitas. A cama era muito macia, com travesseiros incrivelmente fofos e cobertas macias e quentes, tudo muito convidativo. Mas resolveu deixar o quarto para Loki. Voltou ao primeiro quarto e se deitou na cama olhando para o teto.

-Fique com o de casal, ficarei com este aqui – disse Loki batendo na porta.

-Pode ficar, já deitei e nada vai me tirar daqui agora – disse já adivinhando que ele iria insistir para ela ficar com o de casal.

Loki respirou fundo e ela achou que ele deveria ter aceitado, mas não, Jane sentiu dois braços levantarem seu corpo com cuidado, ser levada até o quarto de casal e ser deitada na cama com extremo cuidado.

-Ele é seu, sua teimosa – brincou Loki deixando o quarto e fechando a porta.

-Ei! – ela reclamou e levantou da cama e foi até a porta, mas desistiu, sabia que era inútil insistir com ele.

Suspirou e se jogou na cama aproveitando aquele maravilhoso cômodo. Mas antes deveria trocar de roupa. Abriu o guarda-roupa e suspirou aliviada ao notar que eram vestidos simples, parecidos com os que usava em Asgard, e não aquelas túnicas que os elfos usavam.

Pegou um que sabia que era pijama e o levou até o banheiro que ficava fora do quarto. Abriu e viu novamente uma coisa simples, uma pia, uma banheira simples, vaso sanitário e uma janela pequena para a entrada e saída de ar. Tomou um banho e trocou de roupa saindo do banheiro muito melhor.

Voltou ao seu quarto e se deitou, mas não sentiu sono nenhum. Percebeu que não havia uma estante no quarto e decidiu ir até a sala pegar um livro, poderia ser um livro que ajudasse ela a pegar no sono. Desceu as escadas com cuidado e foi até a estante, procurou um livro que a interessasse, mas nenhum foi suficiente, acabou pegando um que o título era estranho, ‘’O Morro dos Cães’’, acabou escolhendo este.

Jane fechou a porta do quarto dela se jogando na cama e lendo. Mas não conseguia se concentrar na leitura, os seus pensamentos sempre iam para alguma coisa que não tinha nada a ver, como a pessoa que estava do outro lado do corredor, ou uma certa pessoa que estava em Asgard presa, e sempre tinha que voltar parágrafos porque seus olhos seguiam, mas a atenção ficava no meio do caminho.

Acabou desistindo e deixou o livro no criado-mudo ao lado da cama. Suspirou e passou a mão do rosto com um grito baixo de raiva abafado. Tudo não podia ser mais simples? Mas não, sua vida sempre dava um espetáculo de reviravolta, seja boa ou ruim, na maioria das vezes ruins.

Se deitou de lado na cama se cobrindo até a metade do corpo com o vento entrando pela janela, deixando o clima fresco dentro do quarto e sentindo dó de Loki por deixa-lo numa cama de solteiro sendo que ele é bem maior do que ela.

Bufou e se levantou da cama indo até a cozinha pegando um copo de leite e colocando açúcar, se sentou na cadeira e descansou a cabeça na mesa batucando na madeira com as unhas.

-Insônia de novo? – perguntou Loki a assustando de novo.

-Você tem que parar de me dar susto! – reclamou com a mão sobre o peito tentando controlar a respiração acelerada.

-Peço perdão, mas não foi a minha intenção – respondeu educado como sempre. O moço de cabelos vestia uma calça de algodão, cabelos penteados e arrumados como sempre, mas estava sem camisa, revelando um corpo com músculos definidos.

-O quarto está quente? – perguntou tomando mais um gole do leite.

-Não muito, as camisas que são desconfortáveis para dormir – explicou e pegou um biscoito de maisena do armário e ofereceu a Jane que recusou – Mas você não respondeu, insônia de novo?

-Sim. Problemas demais, pensamentos demais, igual a stress demais – disse colocando a cabeça na mesa novamente.

-Te entendo. Mas olha pelo lado bom – colocou a mão sobre a sua a deixando surpresa – Nesse tempo em que você estiver aqui, você não irá ter que se preocupar com nada disso.

-Mas e quando eu voltar? Lembrarei de todos os meus momentos ruins e bons com ele – argumentou.

-Então se lembre de todos os momentos bons comigo – respondeu e ela sorriu delicadamente.

-Mas então... – ela falou tentando mudar de assunto e retirando a cabeça de cima da mesa para vê-lo melhor – O que faremos amanhã? – perguntou curiosa.

-É surpresa! – ele disse se levantando e guardando os biscoitos que não comeu.

Jane reclamou e se levantou também.

-Me dê uma pista então.

-Não, nada de pistas – negou e saiu da cozinha subindo para o quarto deixando Jane sozinha com metade de um copo de leite.

A moça terminou de tomar o seu leite e lavou o copo estranhando a torneira, era bem diferente das que haviam em Midgard, ou até em Asgard, apesar de que não lavou nem sequer um copo em todo o tempo que ficou lá.

Subiu para o seu quarto, e deitou na cama e adormeceu rapidamente.

Na manhã seguinte...

-Acorda! Hora de acordar! – Loki disse alto e abrindo as cortinas deixando a luz entrar.

-Me dê... Cinco minutos... – pediu Jane com a voz embriagada de sono.

-De jeito nenhum, está um dia lindo lá fora, acorda – pediu o príncipe novamente puxando as cobertas de Jane que se encolheu.

-Loki... – reclamou se virando e ficando de bruços – Me deixa dormir... – pediu com a voz abafada.

-Hãm... Deixa eu pensar... Não! – sorriu e puxou os pés da moça com cuidado arrastando ela da cama – Eu te conto para aonde vamos.

-Nesse caso... – ela abriu os olhos e se sentou na cama espreguiçando os olhos e bocejando – Eu acordo. Agora me conta! – pediu entusiasmada.

-Hâm... Deixa eu pensar... Não! – brincou novamente a ouvindo bufar – Se arrume rápido, o café está esfriando – disse antes de sair do quarto e fechar a porta.

-Loki! – gritou reclamando e batendo o pé no chão, conseguiu ouvir sua risada e bufou.

Buscou o vestido no guarda-roupa e o vestiu rapidamente. Foi ao banheiro e arrumou os cabelos e escovou os dentes e desceu as escadas sentindo o delicioso cheiro de bacon.

-Aonde você conseguiu bacon? – perguntou surpresa o vendo usar a panela com tiras de carne e ás virando.

-Tinha aqui – respondeu apontando para o armário com o garfo que usava.

-Não sabia que elfos comiam carne – comentou se sentando na mesa com um prato branco a sua frente.

-Mas eles sabiam que a gente come – respondeu colocando três fatias de bacon no prato dela e no seu – Só não sei onde conseguiram a carne.

-De um porco oras! – riu.

-Eles não matam animais, cultivam o respeito por todo animal – Loki respondeu cortando um pedaço com garfo e faca.

-Isso eu suspeitava.

-E aposto que também não sabia que são imortais – comentou deixando Jane surpresa.

-São?

Loki balançou a cabeça confirmando com a boca cheia.

-Esqueci dos ovos – lembrou se levantando e pegando outra panela e retirando dois ovos fritos para ele e dois para ela.

-Obrigada. Mas como?

-Quando eles nascem das cascas das árvores sagradas, oferecem ao bebê um elixir da imortalidade, que somente elfos e deuses podem tomar – respondeu a deixando ainda mais curiosa.

-E você tomou? – perguntou comendo o bacon com ovos.

-Eu acho que sim – respondeu – Agora se Odin mentiu sobre isso também, é outra história – acrescentou baixinho ouvindo ele bufar

-Mas enfim! – falou Jane tentando mudar de assunto – O que acontece se um mortal comum tomar?

-Geralmente morre – Loki disse de maneira seca e direta – A energia do elixir é muito grande para ser processada pelo corpo de um mortal.

-Entendi... – sorriu e comeu mais – E está delicioso! Eu não sabia que cozinhava tão bem Loki.

-Ainda tem coisas que você não sabe sobre mim Jane – respondeu sorrindo.

-E cozinha é uma delas... – concluiu.

-Disse bem, uma delas! – disse dando ênfase ao ‘’ uma’’.

Logo assim que os dois terminaram de comer, ouviram batidas na porta.

-Quem deve ser? – pergunta a midgardiana curiosa.

-Só tenho uma ideia – respondeu o moreno se levantando, e a moça o seguiu até a sala. O príncipe abriu a porta dando de cara com três elfos, dois guardas elfos com armaduras de prata e ouro, e o último no meio deles, com uma túnica mais detalhada do que dos outros, com desenhos detalhados. Todos eram loiros com olhos azuis.

-Bom dia – começou o do meio se reverenciando devagar, os guardas nem se mexeram.

-Bom dia – respondeu Loki e Jane ficou logo atrás, apenas observando.

-Venho em nome do nosso querido rei Zeaharor – anunciou e Loki quase bufou – Ele o convida para discutir as pendências comerciais entre nosso reino e Asgard – disse em tom cordial.

-Eu vou, mas ela vai comigo – anunciou pegando o mensageiro de surpresa.

-Suponho que vossa graça não tenha...

-Minha condição, caso contrário, voltaremos para Asgard – ameaçou deixando o mensageiro elfo estupefato.

-Loki... – chamou a moça calmamente – Não precisa, ficarei bem aqui – respondeu mas o moreno não deu atenção.

-Tudo bem – aceitou o elfo – Mas terá que se explicar ao rei porque uma midgardiana está no castelo.

-Sem problemas – respondeu o moreno. Abriu mais a porta e deixou que Jane saísse primeiro, e trancou a casa com a chave andando até à carruagem que esperava por eles. A carruagem era amarela, com acentos macios brancos, e era puxada por dois cavalos brancos. Os guardas subiram na direção e mandaram os cavalos começarem a andar.

Jane observou pela janela a rua onde irá morar temporariamente com mais atenção. Os elfos andavam pelas ruas sem se preocupar de nada, apenas suas faces limpas de preocupações, parecia que não havia qualquer tipo de problemas. E ela desejava ser assim também.

O elfo mensageiro subiu na carruagem, se sentando de frente para Jane e Loki, que sentaram lado a lado. Enquanto o mensageiro do rei lia documentos importantes, Jane observava a janela, e Loki a observava, estava encantando com a curiosidade da Midgardiana em novos lugares. A floresta de Asgard foi um bom exemplo. Novamente, essa mulher não parava de surpreende-lo.

Rapidamente, depois de alguns minutos de viagem, as casas foram aos poucos ficando cada vez mais raras, e quando a carruagem parou, haviam chegado a grandes portões de aço escovado. Jane não pode segurar a surpresa pela grandeza do castelo, que dali, já dava para ver bem as torres e dezenas de janelas.

O mensageiro saiu primeiro, depois que outros guardas abriram as portas, e Loki logo em seguida, e deu a mão para que Jane pudesse sair também, já que a carruagem era bem alta, e a mulher baixinha.

Os portões foram abertos dando vista para um lindo jardim com grama verde e bem cortada, diversas flores e vários tipos, e árvores bem podadas. Adentraram no castelo caminhando pelos diversos corredores com tapetes e estatuas fazendo a decoração, sempre com o servo do rei na frente guiando o caminho. Por dentro, era tudo bem luxuoso, não tanto quanto de Asgard, mas que não deixava a desejar. Pararam de frente a um enorme portão de madeira, com quatro guardas fazendo a vigia, eles abriram o portão e puderam ver um enorme tapete vermelho que levava até o trono, aonde em cima, estava o rei Zeaharor, encostado confortavelmente com as pernas abertas e a mão sobre o queixo, observando os visitantes, e franzindo o cenho para a pequena mulher, logo atrás de Loki.

-Bem-vindos – saudou enquanto eles andavam até ele, o servo se curvou perante o rei, e saiu. Enquanto Loki manteve o semblante duro, feito pedra, desde que a viagem de carruagem começou. E Jane observava o salão com curiosidade – Espero que a pequena viagem não tenha sido cansativa – disse enquanto mexia no anel da mão esquerda.

-Não, não foi – respondeu Loki com as mãos juntas na frente do corpo – Agradecemos pela sua hospitalidade – agradeceu o moreno e o rei assentiu com a cabeça.

-Obrigada – disse Jane com um sorriso no rosto, não estava se sentindo tímida, estava se sentindo impressionada – O seu castelo é lindo – elogiou e ele sorriu.

-Eu agradeço pelo elogio – respondeu – Mas posso perguntar o que a senhorita está fazendo aqui? O seu marido veio também? – perguntou se referindo a Thor, e Jane abaixou a cabeça enquanto Loki respirou fundo.

-Thor ficou em Asgard, ela está visitando Álfheim – respondeu o moreno.

-E está sozinha naquela casa com você? Nossa... Bom, isso não é da minha conta, não é mesmo? – perguntou risonho enquanto andava até uma pequena mesa ao lado do trono, aonde havia diversas garrafas com líquidos que Loki já sabia o que era.

-Não, não é – respondeu Loki seco e Zeaharor assentiu com a cabeça voltando com três copos, ofereceu para Loki, que recusou, e para Jane que pegou o copo agradecendo, e o rei que ficou com os dois.

A moça sentiu o cheiro da bebida, era vinho, e tomou um pequeno gole, era mais doce do que os de Asgard.

-Não tome muito – pediu Loki e Jane assentiu com a cabeça.

-Temos questões para resolver, não é Asgardiano? – perguntou o rei voltando a se sentar no trono

-Sim, nós temos – respondeu enquanto a midgardiana tomava mais um pequeno gole.

-

-Nós podemos oferecer duas mil dessa seda – disse o rei enquanto olhava na espécie de prancheta, enquanto Loki via a cópia, e Jane tocava o sedoso tecido.

-É linda... – elogiou baixinho, não querendo atrapalhar.

-Vejo que você ainda tem mais sete mil para oferecer – observou Loki no papel.

-Temos que ter para fazer nossas vestimentas também – disse em tom de brincadeira, e Loki continuou sério – Três mil e quinhentas e não se fala mais nisso, pode ser? – sugeriu e o moreno assentiu com a cabeça enquanto outro servo do rei ia embora com a seda, e Jane voltava com o olhar para o copo pela metade.

Se passará quase uma hora, e eles só haviam decidido sobre três produtos, e durante a leve olhada na lista que estava nas mãos de Loki, haviam mais de vinte produtos para serem discutidos, sabia que duraria dias, e da próxima vez, não iria com Loki.

-

-Terminamos por hoje, asgardianos, estou exausto – disse o rei enquanto dispensava Loki, e Jane ia atrás dele.

-Quer conhecer os jardins? – perguntou Loki enquanto passavam pelo portão de madeira.

-Claro – ela sorriu e ele a guiou até o lado de fora do castelo, e como já havia anoitecido, diversos vagalumes faziam o jardim parecer mágico – É ainda mais bonito depois que anoitece – disse enquanto observava o céu de Álfheim, nunca havia visto aqueles constelações, e como cientista, estava curiosa, e ainda havias as luas, cinco ela contou, todas muito diferentes.

Enquanto o casal andava pela grama do jardim do castelo de Álfheim, puderam ver o quanto aquele reino merecia a sua fama por ser belo, as flores eram ainda mais bonitas, muito diferentes das de Asgard, ou de Midgard, e tinham suas pétalas com cores mais vivas, e o cheiro mais intenso. E as árvores? Pareciam ter vida com o balançar dos ventos, e os seus frutos eram tão doces quanto o vinho que Jane tomou.

-Senhor, a carruagem o espera – disse o mensageiro servo de manhã, e Loki bufou. Andaram de volta para o portão de aço, entraram na carruagem e saíram fazendo o caminho de volta até a pequena casa aonde estavam hospedados.

Assim que chegaram, Jane, gentil como sempre, agradeceu o servo, que pela primeira vez, sorriu, e foram embora. Entraram na casa e a moça foi direto para o quarto tomar banho, Loki faria o mesmo.

E enquanto a água fria a lavava, pensou no que o rei havia dito:

‘’-E você está sozinha naquela casa com ele?’’

O que será que ele havia dito de verdade? Que Loki era perigoso demais para uma moça ficar sozinha com ele? Ou que as pessoas poderiam desconfiar que estava acontecendo alguma coisa entre os dois? Se nem Jane sabia, imagina elas, mas poderiam suspeitar, ou até inventar uma história para não ficar sem ter o que dizer.

Decidiu que era hora de tirar a espuma do corpo e sair do banho, se sentou na banheira e logo a espuma saiu rapidamente, retirou o que havia sobrado da nuca, pescoço e ombros, e se enrolou numa toalha, foi ao quarto, pegou um vestido verde simples, desamarrou o cabelo que estava preso num nó, e foi em busca de algo para comer, já que não comia alguma coisa desde que foi ao castelo com Loki.

O moreno ainda estava no banho, e por isso, a cozinha vazia. Decidiu preparar algo para ela e ele comerem. Pegou algumas frutas e descascou e cortou em pequenos cubinhos, colocou um pouco de iorgute por cima, e ainda pode tentar fazer um bolo, que claro, não chegou aos pés dos bolos que comia quando estava em Asgard.

Quando escutou Loki descendo as escadas, terminou de despejar açúcar em cima do pequeno bolo de laranja, e colocou uma jarra com suco de abacaxi em cima da mesa.

-Uau – disse surpreendido, nem ela mesmo acreditava que conseguiu fazer tudo em tão pouco tempo – Demorei somente trinta minutos no banho, fico curioso o que você consegue fazer em três horas – meio que o moreno elogiou a midgardiana, que sorriu envergonhada enquanto se sentava de frente para ele fatiando um pequeno pedaço do bolo e pegava suco de abacaxi.

-Cozinho um elegante inteiro – responde e o príncipe sorri, achando graça.

-

Depois do breve jantar, os dois foram para a sala, e Loki, sentado de qualquer jeito, lia um livro, enquanto Jane, deitada no outro, lia também, mas começou a sentir sono e os seus olhos pesarem. Lutou contra, mas o sono foi mais forte e dormiu ali mesmo no sofá, com o livro caído sobre o peito.

Quando Loki a olhou, mais uma vez, viu que ela havia dormido, e deixou o livro de lado e guardou o dela, a pegou no colo, e a levou até o quarto dela, a deixando em cima da cama e a cobrindo também. Se pegou observando-a, era tão linda dormindo, que não entendia como o burro do Thor perdia a oportunidade quase toda noite de vê-la adormecendo. Quando percebeu, sua mão caminhava para acariciar a pele dela, mas faltando centímetros, desistiu e saiu do quarto com raiva de si mesmo, isso não deveria acontecer.

Se jogou na cama suspirando e com a mão sobre o rosto, se arrependeria do que estava por fazer, mas era o que ele realmente queria, e sempre fazia o queria.

-

-Bom dia – desejou Jane chegando na cozinha de banho tomado e vestido trocado – Obrigada por me levar para a cama ontem – agradeceu enquanto se sentava na cadeira e em frente havia um prato vazio.

-Bom dia e de nada – sorriu e colocou três tiras de bacon para ela enquanto se sentava e colocava para ele mesmo, deixou a frigideira e pegou uma caneca de café.

-Vai pro castelo hoje? – ela perguntou e assentiu com a cabeça enquanto tomava um gole.

-E não vai querer ir, não é? – completou e fazendo uma pergunta. A moça abaixou a cabeça envergonhada.

-Você entende, não é? Aquilo cansa, não sei como você aguenta – respondeu comendo do bacon e depois pegando uma banana da fruteira.

-Tenho que aguentar – respondeu simplesmente deixando o café de lado.

Depois que terminaram de comer e limpar, decidiram dar uma volta a pé pelas ruas, e pararam num parque pequeno, aonde não havia ninguém, só algumas árvores e bancos de pedra para se sentar.

Jane ficou a observar as árvores.

-Sabe o que é mais interessante? – perguntou sorrindo e tocando a casca da árvore com a ponta dos dedos.

-O quê? – perguntou curioso enquanto a observava em pé com os braços atrás do corpo.

-As cascas, não são duras, ou machucam os dedos – comentou enquanto passava ao redor da grande árvore, sua altura podia ser de um prédio de dez andares de tão alta, e ainda era bem grossa, com as raízes firmadas no chão com força.

-Deve ser uma espécie diferente – respondeu e ela deu a volta na árvore devagar.

-Seria legal ter uma... – disse, mas quando percebeu estava frente a frente com Loki, e seus rostos a centímetros de distância. Ele suspirou e ela pode sentir o vento batendo na sua pele. O moreno olhou para os lábios da moça, e quase os beijou. Já Jane olhou nos olhos dele e, quando percebeu para aonde ele olhava, olhou para os lábios dele, finos e sem muita cor, mas entreabertos e tão convidativos.

Loki não se conteve, puxou a moça pela nuca tocando os seus lábios com os seus num beijo quase que inesperado. O coração da moça deu um pulo e, aos poucos, depois de se recuperar do susto, tocou os ombros do príncipe e retribuiu ao beijo. O moreno sabia que o que fazia era errado, mas não conseguiu, depois de passar dias desejando algo que estava tão perto, um homem não aguenta e acaba cedendo.

O asgardiano toca a cintura da moça e a puxa para mais perto, e a moça, abraça a nuca dele sentindo as borboletas finalmente invadirem a sua barriga numa explosão de emoções.

E quando eles finalmente se separam, ambos desejam mais beijos, mas sabem que não podem, não em público. Loki sorri, e toca o rosto da midgardiana que fecha os olhos com o toque.

Jane segura a mão dele ainda tocando a sua pele, sorri e depois abre os olhos.

-Vamos voltar para casa? – pergunta ele e ela assente com a cabeça.

O caminho de volta, foi silencioso, mas um silencio chato, incomodo, de que algo está estranho entre os dois. O caminho todo foi repleto de perguntas para a mulher, se perguntando se era errado beijar o irmão do marido que a agrediu. Era errado? Ela não sabia. Mas sabia que aquilo não deveria se repetir, apesar de querer fazer aquilo novamente.

Quando o moreno abriu a porta, ela entrou agradecendo e passou a mão pelo cabelo.

-Isso foi errado, não foi? – ela pergunta e o asgardiano olha para os próprios pés.

-Se foi, não importa, já aconteceu – respondeu e a moça respirou fundo ajeitando o cabelo.

-O que está acontecendo? Tempos atrás nos odiávamos, praticamente travamos uma guerra que ninguém podia ver, só nós dois podíamos senti-la – disse e ele assentiu com a cabeça se sentando no sofá.

-Alguma coisa mudou – respondeu.

Jane já sabia que algo havia mudado, mas não sabia o quê, e queria a resposta.

-Mas o que exatamente?

-Eu pensava que você fosse apenas mais uma midgardiana fraca, mas não era – disse se levantando e dando passos na direção dela, que a cada passo, ela se distanciava com outro passo para trás - Eu escutava as brigas entre você e Thor, se fosse qualquer outra pessoa, aposto que estaria aos pedaços, mas você não estava. Estava sempre sorrindo, conversando, como se nada tivesse acontecido – completou e ela tocou a parede atrás, não havia mais como fugir.

-E qual a sua conclusão? – perguntou baixinho, e os dois estavam mais do que próximos, estavam quase colados.

-De que meu irmão não merecia a mulher que ele tinha – respondeu e alguém bateu na porta. Jane ficou aonde estava o seguindo com o olhar, e viu que era o mensageiro novamente, identificou pela voz. Ele a olhou e saiu da porta e a fechando. Ela sabia que ele tinha ido novamente negociar.

A morena suspirou e escorreu pelo chão até estar sentada nele, suspirou e sentiu vontade de chorar, e as lágrimas começaram a se acumular em seus olhos, e aos poucos, escorreram pelo seu rosto, até caírem pelo seu queixo molhando seu vestido. Olhou para o ponto qualquer da sala, e ali ficou, até estar vazia de sentimentos ruins, é como um ditado comum em Asgard: ‘’O choro é a limpeza da alma’’.

-

Quando Loki chegou, já era noite novamente, e ela passou o dia inteiro lendo e tomando vários banhos, pois fazia calor e não ventava muito daquele dia. O moreno suspirou e passou direto por ela indo para o quarto, aonde ficou até tarde, e só saindo de madrugada para comer alguma coisa, mas aquele horário, Jane se movimentava na cama tendo pesadelos.

-

O resto da semana passou, e Jane não sabia como, mas havia passado, e não estava feliz com isso, tinha tantos planos para se divertir enquanto estivesse aqui, ou tentar esvaziar a cabeça, mas viu tudo sendo jogado por água a baixo quando Loki chegava em casa e nem a olhava nos olhos. Aquilo doía para ela, e pensava que o príncipe estava a evitando, quando acordava, o café já estava pronto, só tinha que se preocupar com o almoço e o jantar, que deixava para ele quando chegasse, sempre, uma espécie de troca.

Quando domingo chegou, já que os dois chegaram era uma segunda, e foi a única coisa que Loki disse para Jane desde que ele começou a evita-la, de que iriam embora, e que era para arrumar as coisas dela. A moça arrumou as poucas coisas que havia comprado em Álfheim, alguns livros e uma pequena pregadeira dourada, que lembrava bastante a que tinha quando menina. Colocou tudo em uma bolsa feita de algodão e se juntou a Loki no cavalo, e com receio de tocá-lo, apenas se segurou na parte de trás da cela, mas ele pegou suas mãos e a colocou no seu tronco. Começou a galopar com Huauldae, que não decepcionava em velocidade.

Jane pode observar pelos vislumbres rápidos da cidade em que ficou por alguns dias, e sentira saudade, uma pena que a ida seria tão ruim, queria ir com a sensação de que aproveitou bastante, mas mal colocou os pés para fora de casa.

Quando o príncipe guiou o cavalo para fora da cidade, ela viu o tempo começar a mudar, se fechar rapidamente, e lembrou de Thor e como ele mudava o tempo quando ela queria sol, claro que isso era no início, quando ainda eram noivos.

Logo, chegaram ao mesmo ponto em que haviam descido para Álfheim, com o círculo com símbolos estranhos para Jane que mesmo morando anos em Asgard, ainda não entendia aquilo, e para Loki, muito reconhecíveis, sabia ler aquilo. Desceram do cavalo e ficaram em cima do círculo. O moreno pegou a moça de surpresa pegando em sua mão, e começou a gritar:

-Heimdall, agora! – gritou para os céus, e uma luz desceu dos céus e os envolveu, enquanto o cavalo empinava e ia embora correndo. Jane sentiu novamente seu corpo sendo puxado, e pode ver o universo e as estrelas muito rapidamente, e quando sentiu seus pés tocarem o chão, viu a Bifrost e o seu amigo Heimdall novamente.

-Bem-vindos de volta – disse com um sorriso.

Loki o ignorou e foi para o seu cavalo, que o esperava na ponte do arco-íris.

-Obrigada – agradeceu e seguiu Loki, que a esperava impacientemente. A levantou, colocando em cima de Osman, cavalo negro do príncipe, e subindo em seguida, e fazendo Osman galopar rapidamente até o castelo.

Jane sentiu o ar de Asgard bater nos seus cabelos fazendo uma boa bagunça nos fios. Sentiu falta da terra dos deuses, não era seu lar, mas havia o adotado assim.

Loki, não sabendo mais o que fazer para se manter distante de Jane, tentou fazer o passeio durar menos possível, não queria deixar a cabeça de Jane mais confusa do que já estava. Então, decidiu se afastar, e quando ela o procurasse, ou, se o procurasse, sabia que tudo dentro dela havia se resolvido, e sabia que até as dúvidas da cabeça dela, os pensamentos, desaparecessem, demoraria muito tempo.

Osman parou em frente aos portões de ouro do castelo, o asgardiano desceu primeiro, e pegando a mulher pela cintura, a colocou no chão e mandou o garanhão galopar de volta para o estabulo. O moreno se despediu de Jane com um aceno de cabeça e entrou, indo direto para as escadas, já que Odin não estava no trono e não teria que parar para conversar com ele. Mas Jane ficou, em pé, sem entender nada ainda.

-

-Como foi a viagem querida? – perguntou Frigga depois de uma rápida visita ao quarto de seu filho mais novo. A abraçou.

-Foi boa – respondeu simplesmente sorrindo – Álfheim é linda, mais do que os livros mostram – completou fazendo a rainha sorrir.

-Também acho – respondeu e as duas fizeram um passeio rápido pelos corredores enquanto conversavam. Depois de alguns momentos com Jane falou sobre o que ocorreu na viagem, cortando Loki da história, a mais velha parou a Midgardiana preocupada – O que houve entre você e Loki, de fato, e dessa vez, sem mentiras – pediu e a jovem olhou para os próprios pés envergonhada.

-Me desculpe – pediu e a rainha sorriu tocando o queixo da moça, e fazendo ela olhar no olhos dela.

-Está tudo bem, mas agora, comece a falar – pediu e Jane deu um sorriso de lado.

Contou sobre o beijo, sobre a atenção especial que Loki dava para ela, e que a própria mãe dele nunca viu ele dar essa atenção a ninguém mais. Contou também de como se divertiram juntos no início, mas falou também como ele a evitava.

-Eu visitei Loki antes de conversar com você, Jane – disse a rainha, e a moça prestou atenção – Ele está estranho, mais quieto do que o normal, sabe o que isso significa? – perguntou e ela negou com a cabeça - Que tem algo na cabeça dele o perturbando. Pelo o que você me contou, pode ser que ele não queira te deixar triste – respondeu e a moça não entendeu.

-Não me deixar triste, mas ao mesmo tempo, fazendo exatamente o que não queria fazer? – perguntou e a asgardiana concordou com a cabeça.

-Loki é assim, tentando ajudar enquanto atrapalha – respondeu risonha e tocou o ombro da mais nova – Vá falar com ele, aposto que assim vocês resolvem isso com mais facilidade – aconselhou e Jane concordou com a cabeça indo até o quarto do rapaz.

A moça bateu na porta delicadamente, sentindo um frio na barriga e nervosa, bem nervosa ao falar com o príncipe, mas queria resolver tudo, e a vontade prevalecia.

-O que foi? – perguntou sério quando abriu a porta, estava vestindo uma blusa simples verde, a calça que ele usa sempre, e os cabelos cuidadosamente penteados para trás.

-Só quero conversar – respondeu e ele deu espaço para ela entrar, e ela o fez. Observou o quarto, haviam várias estantes, todas repletas de livros, com uma mesa cheia de papeis e penas para escrever, e vários tinteiros. A sua cama estava desarrumada, e roupas pelo chão, as que ele usou quando fez a viagem de volta com ela. E todo o quarto estava com o cheiro dele, cheiro puro dele.

-Sobre? – perguntou enquanto tentava organizar a mesa bagunçada, mas aquilo era somente uma tentativa de não olhar para ela. Ele não sabia o porquê daquilo, mas se sentia mal por colocar mais problemas na cabeça dela.

-Sobre o que está acontecendo com a gente – respondeu e ele deixou derrubar vários papeis no chão, e ela se abaixou para ajudá-lo a pegar, e sem querer, viu os papeis, não era essa a intenção da mulher, mas eram desenhos, dela, ele havia desenhado ela, de maneira tão perfeita que parou para ver, e rapidamente, os papeis foram tirados da sua mão.

-A gente não tem nada para conversar – disse enquanto guardava os papeis dentro de uma gaveta e a trancava, deixando a chave no seu bolso.

-Claro que temos! – exclamou e o príncipe pegou os livros que estavam em cima da cama deixando em cima do criado-mudo.

-Claro que não temos! A gente se beijou, e você ainda está casada com Thor, o que fizemos foi errado sim, não tem desculpa – disse e parou de costas para ela, observando a janela que estava entre duas estantes.

-Thor está preso, por me agredir, e vai ser solto em três dias, e assim que ele for solto, irei pedir o divórcio, já falamos sobre isso – explicou enquanto dava passos na direção do príncipe.

Aos poucos, em passos pequenos e lentos, chegou perto do moreno, tocou em seu ombro, mas desistiu, abraçou seu corpo por trás. Ele, surpreso pela demonstração de carinho, não soube o que fazer, apenas abaixou a cabeça e se apoiou na grade da janela.

-Você não vai querer continuar com isso, acredite – disse baixinho e ela sentiu o tronco dele vibrar quando ele falava.

-E se eu quiser? – respondeu e ele se virou, ficando de frente para ela.

-Não vai querer – retrucou e a moça suspirou.

-Posso saber o porquê?

-Porque eu sou um monstro – respondeu e a mulher suspirou novamente acariciando o rosto triste do príncipe.

-Você não é um monstro, as pessoas que querem que você se sinta um, você não é um monstro – afirmou e o asgardiano a olhou nos olhos, olhos azuis claros, e sabia que ela falava o que pensava de verdade, não o que teria que dizer para melhorar as coisas entre eles.

-Você não sabe de toda a verdade – disse tocando a mão que estava sobre o rosto dele, o mesmo carinho que ela havia feito quando se beijaram em Álfheim.

-Porque um dia você não me conta? – pediu com um sorriso.

-Quem sabe um dia? – confirmou também sorrindo.

Os dois se aproximaram e o moreno se encostou na janela e tocou na cintura de Jane, que deixou suas mãos no ombro de Loki, e se aproximaram devagar, até ambos sentirem a respiração um do outro.

-Você me desenhou? – ela perguntou risonha e ele riu.

-Sim, desenhei – confirmou e ela sorriu.

-Posso ver? – perguntou curiosa.

-Depois – disse antes de beijá-la, e Jane sentir borboletas na barriga aos montes, sorriu durante o beijo acompanhada pelo moreno, que segurou a sua nuca enquanto as línguas faziam uma dança sincronizada dentro da boca.

-

Três dias depois...

Thor foi solto, e assim que ele pisou livre das celas de Asgard, recebeu um documento de divórcio das mãos da própria Jane, escoltada por seis soldados, e ainda Loki, com medo de que Thor possa fazer alguma coisa contra ela novamente.

Ele tentou fazê-la mudar de ideia, mas a moça foi irredutível. Explicou que o casamentou deles já havia acabado, que o perdoava, mas que não conseguia mas olhá-lo e sentir a mesma coisa que antes, o sentimento que ela nutriu por anos, mas que ele acabou com tudo. Thor com raiva, culpou o irmão, e tentou avançar para cima dele, e segurado pelos soldados. Loki, como uma vingança pessoal, abraçou Jane de lado e foram embora, enquanto Thor era segurado por seis soldados asgardianos.

-

Meses depois, depois de Loki conseguir deixar Jane ficar em Asgard, decidiram se mudar para Álfheim, e moraram numa elegante casa, mas ao mesmo tempo pequena, para que o espaço não os separassem, ou distanciassem.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Então, o que achou? Diga-me, a sua opinião é importante para mim. Comentem, adicione aos favorites, e se achar que eu mereço, uma recomendação é sempre bem-vinda! Obrigada por ler até aqui! Beijos! ;3